quinta-feira, 29 de setembro de 2011

II Séries Para Se Abandonar

Daniel Barcelos | Opinião |





Pois é, a temporada acabou e você ainda não conseguiu terminar de assistir a todos os episódios de suas séries? Possui mais de 20 GB de episódios acumulados? Claro que tem! Você é um série maníaco, afinal de contas! O problema é quando seu vício por seriados não consegue ser suprido de forma completa e você precisa parar de ver algumas coisas. Não para poder viver, porque você provavelmente não tem vida própria, mas porque o dia só tem 24 horas.

É hora de revolucionarmos o conceito de série maníaco e passar a apreciar apenas as coisas boas dessa vida. Hora de fazer cortes profundos e tristes. Hora de abandonar séries que sempre foram ruins, mas que víamos pela hype. Hora de abandonar aquela série que foi boa por 4 temporadas, mas que só te fez passar raiva nos últimos 3 anos. Hora de abrir espaço na sua agenda para coisas novas e boas que vêm por aí.

Então, vamos para o 2º Post Anual de Séries para se Abandonar! (Pra quem ainda não viu as séries que abandonamos ano passado, é só clicar aqui).

Spoilers Abaixo:
Vou dar um exemplo pessoal. Desde o dia 1º de Setembro de 2010 até o dia em que vos escrevo (26/06/11), eu assisti 885* episódios de 78 séries diferentes. Colocando uma média de 30 minutos por episódio, eu perdi cerca de 18,44 dias da minha “vida”. Isso porque eu só estou contando episódios dessa temporada, nada de maratonas loucas e episódios aleatórios vistos para gravar algum podcast. Além disso, possuo por volta de 64 GB de episódios acumulados porque, é claro, não tive tempo de ver tudo.

No meio de tantas séries e episódios, vocês acham que TUDO que eu assisto são séries classe A como Battlestar Galactica, Six Feet Under e Doctor Who? Infelizmente não. Minha lista possui coisas vergonhosas e/ou bizarras como Outsourced, The Hard Times of RJ Berger, Bedlam e  Top Chef: Canada .

As séries não estão em ordem, porque isso não faria o menor sentido nesse post. 

The Hard Times of RJ Berger


Essa série estreou no ano passado com a história de um loser bem dotado. Um Hung adolescente, por assim dizer. Apesar de nunca ter sido uma ótima série, sua primeira temporada brincava com os clichês de séries adolescentes de forma bem legal e conseguiu nos entreter por algum tempo.
O problema é que a segunda temporada mostrou quão raso são todos os personagens e a série começou a se transformar em sua própria caricatura. A Jenny, que era o amor da vida do RJ simplesmente deixou de ser o suficiente pra ele.  Seus pais, que na primeira temporada possuíam uma ótima e bizarra química se separaram e viraram duas crianças que ninguém suportava mais assistir. Fora o relacionamento da mãe com o professor de educação física, que foi uma das coisas mais hediondas e sem sentido mostradas na TV.
Por fim, ainda tivemos o rival do RJ virando gay, no fim da temporada, só pra gerar um buzz qualquer e a Lily grávida do RJ, mesmo tendo transado com ele apenas uma vez, há mais de um ano, sendo que ela está pegando aquele outro garoto desde o meio da temporada. Ah, faça-me o favor! Chega, não dá mais!



My Life As Liz

Outra série teen que caiu no mesmo problema de RJ Berger, foi My Life as Liz. Sua primeira temporada, recheada de músicas excelentes, contou a história de uma menina perdida (apesar de, muitas vezes, ser bem segura de si) que percebeu que não precisava andar apenas com seus amigos mega nerds, mas que ela também tinha coisas em comum com a “patricinha” do colégio e até teve um rola-não-rola casinho com o simpático Bryce.
Como os atores usavam seus nomes reais dentro da série, muitas vezes era difícil saber se o programa se tratava de uma ficção ou da vida da Liz, de fato. Tudo na série era bem real e palpável, apesar de algumas intrigas, brigas e confusões, não tem nenhuma trama da primeira temporada que você pode dizer “ah, isso nunca aconteceria na vida real”.
E esse trunfo que a série possuía se perdeu por completo na segunda temporada. O Bryce virou um retardado, a Liz começou um triangulo amoroso e a série se transformou nas “aventuras de uma menina muito louca na cidade de NY, arrumando altas confusões”. Sério, virou um filme da Sessão da Tarde e isso é inadmissível.



The Big Bang Theory

Bazinga. Há… há…¬¬
Sério, não tem mais como rir disso. Depois de tantas temporadas acho que já está claro pra todo mundo que os únicos personagens que funcionam na série são a Penny e o Sheldon. A interações entre os dois sempre foram os pontos altos de qualquer episódio.
O problema é que, como não tem mais nada (ou ninguém) para tomar esse posto de vez em quando, o formato nos cansou de forma muito rápida. Quem, assim como eu, conseguiu chegar ao fim dessa quarta temporada (tendo que assistir ao namoro do Leonard com a insossa da Priya e doses cavalares da robozinha Amy Farrah Fowler) ou tem TOC, e não consegue abandonar uma série no meio de uma temporada veterana, ou é alguém com uma grande resistência a dor e sofrimento.
Mas é hora de ser feliz, minha gente! Abandonem enquanto ainda há tempo!


American Idol

Esse eu acho que vai ser fácil de te convencer a parar de assistir: Scott foi o campeão desse ano! Ainda não te convenci?
Essa temporada tivemos pessoas realmente boas (James, Casey, Pia e Haley, por exemplo) mas o formato do programa não permite que os melhores vençam, mas os mais populares. Eu sei que a premissa do programa é essa e da mesma forma que eu não assisto o BBB por esse motivo, estou parando oficialmente de assistir American Idol.
Fora a falta que o Simon faz ao programa e as duas horas por semana (por quase 40 episódios) que o reality me consome! Imagine só você abandonando Idol e tendo mais duas horas livres para se deliciar com outras coisas bem melhores? Você pode assistir SEIS episódios de comédia no lugar, ou TRÊS episódios de drama. Isso sim é um ponto positivo para um série maníaco.



Glee

Entendo quem gostou da primeira temporada, de verdade! Tudo ainda era novidade. Uma série musical? Quem diria! Os episódios foram passando e quem possui um mínimo de senso crítico começou a perceber que a hype era infinitamente maior que a qualidade do programa em si.
O que se esperava de uma boa série musical era um bom roteiro teen que, a partir de então, iria procurar músicas que se encaixassem dentro da história que eles queriam contar. O problema de Glee é que acontece exatamente o contrário disso. Eles pegam uma música que estão doidos para apresentar e tentam encaixar uma história qualquer ao redor da música. Com isso, é claro, os roteiros ficam mais rasos que poça d’água em dia de sol e não existe paciência suficiente no mundo que me faça continuar assistindo isso.
Hora de abrir espaço na sua agenda para série de qualidade, é hora de cancelar Glee da sua vida!



House

Ah, House! O que aconteceu com você? A série foi excelente até o terceiro ano e, a cada nova temporada, tem se tornado algo maçante e previsível. Perdeu-se a magia por trás do personagem-título, suas dores e traumas não saem mais do lugar-comum e nem o roteiro mais é tão caprichado como costumava.
Lembro-me que a pesquisa para se fazer um episódio da primeira temporada demorava meses, eles tomavam todo o cuidado de fazer algo completamente crível tanto dentro dos parâmetros médicos quanto dentro do universo da série e da cabeça louca de Gregory. Hoje em dia, sai cada coisa que, como estudante de Farmácia, me dói assistir.
A saída do elenco principal foi o primeiro passo para o pulo do tubarão, que aconteceu no fim dessa temporada. Entraram personagens nada carismáticos: um suicida que eu nem me lembro mais o nome, a 13 chatilda que está pra morrer a uns três anos e nada de piorar (ela se torna ainda mais insuportável quando começa a namorar o Foreman/ outras mulheres) e o Taub que, como o nome já diz, é uma tábua, completamente plano e desinteressante (pior ainda é eles tentarem fazer com que a gente se importe com seu casamento falido, faça-me um favor!).
Quando o problema eram somente os personagens secundários ainda dava para aguentar, já que o Hugh Laurie é um ator tão bom que, muitas vezes, consegue facilmente carregar a série nas costas. Daí chegamos nessa temporada que cumpriu muito bem o papel de tornar um dos melhores personagens da história da TV em um bocó. Sério, o melhor adjetivo pro House, hoje, é bocó.
House era um personagem profundo, com dores (físicas e emocionais) jamais imaginadas por nenhum outro ser vivo. Ele sempre fez pegadinhas, colocou seu interesse de resolver a charada na frente da vida de pacientes, magoou pessoas… mas o House da primeira temporada seria incapaz de jogar um carro dentro da sala de alguém, ainda mais da Cuddy!!
Vocês podem falar que ele não é mais o mesmo personagem da primeira temporada, que ele passou por muita coisa desde então… bullshit! Por mais que ele tenha sofrido com a perda da Cuddy e com tudo mais que aconteceu com ele, isso está completamente fora das possibilidades reais do personagem.
E o que vai acontecer agora? Ele vai praticar medicina na selva? Ops, esquece, Off The Map já acabou. Porque se ele voltar a trabalhar no hospital vai ser ainda mais ridículo. Então pra gente se poupar de passar mais raiva, é hora de abandonar! O máximo que, talvez, me permita fazer  vai ser assistir aos episódios especiais que fogem da cansativa fórmula.


The Killing
Narrativa lenta não é problema, quando uma história é boa e envolvente. The Sopranos, The Wire e Boardwalk Empire são provas vivas. Agora pense em uma narrativa extremamente arrastada, com uma trama batida, cheio de elementos repaginados de Twin Peaks, uma protagonista que abusa de feições amarguradas e chuva, muita chuva.
The Killing é a típica série que se esforça para transmitir um ar superior e inteligente, mas acaba nem arranhando a ponta do iceberg. Toda a prepotência de The Killing e o season finale apelativo e barato só me faz responder a pergunta mais importante da série com outra pergunta: “Who killed Rosie Larsen?” eu digo, Who gives a shit?


The Middle

É o tipo de comédia que não incomoda a ninguém, mas que também não te traz aquele prazer de assistir séries. Encaixo ela junto com Gary Unmarried e The New Adventures of Old Christine. Séries bobinhas, que fazem passar o tempo, mas que não acrescentam em nada na sua vida seriadora. Não tem uma trama relevante que você não consegue se esquecer ou não parou de rir. É bonitinha, familiar, mas não sai do lugar. Os episódios de Thanksgiving das duas temporadas são praticamente o mesmo, por exemplo.
No entanto, a gente está aqui para revolucionar e elevar o padrão das coisas que você assiste. Então  trate de abandonar isso para ver coisas muito melhores como Community ou Parks and Recreation.


Nurse Jackie

Pensei que meu ódio pelo cancelamento de United States of Tara pudesse me cegar quando fosse criticar Nurse Jackie, mas não acho que seja o caso.
Ripada descaradamente de House (outra série que estamos abandonando), a história de uma enfermeira viciada em remédios para dor começou com possibilidades muito legais. Eddie Falco é uma excelente atriz e realmente faz a diferença, o problema é que o roteiro não ajuda.
Toda semana vemos a Jackie se entupindo de remédios e o “caso da semana” onde ela ajuda algum paciente necessitado das mais sombrias formas. Uma verdadeira fora-da-lei, eu poderia dizer. Entre os remédios e os pacientes, somos obrigados a ver personagens secundários rasos gastar nosso precioso tempo. A Akalitus é tão forçada que chega a dar dó e o Coop é outro que eu não aguento mais ver a cara. O restante nem me incomoda tanto, mas também poderiam facilmente sair que eu não iria dar falta.
O maior problema, porém, é a falta de consequências para os atos da Jackie. Eles descobriram que ela é uma drogada, ninguém fez nada. Um monte de gente sabe da traição dela ao marido, nada acontece. Ela rouba remédios do hospital a torto e a direito e nenhuma investigação mais profunda é feita. Fala sério! Assim é muito fácil fazer uma série. Coloca o que quiser na tela e bola pra frente? Não! Chega. Queremos algo bem escrito, bem pensado, que nos desafie e surpreenda.


Chuck

Depois de uma primeira temporada fraquinha, Chuck cresceu bastante e teve duas temporadas com um nível tão elevado que eu fiquei quase cego com as poucas críticas que ouvia.
Porém, a quarta temporada chegou e a coisa começou a ficar complicada. Aceitamos numa boa o fato do pai do Chuck ter sido o espião que criou o Intersect, mas colocar a mãe dele como a vilã-que-não-era-vilã não deu. Foi um caminho fácil e óbvio demais, durante todo o percurso.
Chuck e Sarah funcionaram muito bem como o casal que se gostava, mas não poderia ficar junto. E isso é algo muito raro, vocês não têm idéia. No entanto, foi só eles ficarem juntos de verdade que o casal bonitinho e fofinho se tornou insuportavelmente meloso. Até os problemas que eles enfrentaram como casal eram do tipo que conseguia matar um diabético, de tanto açúcar.
Fora os twists que eram pra nos chocar e acabou virando palhaçada: a doce menina, filha do vilão, que também vira vilã. O vilão que, na verdade, era um cientista palerma que usou um Intersect com problema e que, no fim das contas, TAMBÉM não era vilão. O Chuck perdendo o Intersect e  ganhando 100 milhões de dólares por ser filho do amigo desse ex-vilão (oi?) e por último, e não menos desinteressante, o Morgan se tornando o novo Intersect.
Meu único problema em abandonar Chuck é saber que a próxima será a sua última temporada, mas acho que consigo. E vocês?
Chegamos ao fim e minhas perguntas são:
- Quais dessas séries você vai abandonar?
– Quais outras séries deveriam ter entrado nesse post?
Abraços e até a próxima.

* Quem quiser pode ver as minhas notas para cada episódio que assisti, clicando aqui.

Modern Family, 

a 7ª melhor série da atualidade

Lucas Müller | Opinião, Top Maníacos


48 episódios. 960 minutos. 16 horas. E apenas dois dias. Como homenagem a sétima melhor série da atualidade, fiz uma maratona que envolveu todos os episódios já exibidos. Agora, dentro desta perspectiva fresca, ofereço a vocês minhas impressões desta série que sempre quis começar a ver, mas que nunca o tinha feito.

Informações importantes sobre a lista: esse top 10 foi formado através de uma votação entre os colaboradores do Série Maníacos. Cada um escolheu três séries diferentes, que ainda estão no ar dando notas de 1 a 3. A série com a maior nota depois da somatória geral ganhou o título de “A Melhor Série da Atualidade”. Dexter e Breaking Bad fazem parte da lista de melhores séries da década, portanto fica claro que elas já estão entre as melhores séries da atualidade, na opinião dos colaboradores desse blog. Apenas séries veteranas com mais de uma temporada foram consideradas, ou seja, produções aclamadas como Game of Thrones não entraram. A lista será atualizada semanalmente até a medalha de ouro.

Quando Modern Family surgiu, há quase dois anos, seus produtores Christopher Lloyd (não, não é o Doc Brown) e Steven Levitan criaram uma estrutura de falso documentário para mostrar algumas das histórias de seus próprios familiares, meio que tornando este show na representação das famílias de todos nós. E essa foi uma aposta que deu muito certo. Gostaria de saber quem não se apaixonou pelos personagens logo no seu episódio piloto, pois eu não fui imune ao charme dos integrantes destas três famílias ao mesmo tempo tão diferentes, mas tão próximas. E a surpresa ao final quando é revelado que aquelas três famílias na verdade era uma só? Foi a conclusão ideal para um episódio que considero um dos melhores do seriado (quem não se lembra da apresentação de Lily ao estilo Rei Leão?). Ao apostar em personagens extremamente carismáticos, adotar uma estrutura não tão comum em comédias (similar à de The Office) e fugir das risadas de estúdio, Modern Family conseguiu atingir um público fiel que encontrou nesta combinação a sua dose de risadas semanais.

A primeira temporada da série foi devorada por mim quase que sem parar. Toda novidade é viciante, não é? E os 24 episódios foram embora voando, dentre risadas e sorrisos. Alguns que merecem destaque são: o piloto, “The Incident”, “Coal Digger”, “En Garde”, “Fizbo”, “Fears”, “Game Changer” e os três últimos episódios “Airport 2010”, “Hawaii” (“Oh, não! Ela vai achar que está no Vietnã novamente!”) e “Family Portrait”. Mas não posso deixar de mencionar o depoimento de Gloria ao fim do terceiro episódio “Come Fly With Me”, em que ela conta que sempre quis ter uma filha, então vestia Manny de garotinha até um ano de idade e quando ele descobriu fotos, ela inventou que era sua irmã gêmea que tinha morrido. Sério, ao ouvir isso e ainda ver a reação de Jay, ri muito! Foi um dos momentos mais engraçados pra mim. Bizarro, mas crível!

Comecei a segunda temporada no dia seguinte e acho que foi aí que talvez o maior problema do seriado ficou visível pra mim. À medida que os episódios iam passando, era perceptível que a empolgação com a novidade ia sendo substituída por um cansaço. Talvez, a maratona que fiz tenha tornado esse detalhe um pouco mais perceptível, mas é natural o desgaste, principalmente de alguns personagens, e a natureza episódica de Modern Family torna isso ainda um pouco mais acelerado. Me diverti bastante, não me entendam errado, mas minhas primeiras oito horas com a família Pritchett foram bem mais aproveitadas. Destaco “Manny Get Your Gun”, “Caught in the Act”, “Regrets Only”, “Dance Dance Revelation” e “Halloween”.

Que a série tem um enorme leque de personagens adoráveis, isso é inegável. As crianças são um caso a parte, desde o sonso Luke até o adulto Manny, passando por Alex, a impagável Haley e seu namorado Dylan, e a doce e blasè Lily. Dentre os adultos, é difícil não se divertir com o sangue latino impulsivo de Gloria (apesar de achar que ela foi a personagem que mais se desgastou ao longo da duas temporadas), com os comportamentos opostos de Cam e Mitch ou com o rabugento Jay, que é nada mais nada menos do que Al Bundy, o chefe de família mais inesquecível das comédias politicamente incorretas. Quem acha que Peggy Bundy (atualmente, Katey Sagal está em Sons of Anarchy) deveria aparecer em um episódio como ex-namorada de Jay?

Agora, meu grande favorito e, com certeza, uma das grandes razões para o sucesso estável do seriado é Phil Dunphy. O personagem de Ty Burrell é impossível de não gostar, é um tipo de “nosso querido idiota”. Sua filosofia de como se lidar com os outros, especialmente seus filhos, sua forma de se mostrar sempre animado e juvenil e sua quase ingenuidade são interpretados excepcionalmente por Ty, o que já lhe proporcionou indicações aos prêmios SAG e Emmy. Entre seus melhores momentos estão sua fobia de palhaços, seu choro no carro ao descobrir o fim dos acampamentos em família e, é claro, seus olhares para a câmera em alguns momentos, sendo o único personagem a quebrar a chamada “quarta parede” e a ter “consciência” do nosso testemunho de suas aventuras.

Acredito que Modern Family tem tudo para ainda ficar muitas temporadas no ar. Ainda existem muitas situações em família para serem abordadas, principalmente com o inevitável amadurecimento dos personagens mais jovens. Entretanto, acho que seria interessante abandonar mais vezes sua abordagem episódica, o que funcionou muito bem no final da primeira temporada. Talvez essas histórias mais longas, que se estendem por mais de uma semana ajudem a evitar o desgaste natural pelo qual a história pode passar. Mas, sem sombras de dúvidas, Modern Family é uma das melhores comédias na atualidade e, depois de passar tantos anos desiludido com esse tipo de seriado (acho que o último que acompanhei foi Seinfeld), ela me fez ter vontade de voltar àquele tempo em que eu não apenas procurava me sentir intrigado pelas séries, mas também as procurava para me divertir e poder me sentir leve com um sincero sorriso no rosto.

Em Tempo de Conceitos Descartados: Vocês sabiam que originalmente o documentarista que faz as entrevistas com as famílias seria um personagem fixo que seria apaixonado pela Claire, enquanto Mitchell seria apaixonado por ele? É… Para algumas ideias o melhor é o descarte mesmo.

Em Tempo de Recomendação: Mencionei os Bundies no texto e aqui recomendo o seu seriado Married… with Children, que foi a primeira série da minha vida. Aqui no Brasil, ela foi exibida com o nome de “Um Amor de Família” e, apesar de achar que o seu humor tenha envelhecido um pouco (afinal falamos de uma série que iniciou em 1988), acredito que o seu humor ácido e incrivelmente politicamente incorreto é algo que pouco se faz até hoje em dia. Foi um sarcasmo que me moldou, então, fica a dica.
:)
8ª – 30 Rock
 

Mad Men, 

a 6ª melhor série da atualidade

Yasmin Carli Kuhnert | Opinião, Top Maníacos | 5/07/2011 - 0:11



Conheci Mad Men no meio da febre de críticas positivas e prêmios. Curiosa nata decidi conferir. Afinal o que Mad Men tem? A premissa é simples: uma agência publicitária na Madison Avenue em plenos anos 60. Assim que li me veio uma coisa totalmente diferente do que vi no episódio piloto. Espero dividir com vocês um pouco de Mad Men.

Informações importantes sobre a lista: esse top 10 foi formado através de uma votação entre os colaboradores do Série Maníacos. Cada um escolheu três séries diferentes, que ainda estão no ar dando notas de 1 a 3. A série com a maior nota depois da somatória geral ganhou o título de “A Melhor Série da Atualidade”. Dexter e Breaking Bad fazem parte da lista de melhores séries da década, portanto fica claro que elas já estão entre as melhores séries da atualidade, na opinião dos colaboradores desse blog. Apenas séries veteranas com mais de uma temporada foram consideradas, ou seja, produções aclamadas como Game of Thrones não entraram. A lista será atualizada semanalmente até a medalha de ouro.

A série que esperou sete anos na gaveta até se tornar realidade. Passou da HBO a Showtime sem uma resposta positiva. Quando o pequeno canal AMC procurava um roteiro para estrear no mercado de séries Matt Weiner conseguiu dar vida ao projeto. De lá para cá foi um prêmio atrás do outro. A série que se passa numa das décadas que mais mudou o comportamento do mundo. A independência das mulheres em relação aos homens, o surgimento de movimentos contra racismo, a homossexualidade e a homofobia, as mudanças na música, letras marcadas de vontade de mudar, de libertar uma sociedade tradicionalista e rígida. Tabagismo, sexismo, adultério, alcoolismo e muitos outros temas presentes na década. Com personagens presos as tradições e lutando contra as mudanças, presos a situações desconfortáveis justamente pelo medo de se libertar dos costumes. É uma década onde as mudanças foram feitas e muitas pessoas não aceitavam a situação criada por essas mudanças. As mudanças da década são refletidas episódio após episódio na dinâmica dos personagens.

Na agência publicitária Sterling Cooper o que vemos é caldo do que era a sociedade, a série nos permite entender aquele pedaço da história através de histórias e personagens fascinantes. Um olhar diferente do que estamos acostumados. Não foi só o “façamos a revolução, a contracultura e pronto”. Isso afetou diretamente a vida de todos. A mulher que busca o seu espaço numa sociedade machista, a dona de casa que cansa de ser exibida como troféu e de ficar em casa o dia todo cuidando dos filhos. O homem descontente com a eterna rotina de trabalho, casa, esposa, filhos. A mulher objeto, que já passou da idade, mas ainda sonhar em casar e viver de uma rotina tradicional. Mad Men nos transmite por um prisma único tudo o que sabemos sobre os anos 60 com outros olhos.

Don Draper é o protagonista dessa história, o diretor de criação da agência vive num mundo de mentiras, sente-se numa eterna falta de controle e mesmo sendo bem sucedido, nunca está feliz. Crises pessoais e de identidade o levam a ficar solto no meio de uma sociedade que cada vez mais se modifica, tem que lidar com mulher, filhos, um passado pesado e ainda sim ser o mais brilhante publicitário. Peggy por outro lado é jovem e busca seu espaço numa sociedade sexista que vê a mulher como inferior, destinada a pouco fora da vida familiar. Ao contrário do sonho comum das garotas da idade dela, Peggy não quer casar, ela quer trabalhar, quer se tornar redatora.

Aguenta risos maldosos e com determinação adentra no mundo dito “masculino”, lidando com preconceitos constantes. Temos ainda muitos personagens que simbolizam a década de 60 muito bem. Como Betty Draper, a esposa fadada a ficar em casa, cuidar dos filhos, sem sonhos e ainda aguentar as traições e mentiras do marido, até que explode e joga tudo para o ar. 

Ou ainda Salvatore Romano, ítalo americano, católico e lutando contra o seu verdadeiro eu, gay não assumido leva uma vida frustrada e amarrado num casamento. Joan Holloway é a mulher que mexe com os homens, e por causa disso consegue muitas das vezes o que quer, usa sua sensualidade para sobreviver, mas sente-se frustrada por já estar ficando velha demais para casar, ela cansa da vida de amante, da falta de respeito. Joan tem o mesmo sonho de todos, ser feliz custe o que for. O irônico disso tudo é que em todos os personagens a gente pode notar uma insatisfação, por mais que esteja tudo se encaminhando a pontinha de infelicidade está ali, como um lembrete, de que isso não é o bastante.

Durante as quatro temporadas a série amadureceu com seus personagens nos levando através de um mundo masculino cheio de dramas e questões delicadas. Don não se importa pela felicidade do outro, ele busca a própria felicidade, ele não se conforma em ser bem sucedido profissionalmente e mesmo assim se sentir incapaz, preso a algo que ele não quer mais. Algo que talvez ele nunca quisesse, Don quer a liberdade de ser ele, a principal luta é conviver com o passado, com esse segredo. Weiner criou um personagem denso, em conflito com o verdadeiro eu e aquele que ele exterioriza para o mundo. 

Viajar através da mente de Don Draper foi uma agradável surpresa para mim que não sou tão paciente. O ritmo de cada episódio, e a importância do menor detalhe é o que torna essa série fascinante. O cuidado ao recriar em cada cenário um retrato da época. Até mesmo a forma de filmar, o enquadramento de cada cena foi medido para passar o clima certo ao telespectador. O perfeccionismo do criador ajudou a entrelaçar esse drama de homens e mulheres tentando sobreviver a um turbilhão de mudanças. Ver tudo o que você sabe e aprendeu como certo e errado mudar não é fácil. Muito menos sentir-se preso e impotente. A libertação de cada personagem vem quando eles admitem que não exista felicidade plena. Durante as quatro temporadas a vida de Don que vai do ápice ao fundo de uma crise e chegamos ao ponto que estamos. Ele tentando recuperar a tal felicidade, que ele jurava ter, mas era tudo fumaça. O que se pode concluir que ninguém é feliz por baixo de falsas máscaras e impressões. Só quando se despe de segredos é que talvez exista o tal sonho de ser feliz. Até quando vai durar? Ninguém sabe.

A década se passa, a próxima temporada se seguir o cronológico deve começar em meados de 66 a 68. Ou seja, final de década. Até hoje eu não sei dizer o que me conquistou em Mad Men. Se foi o ar de New York nos anos 60. Se foi o charme de uma sociedade fugindo das mudanças. Ou se foi o fato de poder assistir de perto a história de homens e mulheres que viveram numa época de perguntas, de questionamentos. Uma época em que negros, mulheres, homens, gays, começaram a se questionar se o que tinham era o que eles podiam ter ou se existia algo mais, será que estamos fadados a continuar nessa mesma sociedade machista, conservadora? Será que o meu ser feliz é só o que todos determinam? Não foi pelos prêmios ou pela crítica, esqueça isso. 

Comece a ver Mad Men com outros olhos. Mad Men é uma série para você apreciar o todo, não só a parte. Termine a primeira temporada, são só 13 episódios. Se depois você não tiver vontade de continuar tudo bem, mas garanto que se continuar não vai se arrepender. É um drama de primeira e por vezes nos faz questionar o que estamos fazendo. A época é outra, as dificuldades são diferentes, mas as perguntas sobre ser feliz, trabalho, rotina, lugar no mundo, estou fazendo isso certo ou errado são as mesmas. Encerro por aqui. Essa é a minha visão da série.  Sinto muito se não agradar. Esses são alguns dos motivos que trouxeram Mad Men ao 6º lugar entre as “Melhores Séries da Atualidade”. Até mais! @Yasminck

8ª – 30 Rock

The Good Wife, 

a 5ª melhor série da atualidade

 Paula Pötter | Opinião, Top Maníacos


“Em minha opinião” The Good Wife divide com Fringe o título de melhor série da TV aberta americana no momento.

Informações importantes sobre a lista: esse top 10 foi formado através de uma votação entre os colaboradores do Série Maníacos. Cada um escolheu três séries diferentes, que ainda estão no ar dando notas de 1 a 3. A série com a maior nota depois da somatória geral ganhou o título de “A Melhor Série da Atualidade”. Dexter e Breaking Bad fazem parte da lista de melhores séries da década, portanto fica claro que elas já estão entre as melhores séries da atualidade, na opinião dos colaboradores desse blog. Apenas séries veteranas com mais de uma temporada foram consideradas, ou seja, produções aclamadas como Game of Thrones não entraram. A lista será atualizada semanalmente até a medalha de ouro.

Obviamente esta lista não leva em conta só a minha opinião, então não pensem que a frase anterior é dica para as quatro últimas séries. De qualquer forma, depois da temporada praticamente impecável que The Good Wife apresentou recentemente, o posto de 5ª melhor série da atualidade é mais do que merecido.

Apesar de ter ouvido muitos elogios direcionados a série da boa esposa e a atuação da menina Juliana (sempre possuída!), a TGW não estava na minha must see list até um fatídico sábado repleto de tédio em que me deparei com uma maratona da série na TV. A maratona já alcançava meados da 1ª temporada quando comecei, mas logo me ambientei na história e salvo alguns poucos detalhes consegui acompanhar tranquilamente os arcos maiores da série. Uns cinco ou seis episódios depois eu precisei interromper a maratona e sair de casa, mas deixei os episódios restantes (da maratona e da 1ª temporada) gravando para devorar na madrugada. Aí foi correr para o utunes em busca dos episódios anteriores e da 2ª temporada. Em menos de uma semana eu já esperava o novo episódio de TGW na terça-feira como todos os outros fãs da série.

Provavelmente o que me fez assistir The Good Wife sem parar durante quase uma semana foi o ritmo da narrativa da série. A forma como TGW mescla o básico do procedural com um ritmo bem mais lento do que normalmente é aceitável na TV aberta é fantástica. É quase como se o caso da semana estivesse lá para distrair o público mais impaciente do fato que os demais arcos levam episódios e mais episódios para se resolver. E não estou falando apenas dos arcos grandes, como a eleição do Peter ou a coisa toda entre o Will e a Alicia, tramas menores como a história do Eli com a ex-babá interpretada pela America Ferrera ganham tempo para se desenvolverem. A trama de The Good Wife não corre, nem esquece ou abandona personagens e plots.

Lembro de ouvir alguém questionar – isso muito antes de eu sonhar em ver a série – o que The Good Wife tinha de especial para que todas as suas atrizes conseguissem indicações aos Emmys e Globos de Ouro da vida, depois de assistir à série a resposta é bem óbvia: personagens fantásticas. Toda a galeria de personagens de The Good Wife é excelente, e isso inclui não só o elenco fixo como também as participações especiais (recorrentes ou não). Adoro os juízes, principalmente a do “in my opinion” (que como vocês podem notar eu adotei para a vida) e vibro a cada nova participação do Michael J. Fox – é impagável ver o personagem usar o Parkinson (eu sei que o problema do personagem não é esse) para fins malignos.

Entre os personagens fixos, a Kalinda foi provavelmente a minha primeira personagem favorita, impossível não apreciar a eficiência da personagem em arrancar informações de quem for preciso, mas não precisou de muito tempo para os outros personagens me conquistarem (a única exceção foi a filha insuportável da Alicia) e hoje eu não saberia escolher um único personagem. Adoro o Will e a Diane, as intrigas dentro da Lockhart & Gardner foram um dos melhores arcos da excelente 2ª temporada. Gosto muito do Cary, mas nunca tenho certeza se não é resquício de simpatia pelo Logan de Gilmore Girls. Ok, se me obrigassem a dizer um nome, um único personagem favorito, seria o Elli. Assistir ao personagem orquestrar o retorno do Peter e o relacionamento que ele desenvolveu com a Alicia foram as minhas coisas favoritas nessas duas primeiras temporadas.

O natural em meio a tantos bons personagens seria que uma personagem como a Alicia fosse ofuscada pelos seus coadjuvantes. Por isso um dos grandes méritos dos roteiristas da série e da Juliana Margulies, “em minha opinião”, é que eu realmente me importo com a Alicia, eu genuinamente gosto da protagonista e ela não precisa ir a nenhum extremo para isso. A personagem não é a melhor da sua geração, não é arrogante, não despreza as regras, não tem grades discursos… Ela é sutil, discreta (in a good way!). O que faz o trabalho da Juliana Margulies merecer cada um dos seus prêmios é a forma contida como ela interpreta a personagem e consegue te passar toda a emoção da cena sem grandes gestos ou tons exaltados. Quem viu a cena final do antepenúltimo episódio dessa segunda temporada entende o que eu quero dizer.

É por esses motivos e tantos outros que eu ‘esqueci’ e serei lembrada nos comentários que The Good Wife é o orgulho da TV aberta americana e a 5ª melhor série da nossa lista. E se você gosta de um bom drama ou de uma boa série de tribunal e ainda não assiste TGW, aproveite o tempo livre que a Summer season proporciona e comece a sua maratona.

6ª – Mad Men
8ª – 30 Rock

A lenda de Firefly

Mateus Borges | Opinião |





Uma sequência de batalha, toques espaciais e tropas envolvidas na poeira do deserto. Mal então entra em cena, troca algumas palavras com Zoe e quebra o protocolo para que um colega possa chamar reforços (fazendo uma piada no processo). Quando eles não vêm, tudo o que resta para ele é sentar e observar a causa que amou e lutou chegar ao fim. Seis anos depois, no meio de um trabalho, ele e a tripulação da Serenity são obrigados a fugir.

Essa é a incrível cold open de Firefly. Incrível mesmo. Até melhor: eficaz. Só com esses poucos minutos a série já te explicou:
A dinâmica entre os personagens – Notem a primeira ação de Mal, promovendo alguém para poder chamar reforços. Não é necessariamente correto, não é de acordo com o protocolo, mas é bom para aquele grupo de pessoas e apoiado por boas razões e intenções. Justamente o tipo de coisa que o personagem viria a fazer dezenas de vezes no futuro em cima das mesmas justificativas, ou seja, a base de todas as ordens que ele deu para a tripulação da sua nave, e por consequência, dos relacionamentos e divisões dentro dela, através de uma pequena violação no calor da batalha.

O humor – Nesse mesmo momento, Mal parabeniza o soldado pela promoção que não mereceu. Simples, rápido, até sem grande importância, mas interessante notar como desde o primeiro segundo a série já tinha compreendido, definido e encontrado coisas simples como o estilo de humor, a própria linguagem de cada um.

O tempo e o vilão da história – Com o corte de uma cena épica para o calmo vazio do espaço, a edição nos deixa saber instintivamente que a história se passa em um período pós-guerra. E nessa mesma deixa, a primeira cena no tempo presente da série mostra a Serenity correndo da coisa mais próxima de um vilão que Firefly tem: a Alliance. Como se o visual cinza de suas roupas não fosse suficiente, ela jogou mais esse importante lembrete de que aquele grupo de pessoas significa perigo constante para a tripulação antes mesmo da abertura (também prenunciando, através da fuga, a entrada de Simon e River na nave).

O protagonista – Existe maneira melhor de fazer você simpatizar com alguém do que destruir o sonho dessa pessoa? Do que mostrar algo pelo qual ela tanto lutou ser destruído bem na sua frente? Firefly fez isso com o fim da guerra e a imagem clássica das explosões refletidas nos olhos do protagonista, oferecendo não só a tão importante conexão da audiência com Mal, como algo essencial para que o arco do personagem, os relacionamentos dele e toda aquela posição e aura funcionem:

A sua motivação – Tudo que ele faz é, de uma maneira ou outra, em razão daquela derrota, ver a batalha onde ela ocorreu é mais forte do que ouvir sobre através de algum diálogo no futuro, um roteirista como Whedon sabe e por isso começamos exatamente nela. Até a edição trabalha em favor de fazer a audiência simpatizar com o personagem e entendê-lo, cortando de Mal tendo o seu sonho destruído direto para o simbolismo dele virado de cabeça para baixo na escuridão do espaço.
A estética – De um lado, lasers, naves espaciais, comunicadores e toda a sua típica parafernália sci-fi. Do outro, um imenso deserto, a aparição cowboy de Mal e roupas típicas. Todo o encontro de gêneros da série em um curto espaço de tempo, sem qualquer diálogo que indique ou explique. Space western já é difícil de vender tanto por motivos tanto lógicos quanto narrativos, assim, habilidade em lidar com ele desde o primeiro minuto é sempre um bom sinal de que a série em questão não terá problemas em dar continuidade e desenvolver o seu subgênero com competência.

As funções e personalidades de cada personagem – A primeira impressão sempre é a mais forte, e “Serenity” é brilhante em dar incríveis entradas para os principais:  Zoe dá cobertura para Mal na guerra, sendo forte como de costume e antecipando a sua posição na nave, Jayne está assistindo Mal em um trabalho, focado no dinheiro e beirando o insuportável, Wash brinca com dinossauros enquanto pilota a nave, Kaylee aperta um painel que fica bem ao lado do desenho de uma flor… Detalhando e controlando tudo dessa maneira, a série passa uma segurança tremenda na habilidade da audiência em absorver aquilo, recebendo como resposta um dos elementos essenciais para qualquer programa: confiança.


“We are not gonna die. You know why? Because we are so very pretty. We are just too pretty for God to let us die.” – Isso não quer dizer nada. Apenas é divertido.

Até séries melhores não conseguiram esse feito de compactar tanta coisa em poucos minutos. Não que elas tenham culpa, pilotos são criaturas difíceis por natureza: o roteiro e direção precisam estabelecer personagens, estilo, ritmo, ambientação, estrutura, temas, padrões, aparência, milhares de coisas. Geralmente leva tempo. O piloto de Firefly? Metade do serviço em 10 minutos.  E ao nos aprofundarmos nele, é interessante perceber como completou a outra metade. Afinal, Whedon não estava tentando reinventar a roda com esse episódio: “Serenity” é apenas um conjunto interessante de histórias velhas de gêneros diferentes. Mas no que ele sucede é em procurar um novo ângulo para elas, em pegar elementos básicos da televisão e torná-los elementos básicos de Firefly.

Começando por algo tão simples como o próprio diálogo. Sabem aquelas montagens com personagens de vários filmes dizendo as mesmas frases? Isso não é coincidência, é pura preguiça. E preguiça é o maior inimigo do bom diálogo. Já cansei de ver séries escolhendo respostas padrões para perguntas mais padrões ainda, interações entre amigos engessadas pela previsibilidade, discussões tão feijão com arroz que no final você está implorando por uma batata frita… Em Firefly, Whedon e seus roteiristas NUNCA fazem isso. Dá pra sentir eles obcecados com a tarefa de achar as melhores, mais significativas e divertidas alternativas para frases ou respostas comuns. Não só isso, mas sempre refletindo os personagens nelas. Os seus pontos de vista, os seus sensos de humor, as suas reações, relações e etc. Firefly sempre manteve controle total disso, e se você ama como alguém fala e o que ela fala, impossível não amar esse alguém.

Segundo, a estrutura. É uma cena inicial (teaser, cold open, como você quiser chamar) seguida da abertura e quatro/cinco atos posicionados entre comerciais. Não tem muito como fugir, todos os dramas comuns de todas as emissoras abertas trabalham assim. Mas o que Firefly faz com essa ordem artificial é uma coisa linda de morrer, tão simples como bem executada. Normalmente, em séries de casos da semana (algo que a criação de Whedon, por mais space western que seja, não deixa de ser), você tem a resolução do caso mais ou menos na mesma faixa do minuto 30 ao minuto 37 do episódio. Ou seja, saindo da investigação de mesa ou da interrogação, para a epifania e então direto para o clímax – tudo em menos de sete minutos, atravessando cenas de funções diferentes no processo. Assim, a série ganha um espaço grande para mostrar resoluções comuns: o conforto das vítimas da semana, uma conversa de significado pessoal entre os médicos/vampiros/policiais, uma cena do protagonista tocando piano enquanto a câmera se afasta pela janela, um personagem refletindo sozinho depois de ouvir uma confissão, a velha montagem cheia de amor… Joss Whedon não criou tempo para isso. Enquanto as histórias de séries nessa categoria geralmente sobem e descem de acordo com zonas de conforto, Firefly nunca parava de ir em direção ao céu. Era uma construção constante da história em direção do clímax, que sempre ocorria durante os 10 minutos finais e era posicionado de tal maneira que não permitia um longo período de calma e contemplação após os acontecimentos – com a exceção de uma ou duas inteligentes e pequenas cenas.

Tudo isso, todos esses fatores, levam ao mais importante. Aquele resultado que permite a sobrevivência de Firefly como uma forte figura cultural entre fãs de televisão: o amor que os seus fãs tinham por ela. Essa qualidade deliciosamente desesperada, as palavras e diálogos que são tão bons que acabam sendo facilmente aplicados em conversas e se tornam partes presentes dos vocabulários dos fãs, as melhores histórias no encontro dos temas e personagens tão bem compreendidos por Whedon e seus roteiristas que você só quer passar mais um tempinho com eles, por menor que seja.  Como não amar? Como não querer que uma série dessas retorne? Televisão é um continuo processo de aprimoramento, Firefly saiu pronta do forno.

Dessa maneira, logo depois que a cena tão mencionada ali em cima acabou e a impecável abertura rolou pela primeira vez, eu já sabia que seria um prazer devorá-la. E ainda bem que muitos também perceberam a série desse jeito, se apaixonando tanto que fizeram Firefly seguir em frente como um filme. Quer dizer, séries já voltaram por simples potencial, custo-benefício, maquinações empresariais, acaso… Mas puro amor? Em tempos como esses?
Isso é coisa de lendas.

Community, 

a 4ª melhor série da atualidade



Chegamos ao posto da quarta melhor série da atualidade e, felizmente, Community ocupa essa posição ainda que seja injustamente dispensada e esquecida pela maioria das premiações. Você que ainda não assiste a série, sinta-se envergonhado e termine de ler este texto para ter ainda mais certeza de que deve começar a assistir. Você que já acompanha, siga-me durante esta exaltação digital de uma das melhores comédias nerds/sériemaníacas da TV.

Informações importantes sobre a lista: esse top 10 foi formado através de uma votação entre os colaboradores do Série Maníacos. Cada um escolheu três séries diferentes, que ainda estão no ar dando notas de 1 a 3. A série com a maior nota depois da somatória geral ganhou o título de “A Melhor Série da Atualidade”. Dexter e Breaking Bad fazem parte da lista de melhores séries da década, portanto fica claro que elas já estão entre as melhores séries da atualidade, na opinião dos colaboradores desse blog. Apenas séries veteranas com mais de uma temporada foram consideradas, ou seja, produções aclamadas como Game of Thrones não entraram. A lista será atualizada semanalmente até a medalha de ouro.

Motivos não irão faltar para declarar que Community merece estar nessa lista, afinal duas temporadas foram mais do que suficientes para provar a qualidade da trama que começou em 2009 com uma ideia simples e diálogos tão inteligentes e provocantes que deixam meus olhos brilhantes a cada vez que assisto aos episódios. Claro que nesse jogo televisivo não dá para acertar sempre, mas os erros são esquecidos quando a qualidade é mantida por tantos episódios.

A série possui personagens riquíssimos e de realidades diversas. Estão lá Jeff, Britta, Annie, Abed, Troy, Shirley e Pierce participando de tramas de baixo orçamento, predominantemente gravados na sala de estudos onde os seis se reúnem em quase todos os episódios. A estrutura narrativa é sempre a mesma: um acontecimento, discussão entre o grupo, resolução do problema e lição de moral. Ainda assim, alguns episódios fogem da fórmula e provocam as melhores catarses televisivas. Exemplo: os de Paintball.

Dentro dessa estrutura narrativa clichê, o que diferencia Community, além de seus personagens de ideais opostos, é a metalinguagem e as referências ao mundo pop/nerd/cult. Como pilar para estas referencias temos Abed, um dos melhores personagens nerds EVER. Arrisco até a dizer que gosto mais dele do que do Sheldon Cooper, que já está dando na paciência por segurar The Big Bang Theory sozinho.

Aliás, falando em personagem que segura toda uma série, este é um erro que Community não comete. Todos os personagens, inclusive o Señor Chang e o Reitor, são únicos e dividem entre si o estrelato. Claro que alguns têm mais atenção do que outros, como o Abed e o Jeff, mas está tudo bem equilibrado no roteiro. São seres complexos e importantes que só funcionam em conjunto. Tente tirar a Annie ou o Pierce do jogo e veremos o problema que vai dar. Afinal, é essa diversidade que me encantou e encanta muita gente. Preferidos sempre irão existir, mas é bom saber que a trama dos outros personagens pode te divertir ou animar da mesma forma.

Voltando às referências, me divirto quando os roteiristas da série elaboram episódios com a estrutura narrativa de um filme de ação, ou série médica, policial e etc. Isso prova a genialidade e nerdice dos escritores, principalmente quando tu é capaz de perceber uma referência. Outro aspecto maravilhoso da série são as referencias ou críticas a outras séries. Uma produção televisiva que brinca com o próprio mundo em que está inserida. Cada episódio é uma sopa/salada/mistura de referências e um prato cheio para qualquer série maníaco, afinal sua série favorita pode ser citada a qualquer momento.

Para ilustrar a eficácia dessa tradição em referências, vale lembrar do episódio 2×19 quando Jeff prepara uma festa temática sobre Pulp Fiction para o Abed e ainda neste mesmo episódio Abed faz uma ‘simulação’ de My Dinner With Andre, filme de 1981. Por último, vai o 2×08 que brinca com episódios de baixo orçamento fazendo um episódio de baixo orçamento com os personagens durante o episódio inteiro em um só cenário. É ou não é motivo para amar Community?
E você, o que acha da série? Compartilhe seu momento favorito.

6ª – Mad Men
8ª – 30 Rock

Fringe, a 3ª melhor série da atualidade

Camila Barbieri | Opinião, Top Maníacos 


Diretamente do lado B, tenho a honra de lhes apresentar o primeiro lugar na lista de Melhores Séries da Atualidade: 
Spoilers Abaixo:
Informações importantes sobre a lista: esse top 10 foi formado através de uma votação entre os colaboradores do Série Maníacos. Cada um escolheu três séries diferentes, que ainda estão no ar dando notas de 1 a 3. A série com a maior nota depois da somatória geral ganhou o título de “A Melhor Série da Atualidade”. Dexter e Breaking Bad fazem parte da lista de melhores séries da década, portanto fica claro que elas já estão entre as melhores séries da atualidade, na opinião dos colaboradores desse blog. Apenas séries veteranas com mais de uma temporada foram consideradas, ou seja, produções aclamadas como Game of Thrones não entraram. A lista será atualizada semanalmente até a medalha de ouro.

O lado A que se dane. Se tem uma coisa que aprendi nesses três anos assistindo Fringe é que a realidade sempre pode ser alterada, por isso, escolhi um caminho diferente. Se no lado A Fringe fica com o 3º lugar entre as Melhores Séries da atualidade, tudo bem, eu não reclamo. (Tá bom, eu reclamo, sim. Esse parágrafo todo é um imenso mimimi).

Simplesmente fiz minhas malas, levei um papo com Walter e pronto. Ele me transportou para o lado B e lá, me uni à minha cópia (a Camis de lá não é fácil, não) para um plano infalível. O resultado é que Fringe levou fácil o primeiro lugar nessa lista.

Estivesse eu de qualquer um dos lados, esse texto não deixaria de ser uma homenagem a Fringe, minha série favorita em exibição e lugar garantido no Top 10 de melhores da vida. Eu não sei o que vem por aí (4ª temporada, aí vamos nós!), mas minha fé é tanta que não acredito que possam destruir minha adoração.

O melhor de tudo é saber que não estou sozinha. O número de fãs fiéis e loucos por Fringe cresceu muito nos últimos dois anos e uma quantidade cada vez maior de brasileiros está nesse time. A audiência nos Estados Unidos continua capenga, todos sabem disso, mas hoje, não quero falar dos problemas.

Ainda lembro de quando comecei a assistir a série, só para “variar o cardápio” e para conferir mais um trabalho de J.J. Abrams. Nessa época eu ainda era inocente e acreditava que J.J. era um desses gênios da TV, mas minha perspectiva sobre ele mudou, assim como minha visão a respeito de Fringe.

Não dá para mentir. A primeira temporada parecia muito aleatória e prendia pouco com os casinhos semanais aparentemente sem ligação com a mitologia da série. Muitas vezes eu sofri para terminar um episódio, porque eu não sou uma fã de procedurals. Fringe era exatamente isso. Uma produção que seguia aquela fórmula e que me interessava pouco.

Relendo alguns textos meus sobre os episódios mais antigos, porém, notei que já no final na 1ª temporada comecei a enxergar além. Foi aí que formulei minha primeira teoria fringeana, sobre uma guerra entre dois Walters. Foi aí também que me interessei pelos Glyph Codes e que passei a procurar as referências escondidas nos episódios.

Justamente por isso, continuei firme e eu não poderia estar mais feliz com minha persistência. Para mim, a segunda temporada já foi ótima e deu início a um período de amadurecimento para Fringe. Mas não pensem que isso aconteceu ao acaso.

Observando bem a equipe de produção entre a transição das duas temporadas iniciais é possível notar que os melhores episódios estavam sob comando de Joel Wyman e Jeff Pinkner, que sempre estiveram presentes, mas dividiam o posto de roteiristas com muitas outras pessoas.

A partir do momento em que os dois tomam as rédeas de Fringe (inclusive como showrunners), a coisa muda de figura completamente. Sem essa dupla, a história de Fringe poderia ter sido muito diferente. É por causa deles que assistir Fringe se tornou uma experiência sem igual.

Começamos com o episódio, formulamos teorias, procuramos pistas, deciframos Glyph Codes, procuramos significados para as mínimas coisas e debatemos. Debatemos muito. Quantas séries de TV aberta (ou fechada) proporcionam isso ao público hoje em dia?

Para que vocês tenham ideia do quanto Fringe rende nas rodas de discussão, darei um exemplo. Erika Ribeiro e eu estamos sempre conversando sobre esses mínimos detalhes e um deles, especificamente, nos prendeu. Na Season Finale, Broyles (do futuro) comenta com Peter sobre um desastre que teria ocorrido em Detroit, sem dar maiores informações. Recentemente, descobrimos (e por descobrimos, eu quero dizer que a Erika descobriu) de onde poderia ter saído esse diálogo.




Acontece que Fringe sempre utiliza muitas referências à DC Comics e foi de lá que saiu o design que conhecemos para a Máquina do Apocalipse, que a parece na primeira parte (ep. 1- Alive / ep. 2 – Destroyer) da Series Finale de Liga da Justiça sem Limites.

 O lance de Detroit pode estar ligado à destruição da 3ª fase Liga da Justiça da América, que justamente é ambientada nessa locação. Pode ser só mais uma loucura de fãs de Fringe obcecadas demais pelo universo da série e tudo o que faz parte dele, mas achei bacana compartilhar.

Acho que nem preciso falar do quão maravilhosa foi a terceira temporada. Nenhum episódio ruim. Sabem o que é isso? Temporada perfeita, que aguçou ainda mais nossa curiosidade, nos fez rir com os momentos de maluquice de Walter, nos dividiu entre Olivia e Bolivia, nos alegrou com os apelidos de Astrid e as breves (porém, significativas) aparições de Gene e nos deixou a pergunta que ainda martela em nossas cabeças: o que aconteceu com Peter?

Nós até sabemos: ele nunca existiu. Mas é impossível não pensar dessa forma, cogitar onde ele estaria, como vai voltar (e se vai voltar), em como fica a dinâmica da série a partir da 4ª temporada.

 Aliás, vou aproveitar o espaço e já dizer que sou contra essa teoria de muitos fãs de que Peter se transformará em um Observador. Acho impossível (ok, em Fringe tudo é possível), baseada no simples fato de que existem 12 Observadores, um para cada mês do ano. Peter seria o 13º, mas não existe 13º mês (só 13º salário, e olhem lá). Isso, sem falar nas constantes piadas da própria produção com o assunto, vestindo Joshua Jackson de Observador na Comic Con. Se isso não é uma dica de que a trama de Peter está bem distante disso, não sei o que mais pode ser.




 O que eu sei é que acompanhar Fringe semanalmente virou um exercício de paciência. Não é fácil esperar pelo próximo episódio, tentar escapar de spoilers, esperar as legendas… Mas tudo isso, faz parte da tal experiência e quem for assistir à série só depois do encerramento (que não precisa vir tão cedo, viu Tia FOX?) nunca vai compreender o que é essa angústia e nunca vai poder encontrar pessoas com quem compartilhar suas ideias como nós fazemos hoje.

O mais importante para mim está no fato de que Fringe tem profundo respeito pelos fãs e até hoje, tudo o que vimos em termos de referências ou citações têm alguma utilidade prática dentro da série. Nada é por acaso ou está ali apenas para ‘encher lingüiça’. Não há nada pior do que notar que uma série subestima sua inteligência e sua capacidade perceber e conectar os fatos.

Fringe é um tipo raro de programa de TV. Mistura ficção científica, drama e humor como poucas vezes eu vi acontecer. É inteligente, emocionante e às vezes, nem todo mundo entende aquele amontoado de teorias e coisas doidas acontecendo ao mesmo tempo.

É compreensível. Fringe criou uma intrincada rede de informações, tem mitologia complexa costurada ao longo das três temporadas e quase sempre nos apresenta conceitos científicos que vão muito além das possibilidades da nossa imaginação. Pisque os olhos no momento errado do episódio e pronto, você pode perder algo fundamental.

4ª – Community
6ª – Mad Men
8ª – 30 Rock

Doctor Who

a 2ª melhor série da atualidade

Paula Pötter | Opinião, Top Maníacos 




Com todo respeito à lista do Série Maníacos e à opinião dos demais colaboradores do site, eu preciso dizer que em minha opinião, Doctor Who é a melhor série da atualidade.

Informações importantes sobre a lista: esse top 10 foi formado através de uma votação entre os colaboradores do Série Maníacos. Cada um escolheu três séries diferentes, que ainda estão no ar dando notas de 1 a 3. A série com a maior nota depois da somatória geral ganhou o título de “A Melhor Série da Atualidade”. Dexter e Breaking Bad fazem parte da lista de melhores séries da década, portanto fica claro que elas já estão entre as melhores séries da atualidade, na opinião dos colaboradores desse blog. Apenas séries veteranas com mais de uma temporada foram consideradas, ou seja, produções aclamadas como Game of Thrones não entraram. A lista será atualizada semanalmente até a medalha de ouro.

Eu tenho muita inveja das criancinhas britânicas que podem crescer assistindo o Doutor viajar no espaço-tempo na sua nave em forma de cabine de polícia azul. Correr para trás do sofá no primeiro “ex-ter-mi-nate”, não dormir com medo dos Weeping Angels, se vestir de Doctor e sair por aí explorando, ter uma TARDIS no quintal… Tudo isso foi roubado de mim só porque eu nasci no lugar errado e na época errada. Só fui conhecer Doctor Who quando já era bem grandinha, mas lembro de assistir a Rose e o Doutor fugirem de manequins com um sentimento nostálgico de algo que eu certamente teria amado quando era criança.

Sei que tem muita gente por aí que adora dizer que Doctor Who não é uma série infantil, que a era Moffs é muito creepy para crianças, como se ser uma série infantil ou uma série família fosse algum demérito. Uma das coisas que eu mais gosto em Doctor Who, é que durante os 40 e poucos minutos de episódio, a série me transforma em uma garotinha capaz de se empolgar genuinamente com o que acontece na tela. E bem, eu posso não me esconder atrás do sofá ou ter uma TARDIS no quintal e até consigo dormir apesar dos Weeping Angels, mas eu tenho meu cachecol gigante do 4º Doutor para usar por aí.

Vai ser difícil segurar o lado fangirl neste texto, caso vocês não tenham notado, eu sou completamente apaixonada por Doctor Who… Pelo sorriso maníaco do Eccleston, pelos ramblings intermináveis do Tennant, pelo Doutor meio criança autista meio velho de 900 anos do Matt Smith, pela forma como a Rose diz Doctah, pelos surtos de raiva da Donna, pelas canalhices do Jack, pela dinâmica entre o Rory e a Amy, pelos “Hello Sweety” da River, pelo som da TARDIS aterrissando ou do coro de “ex-ter-mi-nate!”… São tantos detalhes bobos!

Existe uma sillyness em Doctor Who que é fantástica, uma habilidade de dar sentido as coisas mais absurdas imagináveis. Eu já repeti tantas vezes, mas Doctor Who é uma série que não se leva a sério até o momento exato em que precisa e é isso que a faz ser tão gostosa de assistir. Doctor Who tem uma infinidade de personagens fantásticos, alguns que só precisam de um episódio para fazer nós nos importarmos e muitos que nos deixam cheios de saudade. Tem as melhores soluções de plots – do trabalho de costureiro inacreditável do Russell nas quatro primeiras temporadas ao domínio não-humano que o Moffs tem sob seus roteiros. E tem o infinito para explorar em suas histórias.

Eu sempre gosto de pensar em Doctor Who como uma série imortal. A série surgiu em 1963, permaneceu na grade da BBC por 26 temporadas até 1989, sobreviveu a 16 anos de hiato na TV (e a um filme em parceria com a FOX) sem que novas histórias do Doutor deixassem de ser lançadas em livros, quadrinhos, audio-livros e demais formatos imagináveis e retornou em 2005 como se nunca tivesse deixado seu tradicional horário nos sábados da BBC.

Assim como seu protagonista tem a habilidade de mudar todas as células do seu corpo e se transformar basicamente em outra pessoa para escapar da morte, Doctor Who tem a habilidade de mudar tudo, protagonistas, roteiristas, cenários, e até o tom da história e ainda assim permanecer Doctor Who. Não é preciso assistir tudo para acompanhar a história, é natural que cada novo Doutor conquiste novas gerações (e velhas) gerações de fãs da série. E se um dia a audiência de Doctor Who estiver baixa como estava em 1989 e a BBC não encomendar uma nova temporada da série, eu tenho certeza que o Doutor vai continuar em outras mídias e que depois de um tempo algum roteirista que cresceu assistindo as histórias do Russell e do Moffat vai convencer a BBC a trazer Doctor Who de volta para a TV.


3ª – Fringe
4ª – Community
6ª – Mad Men
8ª – 30 Rock