LOLA
Produzido imediatamente após o carniceiro KINATAY (2009), com o mais ameno LOLA (2009), o cineasta filipino Brillante Mendonza conquista finalmente um espaço em nosso circuito exibidor. Antes disso, porém, o público de São Paulo havia conferido uma mostra dos filmes do diretor. Seria questão de tempo para que logo um trabalho dele entrasse em cartaz no país. O filme foi adquirido pela Lume, nova distribuidora no mercado.
A palavra "lola" na língua dos filipinos (que é uma mistura de inglês, espanhol, português e a língua original do povo antes dos diversos processos de colonização) quer dizer "avó". E o filme segue justamente duas avós por caminhos tortuosos e dolorosos, cada uma à sua maneira, tentando dar ao seu neto o mínimo que ela acredita que ele merece, segundo o seu olhar afetivo. Assim, tanto a avó do filho que foi assassinado quanto à do assassino são dois exemplos de mulheres que tentam a todo custo providenciar aquilo que julgam ser o certo.
LOLA passa um mal estar, muito em parte causado pela geografia do lugar. E quando falo geografia, entra aí também o aspecto humano, dos feirantes nas ruas enlameadas pela chuva que não para de cair. E essa chuva até que poderia passar uma espécie de melancolia agradável, no sentido estético da coisa, mas tudo que eu senti foi incômodo. E um pouco de sono também. Talvez se o filme fosse menos ríspido e mais emocional, se desse mais espaço para que eu me comovesse com o drama dessas duas senhoras, talvez LOLA ganhasse mais o meu apreço.
Do jeito que ficou, a impressão que eu tenho de Mendonza é a de um diretor que tenta chocar ou emocionar, mas que acaba sempre me frustrando. Sem falar que a câmera na mão também é outro elemento incômodo nesse cinema semidocumental do cineasta. Mas claro que há quem goste e veja o filme, inclusive, como uma obra-prima.
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