sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Wagner Moura - Cinco perguntas para o protagonista de Tropa de Elite 2


Depois do sucesso do Capitão Nascimento, um dos personagens mais marcantes da cinematografia brasileira contemporânea, Wagner Moura volta ao uniforme do Bope em “Tropa de Elite 2”, que chega aos cinemas no dia 8 de outubro. Treze anos depois dos acontecimentos do longa original, o (agora) Coronel Nascimento tem novos conflitos, tanto em família, com as tentativas de aproximação com o filho adolescente Rafael, quanto na luta contra o crime, contra inimigos ainda mais poderosos. O ator, que também é produtor da sequência, diz que o filme vai ainda mais fundo que o longa de 2007 na abordagem das mazelas sociais e políticas cariocas.





Por que voltar ao filme? Ficou algo em aberto no primeiro?

“Tropa de Elite” é um filme político, traz uma discussão que me interessa, sobre violência e segurança pública. Há muito ainda a se falar sobre esse assunto, um dos mais urgentes. Poderíamos fazer "Tropa de Elite 10" que não faltariam questões. Mas o filme transcende a política. É um produto de cultura de massa cuja primeira parte teve grande reconhecimento artístico.






Como construir um arco dramático e torná-lo crível para um personagem tão idolatrado e já incorporado ao imaginário coletivo como o Capitão Nascimento?

Nascimento é o mesmo cara, só que 13 anos mais velho. É e não é a mesma pessoa. Ele é mais consciente agora, por uma necessidade dramática e por uma questão de idade. Esse filme traz um personagem que passa a compreender o seu papel no jogo, que entende, não sem muito sofrimento, que sempre foi apenas uma peça a mais do quebra-cabeça caótico que é o sistema de segurança pública brasileiro.






Como foi trabalhar novamente com o José Padilha e boa parte da equipe de novo?

O Zé (Padilha) é um grande parceiro. Um diretor que sabe ouvir sua equipe e seus atores e que fez questão de reunir basicamente a mesma turma para a segunda parte do filme. Ele gosta desse negócio de turma. Rafael Salgado, Leandro Lima, Claudia Kopke e, claro, Braulio Mantovani e Daniel Rezende, que dessa vez trabalhou também no set. Uma galera que já sabia qual era o barulho do filme. O Zé é inteligente e o cinema que ele faz me interessa muito. Eu, ele e o Lula Carvalho trabalhamos muito bem juntos.





A questão da paternidade é forte no filme. O que um pai é capaz de fazer por um filho e como isso se constrói ao longo do filme?

A questão da família é, desde o primeiro filme, uma coisa complicada para Nascimento. O nascimento do Rafael detona toda a crise do personagem no “Tropa 1” e agora a relação dos dois é um tema importante do filme. O garoto já tem 13 anos, a história fica mais complexa. Ser pai certamente me deu ferramentas para entender melhor esse tipo de relação.






Nas entrevistas sobre “Tropa de Elite”, você sempre afirma que o filme o surpreendeu com sua repercussão, que você se via tendo que pensar e responder sobre coisas que não esperava. De que forma você acha que “Tropa de Elite 2” influenciará? Que tipo de debate ele vai provocar?

No primeiro filme o espectador via a forma promíscua com que agia um policial, mas a polícia é só a ponta de um iceberg gigantesco. Esse filme vai mais fundo. A polícia é massa de manobra de interesses que historicamente negligenciam as áreas pobres, favorecendo o aparecimento do tráfico e das milícias. Acho que as relações entre polícia e política vão dar material para um bom debate.




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