Catarinense Mauro Refosco, 42, faz parte do grupo Forro in the Dark.
Banda ainda sem nome reúne cantor do Radiohead, Flea e Nigel Godrich.
Thom Yorke, vocalista do Radiohead, acaba de anunciar uma nova superbanda para acompanhá-lo em suas apresentações solo. O grupo formado pelo baixista Flea (Red Hot Chili Peppers), o baterista Jay Waronker (que já tocou no R.E.M., entre outros) e o produtor Nigel Godrich (que já trabalhou com Beck e Pavement) inclui ainda um integrante brasileiro - que anda agitando as noites nova-iorquinas com uma mistura de forró com rock - na percussão.
Thom Yorke, vocalista do Radiohead, acaba de anunciar uma nova superbanda para acompanhá-lo em suas apresentações solo. O grupo formado pelo baixista Flea (Red Hot Chili Peppers), o baterista Jay Waronker (que já tocou no R.E.M., entre outros) e o produtor Nigel Godrich (que já trabalhou com Beck e Pavement) inclui ainda um integrante brasileiro - que anda agitando as noites nova-iorquinas com uma mistura de forró com rock - na percussão.
“O Thom tinha essa ideia de fazer alguns shows com o projeto solo dele, com músicas do ‘The eraser’ e outras que ele está trabalhando recentemente. Como tem muito ritmo e beats nesse projeto, eles estavam procurando um percussionista, e o Joey Waronker me recomendou”, conta o multiinstrumentista catarinense Mauro Refosco, 42 anos, que está ensaiando com a banda há três semanas. Os primeiros shows estão marcados para os dias 4 e 5 de outubro no Teatro Orpheum, em Los Angeles.
“Está soando bem rock ‘n’ roll”, adianta Refosco. “O Thom Yorke tem um jeito bem peculiar de fazer música. E ao vivo tem o lance da energia, uma adrenalina que te empurra. É uma música, assim, superior”, resume, definindo a relação com o cérebro do Radiohead como “super relax”. “Ele é totalmente gente boa, libriano como eu, tranquilo. Não tem essa coisa de rockstar, de diva que às vezes rola. Ele é super relax, educado e gente boa. O Flea também é assim, todo mundo é pai de família.”
“Dá pra sacar que o lance musical que o Thom Yorke faz é bem único", continua. "Ele sente aquilo, ele vive aquilo. Eu conheço o Radiohead e o ‘The eraser’, e quando comecei a tocar com ele percebi que é verdade mesmo – o cara escuta aquilo, ele sente a música e saca os beats. Pro cara fazer um trabalho assim ele tem de ter uma dedicação gigante, ele é muito trabalhador”, observa.
O grupo ainda não escolheu um nome. “Estamos mais preocupados em aprender a música”, ri o brasileiro, dizendo que não ficou tenso ao tocar pela primeira vez com Yorke. “Já sou macaco velho.”
Currículo da pesada
Residente em Nova York desde 1992, Refosco começou a tocar com David Byrne (ex-Talking Heads) em 1994 e desde então acompanha o músico em turnês. “Foi por ele que decidi ficar na cidade, viramos grandes amigos”, conta o artista, que inclui no currículo trabalhos com a amiga Bebel Gilberto e com o grupo Vampire Weekend.
Atração fixa na casa de shows Nublu, em Nova York, há sete anos, sua banda Forro in the Dark – com Jorge Continentino, Davi Vieira e Guilherme Monteiro – lança o segundo álbum de inéditas, “Light a candle”, em outubro. O primeiro, “Bonfires of São João” (2006), foi responsável por colocar Luiz Gonzaga no repertório de David Byrne (que criou uma versão nova para “Asa branca”) e de Miho Hatori, integrante do grupo Cibo Matto (que canta em japonês a faixa “Paraíba”).
“Por muitos anos a referência de música brasileira fora do Brasil era bossa nova e um pouco de samba-jazz. A bossa é maravilhosa, mas o Brasil é muito mais do que isso”, diz. “Era um movimento elitista da zona sul do Rio, eram todos intelectuais. Já o forró é algo muito mais popular, e tem muitas similaridades com a country music dos Estados Unidos.”
Mais autoral, o novo trabalho do Forro in the Dark ganhou título inspirado em uma música de Neil Young. “Quando gravamos o disco, Bush estava saindo do poder, e parece que as pessoas começaram a respirar depois de uma longa fase de repressão política”, diz.
O álbum, lançado por um selo da National Geographic em parceria com a Nublu, tem duas letras em inglês, uma em espanhol e o restante em português. Mas, no fundo, o idioma não importa tanto, já que, diferente do samba, “forró todo mundo dança”.
“Quando você vê uma pesssoa sambando muito bem, é intimidador”, diz Refosco. “Já no forró ninguém fica se comparando. Todo mundo acaba dançando de qualquer jeito.”
Lígia Nogueira
Do G1, em São Paulo