O filme é uma adaptação das histórias em quadrinhos de Jacques Tardi para as telonas.
história começa quando Adèle Blanc-Sec, interpretada pela bela Louise Bourgoin, parte rumo ao Egito em busca da uma cura de uma doença que atingiu sua irmã. Quando volta a Paris, ela percebe que a população local está atormentada devido a um ovo de pterodátilo que estranhamente chocou no museu. A figura pré-histórica começa a ser uma ameaça aos habitantes da cidade e é mais um ingrediente dessa história repleta de aventura e mistério, o que não funciona por representar uma mistura de estilos da França com a forma americanizada de se fazer.
A obra tem a direção do francês Luc Besson, que comandou obras como “Imensidão Azul”, “Subway” e “O Quinto Elemento”. Experiente, mas nem por isso bom, o diretor traça na obra uma série de características próprias que ele insiste em acreditar que funcionem fora de seu país. O humor caricato, seres estranhos, cenas de ação inusitadas e personagens americanizados são alguns exemplos bastante utilizados nesse duvidoso estilo de Besson. Algo que ele consegue encaixar bem são as cenas de ação bem montadas e que não deixam a desejar aos filmes mais conhecidos do gênero.
O conjunto da obra até que funciona na medida em que diverte e envolve o espectador com as cenas de ação e os mistérios da história, algo bem complicado na situação de uma trama extremamente fantasiosa e que mais parece uma continuação bem ao estílo ”lançado apenas em DVD” da franquia norte-americana “A Múmia”. Já o roteiro, também escrito por Besson, só contribui para o que já foi dito antes. Embora repleto de furos, ele mantém o foco na história de Tardi sem deixar de lado o seu estilo próprio. Basta notar as cenas de ação com o toque bem humorado do diretor que parece brincar com a situação. Em uma das cenas, a heroína corre contra o fogo, entra na tumba, cai de uma altura bem relevante, bate nas rochas, entra em um redemoinho na água e sai intacta e fazendo piadinha.
As atuações no filme são fracas. A jovem atriz francesa Louise Bourgoin exala beleza e falta de credibilidade. Ela deveria ser o grande nome da obra, mas não se destaca e, pelo contrário, só contribui para o descrédito da história. O nome mais conhecido da obra é o de Mathieu Amalric, de “Munique”. Ele até tenta fazer um bom trabalho, mas o que atrapalha são os exageros de Dieuleveult. O tempo todo fazendo caras e bocas, em diversos momentos, chega a irritar.
Algo bem notório na obra é a fotografia de Thierry Arbogast que tem o interessante trabalho de figurar por épocas e estilos. Tanto o clima egípcio quanto a França do século XX são bem retratados por um olhar simples e objetivo. Enquanto foca o Egito, o tom de deserto bem nítido predomina e é contrastado quando, na cena seguinte, surge uma cena na França onde o glamour está em todos os cantos. Essa mistura direciona o olhar na obra e surte um efeito agradável e bonito aos olhos.
O que seria desses tipos de filmes sem uma marcante trilha sonora e sem os efeitos visuais que aguçam ainda mais os mistérios? Aqui, a trilha segue à risca e é composta por batidas bem conhecidas do gênero. Embora sem qualquer novidade, ela complementa bem as cenas e finaliza a composição egípcia. Os efeitos visuais, por sua vez, também não acrescentam nada. Eles até funcionam dentro da obra, mas não fora dela como quase tudo no filme. A sensação sempre vai ser de que já se viu aquilo antes.
No fim das contas, o longa consegue cumprir alguns pontos prometidos. Ela diverte sim, mas não com o humor caricato que Besson insiste em levar para suas obras, mas com as cenas de ação bem montadas. Pode-se dizer que o filme é uma mistura da franquia “A Múmia” com o humor de “Asterix e Obelix” e um tanto de “O Quinto Elemento”. Uma obra em que quase tudo é de gosto duvidoso.
NOTA:
5/10
Marcus Vinicius
cinemacomrapadura.com.br
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