A ESTRADA DOS HOMENS SEM LEI (The Racket)
Dentro da peregrinação pela obra de Nicholas Ray, acabei vendo no IMDB que ele dirigiu algumas cenas deste A ESTRADA DOS HOMENS SEM LEI (1951), produção de Howard Hughes para a RKO. A direção é creditada a John Cromwell, mas além dele e de Ray, também consta que passaram pela produção Mel Ferrer, Tay Garnett e Sherman Todd. Essa dança de diretores faz lembrar a produção de E O VENTO LEVOU, que milagrosamente deu tudo certo. Mas aqui, apesar de a produção ser também de um milionário, trata-se de um filme bem mais modesto, com a cara dos policiais B dos anos 40 e 50.
O destaque do filme está no embate entre dois astros, Robert Mitchum, interpretando um capitão de polícia de integridade e honestidade exemplares, e o mafioso vivido por Robert Ryan, que curiosamente está muito bem no filme. Ao contrário de em HORIZONTE DE GLÓRIAS (1951), de Ray, em que ele parece quase estragar o filme em alguns momentos. O que me faz pensar que Ray não era exatamente um grande diretor de atores. Mas posso estar enganado e deixemos esse pensamento para lá ou voltemos a ele, se necessário for, quando vir mais filmes do cineasta.
A ESTRADA DOS HOMENS SEM LEI mostra uma cidade dominada por um mafioso, Nick Scanlon (Ryan). Ele manda em todos, do juiz ao prefeito. O único que tem coragem de encarar o sujeito sem ter medo de ser morto é o Capitão McQuigg (Mitchum). Quem também se destaca, até certo ponto, é Lizbeth Scott, no papel da cantora que se envolve com o irmão do chefão. A atriz, aliás, tem uma história um tanto triste e revoltante: ela foi simplesmente varrida de Hollywood depois que assumiu a sua orientação sexual. Hollywood admitia homossexuais, contanto que eles ficassem de bico calado. Como não foi o caso de Lizbeth, sua carreira durou pouco. Ela lembra bastante Lauren Bacall.
Outro rosto conhecido do filme é o de William Talman. Dois anos depois ele faria o psicopata de O MUNDO ODEIA-ME, de Ida Lupino. Aqui, ele é um policial honesto, mas um tanto vaidoso, o que acaba custando-lhe a vida. A cena da morte do personagem é uma das mais impactantes do filme, mas ainda assim é tratada com certa frieza pelos demais personagens. No fim das contas, a esposa aceita estranhamente o sacrifício do marido pela causa e tudo termina bem. No mais, A ESTRADA DOS HOMENS SEM LEI tem boas cenas de perseguição e tiroteios. Diria que até acima da média para os films noirs do período.
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