"O Mistério da Estrada de Sintra" se perde no caminho entre ficção e realidade
EDILSON SAÇASHIMA
Da Redação
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"O Mistério da Estrada de Sintra", de Jorge Paixão da Costa, trabalha com tramas paralelas | ||
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São duas histórias que se desenvolvem em paralelo em "O Mistério". A primeira se refere à gênese do romance que dá título ao filme. "O Mistério da Estrada de Sintra" foi um folhetim escrito a quatro mãos por Eça de Queirós e Ramalho Ortigão para o jornal Diário de Notícias em 1870.
Na história da literatura portuguesa, a obra ficou conhecida como o primeiro romance policial português. No filme, no entanto, o cineasta Paixão da Costa prefere destacar as pressões e inspirações que influenciam o rumo do trabalho literário. O texto era um ataque à moral da época e se tornou ainda mais explosivo porque os personagens tinham traços evidentes de membros da aristocracia portuguesa. Esse vínculo incomodou as pessoas que se viram retratadas no folhetim, e Eça de Queirós (Ivo Canelas) passou a ser ameaçado e chegou a sofrer um atentado.
A segunda história é a reconstituição cinematográfica do folhetim. A história do livro é um grande emaranhado de relações proibidas. A condessa Luísa Valadas (Bruna di Tullio), casada com o conde Jorge Valadas (Rogério Samora), tem um caso com o general inglês Rytmel (James Weber-Brown). A relação velada dos dois desperta o ciúmes do primo da condessa, Vasco (José Pedro Vasconcelos), que é apaixonado por Luísa, e da amante do general, Carmen Puebla (Gisele Itiê).
O filme também permite a discussão sobre o domínio inglês sobre os portugueses. Mas este viés político é apenas sugerido. O que se sobressai é a tensão erótica das relações amorosas entre os personagens. Para a época, a explosão da libido das personagens talvez tenha sido demais para uma sociedade conservadora. Nesse sentido, os papéis de Bruna di Tullio e Gisele Itiê conseguem transmitir essa impressão de sensualidade à flor da pele que provoca a ruptura das barreiras das convenções sociais.
A união que o filme faz entre a trama repleta de nuances do folhetim e a reconstituição da sociedade da época talvez permitisse mostrar a importância de Eça de Queirós como retratista dos costumes portugueses. Porém, os minutos finais revelam um filme confuso, como se o diretor tivesse perdido o fio condutor que guiava o seu projeto.
O desfecho é o maior exemplo. É como se a criatividade dos dois escritores fosse derrotada e um terceiro autor tivesse que surgir para satisfazer a sociedade conservadora. É quase a antítese de tudo que vinha sendo construído ao longo do filme.
FONTE:http://cinema.uol.com.br/ultnot/2008/11/27/ult4332u923.jhtm
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