HORIZONTE DE GLÓRIAS (Flying Leathernecks)
Mais um trabalho de Howard Hughes, o produtor, do que de seu diretor contratado, Nicholas Ray, HORIZONTE DE GLÓRIAS (1951) é um bom filme graças principalmente ao talento de Ray para não deixar a peteca cair – como os vários aviões atingidos pelos japoneses – e graças ao carisma de John Wayne, que costuma interpretar na maioria das vezes o mesmo papel e aqui não chega a ser diferente. Quanto a Ray, ele não via muita graça em espetáculos de guerra e no patriotismo americano, no morrer pela pátria.
A Segunda Guerra Mundial já havia acabado, mas os Estados Unidos estavam agora na Guerra da Coreia. Era preciso animar o povo americano e Hollywood era peça fundamental nessa história. HORIZONTE DE GLÓRIAS, primeiro filme em cores de Ray, é centrado no conflito no Pacífico em 1942, em particular na ilha de Guadalcanal, que estava ocupada pelos japoneses. Como Howard Hughes era fanático por aviação, o foco está nas batalhas aéreas. Ele havia conseguido imagens reais do conflito e essas imagens foram enxertadas no filme. Dá facilmente para perceber, pelo tom mais descolorido delas. As imagens ajudam a diminuir o investimento em efeitos especiais e ainda conferem um tom mais realista à trama.
A trama, aliás, é um dos pontos fracos do filme. Praticamente não havia um roteiro e o filme parece um exemplar genérico dos filmes de guerra. John Wayne é o major Kirby, que aparentemente é muito cruel e não tem pena de seus rapazes, mandando-os para missões praticamente suicidas. Vários deles morrem e o capitão vivido por Robert Ryan acaba exagerando um pouco nas cenas dramáticas, especialmente quando pretende demonstrar a sua revolta com o major. Sua interpretação quase compromete o filme. Felizmente, a narrativa é bem construída e em momento algum HORIZONTE DE GLÓRIAS aborrece. Mas se posto lado a lado, por exemplo, com FORÇA DE HERÓIS, de Howard Hawks, o filme de Ray perde fácil. Tanto na construção dos personagens e seus dramas quanto nas cenas de batalhas no céu.
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