segunda-feira, 1 de abril de 2013





The Walking Dead 3x16: 

"Welcome to the Tombs" [Season Finale]


Ué, acabou?! Muitos podem discordar de mim, não tem problema, mas esse definitivamente não foi o final de temporada que eu esperava de The Walking Dead. E não no sentido de “wow, que bom que me surpreenderam”, e sim “sério que o desfecho foi esse?”. Vamos ao comentários...

Bom, pra começar, eu não estava esperava que o Governador fosse morrer no último episódio, que a Andrea fosse ser resgatava com vida e nem que o grupo do Rick fosse fazer uma “festa da vitória”. Mas eu esperava mais tensão do que realmente teve e que o final abrisse as portas para que a série pudesse seguir um novo caminho. Talvez isso tenha até acontecido, mas não de um modo que despertasse minha ansiedade pela chegada da 4ª temporada.


A invasão do Governador e seus seguidores à prisão demorou muito pra ficar interessante. Sim, entendo que tentaram nos enganar com a ideia de que Rick e cia. abandonaram o local e que a guerra estava cancelada. Mas depois de tanto tempo enrolado pro embate entre Prisão e Woodbury acontecer, precisava de mais “perda de tempo”? E eu achei foi engraçado que o povo da “cidadezinha perfeita” simplesmente saiu correndo após uns tiros e bombas de gás. Tá, o medo de morrer faz qualquer um repensar suas escolhas, mas o que eles achavam que iam encontrar? Todo mundo sentado, esperando apenas serem fuzilados?


É do meu jeito ou nada!
E se não rolou carnificina na prisão, o surtado Governador fez questão de não deixar aquele momento passar em branco, nem que isso significasse atirar contra seu próprio time -- essas eram as não sei quantas mortes que o episódio teria ¬¬. Acho que ele não suportou a ideia de Governador um bando de covardes! Voltar pra casa com uma derrota em mãos não era opção pra ele, tanto que nem pra Woodbury ele retornou. Só descobriremos seu paradeiro, e dos únicos dois capangas que restaram, na próxima temporada... O problema é que por mais que tenha gostado da presença e do trabalho de David Morrisey na série, tô cansado dessa rivalidade entre ele e Rick, que até agora não tem levado a lugar algum.

O time da prisão saiu 100% ileso da “guerra”. E mais: ganharam novos integrantes! Para quem demorou pra confiar na Michonne, aceitar as sobras de Woodbury no grupo foi um passo rápido demais pro Rick, não acham? Tudo bem que eram só mulheres, idosos e crianças, mas mesmo assim... Talvez seja o sinal de que o velho e bonzinho Rick esteja voltando. Tanto que, aparentemente, ele se livrou do fantasma da Lori, que teimava em assombrá-lo. 

Pai, se tu fosse macho como eu, muita coisa teria sido diferente. Man up!
Porém, agora é o Carl que promete deixá-lo de cabelo em pé e queixo caído. O fato dele ter matado um garoto que estava se rendendo deixou Hershel preocupado, e, consequentemente, o Rick teve que conversar com o filho sobre sua atitude fria. Ora, esquecem que Carl deu um tiro na cabeça da própria mãe? Gente, esse menino tá traumatizado pro resto da vida, e por mais que ele aparente estar bem e centrado o tempo todo, isso não impede que sua mente esteja sendo afetada por tudo que vem acontecendo ao seu redor. Posso está me precipitando ao dizer isso, mas... Carl tá se tornando o novo Shane!

E se a Andrea fosse um pouco mais parecida com o Carl e tivesse feito o que era preciso para prevenir algo pior no futuro, ela provavelmente teria evitar seu fatídico fim. Durante toda a temporada a personagem foi criticada por ter se unido ao Governador e por tê-lo matado quando teve a chance. O problema nunca foi a personagem em si, mas o caminho que os roteiristas desenvolveram pra ela na série -- pelo que sei, nas HQs ela é bem diferente. Andrea sempre foi um personagem forte, mas que, ao meu ver, nunca foi bem aproveitado. No episódio em que ela fugiu desesperadamente do Governador eu torci muito por ela, por que tinha esperanças de que se ela voltasse pra “casa”, teria a chance de se redimir. Infelizmente, esse não foi o caso. Não chegou a ser uma surpresa sua morte, mas sim a triste constatação de que um personagem que poderia render mais do que rendeu foi descartado.

"Você mata ou morre. Ou morre e mata." -- frase poética do Governador.
E tudo bem que os roteiristas queiram (tentar) surpreender, mas, sinceramente, pra mim a morte da Andrea foi mais movida pelas críticas dos fãs do que por uma decisão criativa. Tanto que se preocuparam em dar oportunidade da personagem se explicar, durante a conversa que teve com o Milton (esse eu tinha absoluta certeza que não ia sobreviver). “Eu só quis ajudar, não queria que ninguém morresse”... Tá, Santa Andrea dos Direitos Humanos... Mas o desabafo não foi o suficiente pra justificar seus “deslizes”. O mundo mudou, e inevitavelmente não dá pra continuar pensando como antes. Alguns valores precisam ser mantidos, claro. É a velha história do que nos diferencia dos zumbis. Mas ingenuidade tem limite, e eu acho que todos nós esperávamos que a Andrea fosse mais esperta.

Pelo menos Andrea partiu com certa dignidade, realizando o que um dia foi o seu maior desejo: dar um tiro na própria cabeça! Michonne estava ao lado dela, como forma de encerrar a parceria das duas. Alguém mais achou que elas estavam prestes a dar um beijo?! É... R.I.P. Andrea... Por mais irritante que você tenha sido, havia pessoa pior pra ir no seu lugar -- Sim, Carol, estou falando de você!

Tchau, miga... Tô partindo...
Talvez eu tenha deixado minha decepção com este “finale” falar mais alto, mas tenho que reconhecer que The Walking Dead teve uma boa temporada, mas não perfeira. Acertou em vários pontos e vacilou em outros, e começou melhor do que terminou. Não sei se as “confusões” nos bastidores, que resultou em troca de showrunner para a próxima temporada, influenciaram em alguma coisa. Só nos resta esperar pelo 4º ano e torcer para que a série volte mais empolgante do que nunca. Até lá, serão meses de pouca ansiedade... -- pelo menos até as novidades e as primeiras imagens começarem a surgir!

E vocês, ficaram satisfeitos com este final de temporada? Acharam justa a morte da Andrea? Ficaram felizes pelo Governador ainda estar vivo? Acham que o Carl devia logo colocar aquela estrela de xerife no peio e botar moral em todo mundo?!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

João e MariaCaçadores de Bruxas (2013): trash, mas nem tanto

Sem conseguir chegar naquele nível de tosqueira que torna um filme trash divertido, esta "atualização" do conto dos irmãos Grimm tem alguns bons momentos, mas morre na mediocridade.

Avaliação:  NOTA 5
 
João-e-Maria-Caçadores-de-Bruxas-poster-nacional

Os contos de fadas “modernizados” são a grande moda hoje em dia na indústria do entretenimento, seja no cinema, na TV ou nos quadrinhos. As atualizações vão desde um tom mais cínico nos seus roteiros, continuações das histórias clássicas ou até mesmo sátiras. Este “João e Maria – Caçadores de Bruxas” tenta ser de tudo isso um pouco, e esse é o seu grande problema.

A trama usa o conto original dos irmãos Grimm como introdução, mostrando os pequenos João e Maria sendo abandonados por seus pais em uma floresta, onde eles encontram uma casa de doces, sendo lá emboscados por uma bruxa. A dupla escapa e mata a bruxa, fazendo disso uma profissão, tornando-se caçadores de recompensa especializados.

Anos depois, agora vividos por Jeremy Renner e Gemma Arterton, João e Maria são contratados pelo prefeito de uma cidadezinha cujas crianças estão sendo capturadas por um grupo de bruxas liderado pela poderosa Muriel (Famke Janssen). Os dois irmãos são a única esperança do mundo, mas mal sabem que a chave para impedir que as criaturas das trevas alcancem seus objetivos está em seus próprios passados.

Dirigido pelo quase desconhecido Tommy Wirkola, o longa adota o mesmo tom semi-trash de “Zumbis na Neve”, trabalho mais “famoso” do diretor. Assim, o filme é bastante gráfico nas cenas de ação, pautadas pelo exagero cômico e até alguns momentos de gore explícito, ressaltados pelo 3D bastante presente durante toda a projeção.

O visual da produção é interessante, enriquecido pelas filmagens externas feitas na Alemanha e especialmente pela presença maciça de efeitos práticos, maquiagens especiais e animatrônicos, o que contribui e muito com a relativamente eficaz direção de arte da fita. Há ainda alguns conceitos interessantes, como João ter se tornado diabético por conta de sua experiência com a casa de doces e até certa influência steampunk nas armas empunhadas pelos irmãos (embora seja um pouco difícil engolir insulina, metralhadoras e armas elétricas na no que parece ser o final do século XVIII).

A despeito dos elementos satíricos, que vão desde bizarros jornais espalhando a fama de João e Maria pela Europa até a hilária paixonite de um troll por Maria, o filme ainda mostra alguma relutância em abraçar a bagaceira e a idiotice de seu roteiro, na tentativa de ser sério, jamais chegando aos pés de clássicos trashes como “Fome Animal” ou “Um Drink no Inferno”, por exemplo.

Jeremy Renner se mostra pouco à vontade em cena. Mesmo convencendo nas cenas de ação, ele está excessivamente contido durante toda a projeção, sem entrar de corpo e alma na brincadeira. Apesar disso, o ator tem uma boa química com a deslumbrante Gemma Arterton, que parece ter compreendido melhor o que a trama deveria apresentar, dividindo ótimos momentos com o canastríssimo Peter Stormare e com os dois “pretendentes” que se apaixonam por ela no decorrer da aventura.

A vilã de Famke Janssen está no piloto automático, não conseguindo nem despertar raiva no público. Ainda temos a bela, mas insípida, Pihla Viitala como a bruxa boa que funciona como interesse amoroso de João, com a beldade europeia não apresentando nenhuma sintonia com Renner. Ainda no elenco está o jovem Thomas Mann, como o fanboy da dupla de caçadores de recompensa.

O grande problema de “João e Maria – Caçadores de Bruxas” é o fato de que, mesmo querendo ser o primeiro de uma série, o longa sequer consegue estabelecer uma personalidade própria nessa empreitada inicial, sem mostrar qualquer característica especialmente marcante, algo até ressaltado por sua trilha sonora completamente genérica. Ele até diverte pontualmente e o visual é interessante, mas é uma obra esquecível, com atuações fracas e uma direção frouxa, sendo apenas uma tentativa medíocre de ser um blockbuster com um pé no gore.

___
Thiago Siqueira
 é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.

Amor (2012): drama denso mostra o fim da vida de um casal

Michael Haneke reflete sobre a desgraça da morte e do amor.

Avaliação:  NOTA 9
 
 
Amor, de Michael Haneke

Logo no começo de “Amor”, novo e já premiado filme de Michael Haneke (dos ótimos “A Fita Branca”, “Caché” e “A Professora de Piano”), acompanhamos os protagonistas assistindo a um concerto. A câmera não mostra o músico, foca apenas na grande plateia que admira a performance até os aplausos finais. Não que tenha sido intencional, mas essa cena fala bastante sobre o ato de assistir a este longa. Enquanto conta a história de “Amor”, Haneke insere seu público naquele espectro trágico e depressivo de seus personagens, como se fosse uma ópera, para apenas acordá-los ao final da projeção.

A trama é focada em Anne (Emmanuelle Riva, soberba) e Georges (Jean-Louis Trintignant, magnífico), um casal que já soma décadas de amor. Após um breakdown, Anne precisa passar por uma cirurgia que deixa sequelas. Ela está paralisada do lado direito do corpo e cabe ao marido cuidar de sua recuperação. Entretanto, o estado de saúde de Anne só se agrava e Georges precisar lidar com o desgaste da vida de ambos.

O roteiro, assinado pelo próprio Haneke, é sutil. Por tomar completamente a atenção do espectador, ele capta também a paciência em acompanhar detalhadamente o desmonte de Anne: da paralisia à incapacidade de se comunicar. Pelos olhos de Georges, vemos não uma obrigação em cuidar dela, mas o que falta em várias relações de hoje: fidelidade. O juramento “na saúde e na doença” se faz válido aqui, ainda que percebamos o desmonte também de Georges, mas de uma forma intimista. O roteiro valoriza a bondade e a paixão dele para com a esposa, mas pincela delicadamente o transtorno que ele vive, seja por meio do pesadelo no meio da noite ou das cenas silenciosas, ao acender um cigarro ou ao contemplar o horizonte.

Haneke confia no potencial dramático de seus atores, que rende cenas belíssimas, ainda que depressivas. O cuidado com o script é visível e quem já passou por algo semelhante reconhecerá a verossimilhança dos conflitos do longa. “Amor” não é melodramático, já que insiste em mostrar, todo tempo, que é um filme sobre amor, não sobre doença. Até mesmo quando chega ao clímax e precisa ser cruel com seus personagens, o longa ainda fala de amor, por mais estranho que possa parecer. Tanto que a sequência final homenageia Anne e Georges, aliviando sim a tragédia, mas sendo pura poesia.

A relação catastrófica incomoda em alguns momentos, seja pela não aceitação de Anne de sua condição, seja pela forma com que Georges lida com alguns conflitos, forçando um pouco o negativismo do longa. Não existe também grande beleza estética da narrativa, talvez por opção pensada de Haneke em não transformar o longa em algo visualmente impecável. A força está no roteiro e nas atuações. A trilha sonora delicada pontua as sequências essenciais para a imersão do espectador, principalmente porque revisita o passado dos protagonistas como professores de música.

“Amor” também conta com a sempre bela Isabelle Huppert, que teve um ano incrível ao lado de diretores de grande porte, como o próprio Haneke e Sang-soo Hong, em “In Another Country”. A montagem suaviza a longa duração, que poderia ter menos tempo, mas que tem um elenco tão magnético que é impossível perder o interesse. Ao final da sessão, ficam claras a paixão da crítica internacional pelo filme e a certeza de que deverá sair com um Oscar nas mãos.

___ Diego Benevides é editor-executivo, crítico e colunista do CCR. Jornalista graduado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), é pós-graduando em Cinema e Linguagem Audiovisual, especialista em Assessoria de Comunicação, pesquisador em Audiovisual e educador na linha de Artes Visuais e Cinema. Desde 2006 integra a equipe do portal, onde aprendeu a gostar de tudo um pouco. A desgostar também.

Lincoln (2012): um dialógico e político Steven Spielberg

Filme com mais indicações aos Oscar 2013 traz o cineasta mais contido diante de um roteiro meticuloso e eloquente sobre um dos episódios mais importantes da história dos EUA. 



Avaliação:  NOTA  8
 
Lincoln

Steven Spielberg é o maior dos cineastas quando o assunto é aventura. Porém, ele exibe fragilidades ao filmar dramas históricos, como vem se especializando. Seus dois últimos longas são expoentes da qualidade distinta de seu trabalho como diretor. Se em “As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne” a intensidade e a diversão são evidentes, em “Cavalo de Guerra” Spielberg perde a mão ao introduzir o drama, como acontece em outros projetos do gênero.

É, por vezes, sentimentalista, piegas com seus diálogos inverossímeis e trilha sonora demasiadamente emotiva. A temáticas importantes que trata juntamente com a destreza técnica de suas obras, porém, fazem seus trabalhos se destacarem, tornarem-se referência. Em “Lincoln”, no entanto, ele está mais contido. Em seu primeiro longa verdadeiramente político, ele concede a Tony Kushner, o roteirista, a função principal de contar uma trama detalhista e, até certo ponto surpreendente, sobre um dos fatos mais importantes da história dos EUA: a abolição da escravatura no país.

O desejo de libertar os negros advém do próprio presidente norte-americano, Abraham Lincoln (Daniel Day-Lewis), que, depois de ter sua proposta derrotada, insiste em aprová-la em pleno período de guerra. Estamos em 1865. A Guerra de Secessão já não está mais em seu auge, mas as batalhas entre o Norte libertário e os Estados do Sul escravocratas da nação americana persistem. A oposição democrata na Câmara dos Representantes (equivalente a dos Deputados), porém, é ferrenha. Os mais radicais não aceitam qualquer possibilidade de igualdade entre brancos e negros. Por isso, algumas manobras políticas são realizadas para os congressistas mais maleáveis votarem a favor da 13ª Emenda, possibilitando o fim, pelo menos constitucional, da submissão racial.

Não se engane. “Lincoln” não é um filme biográfico sobre a história de vida do 16º presidente americano. O objeto é a 13ª emenda à Constituição e o consequente fim da escravidão. A Guerra Civil serve apenas para contextualizar o período tenebroso que o país vive e influenciar as escolhas dos deputados acerca do assunto. São poucas as cenas de batalhas e mortes, das quase 1 milhão que ocorreram entre 1861 e 1865. Estamos diante de um longa eminemente político, em que as ideias se sobrepõem aos fatos, em que a emoção perde certo espaço para a razão, para as crenças e para as “picuinhas” políticas.

O maior acerto do roteiro de Kushner, adaptado do livro “Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln”, de Doris Kearns Goodwin, é mostrar com riqueza de detalhes como um polêmico projeto alcança aceitação de diversos parlamentares oposicionistas em questão de dias. Apesar de ainda ser acometido por uma inocência em que interesses particulares estão pouco envolvidos, a trama exibe com louvor as manobras do presidente e toda a sua equipe para o convencimento dos não-aliados, seja por meio de promessas de cargos no Governo e simples argumentos ideológicos, seja, principalmente, por omissão de informações essenciais sobre o transcorrer da guerra.

Não há nada de romântico nesse processo. Tratam-se, sobretudo, de negócios em que todos buscam ganhar ou defender o posicionamento e a autoridade de seu respectivo partido. E Kushner exibe tudo isso por meio de diálogos e mais diálogos. Em certos momentos, a impressão é de que nem estamos assistindo a um filme de Spielberg vide o falatório incansável da maioria das cenas. O cineasta, porém, se aproveita dos diversos momentos de eloquência do texto do roteirista para botar em prática suas exaltações e emoções, dando um pequeno e bem administrado coração ao filme, por mais que a trilha exagerada de John Williams trabalhe contra isso. E esses momentos acontecem, principalmente, quando temos o protagonista em cena.

Abrindo espaço para o Lincoln pai de família, que é mais carinhoso com o filho mais novo do que com o mais velho e mantém uma relação turbulenta com a esposa, Kushner, porém, dá ao Lincoln presidente e líder dos republicanos uma atenção maior acertadamente. Trata-se de um homem que tem na dignidade e na oratória suas grandes qualidades. No entanto, por vezes, o texto esbarra no mito que circunda Lincoln, que a bonita fotografia de Janusz Kaminski faz questão de ressaltar. Parece com medo de exibir alguma falha de caráter no presidente recentemente reeleito. Até mesmo suas estratégias políticas duvidosas são inocentadas com lições de moral, muitas delas advindas de causos muito bem contados.

Mas se o texto parece contraditório ao mostrar a desejada pureza do personagem, Daniel Day-Lewis faz dele um homem extremamente verossímil e carismático. Em mais uma performance impressionante, o ator inglês surge com uma voz arrastada, que jamais se exalta, o corpo curvado e um gestual incisivo. Se apreciamos sua técnica em suas primeiras cenas, Day-Lewis “desaperece” pouco depois para dar lugar a Lincoln, por inteiro. Outro destaque entre os atores é Tommy Lee Jones. Como o radical republicano Thaddeus Stevens, um dos principais apoiadores da abolição, Jones acerta o tom (ora cômico, ora dramático) e ajuda a história a sair das redondezas do protagonista e mergulhar na Câmara. O desfecho de sua trama é particularmente comovente.

Vale elogiar também os desempenhos de David Strathairn, como o secretário de Estado William Seward, e de James Spader, como W. N. Bilbo, homem contratado para convencer secretamente alguns democratas contrários à Emenda, servindo como um ótimo alívio cômico. O elenco traz ainda nomes reconhecidos da dramaturgia americana, como John Hawkes, Hal Holbrook, Jack Earle Haley e Michael Stuhlbarg, todos em ótimos trabalhos. A única que destoa do desempenho dos colegas é Sally Field, extremamente estridente como a primeira dama dos EUA e uma das poucas mulheres da trama.

Se às mulheres sobram poucos espaços, o mesmo pode-se dizer dos negros. Permancendo na esfera política, o filme pouco se preocupa com o público alvo da 13ª Emenda. “Lincoln” não é um filme social. Trata-se de um projeto atípico de Spielberg, de poucas cenas externas, maniqueísmo quase controlado, diálogos abundantes e de difícil compreensão para os menos atentos. Dono de qualidades evidentes, mas de erros perceptíveis, o longa é muito mais um trabalho de roteirista do que de diretor, o que não o faz menos importante para a sociedade americana. As 12 indicações ao Oscar são justas, mas não merece ir muito além, apesar do favoritismo.
___ Darlano Dídimo é crítico do CCR desde 2009. Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é adorador da arte cinematográfica desde a infância, mas só mais tarde veio a entender a grandiosidade que é o cinema.

As estreias de janeiro: The Following, The Carrie Diaries, Deception e mais!

Ano novo, vida nova, séries novas! 

2013 mal começou, mas além de eventos, como o 70º Globo de Ouro, que revela seus vencedores no próximo domingo, 10 de janeiro, 8 novas séries já vão dar as caras neste primeiro mês do ano, além, claro, do retorno de muitas veteranas que entraram em hiatus desde o fim do ano passado. 

Abaixo, você confere um pouco sobre o que a TV vai nos trazer de novo em janeiro:

  • 07/01 – Deception (NBC)
Quando a socialite e festeira Vivian Bowers é encontrada morta após uma overdose, ninguém fica surpreso. A herdeira do império farmaceutico Bowers foi capa de tabloides por anos: ousada, bonita, privilegiada… e agora morta aos 32 anos. Mas para o agente do FBI Will Moreno, há algo de podre nessa disnastia. Convencido de que a morte é um homicídio, ele tem um plano para chegar à verdade, materializado na detetive Joanna Locasto. Há 20 anos, ela era amiga de Vivian e cresceu na casa dos Bowers. E quando Joanna aparece no funeral, a família a re-integra como membro. Joanna guarda segredos e pistas do porquê a vida de Vivian estava em perigo ao mesmo tempo que entra em um antigo romance e redescobre a vida de luxo que teve um dia. Deception é criação da produtora executiva e roteirista Liz Heldens (Friday Night Lights) e diretor Peter Horton (Grey’s Anatomy, Dirty Sexy Money) junto dos produtores executivos Gail Berman, Lloyd Braun e Gene Stein. A série é da Universal Television e BermanBraun.
No elenco: Laz Alonso (do filme Avatar), Meagan Good (Californication), Victor Garber (Alias), Tate Donovan (Damages), Katherine La Nasa (Alfie), Neil Jackson (do filme Quantum of Solace), Ella Rae Peck (Gossip Girl).

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=MpYIghQjBms





  • 10/01 – 1600 Penn (NBC)
Os Gilchrists são uma família comum americana lidando com problemas normais, como uma criança crescida sendo forçada a voltar a morar com os pais, crianças mais inteligentes que os professores e uma madrasta que tenta a todo custo ganhar a afeição dos enteados. Em outras palavras, eles são como qualquer outra família, com uma exceção: eles vivem em uma casa especial, a Casa Branca. Seja entretendo diplomatas, fugindo da vigilância para sair com os amigos, lidar com paixonites na escola ou colocando fogo no recinto (no sentido figurado e literal), não há um momento de tédio na Casa Branca quando os Gilchrist estão por perto. Por exemplo, o primogênito é o administrador financeiro da Casa, mas também é a “cola” que une a família. O presidente sabe que pior do que ser o chefe de uma nação, é ser o chefe de uma família. Esta série ao estilo Modern Family encontra The West Wing em ano eleitoral é produzido pelo produtor executivo vencedor do Emmy Jason Winer (Modern Family), com participação de Jon Lovett (ex-representante da Casa Branca). A série será produzida pela 20th Century Fox.
No elenco: Jenna Elfman (Dharma and Greg), Josh Gad (do show da Broadway The Book of Mormon), Bill Pullman (dos filmes Independence Day e While You Were Sleeping), Martha Maclsaac (do filme Superbad), Andre Holland (Friends With Benefits), Amara Miller (do filme The Descendants), Benjamin Stockham (Sons of Tucson).

http://www.youtube.com/watch?v=NrfHnQ_Y_pQ&feature=player_embedded



  • 11/01 – Banshee (Cinemax)
A nova série de Alan Ball (Six Feet Under, True Blood) tem como cenário uma pequena cidade da Pensilvânia – Banshee e conta a história do ex-criminoso Lucas (Antony Starr), mestre em artes marciais, que assume o posto de xerife na cidade, fazendo suas próprias leis, ao mesmo tempo em que mantém ativas suas atividades criminais e esteja procurado por gângsters a quem ele traiu no passado como Mr. Rabbit, que há 15 anos vem caçando Lucas. Outros personagens povoam a história, como Lotus, o delegado do departamento de polícia de Banshee; Siobhan Kelly, uma jovem delegada e Dan Kendall, o jovem prefeito da cidade.
No elenco: Odette Annable (House), Demetrius Grosse (Justified), Daniel Ross, Matt Servitto (Harry’s Law e Brotherhood) e Frankie Faison (The Wire).


 http://www.youtube.com/watch?v=tn6Z7NHLENs&feature=player_embedded

  • 14/01 – The Carrie Diaries (CW)
O ano é 1984 e Carrie é recém-chegada aos 16. Ou seja, encontra-se naquela fase onde é complicado segurar os desejos juvenis e onde o medo do futuro começa a bater cada vez mais forte na porta. Sua mãe morreu há pouco e ela vive às turras com a irmã cada vez mais rebelde Dorrit e o pai Tom, que assume toda a responsabilidade de cuidar de 2 adolescentes. Os amigos de Carrie – a nerd Mouse, a sarcástica e segura de si Maggie e o sensível Walt – fazem a vida ser melhor, mas uma vida no subúrbio em Connecticut não é bem o que ela precisa para fugir de seus problemas. E mesmo que a chegada do sexy e novo estudante Sebastian traga algo de diferente, Carrie está lutando para superar a dor. Então, quando Tom lhe oferece a chance de um estágio em uma firma de advocacia em Nova York, ela aceita o desafio. Os olhos de Carrie estão abertos para o glamour de NY e quando ela conhece Larissa, editora de uma revista, ela é inspirada pela cultura de festas e pelas particularidades do universo de Larissa. Os amigos e a família de Carrie podem ter um grande lugar em seu coração, mas ela está apaixonada pela primeira vez e  pelo homem mais importante de sua vida – Manhattan.
A série traz Anna Sophia Robb (Soul Surfer) como Carrie Bradshaw, Austin Butler (Switched at Birth, Life Unexpected), Sebastian Kydd e Ellen Wong.
Baseada nos livros “The Carrie Diaries” e “Summer and the City” de Candace Bushnell.



  • 17/01 – Legit (FX)
Legit acompanha a vida de Jim (Jim Jefferies), comediante de sucesso, mas que possui uma característica peculiar: aversão ao ser humano. Na busca por mudança e tentando ser uma pessoa melhor, ele procura a ajuda de seus melhores amigos, os irmãos Steve (Dan Bakkedahl) e Billy (D.J. Qualls). Foram encomendados 13 episódios para a primeira temporada.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=I-DiGetcfvA

  • 21/01 – The Following (FOX)
O FBI estima que há mais de 300 serial killers ativos nos Estados Unidos. O que aconteceria se eles tivessem uma forma de se comunicar? E se eles conseguissem trabalhar juntos e formar alianças pelo país? E se um deles for inteligente o suficiente para liderá-los? Sejam bem vindos a The Following, o novo thriller do criador e produtor executivo Kevin Williamson (The Vampire Diaries, Dawson’s Creek). Quando o grande serial killer Joe Carroll escapa do corredor da morte, tem sede de morte,  o FBI chama o ex-agente Ryan Hardy para ajudar a solucionar o caso. Hardy foi o responsável pela captura de Carroll, há nove anos, pela morte de 14 estudantes do campus da universidade da Virginia, onde ele ensinava literatura. O agente também está escrevendo um livro relacionado a Carroll, pois o conhece melhor do que qualquer outra pessoa; talvez ele seja a única pessoa que o compreenda de verdade. Mas Hardy não é o mesmo homem de antes; ele ainda carrega as feridas físicas e psicológicas da busca por Carroll. Esse novo caso seria a redenção do agente, que trabalhará junto dos agentes Jennifer Mason e Mike Weston. A investigação leva Hardy até a ex-mulher de Carroll, Claire Matthews, e Joey, filho do casal.
No elenco: James Purefoy (Rome), Kevin Bacon (do filme X-Men: First Class) , Jeananne Goosen (Alcatraz), Shawn Ashmore (de X-Men), Natalie Zea (Justified), o estreante Kyle Catlett

 http://www.youtube.com/watch?v=f8H4ewQzKFM&feature=player_embedded

  • 30/01 – The Americans (FX)
A série conta a história dois espiões da KGB que se apresentam como um casal normal de Washington, D.C, Phillip e Elizabeth , cuja missão continua a ser um segredo até mesmo para os seus filhos. O casal passa por conflitos pela crescente atração de Phillip pelo modo de vida americano, e a pressão de descobrir que o seu vizinho, Stan, é um agente do FBI . O casal também deve lidar com um relacionamento cada vez mais real e íntimo, enquanto eles navegam na complexa teia de espiões e informantes pelos quais eles são responsáveis.
No elenco: Matthew Rhys (Brothers & Sisters), Keri Russell (Felicity) e Noah Emmerich.

 http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=gth9kl2Q4I0

  • 31/01 – Do no Harm (NBC)
O doutor Jason Cole é um neurocirurgião respeitado que tem tudo na vida – uma carreira lucrativa, charme, compaixão. Mas ele também tem um segredo guardado. Em uma manhã, acorda desorientado em um quarto de hotel com várias mulheres semi nuas que ele nunca viu antes, mas sabe de apenas uma coisa: está acontecendo de novo. Todas às noites, na mesma hora, algo dentro de Jason muda, deixando-o quase irreconhecível: sedutor, malvado, quase um sociopata. Esse novo homem é sua personalidade alternativa conhecida como Ian Price. Por anos, ele lutou contra Ian, mantendo-o sob controle com um poderoso sedativo expermental. Mas agora o seu corpo desenvolveu resistência ao remédio, libertando Ian novamente. E, para piorar, depois de ser reprimido por tanto tempo, Ian pretende se vingar. Todos ao redor de Jason correm perigo, incluindo pacientes, amigos, colegas de trabalho e possíveis namoradas e ele precisa conter Ian. Será que conseguirão chegar a um equilíbrio ou um terá que destruir o outro? A série será produzida pela Universal Television e Traugott Company. O roteirista e produtor executivo é David Schulner (Desperate HousewivesThe Event), junto de Peter Traugott e Rachel Kaplan (ambos de Ringer) e Michael Mayer (Smash).
No elenco: Steven Pasquale (Rescue Me), Alana De La Garza (Law & Order), Mousa Kraish (do filme Superbad), Michael Esper (do filme A Beautiful Mind), Ruta Gedmintas (The Borgias), Phylicia Rashad (The Cosby Show).



http://www.youtube.com/watch?v=O_3kRdFwLEM&feature=player_embedded 



FONTE: http://www.apaixonadosporseries.com.br/series/as-estreias-de-janeiro-the-following-the-carrie-diaries-deception-e-mais/







[Primeiras Impressões] 

Hunted




Hunted é a nova co-produção da BBC One e do Cinemax que estreou no Reino Unido essa semana e chegará nos EUA a partir do dia 19 de outubro. Apesar de não ainda não ter data de estréia por aqui, a série já foi apresentada ao Brasil. O piloto da série de Frank Spotnitz (criador de Arquivo X) foi exibido em uma sala de cinema no RioMarket 2012, no dia 2 de outubro. Há spoilers leves no texto. Se você ainda não assistiu o episódio e não se importa em saber algumas informações sobre a história, pode ler tranquilo. Não há nada extremamente revelador e você ainda terá surpresas quando assistir. Se você gosta de assistir sem saber de nada, é melhor assistir o episódio antes de ler o resto.


A protagonista é Sam Hunter, representada por Melissa George (de Grey’s Anatomy e Alias), uma agente de uma empresa privada que sobreviveu à uma tentativa de homicídio. Após ficar um tempo afastada, ela retorna a empresa, com a missão de descobrir quem foi o mandante, já que ela desconfia que tenha sido alguém da própria equipe. É uma série de espionagem que segue a linha de Alias, com o jogo de espiões onde ninguém confia em ninguém. A produção e formato, no entanto, lembra bastante as séries de tv a cabo, como Homeland, por exemplo. A primeira temporada será curta, com apenas 8 episódios de quase um hora de duração. O piloto foi impecável, com excelentes atuações, roteiro caprichado e uma direção belíssima, com os magníficos cenários típicos das produções britânicas. O episódio é envolvente a ponto de manter a atenção do expectador durante os 20 primeiros minutos com praticamente nenhum diálogo. O silêncio é compensado com algumas cenas de ação e outras que contam com a atuação expressiva de Melissa George. Confesso que não conhecia a atriz, mas fiquei impressionada com a eficiência dela. Vamos combinar que essa técnica é um tanto arriscada. Usar pouquíssimas palavras durante um terço de um episódio que tem como função apresentar a série pode ser estranho e até entediante para quem está acostumado com a maioria das séries, que são mais “didáticas”, passando metade do tempo usando diálogos para nos explicar o que está acontecendo.


 

Achei essa primeira parte uma experiência interessante. Diferente do comum. A trilha sonora e os barulhos de fundo me levaram para dentro da série. Não era só sentar no sofá e esperar a história ser despejada e explicada para mim. Era como se eu tivesse que prestar mais atenção, ou poderia não perceber algo importante. Foi interessante, como expectadora, ser tratada como alguém inteligente, que tem a capacidade de entender a história sem precisar de uma explicação falada. Essa parte me forçou a usar os outros sentidos. Ouvir os barulhos ao redor e realmente observar as cenas. Claro que nada disso funcionaria sem uma boa direção e boas atuações. Mesmo sem saber absolutamente nada sobre a história neste ponto, em nenhum momento eu me senti perdida.

A trilha sonora, que é uma coisa que normalmente eu não presto muita atenção, foi muito bem colocada. Ela estava lá apenas em momentos apropriados. Na cena do bar, quando acontecia uma perseguição, a falta de música fez o meu coração parar. Ouvimos galinhas, passos, respirações e até o barulho que as roupas fazem ao se movimentar. Até quem assiste começa a controlar a respiração. E bruscamente, no momento certo, a trilha volta.

 

Tudo indica que há uma grande conspiração envolvendo a vida de Sam. Não apenas o atentado à sua vida, mas também relacionado à algum acontecimento de sua infância. Ainda não sabemos em quem confiar. Mau podemos ter certeza se podemos confiar em Sam. A partir da segunda parte do episódio, conhecemos a empresa de inteligência. Apesar de ainda não terem sido muito trabalhados, os outros personagens parecem ser interessantes e com potencial. Tem os mais simpáticos e os mais desagradáveis, mas não podemos botar a mão no fogo por nenhum deles. Eu li que a série se focará nesse mesmo caso durante toda a temporada, o que é uma excelente notícia para quem prefere grandes histórias em vez de procedurais. Se a série for renovada, cada temporada se passará em uma cidade européia diferente.

Esse foi o melhor piloto que assisti até agora nessa Fall Season e acho que a série tem bastante potencial. Quem gosta de um drama de espionagem bem feito e de séries britânicas, deve conferir. Não se deve julgar uma série pelo piloto, mas quando ele chega nesse nível, é muito difícil o resto da temporada não valer a pena. Hunted com certeza entrou na minha lista. As cenas do próximo episódio me deixaram bem curiosa. 
FONTE: http://www.apaixonadosporseries.com.br/series/primeiras-impressoes-hunted/

[Primeiras Impressões] 

The Following

 


Desde que The Following foi apresentada na Comic-Con de 2012 muitos falaram sobre ela, e com grandes expectativas. Depois de ver alguns vídeos promocionais, entrevistas e várias matérias internacionais falando bem da série, fiquei com medo do tanto de expectativa que já estávamos pondo sobre ela, porque como vi no twitter, não era só eu.

Mas felizmente depois de assistir ao episódio piloto, The Following foi capaz de surpreender e de nos deixar ansiosos esperando o próximo episódio. Isso é um mérito, poucas séries conseguem esse feito. A maioria dos pilotos são afobados em tentar mostrar toda  a história, todos os personagens nos 40 minutos numa tentativa desastrada de prender o espectador, ou fazê-lo entender a história toda para poder acompanhar o resto da temporada.

The Following mostra muito bem sua premissa, sem entregar todo o ouro. Já começa com um bandido – Joe Carroll – fugindo da prisão e com o FBI chamando um ex-agente para caçá-lo novamente. Já de início vemos que esse agente, Ryan Hardy tem vários problemas, começa o episódio já bebendo e, quando se encontra com outros agentes do FBI e da polícia todos têm ressalvas para trabalhar com ele. Aos poucos durante o episódio mostram o porquê desse desgosto por ele. E acredito que não mostraram tudo, tem muito mais do Hardy para vermos. Em poucos minutos também vemos a influência que o psicopata Joe Carroll exerce nas pessoas.

Para quem ainda não viu a série, tem alguns bons motivos para fazê-lo:

Primeiro a história. The Following não entregou toda a história no episódio piloto e temos só algumas pistas de como ela se desenrolará. Carrol tem uma fixação pelo Hardy, e vão mostrar isso na série. Parece que The Following terá dois pontos centrais, o bem e o mal. Sabemos que isso não existe, e o próprio Joe deixa claro que não existe preto no branco, mas que em algumas situações é necessário que se assumam esse papel. Foram certeiros também ao não mostrar muito dos personagens, privilegiando a história. Tirando Ryan e Joe, sabemos muito pouco dos outros, e sabemos que eles serão importantes.

O segundo motivo é a dupla protagonista, o mocinho e o bandido. Ficamos interessados em saber do que são capazes, de como lidarão com a história, o que os motiva. Não é o caso do mocinho super-herói, honrado e altruísta. Também não é focado no Joe como um super psicopata. É em como eles desenvolverão essa relação, o que eles querem para si, como vão seguir em frente. E até onde os seguidores de Joe Carrol estão infiltrados? Do que eles são capazes?


Suspense. Esse é um bom motivo para qualquer um assistir uma série. Em The Following o suspense é constante, ficamos todo o tempo apreensivos sem saber o que pode acontecer, sem saber quem está ajudando quem. Em alguns momentos do episódio perguntei “quem vai morrer agora” só para ser surpreendida pela reviravolta da história e nada do que imaginei acontecer. É muito bom quando não podemos imaginar o que acontecerá em seguida, e a série mostra a capacidade de ir além de óbvio. Para completar o tema, temos algumas cenas fortes em que somos obrigados a fechar os olhos ou olhar pro lado.



Outro bom motivo é o desempenho dos atores. Kevin Bacon e James Purefoy estão muito bem em seus papéis, conseguem passar as nuances da personalidade dos seus personagens, aquelas que são importantes no momento. E nenhum dos outros atores desapontou, mesmo que eles não tenham tido muitas chances de mostrar o trabalho. Sabemos que atores como Shawn Ashmore, Natalie Zea e Annie Parisse terão chances de brilhar em cena.

The Following foi muito feliz na sua edição, mostrando flashs do passado, da primeira investigação de Hardy para contextualizar os acontecimentos presentes. Para quem gosta de séries de investigação e não de procedurais a série é uma boa pedida, não teremos um caso por semana, e se tivermos, serão todos conectados com Joe Carroll e seus seguidores.

Se esses motivos ainda não foram suficientes para ir assistir The Following, teremos muitas referencias à Edgar Allan Poe na série e muita inspiração na sua obra.



Trecho do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe, tradução de Machado de Assis.


FONTE:   http://www.apaixonadosporseries.com.br/series/the-following/