terça-feira, 17 de julho de 2012

Primeiras Impressões

Perception

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A loucura é a receita para o sucesso.

Spoilers Abaixo:
Não é de hoje que personagens excêntricos, com um toque de loucura e anormalidade, dão certo nas séries. House, por exemplo, durou oito longos anos e atraiu milhares de fãs e elogios no mundo todo. Sherlock Holmes, o patrono dos loucos, vem arrastando admiradores desde 1887, saltando dos livros para as telonas e telinhas, e sem previsão de fim para seu sucesso.

Some então esta loucura ao tino para assuntos policiais, e aí você obtém o louco-bom-moço. House não chegou a tanto, mas Bones, Castle e companhia estão aí para testemunhar que a fórmula dá certo. Querendo pegar carona neste sucesso, Kenneth Biller e Mike Sussman criaram Perception, que conta com seu louco particular, Dr. Daniel Pierce. Kenneth já roteirizou Smallville, então está acostumado com heróis, e ele e Mike têm no currículo Star Trek: Voyager e Legend of the Seeker, séries com muita asa para imaginação. Logo, Perception tem todos os ingredientes da receita.

O problema é que, ou você dá ao protagonista as pistas para que ele as decifre, ou deixa que ele imagine estas pistas. Infelizmente, Perception vai com a segunda opção, o que é um erro. Dá para acreditar num cara que, como Sherlock Holmes, tenha a percepção aguçada e veja o que a maioria das pessoas não consegue. Dá para “acreditar” porque no universo da literatura, da TV e do cinema nós achamos que isto é crível. Mas ir além disso? Aí já é mágica ou a barra está sendo forçada demais.

Dr. Daniel Pierce, um neurocientista brilhante, autor de quatro livros, professor universitário superstar, ajuda sua ex-aluna e agente do FBI, Kate Moretti, a resolver casos que envolvem uma análise profunda da mente humana. Como ela prima pelos ensinamentos do professor, ela percebe quando há algo de mais nos seus casos e acaba indo um pouco além do que deveria, o que rende um rebaixamento de cargo para a moça.

O Piloto começa bem com Daniel dando (um show de) aula e com Kate pedindo a ajuda dele no caso de um assassinato que já está aparentemente resolvido. A partir daí, o exagero inerente à premissa começa a ser abafado com o exagero exagerado mesmo.

Como já começamos a comentar, a linha entre o “crível na TV” e o “mágico na TV” ficou meio embaçada. Daniel sofre de “esquizofrenia paranoica” e vive tendo alucinações. De repente, somos surpreendidos com as tais alucinações dando pistas – verdadeiras – para o caso. Verdadeiras! E em nenhum momento anterior alguma dica (concreta, que fique claro) foi dada para que o “subconsciente” dele visse o detalhe que seu consciente não conseguia processar.

Segundo, era de se esperar, sim, que houvesse reviravoltas e que a esposa não fosse a real assassina. Consequentemente, logo de cara Daniel percebe que ela tem “um distúrbio neurológico, caracterizado por amnésia anterógrada, extrema suscetividade à sugestão e confabulação”, ou seja, tudo o que dissessem que ela tinha feito, ela confirmaria que fez. Porém, as reviravoltas não pararam por aí. Tanta gente foi apontada como assassina, tantas teorias sobre o crime foram levantadas que até me perdi.

No final, é a alucinação de Pierce que o aponta para o assassino e ainda o aponta para outro crime relacionado, do nada. Isso vai muito além da alçada de um neurocientista, não importa o quão louco ele seja.

Fora isso, Eric McCormack (Ally McBeal, Will & Grace) dá conta da excentricidade de seu personagem com maestria. Ele vai esquizofrenia à (imensa) fobia de pessoas sem problemas. Sua melhor amiga, Natalie Vincent (Kelly Rowan, de The O.C. e Flashpoint), é sua conselheira e é quase tão inteligente quanto ele, mas não passa de imaginação. Rachael Leigh Cook (Dawson’s Creek), apesar da cara meiguinha, convence como agente do FBI e parceira de Daniel. Só espero que o relacionamento dos dois permaneça no nível parceria profissional e mestre-aprendiz, e não avance para outras coisas mais.

O alívio cômico ficou a cargo de Max Lewicki (Arjay Smith, The Finder), o assistente (ou babá) do professor. Cabe à Max garantir que a rotina de Daniel seja cumprida, para que a loucura não tome conta dele, e também dizer a Pierce quando as pessoas ao seu redor não estiverem de fato ali.
Perception precisa ficar mais verossímil. Ela já conseguiu a façanha de usar uma fórmula batida sem muito desgaste, e de ter um ator que faça normalmente o papel de anormal (ou melhor, que dance em cima da mesa de uma delegacia como se estivesse no banho). Mas fazê-lo adivinhar coisas é um verdadeiro desperdício de talento, roteiro e tempo, especialmente de quem se interessar em acompanhar a série.

Para terminar, vai aí uma interessante interrogação de Daniel, que discutia o que é a realidade: “Se o que percebemos é frequentemente errado… Como saberemos o que é real e o que não é?”.

Perception é exibida pela TNT americana e tem 10 episódios encomendados para a 1ª temporada. Os criadores Kenneth e Mike são também produtores executivos e escreveram o Piloto, enquanto a direção ficou com Alan Poul (Six Feet Under).

Primeiras Impressões

Sinbad

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Mil e uma noites. Será?

Spoilers Abaixo:
Sinbad é a nova série do canal britânico/irlandês Sky 1, descrita como “aventura”. Eu sou fã incondicional de produções britânicas, mas Sinbad apela demais, e nem uma “freak” por produções britânicas como eu, consegue entender o porquê fizeram essa série.

Alguns podem achar, que somente com o piloto, é impossível formar uma opinião tão forte sobre a série, mas pelo que eu sei, pilotos devem, pelo menos, nos deixar com aquele gosto de quero mais. E o gosto que eu fiquei é “quero mais é esquecer que eu perdi 43 minutos da minha vida assistindo isso”. Sem exageros, eu demorei três dias para terminar de assistir ao episódio de tão entediada que eu fiquei. Simplesmente não conseguia prestar a devida atenção e desistia no meio do caminho. O que é muito estranho, porque meu tipo de série favorita é bem essa, aventura que mistura com personagens literários ou históricos.

Eu tenho uma noção básica da história de Sinbad, sei que o personagem é fictício e sua origem é conhecida através de um ciclo de histórias sobre o antigo Oriente Médio, conhecidas como contos árabes. Sinbad, o marinheiro é o “herói” dessas histórias, sendo “Mil e uma Noites”, provavelmente, a mais conhecida. Reza a lenda que Sinbad fez sete importantes viagens pelos mares a leste da África e ao sul da Ásia, e nessas viagens passou por inúmeras aventuras fantásticas que incluem encontros com povos estranhos, monstros e vários fenômenos sobrenaturais.

Na teoria, a história é boa, e me atrai, por isso fui assistir ao piloto, mas o desenvolvimento simplesmente não funcionou.

Na série, conhecemos o jovem Sinbad (Elliot Knight), que tem que se virar para conseguir dinheiro para sustentar o irmão, a mãe desnorteada e a Amah (que eu não faço a menor idéia de qual é sua relação com ele), então, ele luta por dinheiro e bate carteiras pelas ruas de Bagdá, com ajuda do próprio irmão Jamil e do amigo guarda/policial. Tudo começa a dar errado para Sinbad, quando em uma de suas lutas, ele acidentalmente mata o filho do poderoso lorde Akbari (Naveen Andrews, o Sayid Lost). O tal lorde, claro, quer vingança e mata Jamil na frente de Sinbad, como pagamento, do que ele chama de dívida de sangue. Mas matar o irmão de Sinbad não é o suficiente para o lorde, já que fazê-lo sofrer é bem mais divertido. Esperto que só ele, Sinbad, consegue escapar das mãos do lorde e volta para casa só para ser banido pela Amah que, o amaldiçoou com um colar e tascou em seu pescoço (esse colar é o que deverá impedi-lo de voltar para a cidade por um ano). Sinbad não tem outra alternativa a não ser se esconder dentro de um barco e assim, começar suas aventuras pelos mares da vida.

Resumido, fica até legal, mas depois que eu finalmente consegui terminar de assistir, eu tive que parar, pensar, respirar fundo para chegar a uma conclusão, e mais importante colocar em ordem os pensamentos para essa review.

Tudo é muito confuso e poluído. De todos os personagens eu só lembro do Sinbad, do irmão dele Jamil e do médico do barco, Anwar, que, provavelmente se tornará o fiel escudeiro.

Eu não entendi quem é aquela senhorita que anda pra lá e pra cá com o lorde Akbari, que inclusive, estava presente na luta entre Sinbad e o filho do Sayid, opa do Akbari. Será ela uma feiticeira? Qual foi o papel dela na morte do filho do lorde, já que me nego a acreditar que ele morreu com aquele chutinho meia boca que o Sinbad deu nele.

Outra dúvida que fica no piloto é referente a identidade do pai e filha de quem o Sinbad rouba a caixa. Ficou um pouco em aberto o que tinha dentro da caixa, mas com certeza mais para frente ele se arrependerá de ter jogado o conteúdo fora.

Muitas perguntas e confusões marcaram esse piloto, mas mesmo assim, vontade zero de continuar assistindo a série. Simplesmente não me convenceu, não foi o suficiente para me fazer fiel, espero morder minha lingua, espero mesmo que a série se torne algo bom no decorrer de sua temporada. Só o tempo (e paciência para quem for assistir) dirá!

Os efeitos especiais são totalmente trashs, mas não chega a incomodar, inclusive, foi bem divertido dar risadas compulsivas com aqueles demônios de tempestade feitos de água! Fotografia, locações, paisagens, todas boas e estudadas com cuidado, ficando de acordo com série que se passa no antigo Oriente Médio, não podemos negar, nesse quesito eles nunca relaxam.

Mas, o que incomoda e bastante é a confusão causada pela falta de continuidade de raciocínio do episódio. A quantidade de situações e personagens que não se encaixaram no contexto do piloto, e que ao primeiro olhar, não fazem sentindo algum. E claro a atuação fraca de TODOS do elenco. O que aconteceu com o Sayid minha gente???

Mas na real, a pergunta que não quer calar é: Quem é Amah? Peço para quem continuar assistindo Sinbad, que me conte a resposta. Combinado?

Se alguém se interessar: um passarinho árabe me contou que a Evanna Lynch (Luna Lovegood de Harry Potter) fará diversas participações nessa gostosura.

E nesse clima de confusão, peço que reflitam sobre uma coisa: já foram feitas tantas adaptações das aventuras de Sinbad (filme, animação, série/mini-série), precisava de mais uma?
 
 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

The Walking Dead | Terceira temporada ganha data de estreia mundial [ATUALIZADO]

Série retorna às telinhas em 14 de outubro de 2012.

Aline Diniz
13 de Julho de 2012

The Walking Dead
Durante a Comic-Con 2012, a AMC anunciou a data de estreia do terceiro ano de The Walking Dead nos EUA: 14 de outubro.

O canal também mudou um pouco suas regras exibirá o primeiro episódio da terceira temporada da série na mesma data ao redor do mundo. A informação foi confirmada pela assessoria Fox, canal que exibe The Walking Dead no Brasil.

[Atualizado]  A Fox liberou um comunicado explicando que, apesar da estreia acontecer dia 14 de outubro nos EUA, os outros 122 países (que incluem Austrália, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália, Polônia, Turquia, Balcãs, o Báltico, Noruega, Finlândia, Holanda, toda a América Latina, todo o Oriente Médio, Japão, Coreia, Hong Kong, Singapura, Malásia, Filipinas, Taiwan e a África Subsaariana) exibirão o episódio de estreia apenas dois dias depois, em 16 de outubro.

Painel de Fringe | Comic-Con 2012

Apresentação revela detalhes sobre o quinto e último ano da série

Aline Diniz
15 de Julho de 2012

Comic-Con
Domingo era conhecido por ser um dia de descanso para os jornalistas que cobriam a Comic-Con. Pausa para dar uma volta pela feira, fazer compras e aproveitar o finalzinho da convenção sem a pressa e correria do resto da semana. Mas hoje foi diferente. Hoje aconteceu o painel de Fringe que, diferente dos anos anteriores, foi ambientado do grandioso Hall H, com capacidade para mais de 6 mil pessoas.

Para quem estava lá, o painel foi extremamente emotivo - tanto para os fãs quanto para o elenco e equipe que, segundo o TV Live, não seguraram as lágrimas. Estavam na bancada Joshua Jackson (Peter Bishop), John Noble (Walter Bishop), Anna Torv (Olivia Dunham), Lance Reddick (Phillip Broyles), Jasika Nicole (Astrid Farnsworth), Blair Brown (Nina Sharp), Seth Gabel  (Lincoln Lee) e os produtores-executivos Jeff Pinkner e J.H. Wyman. Assista ao trailer do quinto ano da série divulgado durante o painel e acompanhe os pontos mais importantes abaixo, divididos em tópicos:
  • A nova temporada "vai começar exatamente onde [a trama] terminou no 19º episódio da quarta temporada, no dia seguinte" no ano de 2036, confirmou Wyman. Quanto aos desagradáveis e invasores Observadores, Jackson avisou que eles são "muito, muito piores do que pensamos";

  • Wyman já tinha em mente mais ou menos como Fringe deveria terminar: "eu já tinha algumas ideias em minha cabeça desde a primeira temporada, mas elas acabaram mudando com o tempo", e os novos roteiristas que entraram trouxeram também novas possibilidades. Mas há mais ou menos dois meses e meio, o final do programa "estava extremamente claro" para ele. Quanto à possibilidade de uma possível continuação nos cinemas, Noble disse que "tudo é possível. Acho que um filme é completamente possível mais pra frente";

  • Quando questionado sobre o futuro de Peter e Olivia, Jackson foi rápido em responder: "acho que esses dois ainda terão um capítulo final para a história deles";

  • Wyman não disse muito sobre o possível retorno do personagem de Henry Ian Cusack que no episódio "Letters of Transit" [o 19º da quarta temporada] acabou preso em âmber. "Henry foi um ótimo ator durante a temporada passada. Vamos ver se ele consegue voltar esse ano";

  • As lágrimas começaram quando a pergunta sobre a cena favorita dos atores apareceu. Torv e Reddick lacrimejaram enquanto discutiam sobre os episódios mais memoráveis de Astrid - ao que Nicole respondeu, elogiando Torv e fazendo-a chorar quando mencionou a cena na qual Olivia tira suas roupas da secadora, percebendo que Bolivia tomou conta de sua vida. Jackson parabenizou Gabel por suas diferentes interpretações de Lincoln Lee;

  • Sobre a possível existência de Observadores mulheres, Wyman provocou: "a resposta pra essa pergunta virá à tona este ano. Há um motivo, e ele será apresentado.";
Fringe retorna às telinhas dos EUA em 28 de setembro, sem previsão de chegada ao Brasil.





Comic-Con 2012

Elenco de The Walking Dead fala sobre a terceira temporada da série!

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Em uma coletiva para a imprensa na manhã desta sexta-feira na Comic-Con 2012, o criador Robert Kirkman e o elenco de The Walking Dead falaram um pouco sobre a terceira temporada da série. Kirkman abriu a coletiva comemorando a centésima edição da HQ que deu origem ao seriado e comentou: “Gosto de manter a HQ e a série ligeiramente diferentes, para a minha própria sanidade. Estou trabalhando nela há tanto tempo que fico entusiasmado com todas as novidades que conseguimos inventar e as novas maneiras de ver os personagens e eventos. E também é legal para os fãs, já que dá elementos inesperados para que todos se mantenham interessados. Eu acho este o programa de TV mais legal já feito. Zumbis sendo decepados no horário nobre? Sensacional!” E a gente concorda com ele!

Greg Nicotero que é o responsável pelos efeitos especiais da série comentou um pouco sobre o que nós podemos esperar da prisão, onde será passada grande parte desta temporada: “Estou empolgadíssimo com a prisão. O trabalho que fizeram nela é surpreendente. Parece tudo de verdade quando estamos ali no set. No primeiro episódio desta temporada conseguimos mais zumbis do que na anterior inteira. Tentei fazê-los mais decompostos, já que estão apodrecendo lá no escuro da prisão há algum tempo, desde o início da infecção zumbi“. Imagina só o que o nosso querido grupo de sobreviventes vão enfrentar nesta temporada!

Nicotero comentou também que a nojeira nos zumbis é totalmente necessária para poder passar pra gente o quanto eles estão famintos e inconscientes de sua própria condição. Ele comentou também que adora os zumbis lentos e que fica de olho nos figurantes para que ninguém fique rápido demais se não tiver comida por perto!


 O ator Andrew Lincoln (Rick Grimes) elogiou a produção e disse que é maravilhoso gravar The Walking Dead, que quando as câmeras começam a rodar tudo vira cruel e visceral e totalmente real graças ao trabalho dos produtores e de toda a equipe. Já Sarah Wayne Callies (Lori Grimes) comentou sobre os perigos de um casamento sobre um apocalipse zumbi e acrescentou que as duas primeiras temporadas foram sobre medo e esta será sobre ódio: “Estamos no fim do mundo e as coisas estão se desintegrando. Lori é mãe, uma figura sexual e alguém que fez uma grande besteira. A reação a ela é interessantíssima. Eu adoro“.

Norman Reedus (Daryl Nixon) fez questão de nos lembrar um SPOILER interessante, ao comentar sobre o roteiro desta temporada: “E nesta temporada, em que o roteiro está melhor do que nunca, esses elementos ficarão ainda mais evidentes. E pode ser que meu irmão apareça por aí…” Pra quem não lembra o irmão de Daryl, foi aquele que ficou preso no alto de um prédio quando T-Dog deixou a chave da algema dele cair, ele acabou cortando a mão e desaparecendo. Lembrando que ele não é flor que se cheire, com certeza Merle Dixon será mais um problema para o nosso grupo.

 
Danai Gurira (Michonne) que será o grande reforço de Rick e seus amigos nesta temporada falou um pouco sobre o que espera e o que aprendeu para a série: “Eu só quero matar alguém nas telas! Estou empolgadíssima e foi sensacional aprender a usar as espadas. Michonne sabe exatamente o que deve fazer para ficar viva. Os dois zumbis que ela carrega estão cheio de pistas disso… se eles não têm braços e mandíbulas não podem feri-la e servem ao seu propósito. Enfim, quem você seria em uma situação de guerra? No que se transformaria? Essa é a pergunta que me motivou a aceitar o trabalho e me ajuda a criar minha personagem“.

David Morrisey (Governador) que será o grande vilão, já que nós contamos pra vocês que ele é um louco sádico, que vive liderando seu bando sob sérias regras e quem desobedece vira comida da sua filha zumbi, que ele mantém viva em uma sala… O ator comentou: “O Governador é um sujeito adorável. Ele é só incompreendido“, brinca. “Eu cheguei ao programa já um fã. Adorei desde o começo e quando a oportunidade chegou para que eu entrasse nele, me joguei. É maravilhoso trabalhar nesta série“.

A terceira temporada de The Walking Dead estreia em 14 de outubro, segundo a atriz que interpreta a Michonne contou durante o café da manhã.

Com informações do Omelete.

Atriz Jessica Biel pode interpretar a vilã Madame Hidra em The Wolverine

Novo filme do mutante chega aos cinemas em julho de 2013.

Segundo o site The Hollywood Reporter, a atriz  Jessica Biel (do remake “O Vingador do Futuro”) está em negociações com a 20th Century Fox para interpretar a clássica vilã da Marvel Comics Madame Hidra (também conhecida coma Víbora) no filme “The Wolverine”.

A personagem de Biel é Victoria, amante do Samurai de Prata. Quando criança, ela foi uma órfã que viveu nas ruas. Tornando-se um dos membros principais do grupo H.I.D.R.A (visto recentemente em “Capitão América: O Primeiro Vingador”), organização que planejava dar continuidade a ditadura totalitária da Alemanha Nazista da década de 40. Madame Hidra foi responsável por uma nova formação do grupo que retornou após um suposto fim para enfrentar “Os Vingadores”, a “S.H.I.E.L.D” e os mutantes do grupo “X-Men”.

O elenco de “The Wolverine” já conta com Will Yun Lee (“King of Fighters – A Batalha Final”), Brian Tee (“Wedding Palace”), Hiroyuki Sanada (“Os 47 Ronins”), Hal Yamanouchi (“Caminho da Liberdade”), Rila Fukushima (“Karma: A Very Twisted Love Story”), entre outros. O filme tem direção de James Mangold  (“Os Indomáveis”) e  Hugh Jackman (“Austrália”) no papel do herói. A produção começa a ser rodada em agosto desse ano para chegar aos cinemas no dia 26 de julho de 2013.

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Warner libera primeiro pôster oficial de Superman – Homem de Aço

Henry Cavill e Zack Snyder promovem o filme na San Diego Comic-Con.

A Warner Bros.  divulgou  o primeiro pôster oficial de “Superman – Homem de Aço”  no painel destinado ao herói na Comic-Con. O novo trabalho do diretor Zack Snyder (“Watchmen”) já uma das grandes promessas do próximo ano, e para muitos já considerado o primeiro filme da “era heróica” da DC Comics nos cinemas. Veja abaixo, o ator Henry Cavill (“Imortais”) devidamente trajado como Homem de Aço:

Em “Superman – O Homem de Aço”, o kryptoniano enfrentará o General Zod, papel de Michael Shannon (“Foi Apenas um Sonho”). O elenco ainda conta com Amy Adams (“O Vencedor”), que viverá a jornalista Lois Lane; Russell Crowe (“Robin Hood”) que será Jor-El; Kevin Costner (“A Grande Virada”), e Diane Lane (“Secretária”) que viverão Jonathan e Martha Kent; Laurence Fishburne (“Contágio”) viverá Perry White, entre outros. O roteiro foi escrito por David S. Goyer, a partir de uma história de Goyer e Christopher Nolan, que trabalharam juntos na mais recente trilogia do Batman nos cinemas.

O longa chegará aos cinemas brasileiros em 14 de junho de 2013.

Marvel exibe as armaduras do Homem de Ferro na Comic-Con 2012

Painel de divulgação do terceiro filme traz um pouco da evolução do personagem nos cinemas.

Dos inúmeros painéis montados na San Diego Comic-Con de 2012o que foi destinado à divulgação do longa “Homem de Ferro 3″ merece atenção especial. A Marvel  resolveu mostrar todo o inventário de armaduras utilizadas pelo herói ao longo da sua trajetória cinematográfica. Da mesma forma que nas HQs, o Tony Stark das telonas está sempre se reinventando. Desde 2008 já foram sete modelos utilizados no decorrer de três filmes.

Veja abaixo:







O ator Robert Downey Jr. (“Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras”) é o protagonista da trama. Também farão parte do elenco Gwyneth Paltrow (“Contágio”), Don Cheadle (da série “House of Lies”), Jon Favreau (“Encontro de Casais”) e Paul Bettany (“Uma Mente Brilhante”), como a voz de Jarvis.

Ben Kingsley (“O Ditador”), Guy Pearce (“Prometheus”), Rebeca Hall (“Atração Perigosa”), James Badge Dale (“Os Infiltrados”), William Sadler (“À Espera de Um Milagre”), e o ator chinês Andy Lau (“O Clã das Adagas Voadoras“) completam o elenco.

O diretor Shane Black (“Beijos e Tiros“) também assina o roteiro do longa. “Homem de Ferro 3” tem estreia prevista nos cinemas brasileiros em 3 de maio de 2013.
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O Espetacular Homem-Aranha: 

 filme reinventa o herói dos quadrinhos

Com todas as mudanças em relação à trilogia original de filmes que levou o adorado aracnídeo para as telas de cinema, não é nenhum acidente que a busca por identidade seja o tema principal deste reboot.

Avaliação: NOTA 7
 
Um dos maiores desafios que “O Espetacular Homem-Aranha” enfrenta é justificar sua própria existência, tendo em vista um filme ainda muito adorado sobre a origem do herói criado por Stan Lee e Steve Ditko ter sido lançado apenas 10 anos antes, havendo toda uma pressão para sair da sombra do irmão mais velho. Comandada por Marc Webb, a nova produção é uma releitura do Amigão da Vizinhança, mostrando como o deslocado adolescente Peter Parker, vivido agora por Andrew Garfield, assumiu seu alter ego mascarado.

Enquanto o longa de Sam Raimi em 2002 nos mostrava a jornada de crescimento completa de seu personagem-título, “O Espetacular Homem-Aranha” é apenas uma parte do arco de poder e responsabilidade que o define, com foco na busca de Peter para se encontrar, não como herói, mas como homem. Não é a toa que esse questionamento surge várias vezes no roteiro escrito a seis mãos por James Vanderblit (“Zodíaco”), Alvin Sargent (“Homem-Aranha 2”) e Steve Kloves (da franquia “Harry Potter”).

Buscando sua própria identidade (inclusive para libertar-se de sua versão anterior), o Peter de Andrew Garfield é mais raivoso e muito menos certinho e abobado. A ira de Peter deriva de um sentimento de abandono, por ter sido deixado quando criança para ser criado pelos seus tios Ben (Martin Sheen) e May (Sally Field), após seus pais terem desaparecido em circunstâncias misteriosas. Garfield nos mostra um garoto mais calcado nos jovens de hoje e nos problemas pelos quais estes passam, distanciando-se da quase utópica figura idealizada por Tobey Maguire, mas jamais cruzando qualquer linha que tornaria o protagonista antipático.

Mesmo criado com amor por Ben e May e privilegiado com uma inteligência genial, Peter cresce tímido, retraído, com o bullying sendo parte da sua vida e se mostrando incapaz de ir atrás da garota de seus sonhos, a brilhante Gwen Stacy (Emma Stone), filha do durão chefe de polícia novaiorquino, o Capitão George Stacy (Dennis Leary).

A busca do jovem Parker por suas origens o leva a encontrar o Dr. Curt Connors (Rhys Ifans), antigo colega de trabalho de seu pai na Oscorp, ajudando-o em um antigo projeto voltado para o cruzamento genético entre espécies com a intenção de curar doenças e deficiências. Um intento nobre que acaba transformando Peter no Homem-Aranha e Connors no selvagem Lagarto, fazendo também com que os dois libertem lados que desconheciam de suas próprias personalidades.

A despeito da participação de Alvin Sargent, um veterano na franquia do aracnídeo, são as novidades por trás das câmeras que dão o tom deste reboot. Steve Kloves, roteirista que passou os últimos anos lidando com as angústias de outro adolescente superpoderoso, Harry Potter, é um dos responsáveis por mostrar esse novo lado mais combativo de Peter tão explorado por Garfield. Considerando as semelhanças entre as histórias do mago e do herói, a contratação foi correta, tendo em vista que Kloves adicionou à personalidade de Peter uma agressividade adolescente antes ausente, sendo esta imaturidade o fator principal que leva à trágica perda de seu tio.

Em seu primeiro filme, a comédia romântica “(500) Dias Com Ela”, o diretor Mark Webb mostrou que sabe lidar com os anseios da juventude, algo presente nesta sua nova empreitada, especialmente por abordar com tanta sensibilidade o amor juvenil de Peter e Gwen, tornando cada momento constrangedor entre os dois em pequenas pérolas e sabendo usar muito bem a química entre Andrew Garfield e Emma Stone, magníficos em cada uma das cenas que dividem.

Nisso, Emma Stone foi um achado. Além de surgir em tela quase como arrancada das páginas de uma HQ desenhada por John Romita, sua Gwen é adorável e intelectualmente desafiadora para Peter, um par mais que perfeito para o cabeça de teia. Os dilemas da bela ainda são bem explorados, especialmente em um jantar de família onde as posições opostas dos homens de sua vida são expostas de maneira bastante explícita.

Em seu primeiro longa com sequências de ação complexas, Webb acerta ao apostar mais em dublês do que seu antecessor, dando mais peso às sequências de ação e as deixando mais reais, colaborando com a boa fotografia de John Schwartzman, que se utilizou de uma paleta de cores mais fria para compor o visual da fita, distanciando-a da de Raimi, que se apoiava em cores vivas.

O 3D é funcional, até pelo fato de o longa ter sido realmente filmado neste formato, mas apenas como parte do espetáculo visual, não tendo nenhum papel na narrativa. Até mesmo os alardeados planos subjetivos com o Aranha se balançando em primeira pessoa, que foram um dos destaques dos trailers, são breves e poucos.

Peter realmente se mostra bastante machucado após as lutas, lembrando o que acontece com o personagem nos quadrinhos durante o arco “Caído Entre os Mortos”, escrito por Mark Millar (“Kick-Ass”), e seu estilo de movimentação lembra muito a prática de le parkour, com as poses de ação remetendo diretamente à fase do personagem desenhada por Todd McFarlane, algo ressaltado pela figura mais esguia do herói nesta nova encarnação. Peter apanha, sangra e se mostra machucado, mas não deixa de soltar piadas infames, característica que ficou um pouco esquecida no cinema durante a trilogia anterior, tornando a versão de Andrew Garfield do herói mais carismática que o mascarado quase mudo de Maguire.

O design de produção concebido pelo recém-falecido J. Michael Riva é inteligente ao expor para o público detalhes da personalidade dos personagens pelos seus próprios ambientes. O quarto de Peter, por exemplo, é um belo apanhado de seus ídolos, gostos e paixões, passando por Albert Einstein (“imaginação é mais importante que conhecimento”), seu amor pela ciência e inventos (que levam à criação do disparador de teias, mas não do fluído teia em si, obra de seu pai), sua paixão por fotografia e até mesmo seu gosto por cinema e séries, com “Janela Indiscreta” e “Community” ganhando lugares em sua parede.

Até mesmo o uniforme do personagem ganha uma explicação mais fincada na realidade, mas não deixa de ser elaborado demais para os recursos de Peter, tendo sido desenvolvido na realidade pelo Cirque du Soleil. Já o visual do Lagarto lembra mais o design sessentista do vilão, com direito ao jaleco ostentado por este nos quadrinhos aparecendo pontualmente.

Por mais que esses novos elementos tornem a experiência de conhecer este ultimate Homem-Aranha instigante, o longa se ateve a alguns elementos do passado que incomodam, como uma promessa sendo feita em um momento crítico e, especialmente, o vilão. É difícil não reparar algumas semelhanças entre Curt Connors e o Norman Osborn vivido por Willem Dafoe na década passada, como as circunstâncias que levam às suas transformações e em alguns diálogos delirantes dos abalados cientistas com suas outras personas.

Até mesmo o relacionamento do Doutor com Peter se assemelha com ao dos protagonistas dos filmes de Raimi. Nos quadrinhos, Connors tinha algo que o tornava único, que era a luta para se manter no controle por sua família (esposa e um pequeno filho), o fazendo ainda mais complexo. Note que o personagem usa uma aliança de casadmento, mas não vemos nem mesmo uma foto de seus entes queridos em seu escritório ou mesmo em sua casa, sendo inexplicável o motivo pelo qual estes foram sumariamente limados, especialmente quando poderiam resultar em um ótimo paralelo com os Parkers.

Além desta sensação chata de deja vú, nem mesmo o plano insano do vilão é bem explorado pela fita e as cenas que Curt divide com o herói jamais possuem um impacto emocional duradouro, resultando em um antagonista deveras superficial, que subutiliza o ótimo Rhys Ifans e se apresenta como um desafio para o Homem-Aranha apenas no plano físico.

Por mais que Martin Sheen e Andrew Garfield tenham criado uma ótima dinâmica entre Peter e seu tio Ben, o mesmo não pode ser dito do relacionamento entre o herói e sua tia. Sally Field torna palpáveis os problemas pelos quais May passa, mas simplesmente não vemos o carinho maternal dela para com seu sobrinho do modo que a personagem requer.

O desnecessário mistério por trás da figura de Norman Osborn também é um problema, bem como o fato da Oscorp ter, convenientemente, o sistema de segurança mais falho do mundo. Ainda temos uma série de saídas forçadas no roteiro e exposições óbvias como o tal dispositivo de distribuição no laboratório de Connors e o policial ressaltando a estrela no pulso do bandido que mata o tio Ben. Por falar nisso, o já (desnecessariamente) obrigatório momento em que a cidade de Nova York ajuda o Aranha está presente, de uma forma deveras brega (oi, C. Thomas Howell!).

Outros tropeços da produção que comprometem o resultado final são a montagem um tanto truncada que prejudica o crescendo da película e a trilha sonora exagerada de James Horner, que carrega muito no melodrama, chegando a se tornar intrusiva quando da entrada de corais em uma cena heroica e das subidas repentinas de tom em um momento em que o Lagarto ameaça Gwen Stacy no terço final da projeção.

Em “Kill Bill Vol. 2” é dito que Bill colecionava figuras paternas, levando consigo algo de cada um. Este novo Peter Parker tem algo disso, lutando para alcançar sua maturidade com a ajuda de seu pai, Tio Ben, Capitão Stacy e até mesmo de Curt Connors. A jornada de Peter apenas começou e este não se encontrou ainda. Mas, por mais que este primeiro passo não tenha sido exatamente perfeito, foi instigante o bastante para continuar a acompanhá-lo.
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Thiago Siqueira
 é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Luz nas Trevas: produção joga uma luz no cinema marginal brasileiro

 

Ao mesmo tempo em que nos entrega um longa extremamente impactante, esta sequência de "O Bandido da Luz Vermelha" ainda presta homenagem a um dos expoentes da produção cinematográfica nacional, Rogério Sganzerla.

Avaliação: 8
 
O Bandido da Luz Vermelha, ou João Acácio Pereira da Costa, foi um ladrão que atacou a cidade de São Paulo durante os anos 1960, sempre carregando uma lanterna vermelha à tiracolo, sua marca registrada. Preso em 67, ele foi condenado a 352 anos de prisão, tendo sido solto após 30 anos cumpridos – e morto alguns meses depois.

A história de João rendeu um filme em 68, dirigido pelo então novato Rogério Sganzerla. “O Bandido da Luz Vermelha”, que teve o personagem-título vivido pelo ator Paulo Villaça (falecido em 2003), tornou-se um dos maiores expoentes do cinema marginal e, mesmo que o final daquele longa não tenha deixado muitas margens para continuação, Sganzerla roteirizou uma, ainda que que não tenha levado o projeto à cabo antes de sua morte, em 2004.

No entanto, mesmo com as perdas de Sganzerla e Villaça, a viúva do diretor Helena Ignez (que viveu a namorada de Jorge na película original) resolveu tocar a produção, codirigindo este “Luz Nas Trevas” ao lado do cineasta Ícaro Martins. Misto de continuação e homenagem ao cinema marginal, o filme mostra a estadia de Luz Vermelha (agora vivido por Ney Matogrosso) na prisão, enfocando paralelamente a jornada de seu filho Tudo-ou-Nada (André Guerreiro Lopes) na vida do crime.

A farsa exacerbada dá o tom do filme, com as caricaturas de heróis e bandidos funcionando dentro do universo extravagante ao qual somos apresentados, nos mostrando uma imitação de realidade bizarra o bastante para criar algum afastamento, mas familiar o suficiente para não tornar-se impossível criar qualquer identificação. Sim, tudo é exagerado, mas é por essa caricatura que a crítica social feita pela fita floresce.

O visual desse mundo e as referências a filmes pulps e às HQs de Will Eisner e, principalmente, ao próprio cinema marginal de Rogério Sganzerla também funcionam como um passeio a uma parte mais obscura da cultura pop. Os tons avermelhados quase psicodélicos tomam as rédeas do visual da fita, em uma mais que apropriada experiência febril, combinados com a narração e letreiros dignos de imprensa marrom que avançam a trama.

O próprio elenco é cheio de ótimas referências, como o papel de um político corrupto sendo vivido por Sérgio Mamberti (o ator participou do primeiro filme), além das pontas de Thunderbird, Simone Spoladore e Bruna Lombardi como damas fatais. Isso nos leva ao cast principal. Ney Matogrosso nos mostra um Jorge extremamente intenso, compensando sua inexperiência como ator com um avassalador carisma, um homem enjaulado traído por um sistema corrupto A câmera de Ignez e Martins ainda consegue dar todo um significado especial para a versão de “Sangue Latino” interpretada por Matogrosso durante a projeção.

Tudo-ou-Nada é um protagonista intrigante, entrando no mundo do crime justamente por querer se aproximar da figura “mítica” de seu pai, com André Guerreiro Lopes fazendo um excelente trabalho na composição do personagem e de seus conflitos, herdando o descontentamento de seu pai pelas leis.

A filha de Rogério Sganzerla e esposa de Lopes, Djin Sganzerla, encarna uma figura interessante como Jane, a namorada de Tudo-ou-Nada. Apesar de não ser exatamente inocente, ela deseja uma vida mais tranquila ao lado de seu amado, longe do submundo criminoso, lhe trazendo a lição primordial do longa: “O que se leva dessa vida é a vida que se leva”.

Demorando um pouco para encontrar seu prumo, “Luz nas Trevas” não é um filme comum ou mesmo fácil de digerir, devendo ser encarado mais como uma janela para outro período do cinema nacional, sendo um produto mais transgressor e ousado que a maioria das obras que esta geração está acostumada a assistir na telona, mas nunca menos relevante. É uma fita imperfeita, incômoda e pungente, valendo a pena ser vista justamente por isso.
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Thiago Siqueira
 é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.

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Até a Eternidade: longa entrelaça dramas e alegrias de grupo de amigos

 

 

Oscarizados Marion Cotillard e Jean Dujardin dividem tela com elenco talentoso e carismático


Avaliação: NOTA 7
 
Filmes que retratam a amizade são recorrentes na tela grande, isso não se pode negar. Com algumas obras sempre lembradas em qualquer lista de cinema relacionada ao tema, já vimos os conflitos e lembranças surgirem em filmes como “O Reencontro”, “Quando os Jovens se Tornam Adultos”, “Somente Elas” e “Conta Comigo”, só para citar alguns. Eis que surge mais um novo membro para a tão vasta filmografia. E isso não é uma notícia ruim.

Em “Até a Eternidade”, o ator/diretor/roteirista Guillaume Canet (atualmente em cartaz no elenco de “Apenas Uma Noite”) nos entrega uma obra bem aos moldes franceses para contar a história de um grupo de amigos de longa data que, repetindo a tradição, decidem se reunir para uma temporada de férias. A coisa muda de figura quando um deles, Ludo (Jean Dujardin, vencedor do Oscar de Melhor Ator por “O Artista”), sofre um grave acidente de moto, em um prólogo impressionante. O restante do grupo, no entanto, decide manter a viagem de pé, mas segredos e arestas mal aparadas entre eles é que farão toda a diferença durante as duas horas e meia de filme.

Apesar de extenso, é louvável a mão firme mantida por Canet na direção de seus atores. Temos Marie (Marion Cotillard, vencedora do Oscar de Melhor Atriz por “Piaf – Um Hino ao Amor”), perdida de si mesma com seus relacionamentos amorosos; Antoine (Laurent Lafitte), que não consegue superar o término do relacionamento de longa data com Juliette (Anne Marivin), afastada do grupo por conta do mal-estar generalizado; Eric (Gilles Lellouche), um ator cujo orgulho supera o próprio talento profissional e pessoal; e Vincent (Benoît Magimel), um homem casado que se descobre apaixonado por Max (François Cluzet), dono da casa litorânea onde o grupo costuma se hospedar.

Entregar todos os personagens seria estragar a surpresa diante de um filme franco e cativante, que tem muitos elementos para agradar o público em geral. Com seus personagens carismáticos e roteiro despretensioso, é impossível não se envolver com os dramas encobertos pelos pequenos lenços (Le Petits Mouchoirs, do título original em francês), ou seja, as mentiras que transbordarão e testarão os longos anos de amizade da trupe.

Neste emaranhado de conflitos, o grupo vai levando os dias de descanso com descontraídos passeios de barco, refeições regadas a muito vinho, cigarros e conversas tão afinadas que parecem nos colocar dentro do grupo. Porém, quando o nível de adrenalina baixa, seus dramas vêm à tona, seja o desconforto causado em Max pela declaração de Vincent, a obsessão de Antoine pela ex e, ainda, a saúde de Ludo, que funciona como um bumerangue, indo e voltando até os personagens em um misto de esquecimento nos momentos de diversão e culpa nas horas de reflexão.

O filme abusa de certos conflitos, além de inserir personagens coadjuvantes que pouco acrescentam à trama, como um caso de amor recente de Marie ou um visitante zen, amigo de Véronique (Valérie Bonneton), esposa de Max. Porém, é fácil se identificar com os dramas, que envolvem ego, segredos, romances (não) concretizados, todos empilhados em conflitos existenciais, matrimoniais e fraternais.

No dia a dia, o foco fica no tempestuoso comportamento de Max diante do, até então, amigo Vincent. A insegurança diante dos sentimentos do amigo se torna uma bola de neve e complica, ainda mais, o convívio de todo o grupo. Exageros à parte, vamos acompanhando o desenrolar de todos os conflitos, em momentos de nostalgia e beleza sinceros, como a emocionante ligação que Marie faz a Ludo, ainda acamado no hospital.

Assim, a longa duração do filme, infelizmente, se dá por demorar a oferecer ao espectador os conflitos, deixando os segredos emergirem a conta-gotas. Por outro lado, se preocupa mais em tentar concluir cada uma das tramas do que, simplesmente, tratar superficialmente de todas elas. Dujardin, apesar de mero coadjuvante, tem sua presença pontuada em notáveis cenas de gravação do grupo das férias anteriores, tornando-se o grande ponto de ligação entre cada um eles. E como saudade é um sentimento inerente a cada um de nós, é impossível se manter indiferente ao drama de “Até a Eternidade”.

Apesar do bom trabalho de todo o elenco, o destaque fica para Cotillard, bem à vontade e sincera com sua personagem, e Gilles Lellouche, que cria no mulherengo Eric a personificação bem feita de um homem perdido entre sua maturidade e os seus desejos (o ator, inclusive, foi indicado ao César 2011 de Melhor Ator Coadjuvante).

E com todas as delícias e dissabores de uma amizade duradoura, em que muitos segredos se escondem debaixo do tapete, temos no experiente Jean Louis (Joël Dupuch), o responsável pelo estopim de cartas colocadas à mesa no momento derradeiro da viagem. E a manipulação para arrancar lágrimas do público, que permeia todo o filme em uma trilha sonora criada para tal finalidade, atinge seu ápice. Resta ao público considerar esta façanha um drama barato ou, simplesmente, se identificar por meio de suas próprias amizades. Neste segundo caso, prepare os lenços.
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Léo Freitas formou-se em Jornalismo em 2008 pela Universidade Anhembi Morumbi. Cinéfilo desde a adolescência e apaixonado por cinema europeu, escreve sobre cinema desde 2009. Atualmente é correspondente do CCR em São Paulo e desejaria que o dia tivesse 72 horas para consumir tudo que a capital paulista oferece culturalmente.

O Espetacular Homem-Aranha: filme reinventa o herói dos quadrinhos

 

 

Com todas as mudanças em relação à trilogia original de filmes que levou o adorado aracnídeo para as telas de cinema, não é nenhum acidente que a busca por identidade seja o tema principal deste reboot.

Avaliação: NOTA 7
Um dos maiores desafios que “O Espetacular Homem-Aranha” enfrenta é justificar sua própria existência, tendo em vista um filme ainda muito adorado sobre a origem do herói criado por Stan Lee e Steve Ditko ter sido lançado apenas 10 anos antes, havendo toda uma pressão para sair da sombra do irmão mais velho. Comandada por Marc Webb, a nova produção é uma releitura do Amigão da Vizinhança, mostrando como o deslocado adolescente Peter Parker, vivido agora por Andrew Garfield, assumiu seu alter ego mascarado.

Enquanto o longa de Sam Raimi em 2002 nos mostrava a jornada de crescimento completa de seu personagem-título, “O Espetacular Homem-Aranha” é apenas uma parte do arco de poder e responsabilidade que o define, com foco na busca de Peter para se encontrar, não como herói, mas como homem. Não é a toa que esse questionamento surge várias vezes no roteiro escrito a seis mãos por James Vanderblit (“Zodíaco”), Alvin Sargent (“Homem-Aranha 2”) e Steve Kloves (da franquia “Harry Potter”).

Buscando sua própria identidade (inclusive para libertar-se de sua versão anterior), o Peter de Andrew Garfield é mais raivoso e muito menos certinho e abobado. A ira de Peter deriva de um sentimento de abandono, por ter sido deixado quando criança para ser criado pelos seus tios Ben (Martin Sheen) e May (Sally Field), após seus pais terem desaparecido em circunstâncias misteriosas. Garfield nos mostra um garoto mais calcado nos jovens de hoje e nos problemas pelos quais estes passam, distanciando-se da quase utópica figura idealizada por Tobey Maguire, mas jamais cruzando qualquer linha que tornaria o protagonista antipático.

Mesmo criado com amor por Ben e May e privilegiado com uma inteligência genial, Peter cresce tímido, retraído, com o bullying sendo parte da sua vida e se mostrando incapaz de ir atrás da garota de seus sonhos, a brilhante Gwen Stacy (Emma Stone), filha do durão chefe de polícia novaiorquino, o Capitão George Stacy (Dennis Leary).

A busca do jovem Parker por suas origens o leva a encontrar o Dr. Curt Connors (Rhys Ifans), antigo colega de trabalho de seu pai na Oscorp, ajudando-o em um antigo projeto voltado para o cruzamento genético entre espécies com a intenção de curar doenças e deficiências. Um intento nobre que acaba transformando Peter no Homem-Aranha e Connors no selvagem Lagarto, fazendo também com que os dois libertem lados que desconheciam de suas próprias personalidades.

A despeito da participação de Alvin Sargent, um veterano na franquia do aracnídeo, são as novidades por trás das câmeras que dão o tom deste reboot. Steve Kloves, roteirista que passou os últimos anos lidando com as angústias de outro adolescente superpoderoso, Harry Potter, é um dos responsáveis por mostrar esse novo lado mais combativo de Peter tão explorado por Garfield. Considerando as semelhanças entre as histórias do mago e do herói, a contratação foi correta, tendo em vista que Kloves adicionou à personalidade de Peter uma agressividade adolescente antes ausente, sendo esta imaturidade o fator principal que leva à trágica perda de seu tio.

Em seu primeiro filme, a comédia romântica “(500) Dias Com Ela”, o diretor Mark Webb mostrou que sabe lidar com os anseios da juventude, algo presente nesta sua nova empreitada, especialmente por abordar com tanta sensibilidade o amor juvenil de Peter e Gwen, tornando cada momento constrangedor entre os dois em pequenas pérolas e sabendo usar muito bem a química entre Andrew Garfield e Emma Stone, magníficos em cada uma das cenas que dividem.

Nisso, Emma Stone foi um achado. Além de surgir em tela quase como arrancada das páginas de uma HQ desenhada por John Romita, sua Gwen é adorável e intelectualmente desafiadora para Peter, um par mais que perfeito para o cabeça de teia. Os dilemas da bela ainda são bem explorados, especialmente em um jantar de família onde as posições opostas dos homens de sua vida são expostas de maneira bastante explícita.

Em seu primeiro longa com sequências de ação complexas, Webb acerta ao apostar mais em dublês do que seu antecessor, dando mais peso às sequências de ação e as deixando mais reais, colaborando com a boa fotografia de John Schwartzman, que se utilizou de uma paleta de cores mais fria para compor o visual da fita, distanciando-a da de Raimi, que se apoiava em cores vivas.
O 3D é funcional, até pelo fato de o longa ter sido realmente filmado neste formato, mas apenas como parte do espetáculo visual, não tendo nenhum papel na narrativa. Até mesmo os alardeados planos subjetivos com o Aranha se balançando em primeira pessoa, que foram um dos destaques dos trailers, são breves e poucos.

Peter realmente se mostra bastante machucado após as lutas, lembrando o que acontece com o personagem nos quadrinhos durante o arco “Caído Entre os Mortos”, escrito por Mark Millar (“Kick-Ass”), e seu estilo de movimentação lembra muito a prática de le parkour, com as poses de ação remetendo diretamente à fase do personagem desenhada por Todd McFarlane, algo ressaltado pela figura mais esguia do herói nesta nova encarnação. Peter apanha, sangra e se mostra machucado, mas não deixa de soltar piadas infames, característica que ficou um pouco esquecida no cinema durante a trilogia anterior, tornando a versão de Andrew Garfield do herói mais carismática que o mascarado quase mudo de Maguire.

O design de produção concebido pelo recém-falecido J. Michael Riva é inteligente ao expor para o público detalhes da personalidade dos personagens pelos seus próprios ambientes. O quarto de Peter, por exemplo, é um belo apanhado de seus ídolos, gostos e paixões, passando por Albert Einstein (“imaginação é mais importante que conhecimento”), seu amor pela ciência e inventos (que levam à criação do disparador de teias, mas não do fluído teia em si, obra de seu pai), sua paixão por fotografia e até mesmo seu gosto por cinema e séries, com “Janela Indiscreta” e “Community” ganhando lugares em sua parede.

Até mesmo o uniforme do personagem ganha uma explicação mais fincada na realidade, mas não deixa de ser elaborado demais para os recursos de Peter, tendo sido desenvolvido na realidade pelo Cirque du Soleil. Já o visual do Lagarto lembra mais o design sessentista do vilão, com direito ao jaleco ostentado por este nos quadrinhos aparecendo pontualmente.

Por mais que esses novos elementos tornem a experiência de conhecer este ultimate Homem-Aranha instigante, o longa se ateve a alguns elementos do passado que incomodam, como uma promessa sendo feita em um momento crítico e, especialmente, o vilão. É difícil não reparar algumas semelhanças entre Curt Connors e o Norman Osborn vivido por Willem Dafoe na década passada, como as circunstâncias que levam às suas transformações e em alguns diálogos delirantes dos abalados cientistas com suas outras personas.

Até mesmo o relacionamento do Doutor com Peter se assemelha com ao dos protagonistas dos filmes de Raimi. Nos quadrinhos, Connors tinha algo que o tornava único, que era a luta para se manter no controle por sua família (esposa e um pequeno filho), o fazendo ainda mais complexo. Note que o personagem usa uma aliança de casadmento, mas não vemos nem mesmo uma foto de seus entes queridos em seu escritório ou mesmo em sua casa, sendo inexplicável o motivo pelo qual estes foram sumariamente limados, especialmente quando poderiam resultar em um ótimo paralelo com os Parkers.

Além desta sensação chata de deja vú, nem mesmo o plano insano do vilão é bem explorado pela fita e as cenas que Curt divide com o herói jamais possuem um impacto emocional duradouro, resultando em um antagonista deveras superficial, que subutiliza o ótimo Rhys Ifans e se apresenta como um desafio para o Homem-Aranha apenas no plano físico.

Por mais que Martin Sheen e Andrew Garfield tenham criado uma ótima dinâmica entre Peter e seu tio Ben, o mesmo não pode ser dito do relacionamento entre o herói e sua tia. Sally Field torna palpáveis os problemas pelos quais May passa, mas simplesmente não vemos o carinho maternal dela para com seu sobrinho do modo que a personagem requer.

O desnecessário mistério por trás da figura de Norman Osborn também é um problema, bem como o fato da Oscorp ter, convenientemente, o sistema de segurança mais falho do mundo. Ainda temos uma série de saídas forçadas no roteiro e exposições óbvias como o tal dispositivo de distribuição no laboratório de Connors e o policial ressaltando a estrela no pulso do bandido que mata o tio Ben. Por falar nisso, o já (desnecessariamente) obrigatório momento em que a cidade de Nova York ajuda o Aranha está presente, de uma forma deveras brega (oi, C. Thomas Howell!).
Outros tropeços da produção que comprometem o resultado final são a montagem um tanto truncada que prejudica o crescendo da película e a trilha sonora exagerada de James Horner, que carrega muito no melodrama, chegando a se tornar intrusiva quando da entrada de corais em uma cena heroica e das subidas repentinas de tom em um momento em que o Lagarto ameaça Gwen Stacy no terço final da projeção.

Em “Kill Bill Vol. 2” é dito que Bill colecionava figuras paternas, levando consigo algo de cada um. Este novo Peter Parker tem algo disso, lutando para alcançar sua maturidade com a ajuda de seu pai, Tio Ben, Capitão Stacy e até mesmo de Curt Connors. A jornada de Peter apenas começou e este não se encontrou ainda. Mas, por mais que este primeiro passo não tenha sido exatamente perfeito, foi instigante o bastante para continuar a acompanhá-lo.
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Thiago Siqueira
 é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.

Headhunters: thriller prende a atenção com enredo instigante

 

Filme norueguês é conciso e abre espaço para reflexões.

Avaliação: NOTA 7
É sempre bom se deparar com uma obra que supera as expectativas, ainda que não seja em muito. Mesmo por meio de uma linguagem convencional que imprime suas formalidades, muitas vezes presas ao gênero, “Headhunters” ainda consegue oferecer algo fora da caixa. Tanto pela história como pelas imagens, este é um filme que deixa suas tímidas marcas após a exibição. 

O longa acompanha Roger Brown (Aksel Hennie), funcionário de uma empresa de recrutamento que nas horas vagas rouba e revende quadros valiosos para manter um nível de conforto e sofisticação ao lado de sua esposa, Diana (Synnøve Macody Lund), dona de uma galeria de arte recém inaugurada que desconhece as práticas criminosas do marido. À beira da falência, visto sua ambição maior do que seu bolso, Roger encontra a oportunidade que pode lhe garantir uma vida isenta de preocupações financeiras, mas acaba se deparando com uma estranha teia de relações da qual ele é o alvo.

Adaptado do livro homônimo de Jo Nesbø, o roteiro de Lars Gudmestad e Ulf Ryberg é extremamente sucinto. Ao mesmo tempo em que consegue atribuir a pequenos momentos uma importância fundamental para a evolução da trama, também é descritivo quando necessário, não se atendo a questões que, se expostas de outra maneira, tomariam um considerável tempo e desviariam o foco. As motivações dos personagens não ficam muito claras até o terceiro ato, mas o desenrolar dos fatos entretém o bastante para que as prováveis dúvidas do espectador fiquem suspensas até a hora correta de serem sanadas – mesmo que algumas respostas genéricas revelem maior preocupação com o fechamento de buracos do que com o significado delas para os personagens.

A direção de Morten Tyldum trabalha bem com as diferentes atmosferas do filme, passeando entre o drama romântico e a violência gráfica em uma desenvoltura que mantém o naturalismo e a fluidez das situações. Os movimentos de câmera e os tipos de planos similares em cada sequência dão coesão às imagens, formando uma unidade a cada bloco de ações – como na sequência em que vemos a dinâmica do roubo de quadros, onde grande parte dos planos apresenta um movimento de câmera que rima na trajetória e na velocidade. Esta direção precisa é acompanhada pela montagem de Vidar Flataukan, que se utiliza frequentemente de pequenos saltos temporais (elipses) para definir o ritmo do longa e corroborar com a síntese do roteiro, sem perder a continuidade do clima imposto à cena.

É interessante como o desenvolvimento do enredo propõe um gradual rebaixamento do protagonista – física, psicológica e moralmente. Embora esta abordagem não seja novidade, há brechas que sugerem um trabalho simbólico neste sentido, o que merece reconhecimento. Além da clara metáfora na cena das fezes, isto também pode ser observado nas frequentes mudanças de vestimentas que Roger tem que fazer para evitar seu rastreamento. Tal prática é coerente no contexto da trama, mas também pode representar uma vulnerabilidade necessária ao processo de maturação do personagem. Roger fica nu de corpo e alma para que possa remodelar sua postura e suas ideias. Isto se dá sempre em frente a um rio, que carrega nas águas uma simbologia inerente de renovação.

A expressiva atuação de Hennie contribui muito para esse entendimento. Fornecendo um teor satírico coerente ao espanto e ao despreparo de seu personagem diante das circunstâncias que o cercam, o ator contrasta bruscamente duas imagens do protagonista. Primeiramente apresentado como um playboy esnobe, controlador e seguro de si, logo depois está desesperado e totalmente exposto pela queda de suas máscaras, evidenciando o medo da morte, a falha do plano, a crise amorosa, etc. – não é à toa que há uma atenção especial na retirada da aliança durante uma de suas despidas.

“Headhunters” é um daqueles filmes que nos faz torcer pelo bandido. Dito isso, uma discussão mais aprofundada sobre valores morais é totalmente viável nesta obra, mesmo que as convenções do gênero se imponham em certo nível. Com roteiro objetivo, direção rica e atuações competentes, o longa norueguês surpreende aparentemente sem querer. A simplicidade quase despretensiosa tanto garante um bom divertimento temporário quanto oferece possibilidades para maiores reflexões.
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Thiago César é formado em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mas aspirante a cineasta. Já fez cursos na área de audiovisual e realiza filmes independentes.
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Beaufort: emotivo filme de guerra israelense é imperdível

Indicado ao Oscar de melhor longa estrangeiro de 2007, produção universaliza experiência desnecessária vivida por soldados de Israel durante o final da Guerra do Líbano.

Avaliação: NOTA 9
 

Retire as escassas tomadas da bandeira israelense, desconheça o idioma falado pelos personagens, dispense as explicações iniciais sobre a história que irá ser contada a seguir e este “Beaufort” poderia se passar em qualquer país, advir de qualquer nação com um mínimo histórico de guerra em suas últimas décadas de vida. A universalização da experiência sentida pelos soldados que protegeram o forte que leva o nome do longa está entre os principais objetivos desta produção. Mas é criticar a (falta de) necessidade de confrontos como retratado no longa que constitui a razão de existência deste emotivo e silencioso filme de guerra.

Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2007 (sim, trata-se de mais um bom exemplar a chegar bastante atrasado aos cinemas nacionais), esta produção israelense traz uma trama que não poderia ser mais simples. Em pleno ano 2000, cerca de 18 anos depois do início da Guerra do Líbano, uma série de soldados, a maioria recém-saída da adolescência, ainda protege o lendário forte de Beaufort (localizado no sul do país citado), construído durante as Cruzadas. Mas há pouco a fazer, além de desviarem-se de rotineiros e pouco ofensivos ataques do Hezbollah. No entanto, o que mais incomoda a todos é a falta de motivos por ainda não terem cruzado a fronteira e voltado para casa.

Dirigido e escrito por Joseph Cedar, que divide a última função com Ron Leshem (autor do livro no qual baseia-se a história), “Beaufort”, em seus primeiros minutos, parece até um comum longa do gênero (o qual questiona, vale destacar) ao exibir seus personagens desviando-se de ataques de tropas desconhecidas. A barulheira inicial, porém, logo é substituída por diálogos e silêncios que revelam uma rotina mais psicológica do que fisicamente desgastante. A verdade é que não há grandes riscos de vida para os “moradores” da muralha, mas circunstâncias atípicas, mandos superiores e erros estratégicos levam alguns deles a um destino não tão agradável.

O principal dos militares é Liraz (Oshiri Cohen), um jovem de apenas 22 anos que possui como principal virtude a sua dedicação, advindo de um patriotismo nunca defendido pelo filme. É ele quem costura a trama e nos faz conhecer o caráter e a personalidade de alguns do seus colegas, bem como as comuns histórias de vida de alguns deles. Ciente da dificuldade do espectador de identificar os personagens, devido a semelhança entre eles e a maneira como se trajam, o roteiro tem a esperta ideia de contar mini-tramas de forma linear, apresentando-os, para pouco depois despedir-se dos militares, encerrando o “capítulo” de cada um deles sem cerimônia, surpreendendo o público acostumado a jamais se decepcionar com o destino de quem está se afeiçoando durante a projeção.

A estratégia, que facilmente poderia cair em um sentimentalismo piegas, é bem utilizada por Cedar, que tem na simplicidade sua principal característica. Dispensando técnicas de filmagem que transmitem instabilidade física, algo bastante comum em longas do gênero, o diretor opta por aprofundar as sensações de medo, inquietação e indignação. Logo quando as cenas emotivas chegam, a sensação de verossimilhança permanece, e logo percebemos que estamos completamente envolvidos por esse longa de enorme coração.Não por acaso, Cedar venceu o prêmio de melhor direção no Festival de Berlim em 2007. Vale destacar a bela cena em que um dos militares quebra a tensão e canta lindamente para os seus companheiros, fazendo um deles, e porque não o espectador, desabar em lágrimas.

Dono de uma edição cheia de ritmo e de uma trilha sonora constante e tocante, “Beaufort” defende com êxitos sua mensagem pacifista, mesmo não sendo das mais originais, com doses bem mesuradas de realismo e emotividade. Jamais defendendo ou condenando a atitude de Israel em permanecer em território estrangeiro (não há cenas com representantes do alto escalão do Governo), muito menos das tropas inimigas, da qual nunca vemos o rosto, o filme universaliza uma condição de impossibilidade e dedicação de homens comuns agindo a favor de sua Pátria, mesmo que seus motivos para tais atos não sejam lá tão verdadeiros.
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Darlano Dídimo
é crítico do CCR desde 2009. Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é adorador da arte cinematográfica desde a infância, mas só mais tarde veio a entender a grandiosidade que é o cinema.
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