quinta-feira, 22 de abril de 2010

Bounty Hunter - Caçador de Recompensa








É fácil duvidar da existência de vida inteligente em Hollywood quando o cinema americano produz algo de estupidez ímpar como este longa. Quando você pode contar o número de risadas dadas por uma sala de cinema com os dedos de uma de suas mãos, é um real sinal de desastre...


Gerard Butler é um cara legal, mas precisa de um agente melhor. Nos últimos anos, o ator escocês vem se especializando em produções live-action idiotas, variando entre bobagens divertidas, como “Gamer” e “A Verdade Nua e Crua”, e verdadeiras bombas, como “Código de Conduta”. Mas agora ele exagerou. Ao fazer dupla com Jennifer Aniston em “Caçador de Recompensa”, o ator ajudou o gênero comédia romântica a atingir um baixo abismal com este… treco.

A “história” do “filme” (usando esses termos de um modo bem amplo) mostra Milo (Butler), um ex-policial que, após ser exonerado de sua função por bebedeira, virou caçador de recompensas e está devendo uma fortuna para uma agenciadora de apostas. Sua sorte parece virar ao receber o serviço de levar sua ex-mulher Nicole (Aniston) para a cadeia, já que ela não compareceu à justiça para se defender de uma batida de trânsito.

O problema é que Nicole está investigando um suicídio que pode não ter sido exatamente um suicídio, o que a coloca na mira de um perigoso bandido (Peter Greene). Como Milo consegue capturá-la, acaba entrando na encrenca junto de sua ex. Enquanto isso, os capangas da agenciadora de apostas vão atrás de Milo para surrá-lo até que pague o que deve.

A ideia de um caçador de recompensas tentando prender sua ex-esposa, se bem desenvolvida, podia até gerar boas situações. O problema é que o roteiro escrito por Sarah Thorp simplesmente não se decide sobre o foco que vai ter. Inicialmente, o filme se apresenta como uma comédia romântica, depois muda para uma trama policial, vai para o pastelão, volta pra comédia romântica, depois vira um thriller…

Essa indecisão acaba deixando o espectador confuso sobre o que ele está assistindo e parece que a confusão atinge o próprio diretor, o fraco Andy Tennant. O cineasta não sabe qual ritmo imprimir ao filme ou o escopo que quer dar ao mesmo. Algumas tomadas são filmadas de um modo a tentar dar uma “grandiosidade” que passa longe da intenção (ou das intenções) do longa.

Além disso, Tennant insiste em dar uma importância exarcebada para a trilha sonora, que simplesmente eclipsa a narrativa. Talvez tenha sido essa a intenção, considerando quão ruim esta película é. Para piorar, a própria fita decide simplesmente abandonar um dos seus plots, deixando uma das tramas totalmente sem resolução.

O que deveria ser o pilar de sustentação de uma comédia romântica, os personagens conseguem afundar ainda mais essa barca furada. Milo e Nicole são dois babacas. Sim, você leu direito. Os dois protagonistas dessa coisa (a qual não vou mais me referir como filme) são simplesmente detestáveis, e não no sentido carismático! Os dois são mesquinhos, egoístas e pouco inteligentes, sendo impossível para qualquer ser humano normal se identificar com esse casal.

Milo consegue ser ainda pior, já que fora expulso da polícia por negligência ao dever causada por bebedeira (ou por mera burrice mesmo, vide sua abordagem após uma perseguição). Ele é frequentemente visto com um copo de bebida alcoólica na mão e é um jogador degenerado, devendo até as calças em dívidas de jogo e apostando com qualquer dinheiro que venha a cair na sua mão. Tremendo exemplo, esse personagem. Já Nicole é apenas ridícula, não sendo nem tão repulsiva assim, fora o fato de AINDA ser apaixonada por um idiota desse naipe. Cada Bella tem o Edward que merece, aparentemente.

Nem os coadjuvantes conseguem salvar essa bomba, já que ou são subaproveitados (como a mãe de Nicole, vivida pela geralmente carismática Christine Baranski) ou inúteis (os dois capangas e o “namoradinho” de Nicole). Já o vilão é simplesmente apático, sendo mais um daqueles antagonistas genéricos que mais parece ter saído de um filme do Steven Seagal feito para o mercado de home-video.

Um desastre no mesmo nível de “Contato de Risco”, esta fita anula o carisma de seus atores com uma história ruim, personagens desinteressantes e uma direção equivocada. Com uma duração dilatada, cada um dos 110 minutos de projeção mais parecerá uma tortura chinesa do que uma ida ao cinema para aqueles que se aventurarem nessa monstruosidade nada engraçada.




Thiago Siqueira

cinemacomrapadura.com.br

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