sábado, 30 de outubro de 2010

Mick Fleetwood's Blue Again




Mick Fleetwood, Fleetwood Mac's big daddy, revisits his musical roots with Blue Again, his new CD by the Mick Fleetwood Blues Band released in the United States today. I've been chilling well with the Shake Your Moneymaker, Black Magic Woman and Albatross mp3 tracks from the album. Mick cools his jets from Fleetwood Mac a bit with this return to blues, and the result is a smooth sound with curves and dips in all the right places.



Mick cools his jets from Fleetwood Mac a bit with this return to blues, and the result is a smooth sound with curves and dips in all the right places.From the press release ~Produced by Mick Fleetwood and Rick Vito, Blue Again was recorded live at the Sheldon Concert Hall in St. Louis, Missouri in February of 2008.



The immaculate recording gives the songs a vibrant, modern immediacy which transcends easy nostalgia. Says Mick in the liner notes: 'Over my career I've been called a pop star and a rock star, yet in my inner heart, I will always be part bluesman. On my journey from blues to a life of rock n roll, I've always remembered where I started.' Blue Again is both an original musical tour de force and a respectful tribute to Fleetwood Mac (in the midst of celebrating their 40th Anniversary), initiated by the sole member of the band to be in every incarnation from the beginning.



Revisiting the blues and the blues-oriented classic songs of Fleetwood Mac, iconic rock drummer and band co-founder Mick Fleetwood has assembled a hand-picked quartet of musicians, The Mick Fleetwood Blues Band, who've created this stunning new live recording.





Equal parts blues rave-up and loving homage to the early incarnation of Fleetwood Mac, Blue Again is a showcase for Fleetwood, who has teamed up on this recording with guitarist and lead vocalist Rick Vito, bassist Lenny Castellanos and keyboardist Mark Johnstone.Stevie Nicks' sometimes stormy romantic past with Mick hasn't hindered the two band mates from cultivating the deep friendship they presently share.




quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Lenda dos Guardiões










Que atire a primeira pedra quem não se impressionou com o trailer de “A Lenda dos Guardiões”. Aquele visual arrebatador sincronizado com a bela música “Kings and Queens”, do 30 Seconds to Mars, chamava a audiência a experimentar uma proposta de animação diferente, que parecia dispensar o caráter cômico que rege boa parte dos filmes do gênero, se embrenhando no drama. A escolha por corujas como bichos-personagens também contribuía para um crescente interesse, afinal poucos animais são tão misteriosos e bonitos como elas. A referência “dos mesmos produtores de Happy Feet” arriscava uma comparação perigosa com o longa vencedor do Oscar de animação em 2007 e revelava a enorme pretensão da fita.


Para decepção dos mais crescidinhos, no entanto, “A Lenda dos Guardiões” é um filme infantil, repetitivo e, acima de tudo, sem coração. Tudo porque não há nada de original no roteiro de John Orloff, de “O Preço da Coragem”, e do desconhecido Emil Stern. Estão lá todos os vícios de uma trama épica protagonizada por um ainda inexperiente herói, aqui o pequeno Soren, que acaba resgatado por um grupo do mal de sua espécie ao lado do irmão. Longe do afago dos pais, eles são aprisionados e assim deverão permanecer pelo resto dos tempos.

Entretanto, claro, a nascente coragem do protagonista e a ajuda de um subalterno levam-no a fugir das garras (literalmente) do mal ao lado de uma nova amiga, alguém muito carismática e fiel. Enquanto isso, o irmão, que já era acometido por lapsos de desvio de personalidade, é corrompido pelo clã adversário e passa a ser o maior inimigo do herói. Circunstâncias e muita sorte levam o personagem principal a encontrar a trupe sobre a qual ouvia histórias na infância, e ao lado deles tentará impedir que se cumpram as intenções maquiavélicas dos vilões, lutando bravamente, como jamais sabia que era capaz.


E dessa forma, com todos esses clichês, “A Lenda dos Guardiões” caminha até o seu desfecho, nunca saindo de sua zona de conforto e entregando um resultado extremamente comum, que até pode satisfazer as crianças, mas que é apenas uma embalagem caprichada de um produto já vendido há décadas. É preciso que se diga que, no entanto, o filme não se constitui em uma tragédia, bomba ou outras expressões utilizadas para desqualificar obras. Trata-se apenas de um filme regular, nada além disso, apenas com uma pitada a mais.


E essa pitada está exatamente naquilo que o trailer já trazia como certeza, naquilo que não se podia desconfiar antes de entrarmos e sentarmos na sala de cinema. Que visual tem essa animação! Tudo é tão caprichado nesse quesito, que em alguns momentos esquecemos de nomes de personagens e história. Apenas apreciamos. Do detalhismo das penas das corujas, sempre balançando por influência do vento, à bela fotografia, sempre proporcionando imagens que se assemelham a pinturas, o longa jamais decepciona tecnicamente.


Ao olharmos para o nome do diretor, tudo se explica. Trata-se de um tal de Zack Snyder, conhecido por sua destreza ao tratar cada sequência e tomada. Aqui ele justifica a fama que leva, tanto positiva quanto negativamente. Se um filme seu nunca foi tão belo, poucas vezes também Snyder deixou de fora a emoção, quase por completo, como aqui. “300” sofria do mesmo mal, mas o longa de 2007 era um filme masculino, feito para os, digamos, mais insensíveis. Já com “Watchmen”, dois anos mais tarde, ele compensou em termos, para agora regredir completamente.

Snyder é um cineasta altamente dependente de bons roteiristas e aqui ele não conta com eles. Além de respeitarem demais a estrutura de uma narrativa tida como acessível, Orloff e Stern também trazem uma introdução atropelada, incapaz de desenvolver adequadamente a rivalidade entre irmãos, por mais que tentem. Os coadjuvantes não são nada engraçados. Aliás, ao final da sessão, é difícil lembrar do nome de alguns deles. Adaptação do livro “Guardians of Ga’Hoole”, de Kathryn Lasky, o roteiro escapa apenas ao dispensar inserir um interessa amoroso para Soren. Nem mesmo o plot para uma improvável continuação deixa de existir.


Este é mais um caso em que o trailer é bem superior ao filme. Engraçado como algo de meros dois minutos consegue emocionar mais do que uma obra de noventa minutos. Se mesmo assim, você decida conferir “A Lenda dos Guardiões”, o faça em 3D. Já que estamos diante de um longa quase exclusivamente visual, que seja visto na melhor plataforma possível. Com a época de premiações chegando, mais um concorrente de “Toy Story 3“ já pode ser riscado na busca pelo reconhecimento.

Wall Street 2: O Dinheiro Nunca Dorme




O mundo dos investimentos não teria a menor graça sem Gordon Gekko.


A ganância é uma coisa boa? A questão é relevante, pois afinal é ela (a ganância) que faz o governo de um país procurar melhorias para seu povo, que faz o homem comum evoluir como ser humano, que incentiva você a não ficar parado no mesmo lugar. O maior problema é a linha tênue entre a ganância e a falta de ética e moral, duas virtudes que parecem não existir na cartilha dos investidores milionários.


Quem já assistiu a “Wall Street: Poder e Cobiça”, viu uma das melhores atuações de Michael Douglas, que na época levou o Oscar para casa. O personagem Gordon Gekko é ironicamente cativante, com sua índole desprezível e sua lábia sociopata. Mas ele pagou o preço por suas fraudes e lavagens de dinheiro, e acabou preso, servindo de exemplo para os capitalistas selvagens que transitam em seus helicópteros por Nova York. Apenas em 2001 ele foi solto, sem muito dinheiro no bolso, barba por fazer e um celular último modelo de 1987, pesando dois quilos no mínimo.



Avançando no tempo, mais precisamente em 2008, somos apresentados a Jake Moore (Shia Labeouf), jovem estereótipo de Wall Street que, apesar de sua vontade de fazer fortuna, é um idealista dos investimentos em energia limpa e sustentável, atitude que talvez seja o único motivo plausível do envolvimento com Winnie (Carey Mulligan), filha de Gekko, que despreza o pai e tudo que o rodeia. Ela, também uma idealista, trabalha fortemente com seu site ativista, divulgando verdades inconvenientes mundo afora.



Jake trabalha apostando em mercados financeiros na renomada Keller Zabel, que aparentemente passa por uma crise. Como o mercado não aposta em investimentos ”aparentemente” confiáveis, o preço das ações da empresa despenca e Lois Zabel (Frank Langella), que comanda toda a bagunça, se reúne com o Banco Central Americano para tentar manter-se em pé. Dentro de um meio movido por interesses e rinchas antigas, Zabel é praticamente apunhalado na reunião, tendo sua empresa comprada por seu inimigo Bretton James (Josh Brolin), do banco de investimentos Churcill Schwartz, a preço de banana.




Gekko sabe tudo que se passa por trás da economia, entre problemas e falcatruas, apunhaladas e chantagens, e Jake, como pupilo de Zabel, quer ir a fundo no assunto e descobrir o que aconteceu realmente. Ele então se aproxima do sogro em busca de “consultoria” e em troca promete tentar aproximar Gekko de sua filha. Uma troca “aparentemente” segura.




Entre muitas informações que estouram como “bolhas”, “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” é um bom filme. Usando como pano de fundo toda a agressividade velada de Wall Street, o roteiro conta a história de um homem que busca sua redenção, tentando voltar aos negócios e se aproximar de sua única filha, que o odeia e o culpa pela morte do irmão, viciado em drogas. É claro que Gekko mudou, mas não o suficiente, para nosso alívio.



Oliver Stone dirige esta sequência com muita atenção aos detalhes, fazendo ligações diretas ao seu primeiro filme, fato que pode ser observado já na abertura dos créditos. O destaque vai com certeza para a edição contemporânea e criativa, que traz os colossais prédios de Nova York formando gráficos financeiros, e por aí vai. Utilizando do humor de forma inteligente, a obra também é recheada de referências, como a participação de Bud Fox, interpretado por Charlie Sheen. Só de aparecer o público já cai na gargalhada, pois o ator mais parece estar a caminho de filmar algum episódio de “Two and a Half Man”, com um sorriso sacana no rosto, acompanhado de duas lindas garotas.




Um dos pontos que deixa a desejar é o drama entre o pai Gekko e a filha Winnie. Carey Mulligan, que já provou ser uma excelente atriz com sua interpretação em “Educação”, parece meio desconfortável no papel da ressentida filha, que odeia, mas se rende facilmente aos argumentos do pai, sendo que no final sua personalidade parece forçada e seu texto também não ajuda. O resto do elenco se sai bem melhor. Shia Labeouf, que ainda paga o preço de ter vendido sua alma ao Michael Bay, é um bom ator, que trabalha com humildade seu Jake Moore, não entregando um rapaz onisciente e arrogante, inteligente sim, mais ainda com muito a apreender.




Michael Douglas não consegue repetir o êxito total de seu primeiro Gekko, mas com um personagem desses fica difícil errar. Talvez Douglas tenha ficado menos inescrupuloso com o passar dos anos, assim como seu personagem, mas no geral, suas tramóias continuam dignas de mestre. Temos ainda Josh Brolin como Bretton James. O ator, que já trabalhou com Stone em “W.” (obra que ainda não deu as caras no Brasil), está muito bem e mostra confiança como um perfeito cretino engravatado. Destaque para Frank Langella com sua pequena e excelente participação como Lois Zabel. Susan Sarandon também aparece como a mãe de Jake, mas a personagem acaba sendo pouquíssimo explorada.




“Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” não supera seu antecessor, mas funciona. Com uma trama elaborada, que traz a bolha financeira como personagem importante, o filme derrapa no drama, mas convence na dinâmica e fluidez do enredo geral. Com boas interpretações, uma direção segura e edição competente, a obra agrada a todos, e é um prato cheio aos interessados pelo tema. A ganância é uma coisa boa? Assista e tire suas conclusões.
Ronaldo D`Arcadia


"Carlos" faz a genealogia de um mito


Produzida para a TV, minissérie usa recursos do cinema para contar uma história eletrizante.



Não se deixe espantar pela duração de "Carlos". Os três episódios da série produzida pela TV francesa valem cada um de seus 330 minutos. A versão integral que a Mostra exibe hoje é a mesma que, em maio, no Festival de Cannes, causou primeiro polêmica e depois espanto.


Trata-se da única chance de os espectadores brasileiros seguirem, na tela grande, a história do terrorista Illich Ramíres Sanches, conhecido como Carlos, o Chacal.


A série, que custou 14 milhões de euros (cerca de R$ 33 milhões) e foi rodada em dezenas de países, causou desconforto em Cannes.


Houve quem achasse que o Palais não deveria abrir seus projetores para um produto nascido da TV. Corporativismo. "Carlos" é puro cinema. E de primeira. O diretor Olivier Assayas fez um filme eletrizante, que desconstrói, detalhadamente, um personagem que esteve envolvido em alguns dos principais acontecimentos históricos do século 20.


Ele recusou-se a fazer um hino à glória de Carlos. Assume, porém, o desejo de tratá-lo como mito geracional. Para personificar esse mito, Assayas contou com a força do ator Edgar Ramirez, venezuelano como o personagem. Ramirez encarna à perfeição a dubiedade do homem de esquerda que vai sendo cegado pelo narcisismo e pela violência.


O terrorista que fez seu aprendizado lutando ao lado dos palestinos, na Jordânia, é construído com uma personalidade que flerta com o glamour -seja o do heroísmo midiático, seja o dos prazeres da vida burguesa- e que se quer um Don Juan.


Ramirez, que passa por transformações físicas radicais, pode ser tão sedutor quanto monstruoso. SEQUESTRO POLÍTICODentre as muitas sequências memoráveis de "Carlos" está a do sequestro de ministros de diversos países durante a reunião da Opep, em Viena, em 1975.


A ação, que se desdobra em uma série de acontecimentos, traz a gênese de conflitos políticos mundiais. "Carlos" seguirá Chacal até a queda do Muro de Berlim, quando ele se ligar às células revolucionárias alemãs, mas começar a virar uma caricatura de si.


Chacal, que fora condenado à prisão perpétua em 1997, na França, é também um símbolo do fim das utopias e de uma era. Assayas, como havia feito em "Horas de Verão" (2008), olha para o tempo que passou com um quê de melancolia e outro quê de crítica.


Mas a lição que ele deixa não é nem ideológica nem política. É cinematográfica. Em Cannes, disse ter feito um filme segundo seu conceito de cinema. Não importava quem bancaria o filme e onde se daria sua difusão. Provou que discutir essas fronteiras não tem mais sentido.


ANA PAULA SOUSA

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cameraman: The Life and Work of Jack Cardiff




Craig McCall's affectionate consideration of the career of Jack Cardiff, the British pioneer of Technicolor cinematography, is made up of contributions from, among others, Martin Scorsese, Lauren Bacall and Kirk Douglas, and is a fitting and fascinating tribute to a pioneering master of light and colour.
(Documentary -- U.K./)



An Optimum Releasing release of a Modus Operandi Films, U.K. Film Council presentation, in association with Smoke & Mirrors. (International sales: High Point Films and Television, London.) Produced by Craig McCall.


Executive producers, Mason Cardiff, Lenny Crooks, Chris Roff, Julie Williams.
Co-producer, Richard McGill.
Directed by Craig McCall.



With: Jack Cardiff, Martin Scorsese, Kirk Douglas, Lauren Bacall, Charlton Heston, Kim Hunter, John Mills, Alan Parker, Thelma Schoonmaker, Freddie Francis, Raffaella De Laurentiis, Richard Fleischer, Peter Yates, Kathleen Byron, Christopher Challis, Kevin McClory, Ian Christie, Moira Shearer, Michel Ciment, Peter Handford, George E. Turner, Michael Powell.



Several interviewees in "Cameraman: The Life & Work of Jack Cardiff" praise the legendary lenser for being just the right combination of "fast and good," a phrase that applies perfectly to "Cameraman" itself.




Although made over 12 years, Brit helmer Craig McCall's accomplished portrait crams a lot into its trim running time, including interviews with the late Cardiff as well as a starry lineup of collaborators and fans. Judiciously blending meaty film history and gossipy anecdotes, pic could fill repertory slots in cineaste cities after exposure in Cannes. The film enjoyed a limited release in Blighty, preeming May 5.


Given the high-quality clips from Cardiff's filmography on display here (including not just from well-known masterworks like "Black Narcissus" and "The Red Shoes," but also rare footage from Cardiff's own homemovies and information films), "Cameraman" deserves, more than most film-themed docus, to be seen on the bigscreen. Nevertheless, despite onscreen participation from Martin Scorsese, Kirk Douglas, Lauren Bacall and others, the pic's audience will be strictly niche. Ancillary will be its natural habitat, as "Cameraman" would make a terrific supplementary disc for a box set of Powell-Pressburger films or, indeed, a compilation of films Cardiff shot or helmed.



Original footage throughout, shot as far back as 1998, shows still-spry octogenarian Cardiff variously strolling down the Croisette in Cannes, cruising the Lido in Venice, working on a set and talking in a studio (lit in a fair pastiche of his own classic style) about his career, which began in 1918 when he worked as a child extra. Cutaways to archive material and films Cardiff appeared in as a thesp, worked on as a camera operator (such as 1937 Marlene Dietrich starrer "Knight Without Armor"), was credited for as a d.p. (from 1943 docu "Western Approaches" to 1985's "Rambo: First Blood Part II") or helmed himself (notably 1960's "Sons and Lovers") occur naturally as they come up in conversation.



Others interviewees' analysis of Cardiff's painterly contributions to cinema (from Martin Scorsese and ace editor Thelma Schoonmaker, both as valuable as ever), praise for his technique (helmer Richard Fleischer) and general declarations of affection and awe (Kirk Douglas, Charlton Heston and an audio-only Michael Powell, among others) hold it all together in a remarkably fluent, narration-free 86 minutes.



Cardiff's unique combination of sheer talent as a cinematographer and quiet knack for self-promotion -- especially when he appeared most self-effacing -- has made him one of the most written-about and lauded lensers in film history. Consequently, hardcore buffs won't find much in "Cameraman" they didn't know already, especially in the anecdote department. All the same, the seldom-seen archival footage is still a treat, and given that nearly every contempo docu is now shot on digital, the pic's use of the 16mm format (credited to no fewer than nine lensers) is not only a pleasure for its own granular virtues, but also reps a tribute of sorts to Cardiff, who roughly did for film stock what Rembrandt did for oils.



Camera (color, 16mm), Steven Chivers, Ricardo Coll, Simon Fanthorpe, Nicholas Hoffman, Jonathan Rho, Ian Salvage, John Walker, James Welland, Bob Williams; editor, Dan Roberts; music, Mark Sayer-Wade; art director, Miles Glyn; sound (Dolby Digital), Ian Arrow, Catherine Derry, Marcelo De Oliveira, Cameron Hills, David McJunkin, Frank Menges, Greg Molesworth, Mark Popkiewicz, David Powers, Steven Robinson; sound designer, Sandra Portman. Reviewed on DVD, Hoveton, May 4, 2010. (In Cannes Film Festival -- Cannes Classics.)



Running time: 86 MIN.



As Cariocas marca a volta de Daniel Filho à TV



As Cariocas marca a volta de Daniel Filho à TV depois de mais de dez anos afastado (seu último trabalho como diretor foi Suave Veneno, em 1999). Veterano, o diretor, produtor e ator acumula no currículo trabalhos na TV como “Malu Mulher” e “A Vida Como Ela É”, e grandes sucessos no Cinema, entre eles “Se Eu Fosse Você” e “Chico Xavier”.


João Carlos Daniel nasceu em 1937 em uma família circense e de teatro de revista. Como ator, ficou conhecido pelos filmes “Os Cafajestes” e “Boca de Ouro”, ambos dos anos 60. Começou a produzir e a dirigir ainda nos anos 50 e, desde então, se firmou como referência na TV e cinema do Brasil. Atualmente, Daniel é dono da própria produtora, Lereby Produções, e está mais voltado a filmes e seriados. Em As Cariocas, Daniel reuniu no elenco mulheres de todas as partes do Brasil, e não somente do Rio de Janeiro, para viverem suas heroínas. E justificou da seguinte maneira: “Essas mulheres estão no top 10 de qualquer brasileiro. O problema é colocá-las juntas!”



Todo o charme das cariocas em dez episódios
Alinne Moraes, Adriana Esteves, Fernanda Torres, Cintia Rosa, Paola Oliveira, Sonia Braga, Grazi Massafera, Deborah Secco, Alessandra Negrini e Angélica são “as heroínas” de Daniel Filho em As Cariocas. Adaptada por Euclydes Marinho, a série é inspirada na obra homônima de Sérgio Porto – também conhecido como Stanislaw Ponte Preta – e traz histórias adaptadas para os dias de hoje sobre diferentes mulheres.
1 - A Suicida da Lapa,






A atriz Alinne Moraes interpreta Nadia, protagonista do episódio A Noiva do Catete. Na trama, ela vive um drama com o noivo Carlinhos (Ângelo Antônio): ele fica paraplégico após defendê-la de um assalto. Adriana Esteves dá vida a Celi, em A Vingativa do Méier: uma mulher lindíssima, recatada ao extremo. Ela se incomoda com a falta do desejo do marido Djalma (Ailton Graça) e suspeita que pode estar sendo traída.

Em A Adúltera da Urca, Sonia Braga volta a contracenar com Antonio Fagundes, seu par na novela Dancin’ Days. Nascida e criada na Urca, Júlia é uma mulher de princípios e moralmente correta: traição sequer passa pela sua cabeça. Mas o marido, Cacá (Antonio Fagundes), cisma que ela o trai.
Outra estrela da séria é Angélica. Em A Traída da Barra, ela encarna Maira Teresa, ao lado do marido na vida real, Luciano Huck.

Alessandra Negrini é A Iludida de Copacabana. A atriz interpreta Marta, esposa de Silvinho (Thiago Lacerda). Casada há dois anos, ela morre de ciúmes da babá da filha pequena.
A dondoca Cris, de A Invejosa de Ipanema, interpretada por Fernanda Torres, exige do amante, Luis Felipe (Guilherme Fontes), os mesmos mimos que ele dá à mulher legítima.
Após terminar um casamento, Clarissa (Paola Oliveira) retorna ao seu bairro de origem, a Tijuca e encontra um antigo amigo em A Atormentada da Tijuca.


A atriz Cintia Rosa é a protagonista Gleicy, no episódio A Internauta da Mangueira. Casada com Armando (Eduardo Moscovis), ela brinca com as traições virtuais.
Em A Suicida da Lapa, Deborah Secco vive Alice. Ela conhece Roberto (Cassio Gabus Mendes) em uma festa de fim de ano e eles começam a conversar ironicamente sobre suicídio.
Grazi Massafera completa o time das “top 10”, interpretando Michelle, uma garota linda que retorna à casa dos pais no Grajaú. Acostumada com as regalias da Zona Sul, Michelle é obrigada a voltar para as origens depois de perder tudo. Mas ela não se rende aos costumes do bairro tradicional. E escandaliza a vizinhança. O episídio não poderia ser outro: A desinibida do Grajaú.

Esse time de beldades poderá ser visto na tela da Globo em dez episódios independentes – com mais de 100 atores no total -, às terças-feiras, logo após o Casseta e Planeta.

As Cariocas tem direção geral de Daniel Filho. O toque feminino na direção fica a cargo de Amora Mautner e Cris D’Amato, que se dividem entre os episódios. A trilha sonora que embala as histórias é assinada por Pedro Luís.

A dúltera da Urca é uma prova de que os nomes dos personagens de As Cariocas não são por acaso. Neste episódio, Júlia, vivida por Sonia Braga, é casada com Cacá, interpretado por Antonio Fagundes, e melhor amiga de Malu, Regina Duarte. Daniel Filho, o diretor, falou que estes nomes são, na verdade, uma homenagem a trabalhos anteriores dele e do elenco.



“Quando estávamos lendo o texto resolvemos trocar o nome para Júlia. E, logicamente, se ela se chama Júlia, o Fagundes tem que se chamar Cacá”, diz, explicando que se trata de uma referência ao casal da novela “Dancin’ Days”, vivido pelos mesmos protagonistas.
Mas não para por aí! O nome Malu foi inspirado na personagem de Regina em “Malu Mulher”, que, como a atual, era sensual e despudorada. “Então, eram Cacá e Júlia do ‘Dancing Days’ e Malu de ‘Malu Mulher’”, acrescenta Sonia. Mas não foi tudo programado. As mudanças foram surgindo depois que o elenco foi fechado.

“O episódio da Urca surgiu de uma vontade minha de trabalhar novamente com a Sonia, então eu criei uma história para ela. Depois vieram o Fagundes e a Regina”, explica Daniel. O elenco adorou a ideia, em especial Sonia Braga e Regina Duarte, que até então nunca tinham contracenado tão de perto.

“Eu nunca tinha trabalhado assim, tão juntinho dela. Ainda mais com essa coisa do humor. Foi maravilhoso!”, diz Sonia. “A Sonia é uma pessoa que tem um humor incrível, foi muito gostoso trabalhar com ela”, completa Regina.


Para Antonio Fagundes, participar do episódio A Adúltera da Urca foi mais uma alegria do que trabalho. Fagundes disse que confia plenamente na direção de Daniel Filho e que trabalhar com Sonia Braga depois de mais de 30 anos foi um prazer adicional. Em As Cariocas, os dois vivem Cacá e Júlia, que, não por acaso, têm os mesmos nomes do casal que eles interpretaram na novela “Dancin’ Days”. Confira a entrevista!


Tem um humor muito bom no episódio que ele consegue dosar e transmitir muito bem. O Daniel é muito atento ao trabalho do ator e tem uma noção muito boa do conjunto da história. Apesar de ter uma visão fechada do que ele quer da cena, ele permite uma abertura com os atores. E isso acaba sendo muito positivo.

 

Em A Adúltera da Urca você faz par romântico com Sonia Braga e são novamente o casal Cacá e Júlia, que interpretaram na novela “Dancin’ Days”. Como foi trabalhar com ela novamente?
Tive esse prazer adicional. Trabalhamos juntos em 1978, e depois nem nos vimos mais. Salvo em uma vez que nos cruzamos em Nova York, mas foi muito rápido. Esta série me proporcionou um reencontro muito emocionante.


O que Cacá e Júlia de “Dancin’ Days” têm em comum com os de As Cariocas?
Só tem o mesmo nome. O casal de As Cariocas é mais suburbano, apesar de morar na Urca, e é bem mais pacato. Os nomes foram somente uma homenagem, porque os personagens não têm nada a ver entre si!

Como foi fazer um casal “Cacá e Júlia” com Sonia Braga tão diferente do primeiro?
Foi divertido exatamente por isso. Nós tivemos a oportunidade de trabalhar juntos, com os mesmos nomes dos personagens de anos atrás e com personalidades completamente diferentes.


Como você definiria o Cacá de A Adúltera da Urca?
Ele é casado, apaixonado pela mulher, parece ter ciúmes dela… Mas tudo é aparência, não posso falar muito porque senão estraga o mais gostoso da série!


Você se identifica com ele de alguma forma?
Não, não… (risos)



Nem mesmo no quesito ‘homem apaixonado’?
ótimo, mas não atuamos juntos. O que é engraçado, porque ela talvez tenha sido a mulher com quem eu mais fiz par romântico. Foram três ou quatro, no total. Ela talvez não diga isso, porque pode ser que o Francisco Cuoco tenha ganhado de mim.




Você já trabalhou muitas vezes com Daniel Filho. Como é a relação profissional entre vocês?Já fiz muita coisa com Daniel, nossa parceria é longa. A primeira direção dele em teatro, por exemplo, foi comigo, na peça “As mulheres da minha vida”. E a partir daí foram peças, novelas, filmes…

E como foi que você entrou em As Cariocas?
Ele me chamou e eu topei na hora, nem precisei ler o roteiro. Eu sei que o Daniel se envolve muito com os projetos, todos são de altíssima qualidade e eu não precisaria me preocupar. Foi mais pelo prazer de trabalhar novamente com ele.

 Não, porque acho que a paixão dele se traduz de uma forma equivocada.