No dia 24 de maio Dave Bing, prefeito de Detroit, proibiu que cinegrafistas continuassem acompanhando as atividades do Departamento de Polícia da cidade. A decisão foi tomada depois que uma menina de sete anos morreu durante uma perseguição policial a um suspeito de assassinato. A atividade policial foi acompanhada por uma equipe do reality show “The First 48″, do canal A&E.
Alegando não ter sido informado de que o trabalho da polícia estava sendo acompanhado por câmeras de TV, o Prefeito também afastou o Chefe de Polícia Warren Evans de seu cargo. Exercendo a função desde julho de 2009, os métodos de Evans foram apontados como responsáveis pela redução de casos de homicídios e os baixos índices de mortes acidentais em meio a perseguições.
Para o prefeito, manter a presença de câmeras de um programa de reality show em perseguições daria uma impressão errada do trabalho policial perante o público, que poderiam ver as situações retradas fora de contexto. Além do mais, incentivaria os policiais a agirem fora do procedimento normal, com a intenção de entreter o público em casa.
Para o prefeito, manter a presença de câmeras de um programa de reality show em perseguições daria uma impressão errada do trabalho policial perante o público, que poderiam ver as situações retradas fora de contexto. Além do mais, incentivaria os policiais a agirem fora do procedimento normal, com a intenção de entreter o público em casa.
A decisão do prefeito afetou diretamente a produção de “Detroit 1-8-7″, nova série do canal ABC que estreia hoje, dia 21 de setembro, nos EUA. Criada por Jason Richman, ela foi originalmente desenvolvida com uma estética documental através da qual seriam narradas histórias ficcionais com base em fatos reais acompanhadas por uma equipe de cinegrafistas, tal qual um reality show.
No momento em que o Prefeito suspendeu a presença de câmeras no trabalho policial, a produção da série optou por mudar a narrativa. Para a imprensa, foi divulgado que a mudança foi feita para que “Detroit 1-8-7″ pudesse manter os aspectos reais do trabalho policial realizado na cidade. No entanto, é possível que a mudança tenha ocorrido para não criar problemas com o gabinete do prefeito de Detroit, onde a série é filmada.
A cidade é considerada uma das mais violentas dos EUA. Desde 1974 Detroit é conhecida como ‘Murder City’, em função das 700 mortes ocorridas naquele ano. Ao longo das décadas, ela vem lutando para mudar sua imagem e diminuir os índices de criminalidade. No entanto, a última crise econômica que atingiu os EUA levou a cidade a um novo patamar. Também conhecida como ‘Motor City’, Detroit é o centro nacional das montadoras de carros, um dos segmentos mais atingidos pela crise, o que transformou a cidade em termômetro da situação financeira do país.
Por isso mesmo, o gabinete do prefeito demonstrou preocupação com o fato de uma série policial trazer em seu título o número que refere-se a um antigo código utilizado pela polícia da Califórnia para determinar o crime de assassinato. A mudança do nome chegou a ser solicitada dois meses após a presença de câmeras no trabalho da polícia ter sido banida. Apesar de terem se recusado a alterar o título, os produtores acabaram recebendo o aval da prefeitura para filmarem na cidade. Mantendo a produção no local, “Detroit 1-8-7″ se transformou na primeira série policial a ser filmada inteiramente em Detroit. Até o momento, apenas “Hung”, da HBO, tinha seus episódios filmados em locação.
Originalmente batizado de “187 Detroit”, o projeto surgiu quando Richman esteve lá visitando amigos. Apaixonando-se pela arquitetura local, o roteirista e produtor concluiu que a cidade seria um excelente personagem à parte para uma série policial. Conseguindo a promessa da prefeitura de que as empresas locais que trabalhassem com a produção teriam reembolso fiscal no valor máximo de 42%, um dos mais altos já oferecidos por um município, Richman desenvolveu o projeto apresentando-o ao canal ABC, que encomendou a produção de um piloto em janeiro de 2010. No entanto, ele acabou sendo filmado em Atlanta, Georgia.
A equipe de produção só chegou em Detroit em maio, quando a ABC encomendou a série com 13 episódios para a primeira temporada. Tendo adotado a estética documental, a produção precisou refilmar o piloto, dessa vez na cidade, para retirar toda e qualquer referência ou indicação de uma câmera acompanhando os trabalhos da polícia ou de personagens falando diretamente para o público.
O título da série refere-se ao fato de que as histórias acompanham o trabalho da equipe da Homicídios formada por Louis Fitch (Michael Imperioli, de “A Família Soprano”), um veterano muito respeitado mas que coleciona problemas em função de seu temperamento explosivo; Damon Washington (Jon Michael Hill), novo parceiro de Fitch, que precisa habituar-se às mudanças no trabalho e na vida pessoal, visto que está prestes a se tornar pai; Ariana Sanchez (Natalie Martinez), uma detetive que cresceu em um dos piores bairros da cidade e agora é considerada uma das melhores profissionais do Departamento; John Stone (D.J. Cotrona), detetive da Narcóticos que costuma trabalhar infiltrado em meio às gangues de rua; Sargento Jesse Longford (James McDaniel), profissional com 30 anos de carreira que está prestes a se aposentar; e Aman Mahajan (Shawn Majunder), filho de imigrantes indianos, naturalizado americano.
A médica legista do departamento é a Dra. Abbey Ward (Erin Cummings), que nas horas vagas pratica o roller derby, à la “NCIS”. A equipe de policiais é liderada pela Tenente Maureen Mason (Aisha Hinds), mãe solteira que enfrenta o acúmulo de trabalho recebendo um baixo salário.
Produzida por Jason Richman, David Hoberman, Todd Lieberman e David Zabel, pela ABC Studios, em associação com a Mandeville Films, a série teve seu piloto dirigido por Jeff Nachmanoff.
Na divulgação de “Detroit 1-8-7″ a ABC compara a produção com “Nova Iorque Contra o Crime/NYPD Blue”, série da Fox que marcou a década de 1990. Ainda não há previsão de quando ela estreará no Brasil.
O preview abaixo foi produzido com imagens do piloto original, com os personagens conversando diretamente com a câmera.
FONTE:
FERNANDA FURQUIM
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