domingo, 30 de janeiro de 2011

Caça às Bruxas




As histórias de perseguição às jovens bruxas ganharam sua adaptação mais vergonhosa.

 


 
Assistir ao novo filme do astro Nicolas Cage é uma experiência curiosa. Imagine uma trama cujos primeiros minutos exibissem uma fotografia interessante de tons alaranjados, um cenário macabro e uma sequência bem desenvolvida de enforcamento de bruxas. Dez estrelas talvez não fossem suficientes para definir a sensação de convencimento e boas expectativas causadas pela projeção. Por volta do seu quarto ou quinto minuto, uma reviravolta inesperada e suficientemente grotesca para não assustar ninguém retira ao menos uma estrela da pontuação final. E é dessa gradativa perda de pontos que o público deve tirar sua conclusão sobre a qualidade do produto final.
 



 
O clima apreensivo trabalhado nos minutos iniciais do primeiro ato pode ser justamente posicionado entre as melhores introduções de filmes de suspense. Os outros 90 minutos de projeção são tão descartáveis quanto a parcela inferior da enxurrada de filmes de horror que recebemos todos os anos. “Caça às Bruxas” é um filme vergonhoso para todos aqueles envolvidos em sua realização e audiência.



 

A perseguição às mulheres acusadas de bruxaria no período medieval é assunto que desperta natural curiosidade e interesse. Acreditando no apelo de sua temática junto ao público, o roteirista Bragi F. Schut e o diretor Dominic Sena tentam narrar a história de uma jovem punida pela Igreja por supostamente ter realizado um pacto com o demônio e ter levado a praga ao vilarejo. Entre pessoas de rosto desfigurado e aves de rapina que anunciam o destino do lugar, dois desertores vividos por Cage e Ron Perlman recebem a tarefa de conduzir a bruxa até um mosteiro distante, para seu julgamento e sacrifício.



Desde que bem adaptada, a proposta inicial do roteirista poderia fazer de “Caça às Bruxas” um filme assustador por seus detalhes e misterioso em seu argumento principal. A direção de Sena conseguiu distanciar dos personagens qualquer possibilidade de uma história convincente e comprometeu a qualidade de uma trama curiosa. O que vemos é uma sobreposição de falhas técnicas e tomadas pouco ousadas. Como reflexo ao trabalho incipiente do diretor, é difícil conseguir se envolver pelo clima sombrio das situações e momentos de ação.



 

Um bom elenco ainda conseguiria elevar a qualidade de um projeto falido, mas colocar tal responsabilidade nas mãos vacilantes de Cage não foi a decisão adequada para a situação. Passando longe de oferecer ao público uma atuação que fizesse esquecer os inúmeros problemas na execução do filme, o ator prova que sua temporada de sucesso terminou em 2002, quando recebeu indicações ao Oscar, Globo de Ouro e Bafta por “Adaptação”. Desde então, a carreira de Cage parece construída sobre um número excessivo de filmes ruins e personagens vergonhosos.




A fotografia em “Caça às Bruxas”, ao contrário do que se espera de um filme ambientado na época medieval, não colabora com a criação de ambientes sombrios. Entre os muros das cidades e nas grandes planícies, a luminosidade excessiva atrapalha a proposta assustadora do roteiro. Nas sequências desenvolvidas entre a névoa de uma floresta densa, alguns feixes de luz azul escapam das frestas entre as árvores e dão ao momento ares espectrais desnecessários e desafinados com a situação.



 

Entre minutos de êxito e horas inteiras de problemas, o saldo final de pontos positivos em “Caça às Bruxas” é ínfimo. As sequências finais de luta corporal entre Cage e algo que não pode ser citado – para não comprometer o desfecho da história – representam bem o que o projeto inicial almejava e o que foi conseguido pelo diretor. Com recursos inferiores e em tempos remotos, Bergman filmou uma bruxa muito mais assustadora.






Jáder Santana é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e crítico de cinema do CCR desde 2009. Experimentou duas outras graduações antes da atual até perceber que 2 + 2 pode ser igual a 5. Agora, prefere perder seu tempo com teorias inúteis sobre a chatice do cinema 3D.





Um Lugar Qualquer - Contemple um lugar qualquer.



Ter o sobrenome Coppola não é uma tarefa fácil. Sofia não despontou como atriz, felizmente, e descobriu um talento incrível e sensível ao dirigir e roteirizar “As Virgens Suicidas” em 2000. Depois disso, com um ritmo de produção diferente de outros cineastas, lançou aos poucos seu olhar sobre a Sétima Arte com os ótimos “Encontros e Desencontros” e “Maria Antonieta”. Este último, alvo de muita crítica negativa por sua visão exagerada da personagem, a tornou alvo de chacota. Agora com “Um Lugar Qualquer” a cineasta retoma ao estilo que a consagrou, mesmo que tenha sido em um gueto bem fechado.



 

A trama é simples, bem como seus dois primeiros filmes. Stephen Dorff interpreta Johnny Marco, um ator de cinema bem sucedido e mulherengo assumido. Sua vida muda quando sua filha de 11 anos, interpretada pela belíssima Elle Fanning, passa uns dias com ele, alterando sua rotina e fazendo com que ele reveja o que tem feito da vida nos últimos tempos. A relação paternal desabrocha como o maior trunfo do longa, que pode sofrer um pouco com o nada-acontece de sempre, mas que no fundo tudo está em movimento e mudando constantemente.




 

Com a fama de trazer filmes cults às telonas, Sofia Coppola sai do glamour que investiu em “Maria Antonieta” e volta para a contemplação de cenas simples. Logo no início do filme, um carro percorre um mesmo caminho em círculos cinco vezes seguidas, enquanto a câmara tenta descobrir a causa disso. Logo conhecemos o protagonista, que pouco nos convence ser um badalado ator de Hollywood, até por não importar tanto. Em seguida, temos detalhes comuns de sua vida até que Cleo, sua filha, passa a viver com ele. Os dois parecem desfrutar de uma harmonia muito grande, afinal são pai e filha, mas há algo de estranho ali.




 

A diretora e roteirista ambienta a trama em um starsystem vazio e banal como catalisador de suas ações. Em uma coletiva de imprensa, Johnny não consegue responder nenhuma das perguntas dos jornalistas. É como se ele vivesse fora de um contexto e ainda não tivesse se encontrado como pessoa. No celular dele, chegam mensagens de texto que julgam sua índole, enquanto mulheres sedutoras aparecem a cada cinco minutos para levá-lo para a cama. Não há glamour em ser uma estrela. Esse universo se modifica quando sua paternidade entra em ação e uma nova rotina é exigida dele.




 

Aliás, Sofia Coppola é dessas de registrar rotinas e lugares comuns como ninguém. Não se admire em ficar exposto a situações banais por mais tempo do que qualquer outro diretor deixaria, nem mesmo se o personagem precisar refletir sobre a vida. O público é cúmplice de tudo que acontece ali e assiste passivo às situações criadas pelo roteiro. É como se a cada minuto os personagens fossem se modificando aos poucos, por mais que tais modificações nem sempre sejam visíveis.




 

Stephen Dorff dá o peso dramático ao papel balanceando com o cafajeste que é. Ele é o homem charmoso, viril e que todas querem. Elle Faning, agora crescida e com uma beleza estonteante, traz a sensibilidade e a empatia que fazem o espectador se apaixonar. Eles dois muitas vezes parecem dois amigos recém conhecidos, fazendo besteiras e sendo cúmplices das banalidades. Ninguém mais do elenco se sobressai, e nem deveria, já que o filme é da dupla. É deles que precisamos torcer para que se encontrem na vida. Mas na realidade, como bem sabemos, é mais fácil se desencontrar pelo caminho.



 

Na direção, Sofia é contemplativa, movendo suas câmeras de forma a revelar bem mais do que está em cena. Em determinado momento, após um belo banho de piscina de pai e filha, vemos os dois expostos ao sol, como se nada mais importasse na vida deles e o mundo tivesse parado. Para melhorar a cena, ouvimos I’ll Try Anything Once, cantada pelo The Strokes, ao fundo. A trilha sonora, aliás, é outro mérito, principalmente quando nos traz um pouco de Phoenix.




 
O final da trama traz um pouco de desconforto ao optar por uma saída fácil que desconstrói parte do protagonista, mas ainda assim é nessa escolha que a cineasta nos pega. Se há erros graves em “Um Lugar Qualquer” é a baixa tolerância que a indústria cinematográfica nos condicionou a ter. Queremos tudo rápido e fácil, sem gerar nenhum tipo de discurso após o final da projeção. Sofia Coppola nunca prometeu isso de seu cinema e continua uma cineasta maravilhada pelo ser humano, pelo vazio e pelo simples olhar. Apenas contemple.



 
Diego Benevides
twitter.com/DiegoBenevides


Brasil poderá ver "Os Kennedy" em agosto




Transmissão da minissérie foi suspensa nos EUA, após pressão de ex-colaboradores e familiares do ex-presidente





Filha do casal teria ameaçado revanche; History rejeitou série nos EUA, mas confirma o seu lançamento aqui




O canal pago The History Channel programou para agosto a estreia da controversa minissérie "Os Kennedy", inspirada na vida da família do ex-presidente americano John F. Kennedy (1917-1963).


A produção, desenvolvida pelo premiado Joel Surow (vencedor de dois Emmy e cocriador de "24 Horas"), tem no elenco Greg Kinnear no papel principal e Katie Holmes como a ex-primeira dama Jackie (1929-1994).




 
Anunciado em dezembro de 2009 pelo History Channel americano, o programa começou a sofrer pressões antes mesmo do início das filmagens. Um grupo de historiadores, que incluía um conselheiro de Kennedy, tentou vetar sua realização, alegando tratar-se do "assassinato de uma figura política".


Na época, o canal afirmou que as críticas foram feitas com base em rascunhos preliminares, mas contratou dois nomes de peso para garantir a veracidade dos fatos.




 
Porém, segundo o "New York Times", os convocados, Robert Dallek e Steven M. Gillon, autores de livros sobre o presidente, ficaram preocupados com informações não confirmadas, muitas ligadas à vida sexual de Kennedy e a um caso entre ele e a atriz Marilyn Monroe.






 VETO


Quando todos os episódios estavam prontos -após um custo estimado de mais de US$ 25 milhões (R$ 41,7 mi)-, no começo do mês o History Channel divulgou que não mais os exibiria.


Dizia o comunicado: "Depois de ver o produto final em sua totalidade, concluímos que as interpretações dramáticas não se enquadram com a marca do History".


Depois disso, "Os Kennedy" ainda foi rejeitado por outras três emissoras, levantando dúvidas sobre se o programa chegará a ir ao ar nos EUA. Há, contudo, contratos de exibição em outros 30 países -incluindo Brasil, Canadá e Grã-Bretanha.




 Há duas semanas, a DirecTV confirmou ao site TVLine que estava em negociação para exibir o programa nos Estados Unidos.


Segundo reportagem do "New York Post", Caroline Kennedy, filha de Jackie e JFK, teve um papel determinante na suspensão.




 Ela teria ameaçado cancelar o lançamento de um livro e de um conjunto de fitas contendo conversas entre ela e sua mãe. O contrato foi firmado com empresas da Disney (dona da A&E, ao qual o History Channel é afiliado).


(CLARICE CARDOSO)




http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3001201123.htm

Filme "Life in a Day" é obra de antropologia






Produção de Ridley Scott e Kevin MacDonald estreiou no mesmo dia na internet e no festival de Sundance



ANDRÉ BARCINSKI

CRÍTICO DA FOLHA



Na última quinta-feira (27/01/2011), o Youtube exibiu pela primeira vez "Life in a Day" (vida em um dia, na tradução livre), o filme colaborativo produzido por Ridley Scott ("Blade Runner") e dirigido por Kevin MacDonald ("O Último Rei da Escócia") com imagens enviadas por usuários do site em todo o mundo.

Os produtores pediram a usuários que enviassem imagens captadas em um dia específico, 24 de julho de 2010. A ideia era traçar um panorama abrangente da vida do planeta em diversas regiões.

MacDonald disse que esperava receber entre 10 e 12 mil clipes. Chegaram mais de 81 mil, num total de 4.500 horas de material, enviados de 192 países.

Kevin MacDonald e o montador Joe Walker, auxiliados por uma equipe de editores, trabalharam no material bruto e chegaram a um filme de 94 minutos, que fez sua estreia virtual simultaneamente no YouTube e no Festival de Sundance, um dos mais importantes eventos de cinema alternativo nos Estados Unidos.

"Life in a Day" parece um imenso e confuso videoclipe, com imagens de estilos e temas diversos. O diretor bem que tentou agrupá-las em algum tipo de ordem que fizesse sentido narrativo, mas era uma tarefa realmente impossível, dada a variedade de assuntos abordados.

Como experiência antropológica, "Life in a Day" é interessante. Como filme, não.

A menos que você ache divertido ver pessoas escovando os dentes na África, na Europa, na Ásia e na Oceania.

O diretor optou por não identificar os locais onde as cenas foram filmadas. Numa entrevista coletiva após a exibição, disse que fez isso para não atrapalhar o andamento da história. O problema é que o filme não tem história.

"Life in a Day" traz sequências interessantes, como a vida de um engraxate em algum país da Ásia, fazendeiros produzindo leite de cabra num local que parece a Mongólia, e russos fazendo "parkour", espécie de ginástica em que os participantes sobem em muros, escalam telhados, etc.

Há uma cena que parece ter sido filmada no Brasil: durante um parto, o homem que filma o nascimento sofre um desmaio e cai no chão do hospital. Dá para ouvir nitidamente um dos médicos dizendo: "Deita, deita!" Outras sequências são absolutamente supérfluas, como a de um adolescente de 15 anos fazendo a barba pela primeira vez, ou um japonês usando o banheiro.

"Life in a Day" nada mais é que uma versão luxuosa dos incontáveis clipes caseiros que são postados no YouTube todo dia. É editado com rapidez e tem uma música eficiente. Mas isso não o torna um "filme".

E diz muito sobre a nossa cultura corporativa o fato de ele estar sendo exibido, com pompa e circunstância, num festival de prestígio como Sundance. Se Ridley Scott não estivesse envolvido, a recepção teria sido a mesma?



LIFE IN A DAY



DIREÇÃO Kevin MacDonald

PRODUÇÃO EUA, 2011

ONDE www.youtube.com/lifeinaday

CLASSIFICAÇÃO não informada

AVALIAÇÃO regular


CRISTINA GRANATO - UM OLHAR NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA


Livro reúne bastidores da música brasileira


Cristina Granato lança coletânea com imagens íntimas de cantores


Fotógrafa carioca flagrou Chico Buarque sem camisa e Caetano Veloso trocando de roupa no camarim



Velha conhecida no meio musical, a fotógrafa carioca Cristina Granato, 48, se define como "figurinha fácil" na noite do Rio de Janeiro. Há 30 anos, ela registra bastidores de shows e lançamentos de discos da MPB.

Seu trabalho não é exatamente jornalístico. Granato ganha a vida como free-lancer, contratada pelos próprios músicos ou gravadoras para cobrir eventos.

A natureza dessa profissão se reflete em duas características fundamentais de suas fotos, reunidas no livro "Cristina Granato - Um Olhar na Música Popular Brasileira", lançado esta semana.

A primeira delas é que seus flagrantes nunca são embaraçosos para os artistas: eles transitam numa vertente oposta à dos paparazzi. Os personagens fotografados geralmente aparecem sorrindo e abraçados.

A segunda característica advém dessa postura "de confiança" para com as celebridades, aliada a um talento social muito particular. Como quase nenhum outro fotógrafo, ela tem acesso aos camarins e é amiga de muita gente da área.

E teve o mérito de estabelecer uma ligação tão direta com seu objeto que consegue arrancar dos artistas uma intimidade e naturalidade acessíveis apenas aos amigos próximos. Este é o lado mais valioso das fotos que produz.

Assim desnudados aparecem Chico Buarque sem camisa e suado após uma partida de futebol, Caetano Veloso trocando de roupa no camarim e Cássia Eller sentada num vaso sanitário. Há três décadas fazendo isso, seus registros ganharam também um verniz histórico. Muitos dos fotografados já se foram, como Cazuza, Renato Russo, Tom Jobim e Dorival Caymmi.

O resultado final é uma espécie de celebração dos bons momentos da música brasileira e sobretudo da carreira de Granato.

O lançamento do livro, neste mês, no Rio, não deixou dúvidas sobre o entrosamento da fotógrafa com eles.

Houve shows de João Donato, Erasmo Carlos, Roberto Menescal, Arlindo Cruz, Fernanda Abreu, Frejat e Jards Macalé. Todos tocando sem cobrar cachê. Difícil imaginar outro fotógrafo com estofo para reunir um time assim.





CRISTINA GRANATO - UM OLHAR NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
AUTORA : Cristina Granato
EDITORA :  Aeroplano
QUANTO : R$ 85 (292 págs.)



http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2901201127.htm

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

As Viagens de Gulliver

 


 Falta personalidade e carisma a este filme, que só não fica menor ainda graças à presença de Jack Black.


Não tenho nada contra filmes simples com a batida (mas ainda válida) mensagem de “seja você mesmo”. Ninguém vai ao cinema conferir essas obras esperando Shakespeare. No entanto, uma coisa é fazer um roteiro mais leve, outra é produzir um texto idiota, com diálogos toscos e enchê-lo de propagandas de produtos do estúdio. Este é exatamente o caso de “As Viagens de Gulliver”, dirigido sem personalidade alguma por Rob Letterman em seu debut em produções live-action (ele recentemente comandou o eficaz “Monstros Vs. Alienígenas”).




Adaptada do clássico livro de Jonathan Swift – não dando crédito ao escritor, aliás -, a fita coloca Gulliver (Jack Black) como um contínuo de um grande jornal, o New York Tribune. Acomodado, Gulliver se enxerga como uma pessoa pequena, sem chances na vida e com a garota dos seus sonhos, Darcy (Amanda Peet), a editora do caderno de viagem do jornal.



 
Após acidentalmente se apresentar como escritor quando tentava chamar Darcy para sair, Gulliver acaba encarregado de fazer uma matéria no Triângulo das Bermudas e, após um acidente envolvendo um redemoinho, cai no reino de Lilliput, onde os habitantes possuem cerca de 10 cm de altura.

Tratado inicialmente como uma fera, Gulliver acaba fazendo amizade com o gentil fazendeiro Horatio (Jason Segel), que está apaixonado pela princesa Mary (Emily Blunt) e cai nas graças de todos ao defender o reino de uma invasão, para o desgosto do General Edward (Chris O’Dowd). A partir daí, o filme descamba para uma série de referências a longas e séries da própria 20th Century Fox, incluindo a hexalogia “Star Wars”, “X-Men Origens – Wolverine” e “Glee”, enquanto Gulliver tenta aproximar Horatio e a Princesa, com ares de um Cyrano de Bergerac roqueiro.

 
Como falei acima, uma coisa é um roteiro simples, outra é um texto sem lógica. Aceitar o Reino de Lilliput é parte da narrativa fantástica do filme, mas colocar uma editora de um grande jornal aceitando o texto de um contínuo sem experiência comprovada nenhuma e com o velho “copiar + colar” ou colocar os liliputianos construindo uma mansão à la Tony Stark para Gulliver em menos de uma semana é destruir a credibilidade do longa.

 A própria película teima em reduzir seus personagens a algo inferior a caricaturas. Mostrar os liliputianos como ingênuos seria algo condizente com a trama, mas ao colocar, por exemplo, Emily Blunt com o infeliz diálogo que conta com a fala “Estou sendo sequestrada” parece que o roteiro confunde ingenuidade com imbecilidade.

O surpreendentemente fraco script de Joe Stillman (“Shrek”) e Nicholas Stoller (“Sim Senhor!”) ainda apresenta momentos, no mínimo, esquisitos, como os inimigos dos liliputianos sendo amarrados como jogadores de pebolim. Então, escravizar prisioneiros de guerra é permitido em Lilliput?



 
Os bons momentos da fita devem-se basicamente ao carismático Jack Black que, com seu desempenho energético, tenta compensar (ou mascarar) os problemas do filme chamando a atenção para si, algo que funciona pontualmente, como na sequência onde Gulliver descobre uma ilha temida pelos liliputianos. O ator, que já conseguiu tirar leite de pedra em filmes como “A História Sem Fim 3″, faz o que pode aqui para manter o público entretido.

No entanto, bons atores como Billy Connely, Jason Segel e Emily Blunt parecem perdidos no filme. Blunt, aliás, deve ter demitido seu agente após essa empreitada, tendo em vista que fora obrigada a rejeitar o papel de Viúva Negra em “Homem de Ferro 2″ para trabalhar nesta produção. Isso, aliás, explicaria a falta de ânimo da atriz em suas cenas.



 
Os efeitos especiais são bastante artificiais, o que complica a interação de Black e dos atores que vivem os lilliputianos. A trilha sonora, a despeito de contar com músicas bacanas, não se encaixam bem no filme. Esse problema chega ao auge durante um forçadíssimo número musical no final do filme, com Gulliver interpretando uma constrangedora versão de “War”, que consegue ficar ainda pior nas cópias dubladas.

“As Viagens de Gulliver” não funciona como atualização do original e nem como veículo para seu ator principal, tendo em vista que este pouco pode fazer para brilhar com um roteiro tão precário. Jack Black pode ser um cara divertido, mas ninguém conseguiria sobreviver a este pepino de diminutas proporções.

 
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Thiago Siqueira é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.

 
Thiago Siqueira



 




 





 

SKINS - VERSÃO AMERICANA CRIA POLÊMICA



A estreia de “Skins” na MTV americana foi cercada de polêmica. Explorando a nudez e o sexo, além do envolvimento de jovens com drogas e álcool, a versão americana da série inglesa foi taxada de pornografia infantil.

Quando iniciou suas transmissões na década de 1980, a MTV ficou conhecida como o canal dos video clipes. Mas, ao longo dos anos, seu perfil foi mudando. Hoje em dia, a MTV é conhecida como um canal que exibe produções de conteúdo controvertido. Assim, a versão americana de “Skins” estreou no dia 17 de janeiro registrando cerca de 3.3 milhões de telespectadores, dos quais, 1.2 milhões estão na faixa etária abaixo dos 18 anos. Uma audiência recorde para o canal.


Conhecida na Inglaterra como a série juvenil mais realista da TV, “Skins” traz histórias com uma abordagem crua da vida de adolescentes com diversos problemas pessoais e sociais. O programa foi adaptado para a TV americana com o mesmo objetivo. A diferença é cultural. Na Inglaterra, as séries e filmes têm uma liberdade maior para explorar temas que nos EUA são considerados tabus, entre eles, a sexualidade. Produções da TV a cabo americana conseguem explorar melhor essas temáticas por serem exibidas em canais pagos.


No entanto, a série da MTV é estrelada por atores que estão na idade entre 15 e 18 anos. Pela lei, cenas de sexo e nudez com menores podem ser consideradas pornografia infantil, a qual é definida como: qualquer imagem visual com um menor de 18 anos de idade envolvido em comportamentos sexuais explícitos. Preocupada com a questão, a diretoria da Viacom, empresa proprietária do canal MTV, teria solicitado aos produtores que reduzissem o conteúdo gráfico relacionado à nudez e o sexo.


A polêmica já teria provocado a perda de anunciantes como a empresa Taco Bell. Em geral, esse tipo de reação costuma ser uma resposta às ameaças do Parents Television Council em promover boicotes aos produtos de empresas que apóiam programas polêmicos.


Segundo a imprensa americana, o PTC, órgão não governamental, solicitou uma investigação por parte do Departamento de Justiça e do Senado Americano, bem como de comitês jurídicos, para avaliarem a natureza do conteúdo exibido na série, o que poderá gerar penalidades.


iTV PREPARA A MINISSÉRIE “Appropriate Adult”







O canal inglês anunciou o início da produção de “Appropriate Adult”, minissérie em dois episódios, com 90 minutos cada, que tem como base a história real de Fred West e de sua segunda esposa, Rosemary. O casal ficou conhecido na Inglaterra por ter praticado diversos crimes de estupro, tortura e assassinato de mulheres.



Esta será a primeira vez que a história é levada à televisão. Adaptada por Neil McKay, a minissérie deverá focar o período em que o casal foi preso, apresentando o processo de interrogatório e suas consequências.



“Appropriate Adult” foi encomendada pelo canal há quatro anos. Desde então, o roteiro vem sendo elaborado com base em entrevistas realizadas com policiais de Gloucestershire, bem como as demais pessoas envolvidas no caso.



A História Real (cuidado com spoilers)



Fred e Rosemary West foram presos em 1994 acusados de tortura e homicídio de cerca de 11 mulheres, entre elas, a primeira esposa de Fred, Catherine, e sua filha, Charmaine.



Ao longo do processo de interrogatório, Janet Leach, uma voluntária que trabalhava na delegacia de polícia, foi apontada como ‘adulto apropriado’. Em geral, quando menores de idade ou pessoas com problemas mentais ou emocionais são interrogados pela polícia, a lei exige que um ‘adulto apropriado’ acompanhe o procedimento.



Janet testemunhou 40 entrevistas nas quais Fred teria detalhado as torturas e assassinatos que cometeu. Traumatizada, a dona de casa pediu afastamento, sendo substituída por outro adulto. No entanto, Fred se recusou a continuar relatando seus crimes sem a presença dela. Janet se tornaria peça chave no processo, mas o trauma e o estresse pelos quais passou a levaram a sofrer um derrame, que a deixou incapaz de falar por algum tempo, colocando em risco o julgamento.



No elenco estão Dominic West (Fred), da série “A Escuta/The Wire”, Monica Dolan (Rose), de “DCI Banks’, e Emily Watson (Janet). Dirigida por Julian Jarrold, as filmagens terão início em fevereiro. Ainda não há previsão de estreia.



FONTE:
http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/

ZEN - NOVA SÉRIE DA LITERATURA PARA TV



Mais um personagem da literatura policial britânica faz sua transição para a televisão.


Criado por Michael Dibdin, o Inspetor italiano Aurélio Zen surgiu na década de 1980.


Na época, Dibdin vivia na Itália, onde era professor de inglês. Com o título de “Ratking”, o primeiro livro ganhou o prêmio Gold Dagger em 1988, de literatura policial.






Ao longo dos anos, Dibdin escreveu um total de 11 livros estrelados por Zen, sendo que o último, “End Games” foi publicado após sua morte, ocorrida em 2007. Segundo o autor em entrevistas na década de 1990, apesar do sucesso que o personagem fez na Inglaterra, não foi bem recebido na Itália. Também pudera, as histórias giram em torno de Zen, um dos poucos policiais honestos trabalhando em Roma. Enfrentando artimanhas políticas, membros da máfia, e um chefe estressado, Zen tenta realizar seu trabalho da melhor forma possível.



 

Originalmente batizada de “Aurelio Zen”, a adaptação ficou a cargo de Simon Burke. A primeira temporada da série é composta de três episódios de 90 minutos de duração cada. O primeiro, “Vendetta”, foi exibido pela BBC no dia 2 de janeiro. O segundo, “Cabal”, irá ao ar na Inglaterra no dia 9. A temporada encerra com “Ratking”, no dia 16. Cada episódio tem como base um os livros de Dibdin.



 


Na primeira história, Zen precisa reabrir um antigo caso, que pode gerar um escândalo político. No segundo episódio, Zen investiga um aparente suicídio, que o leva a se envolver com uma organização secreta chamada Cabal. No último episódio da temporada, Zen investiga um sequestro que envolve uma das famílias mais poderosas da Itália.




Estrelada por Rufus Sewell, da versão americana de “The Eleventh Hour” e da minissérie “Os Pilares da Terra”; a série também traz no elenco a atriz italiana Caterina Murino, que interpreta Tania Moretti, interesse romântico do personagem e assistente do chefe de polícia. O elenco também traz os atores Ben Miles, Stanley Townsend, Catherine Spaak e Francesco Quinn.



A produção é da Left Bank Pictures em parceria com a BBC Worldwide, Ingenious e Lipsync para os canais BBC, da Inglaterra, RTI, da Itália, PBS, dos EUA, e ZDF, da Alemanha.





No vídeo abaixo, entrevista com Rufus Sewell, que fala sobre a série. No início, preview do primeiro episódio.


http://www.youtube.com/watch?v=lY2hLPKj5_U&feature=player_embedded


Zen's Secret Rendezvous with Tania - Zen, Episode 2 Cabal Preview - BBC One
http://www.youtube.com/watch?v=r_sow3BRMQk&playnext=1&list=PLD337F30DF6FDB71A&index=1


http://www.youtube.com/watch?v=LKOhUhpH0Ok&feature=bf_next&list=PLD337F30DF6FDB71A&index=3


FONTE:
http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/series-inglaterra/nova-serie-zen-da-literatura-para-a-tv/



There must be good reasons why the fine crime novels of Michael Dibdin have been absent from screens large and small. They're probably to do with Dibdin's deadpan satirical tone and the anti-heroic nature of his protagonist, the Venetian detective Aurelio Zen. Also, his shrewd observations of the hidden undercurrents of Italian society are almost bound to get lost in screen translation. "Books and movies are completely different media", Dibdin once commented, "and the more the Hollywood crowd learns to knit their own stuff, the better."







So, it's pleasing - perhaps even slightly miraculous - to be able to give at least two-and-a-half cheers to "Vendetta", the first of three new Zen stories from the BBC, though a few of the production choices highlighted the paradoxes of international productions. For instance, while the locations were authentically and pungently Roman, since that's where Zen was currently posted, it was strange to find the police chief speaking in a bluff Yorkshire accent, while an Italian kidnapper Zen met during his investigations was plainly an Irishman. Yet Italian actors filled some of the supporting roles, while the co-headliner and love interest was played by voluptuous Italian bombshell Caterina Murino.






'Greg Wise looked as authentically Italian as a tin of Heinz spaghetti hoops'




The biggest question for aficionados will be over Rufus Sewell's suitability to play Zen. In the books, Zen can be lazy and devious, but he has developed his own eccentric technique for negotiating the labyrinth of bureaucracy and corruption that shrouds the Italian police and judiciary. There's a seedy and unhealthy quality about him, though somehow his sleuthing skills remain supernaturally sharp. Sewell, on the other hand, looks crisp and dynamic and movie star-ish (an enraptured Ms Murino apparently describes him as "a god"), and there was one scene in this opener when he suddenly burst into frankly un-Zen-like action mode, deftly felling a couple of antagonists before roaring away in an Alfa Romeo, pulling off a handbrake turn that would have made The Stig gape in admiration.






But sweep all that aside, and you still had a pacy and intriguing thriller, dripping with gorgeous panoramas of Rome and haunting Italian countryside, with a screenplay by Simon Burke which managed to hit many of the salient Dibdin-esque bullet points. The way the police are mere tools in the hands of politicians was deftly suggested, and indeed the plot hinged on Zen being faced with the dilemma of knowing that he would keep in with his colleagues at police headquarters by finding a murder suspect, Favelloni, guilty, but doing so would also risk the instant demolition of his career by an unscrupulous government minister (Greg Wise played Favelloni, looking as authentically Italian as a tin of Heinz spaghetti hoops). Even within the police force, Zen's unfortunate capacity for getting to the bottom of awkward cases and arresting the right people causes him to be regarded with suspicion.






Sewell had found a nice understated tone in which to play Zen, and was able to suggest an analytical mind ticking constantly behind a bumbling, facetious exterior. There were some smart nuggets of dialogue, like when Murino's Tania Morelli asked him: "Are we going to have an affair?" Zen: "Yeah." Tania: "OK."






Or the moment where Zen was propositioned by the Russian housekeeper at the mansion of a billionaire murder victim. He looked stunned. "What's the matter? You don't like sex?" she demanded. "No, I remember it very fondly," muttered Zen.






And, against the odds, this TV Zen retained some of the sense of primitive and brutal mystery that Dibdin brought to his depictions of Italy. As the title "Vendetta" suggested, the two sets of murders in the story were both rooted in the past, one dating back years and the other stretching back over generations of inbred criminality. In the next two episodes, perhaps we'll get to see some of Zen's fabled culinary skills in action too.