Posse da identidade dos usuários, chave para bilhões em publicidade, é motivo de disputa entre os gigantes
Desavenças tiveram início quando o Google bloqueou a importação de contatos do Gmail para o Facebook
Uma batalha de Golias versus... Golias deu início após alguns anos de guerra fria no Vale do Silício, norte da Califórnia, onde se concentram as principais potências de tecnologia do mundo.
Em jogo, está a "portabilidade" do perfil do internauta, chave para uma receita bilionária de publicidade.
Os gigantes em questão são o Google, líder das buscas que você faz na internet, e o Facebook, líder entre as redes sociais onde você coloca suas fotos, e-mail, cidade, preferência musical, amigos e "curte" marcas como Coca-Cola e Havaianas.
Entre os feridos, até agora, só mesmo os usuários, bombardeados com propagandas que funcionam como mísseis teleguiados, baseadas nas preferências publicadas em sites de relacionamento.
Em agosto, o Facebook foi o site em que os americanos mais passaram tempo, na frente do Google, pela primeira vez.
A rede também foi líder de visualizações de propaganda no terceiro trimestre, com 23% do mercado, segundo a comScore.
No Brasil, apesar de o Orkut continuar sendo a rede social mais usada, com 36 milhões de visitas únicas em agosto, o Facebook cresceu de 1,5 milhão de visitantes para 9 milhões em um ano. No mundo, são mais de 500 milhões de usuários.
Todos os dados coletados pela empresa de Mark Zuckerberg, criada num dormitório de faculdade em 2004, por ali ficam, como uma mina de ouro, para uso do próprio internauta, seus amigos, publicitários e outros sites parceiros.
Cada vez mais, Zuckerberg tenta tornar públicos esses dados, a tal identidade on-line do internauta, que pode entrar em sites conectado simultaneamente ao Facebook e clicar em botões como "curtir" ou "recomendar", criando uma web dentro da web.
Porém a rede social sonega a portabilidade dessa identidade para sites rivais, como o Google. Você pode abrir uma conta no Facebook e importar todos os seus endereços de e-mail do Gmail, o e-mail do Google, para facilitar o encontro de amigos, mas não vice-versa -o Facebook não permite.
E foi aí que a batalha começou, em novembro. Primeiro, o gigante das buscas bloqueou a ferramenta que transferia os endereços do Gmail para a rede social.
"Muitos sites permitem que seus usuários importem ou exportem suas informações, incluindo seus contatos, de forma rápida e fácil", informou o Google via comunicado, ao anunciar o bloqueio. "Mas sites que não o fazem, como o Facebook, deixam o usuário num beco sem saída."
Na sequência, a turma de Zuckerberg descobriu uma forma de driblar o cerco. O Google voltou atrás, liberou a importação, mas não sem deixar uma mensagem irônica ao usuário em busca da ferramenta, chamada "Trap My Contacts" (jogue meus contatos numa armadilha), no qual afirma discordar da política de "protecionismo de dados".
Para David Kirkpatrick, autor do livro "O Efeito Facebook", uma espécie de biografia da empresa, "se a missão do Google é fazer buscas por toda a internet, e o Facebook está criando mais e mais uma internet por trás de cortinas, então o Google tem um problema crescente".
De fato, o que falta ao império Google é uma rede social que vem há tempos sendo gestada, o famoso Google Me, segundo especuladores.
E poder carregar seus amigos de uma rede para outra, seria, sem dúvida, um desejo da dupla Page-Brin.
Para Kirkpatrick, ex-editor sênior de tecnologia da revista "Fortune", além da receita publicitária, também está em jogo o futuro da ferramenta de buscas.
"Ela vai evoluir para a busca social. E a Microsoft tem acesso aos dados do Facebook. Isso é uma grande vantagem estratégica, e o Google sabe disso."
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