A Saga Molusco – Anoitecer: paródia de Crepúsculo é simplesmente um horror
Com certeza a experiência mais próxima de uma sessão de tortura que alguém pode sofrer frente a uma tela de cinema, esta fita aposta na escatologia para tentar fazer seu público rir, falhando de maneira inenarrável.
Avaliação: NOTA 1
O que torna um filme inassistível? Um roteiro ruim, uma direção sem rumo e péssimas atuações? Ora, a soma desses fatores pode resultar em um clássico trash (vide “The Room”, de Tommy Wiseau), mas não em uma obra impossível de se aguentar. No caso específico do gênero de comédia, o que qualificaria uma fita como insuportável seria a inabilidade desta em fazer rir. Esse é o caso de “A Saga Molusco – Anoitecer”, (tentativa de) paródia da franquia “Crepúsculo”.
A despeito de seu título, esta produção não lida com o longa mais recente da “saga”, mas sim com a terceira fita, “Eclipse”, com certeza a que possui maior potencial cômico. No entanto, o “cineasta” Craig Moss (cuja carreira se resume a obras como “Saving Ryan’s Privates” e “The 41-Year-Old Virgin Who Knocked Up Sarah Marshall and Felt Superbad About It”) não conseguiu extrair um só momento cômico durante os torturantes 80 minutos de projeção. E quando você fracassa em fazer piadas sobre a franquia “Crepúsculo” é um belo sinal que você não nasceu para o humor.
Basicamente, o roteiro se limita a repetir a premissa básica de “Eclipse”, acrescentando peidos e piadas sem graça ao longo das cenas. E só. Parece mais aquele menino patético gritando por atenção achando que basta falar alguns palavrões e peidar para ser engraçado. O humor não faz sentido e nem as situações apresentadas. Absolutamente do nada, temos uma invasão de versões de personagens interpretados por Johnny Depp, provavelmente motivadas por alguma angústia sexual mal-resolvida que Moss deve sofrer em relação ao ator.
Para mostrar alguma justiça, o roteiro possuiu duas boas ideias e não conseguiu explorá-las de maneira alguma: mostrar um Jacob obeso (Frank Pacheco) e falar do egocentrismo de Bella (Heather Ann Davis). Só. O elenco é homogeneamente horrível, com o pior dos piores sendo Eric Callero, que interpreta Edward. Perto dele, Robert Pattinson é Marlon Brando. A maior decepção, no entanto, é a participação de Danny Trejo, também fazendo piadas com peidos. Machete merecia mais.
A montagem é uma das piores que já vi. Parece mais uma sucessão de pequenas esquetes intercaladas por travellings com narrações em off absolutamente ridículas. Mesmo sendo extremamente curto, o filme parece durar uma eternidade. Além disso, não sabendo nem ao menos utilizar uma trilha sonora, Moss deixa canções tocando o tempo todo durante o filme, quase como se alguém tivesse esquecido um iPod ligado no fundo do cinema.
O humor involuntário presente nos filmes “Crepúsculo” o torna uma experiência bem mais engraçada do que acompanhar este triste desperdício de celuloide, cuja exibição deve ser a coisa mais próxima de uma tortura que já aconteceu em uma sala de cinema, devendo todos aqueles que trabalharam em sua feitura, produção e distribuição se envergonharem profundamente de terem alguma coisa a ver com esta película.
Mas, após profunda reflexão, percebe-se que “A Saga Molusco – Anoitecer” pode servir para alguma coisa. Alugue-o para ver com os amigos em casa, compre uma garrafa de tequila e faça um drinking game tomando uma dose a cada peido que algum personagem soltar na tela. Vocês se divertirão e provavelmente esquecerão o “filme” após entrarem em coma alcoólico.
P.S.: Tentando prorrogar a tortura, durante os créditos são exibidos uma serie de vídeos em “homenagem” aos fãs de “Crepúsculo”, além de erros de gravação.
P.P.S.: Como nosso sistema só registra notas a partir de uma estrela, esta é a nota que aparece acima, mas considerem esta atrocidade como merecedora de uma nota Zero.
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Thiago Siqueira é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.
Thiago Siqueira é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.
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