Coração Louco
Paus e pedras se encontram no caminho do sucesso. Envolto pela mítica música country, o longa traz uma história carregada de emoção e também bom humor. Jeff Bridges é quem dá o tom para este filme.
O cenário comercial da música sofreu uma transformação tão grande na última década que realmente parece impossível que verdadeiros ídolos, com sangue nas veias, venham a surgir nos dias de hoje. E é por isso que, por falta de novos heróis genuínos, diversos ícones do passado estão voltando com força, apagando toda a chatice dos anos noventa e ressurgindo consagrados. Bandas como AC/DC, antes esquecidas pelo grande público (as vezes até pelos fãs), voltam triunfantes a este novo mundo de compartilhamento maciço e criatividade escassa. Eles carregam a bandeira do que havia de verdadeiro na música quando surgiram.
O público pode não saber que não há nada de excitante na música de hoje, mas inconscientemente ele pede por algo verdadeiro. Ser criativo e original é uma tarefa difícil. É por isso que estamos vivendo uma época de resgate histórico, olhando para o passado, que mais parece ser o futuro. Abri esta discussão musical porque ela, a música, é um dos pontos principais do filme “Coração Louco”, dirigido com muita competência pelo diretor iniciante Scott Cooper. O longa pode parecer uma simples história de redenção, mas simboliza um momento de transição que ocorre no mundo artístico.
O filme nos apresenta o icônico cantor country (do passado) Bad Blake, que se encontra na pior. Sem dinheiro, sem saúde e com sua carreira descendo pelo fio da navalha, Bad está perdido em um mundo novo que não o reconhece mais. É claro que seu talento ainda não se extinguiu e, mesmo enfrentando problemas sérios como depressão e alcoolismo, ele luta para voltar ao jogo. É depois de conhecer uma bela mulher e seu filho pelas estradas da vida que as coisas começam a fazer mais sentido para Bad, e um caminho começa a se abrir.
Alicerçado pela música country, o filme homenageia o gênero de forma emocionante. Como disse no começo, o cenário musical se tornou fugaz, e por isso poucos podem se considerar verdadeiramente “country” atualmente. Bad Blake é country, assim como seu pupilo Tommy Sweet, que, após se separar de Bad, estourou nas paradas de sucesso. Como genuíno cowboy orgulhoso e honrado à seus princípios que é, Tommy respeita muito Bad, mas não aceita as possíveis migalhas do garoto que descobriu um dia.
Jeff Bridges é country. Ele com certeza é o coração deste filme. Incorporando seu Bad Blake de forma incrível, parece que Bridges resolveu não atuar e interpreta ele mesmo, de tão natural que se encontra. Tudo foi pensado nos mínimos detalhes: a aparência desmazelada do cantor, seu caminhar trôpego devido ao que ele mesmo nomeia de “hemorróidas flamejantes” (um humor de primeira), toda sua luta contra o alcoolismo e depressão feita com profundidade, realismo e coerência. Uma tarefa muito difícil, que Bridges encarou com coragem, saindo-se de forma excepcional. Concorrendo ao Oscar de melhor ator, é o mais forte dos candidatos a ganhar o prêmio, e isso, devido principalmente a força de seu personagem, pois os “EUA é o country” e Bad Blake é um símbolo a ser idolatrado por eles.
No elenco principal temos também Maggie Gyllenhaal como a repórter Jean Craddock. A excepcional atriz, que se destaca cada vez mais com sua carreira, se mostra a escolha perfeita para o papel da multifacetada personagem que, ao mesmo tempo que embarca em uma aventura perigosa, na qual se apaixona por um músico de personalidade forte, se mostra também uma mulher cautelosa e preocupada com seu filho. É esta cautela e amor que servem como motivação real para o personagem de Bridges se recuperar. Gyllenhaal concorre ao Oscar de melhor atriz coadjuvante e pode facilmente surpreender suas concorrentes.
Temos ainda no elenco Colin Farrel como Tommy Sweet, músico pupilo de Bad. Farrel, que é um ator de qualidade duvidosa, parece estar se restabelecendo após o elogiado “Na Mira do Chefe”. Ele surpreende ao nterpretar este artista country, se saindo realmente bem. Outra persona ilustre e muito engraçada no filme é o excelente Robert Duvall como Wayne, um amigo de longa data de Bad, fundamental nas horas difíceis.
Um ponto também muito positivo são os detalhes com os figurinos e todos os elementos do country. A camisa rasgada de Bad, exatamente no local onde ele sempre está com o braço na porta do carro quando dirige, ou mesmo as unhas compridas de Tommy, artifício muito usado por músicos profissionais do country para facilitar em seus banjos rolls e chicken picking. Tudo isso para trazer mais veracidade ao longa, o que consegue sem levantar dúvidas.
“Coração Louco” é um filme de muitas redenções. Redenção de um homem que foi arrastado pela vida sem ao menos escolher o caminho certo que deveria seguir.
Paus e pedras se encontram no caminho do sucesso. Envolto pela mítica música country, o longa traz uma história carregada de emoção e também bom humor. Jeff Bridges é quem dá o tom para este filme.
O cenário comercial da música sofreu uma transformação tão grande na última década que realmente parece impossível que verdadeiros ídolos, com sangue nas veias, venham a surgir nos dias de hoje. E é por isso que, por falta de novos heróis genuínos, diversos ícones do passado estão voltando com força, apagando toda a chatice dos anos noventa e ressurgindo consagrados. Bandas como AC/DC, antes esquecidas pelo grande público (as vezes até pelos fãs), voltam triunfantes a este novo mundo de compartilhamento maciço e criatividade escassa. Eles carregam a bandeira do que havia de verdadeiro na música quando surgiram.
O público pode não saber que não há nada de excitante na música de hoje, mas inconscientemente ele pede por algo verdadeiro. Ser criativo e original é uma tarefa difícil. É por isso que estamos vivendo uma época de resgate histórico, olhando para o passado, que mais parece ser o futuro. Abri esta discussão musical porque ela, a música, é um dos pontos principais do filme “Coração Louco”, dirigido com muita competência pelo diretor iniciante Scott Cooper. O longa pode parecer uma simples história de redenção, mas simboliza um momento de transição que ocorre no mundo artístico.
O filme nos apresenta o icônico cantor country (do passado) Bad Blake, que se encontra na pior. Sem dinheiro, sem saúde e com sua carreira descendo pelo fio da navalha, Bad está perdido em um mundo novo que não o reconhece mais. É claro que seu talento ainda não se extinguiu e, mesmo enfrentando problemas sérios como depressão e alcoolismo, ele luta para voltar ao jogo. É depois de conhecer uma bela mulher e seu filho pelas estradas da vida que as coisas começam a fazer mais sentido para Bad, e um caminho começa a se abrir.
Alicerçado pela música country, o filme homenageia o gênero de forma emocionante. Como disse no começo, o cenário musical se tornou fugaz, e por isso poucos podem se considerar verdadeiramente “country” atualmente. Bad Blake é country, assim como seu pupilo Tommy Sweet, que, após se separar de Bad, estourou nas paradas de sucesso. Como genuíno cowboy orgulhoso e honrado à seus princípios que é, Tommy respeita muito Bad, mas não aceita as possíveis migalhas do garoto que descobriu um dia.
Jeff Bridges é country. Ele com certeza é o coração deste filme. Incorporando seu Bad Blake de forma incrível, parece que Bridges resolveu não atuar e interpreta ele mesmo, de tão natural que se encontra. Tudo foi pensado nos mínimos detalhes: a aparência desmazelada do cantor, seu caminhar trôpego devido ao que ele mesmo nomeia de “hemorróidas flamejantes” (um humor de primeira), toda sua luta contra o alcoolismo e depressão feita com profundidade, realismo e coerência. Uma tarefa muito difícil, que Bridges encarou com coragem, saindo-se de forma excepcional. Concorrendo ao Oscar de melhor ator, é o mais forte dos candidatos a ganhar o prêmio, e isso, devido principalmente a força de seu personagem, pois os “EUA é o country” e Bad Blake é um símbolo a ser idolatrado por eles.
No elenco principal temos também Maggie Gyllenhaal como a repórter Jean Craddock. A excepcional atriz, que se destaca cada vez mais com sua carreira, se mostra a escolha perfeita para o papel da multifacetada personagem que, ao mesmo tempo que embarca em uma aventura perigosa, na qual se apaixona por um músico de personalidade forte, se mostra também uma mulher cautelosa e preocupada com seu filho. É esta cautela e amor que servem como motivação real para o personagem de Bridges se recuperar. Gyllenhaal concorre ao Oscar de melhor atriz coadjuvante e pode facilmente surpreender suas concorrentes.
Temos ainda no elenco Colin Farrel como Tommy Sweet, músico pupilo de Bad. Farrel, que é um ator de qualidade duvidosa, parece estar se restabelecendo após o elogiado “Na Mira do Chefe”. Ele surpreende ao nterpretar este artista country, se saindo realmente bem. Outra persona ilustre e muito engraçada no filme é o excelente Robert Duvall como Wayne, um amigo de longa data de Bad, fundamental nas horas difíceis.
Um ponto também muito positivo são os detalhes com os figurinos e todos os elementos do country. A camisa rasgada de Bad, exatamente no local onde ele sempre está com o braço na porta do carro quando dirige, ou mesmo as unhas compridas de Tommy, artifício muito usado por músicos profissionais do country para facilitar em seus banjos rolls e chicken picking. Tudo isso para trazer mais veracidade ao longa, o que consegue sem levantar dúvidas.
“Coração Louco” é um filme de muitas redenções. Redenção de um homem que foi arrastado pela vida sem ao menos escolher o caminho certo que deveria seguir.
Redenção para a música country, que reencontra suas verdadeiras origens e motivações, e por aí vai. O mundo da música pode não conseguir gerar mais verdadeiros heróis dos palcos como antigamente, mas com certeza sabe aproveitar o momento certo para lembrar daqueles que ainda estão por aqui, que tiveram Cash, Williams, Waylon e muitos outros como ídolos ou parceiros. Estes sempre terão algo novo a dizer ou mesmo nos lembrar. Bad Blake é um deles, mesmo que na ficção.
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