domingo, 29 de janeiro de 2012

Precisamos Falar Sobre o Kevin: história trágica e densa sobre mãe e filho

Longa baseado em romance norte-americano é estrelado por Tilda Swinton, que interpreta uma mãe assombrada por episódio trágico envolvendo o filho primogênito.

Avaliação: NOTA  10
 
 


Para quem foge de informações cruciais sobre um filme, respeitarei a vontade dos mesmos e não entregarei o cerne da trama de “Precisamos Falar Sobre o Kevin”, obra baseada no romance homônimo escrito em 2003 pela norte-americana Lionel Shriver. Afinal, àqueles que não leram o livro, recomendo que mantenham-se longe até mesmo de informações da sinopse do IMDb (The Internet Movie Database), que entrega em três linhas o resultado final de 112 minutos de uma história que é um soco de mão cheia na boca do estômago.

O filme começa com a situação atual de Eva Khatchadourian (Tilda Swinton, sempre ótima), uma mulher em depressão, desempregada, vivendo sozinha sem rumo em uma casa de uma pequena cidade, onde sofre com o ódio de alguns moradores. Nesse ambiente tedioso e extremamente melancólico, vemos o cotidiano de Eva se costurar, por meio de flashbacks, com um passado não tão distante.

Casada com Franklin (John C. Reilly), ela dá à luz a Kevin, o primogênito da família, que gera conflito entre mãe/filho desde o berço. A relação entre os dois permeia todo o filme, até atingir o ápice na adolescência do garoto, muito bem interpretado pelo jovem Ezra Miller. O nascimento da doce Celia (Ashley Gerasimovich) vem complicar ainda mais a convivência de Eva com Kevin, que se mostra um filho exemplar para o pai, indiferente diante das tentativas da esposa de alertá-lo com relação às maldades do adolescente. O título do livro/filme, assim, não poderia ser mais adequado.

Em uma edição primorosa, que entrega em doses homeopáticas as peças deste quebra-cabeça tenso e mórbido, “Precisamos Falar Sobre o Kevin” tem um tom de suspense crescente e constante. Por vezes fantasmagórico, prende o espectador na cadeira o tempo todo graças à diretora Lynne Ramsay (que também adaptou a obra para a telona em parceria com Rory Kinnear), que conduz a dupla Tilda Swinton e Ezra Miller com competência louvável, aproveitando ao máximo os olhares e os silêncios – que não são poucos e funcionam muito bem. Não é à toa que Ramsay disputou a Palma de Ouro de Melhor Direção no Festival de Cannes 2011, perdendo para Nicolas Wind Refn, diretor do ainda inédito “Drive”.

Da fotografia confortante que alterna entre amarelo e vermelho dos momentos em família às caóticas imagens fora de foco e de movimentos bruscos que retratam a opaca existência atual de Eva, o longa se posiciona em flashes da mente perturbada de Eva, em que as lembranças perturbadoras casam com a frieza natural e temerosa da figura de Tilda. Ela, vencedora do National Board of Review e indicada ao Screen Actors Guild (SAG), Bafta e Globo de Ouro, ficou de fora na corrida pelo Oscar, que cedeu a já esperada vaga a Rooney Mara, de “Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres“.

Simbologia clara à Eva bíblica, em uma analogia cristã à “mãe de todos nós”, embora o filme não se embrenhe no campo religioso, a personagem carrega uma culpa dilacerante como uma mãe e como um ser humano prestes a explodir, como se sobreviver já se tratasse de um esforço superior ao que poucos seriam capazes de suportar após o grande trauma que a assola.

E nestes lapsos mostrando a trama em migalhas, como se estivesse em um pesadelo, deixamos com que nossa imaginação, mais cruel que a própria realidade, nos surpreenda e nos entregue o tão pesado epílogo. Brutal, cruel e sincero ao extremo, “Precisamos Falar Sobre o Kevin” prova que, entre tantas histórias da ficção que justificam a maldade, ela pode ser tão natural como o aquele pecado cometido pela Eva original e seu Adão no tal grande livro escrito há quase dois mil anos.
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Léo Freitas formou-se em Jornalismo em 2008 pela Universidade Anhembi Morumbi. Cinéfilo desde a adolescência e apaixonado por cinema europeu, escreve sobre cinema desde 2009. Atualmente é correspondente do CCR em São Paulo e desejaria que o dia tivesse 72 horas para consumir tudo que a capital paulista oferece culturalmente.

Ator Tom Hiddleston fala sobre Os Vingadores e sequência de Thor

Ator elogia o trabalho do diretor Joss Whedon,


Em conversa com o Belfast Telegraph, o ator britânico Tom Hiddleston (“Cavalo de Guerra”) falou um pouco sobre seu envolvimento nos projetos cinematográficos da Marvel.

Sobre sua experiência em “Os Vingadores”, o intérprete do ora vilão, ora aliado Loki comentou que gostou muito de trabalhar com o diretor Joss Whedon (“Toy Story”). “Ele é muito divertido… Joss é uma pessoa extraordinária”, disse o ator. “Ele tem um senso de humor brilhante e irreverente, um conhecimento profundo do gênero dos quadrinhos, e sabe respeitar as tradições que envolvem esse tema”, completou Hiddleston.

O trabalho do ator como vilão Loki  não acaba por aqui. Ao ser perguntado sobre a sequência “Thor 2″, o ator tentou não entrar em mais detalhes. “‘Thor 2′ vai acontecer. O sinal verde foi dado e acho que as filmagens vão acontecer em Londres, na primavera. Chris Hemsworth e Natalie Portman estão de volta. Eu ainda não vi o roteiro. Sinto que aqui a Marvel já está me observando com franco atiradores a postos”, brincou o ator sobre o sigilo com que a história é levada.

Na trama de “Os Vingadores”, os heróis Hulk, Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Viúva Negra, Gavião Arqueiro e Nick Fury unem-se para derrotar o vilão Loki e seus aliados em uma tentativa de conquistar o nosso planeta.

O elenco é composto por Chris Evans (“Scott Pilgrim Contra o Mundo”) como Capitão América, Robert Downey Jr. (“Um Parto de Viagem”) como Homem de Ferro, Mark Ruffalo (“A Ilha do Medo”) como Hulk, Jeremy Renner (“Atração Perigosa”) como Gavião Arqueiro, Chris Hemsworth (“Thor”) como Thor, Samuel L. Jackson (do inédito “Django Unchained”) como Nick Fury, Scarlett Johansson (“Ele Não Está Tão a Fim De Você”) como a Viúva Negra, entre outros.

“Os Vingadores” tem roteiro e direção de Joss Wheadon (das séries “Buffy – A Caça-Vampiros” e “Firefly“), está marcado para estrear nos EUA no dia 04 de maio desse ano, chegando ao nosso país no dia 27 de abril do mesmo mês.

Hasbro lança óculos para estreia de Star Wars: A Ameaça Fantasma em 3D

Fãs poderão ganhar óculos 3D na estreia do filme.


George Lucas retorna ao cinemas com “Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma” e, além do 3D, uma das formas criadas para atrair novamente o público aos cinemas será os brindes para quem garantir a compra dos ingressos: nos cinemas Real D (o Cinemark no Brasil, por exemplo) e AMC serão entregues óculos 3D (da marca Hasbro) para os fãs que comprarem os ingressos para a estreia. Ainda não foi confirmado se haverá essa promoção no Brasil. Veja abaixo uma foto dos óculos, que possuem em sua arte a imagem do vilão Darth Maul:

Lançado originalmente em 1999, “A Ameaça Fantasma” foi considerado por muitos críticos o episódio mais fraco da já controversa nova trilogia, mas cumpriu seu papel de apresentar a franquia a um público novo. A trama acompanha uma crise entre o pacato planeta Naboo e a poderosa Federação de Comércio que, influenciada por um líder misterioso e sinistro, decide tomar medidas extremas e inicia uma invasão. Um mestre Jedi (Neeson) e seu aprendiz (McGregor) são convocados para agir em auxílio da rainha de Naboo (Portman) e, durante uma fuga, acabam deparando-se com um jovem escravo (Lloyd) de um planeta afastado e pobre. O mestre, percebendo um imenso poder no garoto, decide levá-lo ao conselho Jedi. Mas antes, terão que vencer um mal ancestral que ameaça a galáxia.

“Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma” estreia em 10 de fevereiro no Brasil. A previsão é de que os demais episódios sejam lançados com o intervalo de um ano entre cada um.

Ator Zachary Quinto fala sobre o roteiro da sequência de Star Trek

Ator diz que teve acesso ao script apenas em dezembro.




A sequência de “Star Trek” está sendo preparada para ser uma das grandes produções de 2013. Por enquanto, o esperado projeto do diretor J.J. Abrams (“Super 8″ ) está no início de sua pré-produção. Dessa vez, quem fala sobre o longa é o ator Zachary Quinto (“Margin Call – O Dia Antes do Fim”), primeiro integrante do elenco do primeiro filme a se pronunciar.

Em conversa com o EOnline, o ator revelou que, depois de alguma dificuldade, teve acesso a primeira versão roteiro do longa. “Foi apenas no meio de dezembro que chegamos a conclusão:  ‘Nós precisamos ler o roteiro’… Eles esperaram muito tempo, mas isso é porque eles estavam trabalhando nesse roteiro. Havia um escritor fazendo greve e pela primeira vez que eles não foram capazes de deixar o script evoluir. Agora finalmente está avançando em uma base regular”, disse o ator.

Além de Quinto, os atores Chris Pine (“Incontrolável”), Zoe Saldana (“Avatar”), Karl Urban (“RED – Aposentados e Perigosos”), Simon Pegg (“Missão Impossível – Protocolo Fantasma”), John Cho (“A Very Harold and Kumar 3D Christmas”) e Anton Yelchin (“A Hora do Espanto”), que já estiveram no primeiro filme, têm seus retornos assegurados. Benedict Cumberbatch (“Cavalo de Guerra”) vai interpretar o vilão do filme.

O lançamento de” Star Trek 2″ ocorrerá somente em 17 de maio de 2013.

Alcatraz apresenta mistério interessante, mas nada de novo

Criada por J.J. Abrams, responsável por outras séries de mistério como "Lost" e "Fringe", série marca nova parceria com Jorge Garcia.




Uma série criada por J.J Abrams que aborda uma ilha misteriosa e adota uma narrativa composta por flashbacks (e Jorge Garcia), além de um intrigante espaço de confinamento em uma floresta. Não, não estamos falando de “Lost” e sua famosa escotilha. Ah, OK! Uma bela porém solitária detetive começa a investigar casos misteriosos com a ajuda de dois especialistas, onde um deles serve de alívio cômico, além é claro de inúmeras reviravoltas na trama. Não, também não é “Fringe”. Estamos falando de “Alcatraz”, nova série televisiva.

Já começo falando talvez do maior problema dessa produção. A falta de novidade. A trama de “Alcatraz” aborda o fechamento da famosa prisão, quando descobrimos que todos os habitantes da ilha desapareceram na década de 60, vindo a aparecer nos dias de hoje sem ter envelhecido um dia sequer (“The 4400”?). A partir daí, a detetive Rebecca Madsen (Sarah Jones) começa a investigar os prisioneiros com ajuda de um escritor especialista na prisão (Garcia) e a supervisão de do agente do FBI Emerson Hauser (Sam Neill). A história então se desenrola sobre os mistérios do que aconteceu de fato em Alcatraz, sugerindo a presença de alguma instituição (Dharma?) por trás dos acontecimentos, além de uma teia de personagens que parecem estar de alguma forma relacionados ao acontecido.
 
Uma das coisas positivas do piloto é que a trama não faz muitos rodeios, dando a impressão de que não seremos rodeados por mistérios insolúveis e intermináveis como em “Lost”. Aliás, o maior mérito desse início de temporada foi justamente a narrativa que, mesmo não entregando nada de novo, pelo menos consegue apresentar a história de forma clara e interessante. Essa estrutura se dará por meio de “casos de semana” com o aparecimento de novos prisioneiros, tendo por trás pinceladas da trama principal. Também acertaram no tom dos flashbacks para conhecermos um pouco mais sobre os prisioneiros e os guardas, mesmo que encontremos alguns clichês.

O elenco da produção está apenas correto, com um destaque maior para Jorge Garcia, algo curioso já que no início de “Lost” o ator era um dos que me desagradavam no elenco. Em compensação foi notável que o ator amadureceu com o passar dos anos. Já sua colega de cena me incomodou um pouco, mas tenho a impressão que a personagem interpretada por Sarah Jones não foi suficientemente bem desenvolvida. Quem me decepcionou foi Sam Neill, ator veterano que oscila demais no episódio.

Apesar desses problemas, o saldo foi positivo e a série parece ser promissora. Óbvio que não podemos esperar a ousadia narrativa de “Fringe” ou personagens tão carismáticos como em “Lost”. “Alcatraz” chegou de maneira calma e no tom certo. E o que vocês acharam da série?

Livros: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, suspense de tirar o fôlego

Com uma narrativa intrigante e uma história bem estruturada, o livro de Stieg Larsson ganha o leitor da primeira até a última página.



 

Você sabia que na Suécia 18% das mulheres foram ameaçadas por um homem pelo menos uma vez na vida, 46% sofreram violência de um homem, 13% foram vítimas de violências sexuais cometidas fora de uma relação sexual e 92% das mulheres que sofreram violências sexuais após uma agressão não apresentaram queixa à polícia?

Esses são alguns fatos apresentados, antes de cada parte do livro, em “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”. Primeiro volume da trilogia Millennium, o suspense, magistralmente arquitetado e escrito por Stieg Larsson, traz a tona uma discussão sem fim: a violência contra as mulheres. O livro não aborda o assunto de maneira direta, para isso usa como pano de fundo a história do desaparecimento da sobrinha, Harriet, do empresário do ramo industrial Henrik Vanger.

Para isso o empresário contrata Mikael Blomkvist, jornalista investigativo conhecido pela ousadia em suas reportagens publicadas na revista Millennium. Uma delas, por sinal, lhe rendeu um processo de difamação por parte de um famoso empresário. A desculpa inicial para o contato seria uma suposta biografia sobre a conturbada família Vanger. Assim, Mikael deixa tudo para trás e se muda para a ilha onde mora a família. Em troca das respostas que Henrik procura, o empresário promete a Mikael documentos que comprovem o caso relatado na Millennium e que causou a sua condenação no processo.
E é, enquanto engana a todos da família com a suposta biografia, que Henrik o coloca a par de sua real tarefa: desvendar o mistério que cerca o desaparecimento de sua sobrinha. O caso, ocorrido há quase quarenta anos, intriga o patriarca até hoje devido às suas circunstâncias: era um dia de festa na ilha, um acidente havia acontecido na ponte que ligava a ilha à cidade e qualquer pessoa que precisasse passar de carro ou a pé seria notada. Mas Harriet não foi. Ninguém a viu e mesmo depois de dias, semanas e meses de procura pela menina, a polícia desistiu do caso, pois nenhum corpo ou pista que desvendasse o paradeiro dela foramencontrados.

Feitos os arranjos é nesse ponto que somos apresentados a Lisbeth Salander. A intrigante pesquisadora, contratada por Mikael, para ajudar nas buscas por Harriet. Punk, hacker, com tatuagens e piercings por todo o corpo, a mulher, que mais parece uma menina de 14 anos, possui uma inteligência e memória fora do comum. O que à primeira vista pode assustar, depois de um tempo encanta e surpreende.

Além de uma personagem controversa, Lisbeth é outra das mulheres que Larsson se utiliza para abordar o tema central do livro. Destratada pelas leis do estado, por ser considerada incapaz de cuidar de si mesma, Lisbeth passa maus bocados nas mãos de seus tutores. E, ao contrário da imagem frágil, provocada pelo corpo raquítico e pouco desenvolvido, o leitor vai descobrindo à medida que avança na leitura que mexer com Lisbeth pode ser letal, já que além de reunir informações sobre seus inimigos, a pequena mulher se utiliza da violência, quando necessário, para cumprir com sua vingança.

Com um enredo de tirar o fôlego e personagens marcantes, “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” ganhou seu espaço no mercado editorial de suspense no mundo. Com uma história envolvente e personagens enigmáticos e cativantes, a obra é capaz de envolver o leitor e tirar o seu fôlego com um final surpreendente. Considerado um dos melhores do seu gênero, a trilogia, que conta ainda com “A Menina Que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo De Ar”, ambos com previsão para chegar logo às telas do cinema mundial, ganhou seu lugar nas telas de cinema sueco pouco tempo depois da publicação do último volume da trilogia.

Pouco conhecido dentro do circuito comercial, os longas baseados nas histórias de Stieg Larsson foram lançados em 2009 e trouxeram em seu elenco Michael Nyqvist (“Missão Impossível 4: Protocolo Fantasma”), como Mikael Blomkvist, e Noomi Rapace (“Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras”), como Lisbeth Salander. Em 2010, a saga ganhou uma minissérie de seis episódios exibida pela TV sueca e contou com os atores que participaram dos filmes.

Agora, quase três anos depois, é a vez do público conhecer essa história fascinante sob o ponto de vista do diretor David Fincher (“O Curioso Caso de Benjamin Button”). O primeiro longa, baseado na trilogia de Stieg Larsson, chega às salas de cinema nesta sexta-feira (27) trazendo em seu elenco astros como Daniel Craig (“Cowboys & Aliens”), Rooney Mara (“A Hora do Pesadelo”), Christopher Plummer (“O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”) e Robin Wright (“A Lenda de Beowulf”). Além disso, o longa foi indicado a cinco Oscar: Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Atriz pela performance de Rooney Mara no papel da intrépida investigadora Lisbeth Salander.

sábado, 28 de janeiro de 2012

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Conheça o Pussy Riot, a versão moscovita do Femen


Eu conheci o ‘Pussy Riot’ depois de um post no famoso blog ‘English Russia’. Mas tenho certeza de que a maioria ignora a existência do grupo, que é Formado por oito garotas – supostamente bonitas.

Apesar de serem consideradas uma versão russa do grupo ucraniano Femen, o ‘Pussy Riot’ se apresenta vestido com roupas coloridas e balaclavas. Tocam um punk rock alucinado, sempre em lugares bizarros, como tetos de ônibus, andaimes em estações de metrô e, recentemente, na Praça Vermelha. E, invariavalmente, acabam presas, graças às letras completamente ofensivas ao governo.







No último final de semana, acabaram em cana após a fatídica aparição na Praça Vermelha, quando tocaram sob -10 graus celsius seu ‘hit’ ‘БУНТ В РОССИИ – ПУТИН ЗАССАЛ’ (Bunt v Rossii – Putin zassal’, algo como ‘Revolta na Rússia – Putin está se mijando’. Durante o ‘concerto’, os policiais meio que não acreditaram na visão improvável e surreal. Ouviram um pouco e, quando a música acabou, os homens da lei recolheram as rebeldes.


Puxando mais um pouco pela memória, e com a ajuda do Google, lembrei que elas também tocaram perto da delegacia onde o dissidente político Alexei Naválnyi era mantido preso, em dezembro. Ou seja, promessa de mais agitação pela frente.

Primeiras Impressões – Touch


Tudo está conectado.

Spoilers Abaixo:
Se você aí é um dos grandes fãs de Kiefer Sutherland e seu trabalho como Jack Bauer em 24, chegou a hora de conferir o novo trabalho do ator. Touch, que estréia oficialmente pela FOX no dia 19 de março, teve liberado seu preview, numa estratégia de lançamento parecida com a utilizada em Glee.

O objetivo, como sempre, é causar alvoroço e aguçar a curiosidade de potenciais fãs, que terão muito tempo para avisar os amigos da grande série que não podem perder. Será? Essa tática pode ser um tremendo tiro no pé.

Touch é uma série que vem com grandes pretensões. A promessa é a de que teremos uma mistura de ciência, espiritualidade e emoções, o que pode até parecer maravilhoso em teoria, mas nem sempre funciona muito bem na prática. Se eu disser que a série é criação de Tim Kring (Heroes, Crossing Jordan) a situação começa a ficar preocupante. Juntando-se a isso não um, mas dois produtores executivos (Peter Chermin e Katherine Pope) do imbróglio Terra Nova, também da FOX, já dá até vontade de se esconder embaixo da cama.
A despeito de qualquer suspeita sobre a qualidade de uma temporada inteira de Touch, algo que só poderá ser julgado mais tarde, devo dizer que o Piloto é bom e apenas bom, embora hoje em dia, um Piloto bom seja algo quase milagroso.
São 50 minutos de cenas entrecortadas que obviamente serão todas conectadas em algum momento (já que esse é o mote da série), mas o episódio peca um pouco em criar interesse nas pessoas que aparecem em todas essas sequências.

A ideia do celular que viaja por diversos lugares do mundo, ligando cada personagem é interessante e vende bem a proposta da série de que existem laços invisíveis amarrando a vida de todas as pessoas que estão destinadas a fazer parte também da nossa. É como o conceito de “mundo pequeno” em que um dia você descobre que o amigo da namorada do primo do seu vizinho estava ao seu lado numa foto tirada num grupo de viagem da sua infância e você nem sabia. Complicado, é verdade.

É por isso que o segredo para o sucesso de Touch estará nos detalhes. Se os roteiristas forem capazes de criar conexões, apresentá-las e fechá-las à perfeição essa é uma série que pode valer a pena acompanhar. Por outro lado, um mínimo esquecimento ou descuido nesse departamento pode estragar toda a experiência do espectador.

O desenvolvimento da trama poderia ter sido um pouco mais ágil, especialmente em relação aos personagens centrais Martin (Sutherland) e Jake (David Mazouz), mas o ritmo é perfeitamente compreensível quando estão tentando introduzir uma história que pretende ser realmente complexa. Nesses casos, uma base sólida de informações vai fazer toda a diferença no decorrer da temporada.

Na série, Martin é um ex-repórter, viúvo, que perdeu a esposa durante o atentado de 11 de Setembro e que dedica sua vida a cuidar do filho, Jake, um garoto de 11 anos que nunca pronunciou sequer uma palavra e parece não ter qualquer conexão com outros seres humanos, muito menos com o pai.
Jake é aficionado por números (318318318318318318318) e telefones celulares. Essa obsessão tão contundente, somada ao hábito do menino de escalar torres telefônicas, acaba mostrando para Martin que descobrir o significado dessa sequência numérica é o único modo de realmente comunicar-se com o garoto. Em sua busca por conseguir, finalmente, conectar-se com Jake, Martin acaba conhecendo Arthur Teller (Danny Glover) um especialista em “crianças com dons raros que vem dos números” (coloquei entre aspas porque esse é a descrição OFICIAL do personagem, riam à vontade).

É com Arthur que Martin percebe que Jake tem o poder de perceber cada padrão escondido no mundo e que conecta cada forma de vida existente. Logo, o trabalho de Martin passa a ser o de decifrar as mensagens de Jake e reconhecer o que elas realmente significam, juntando cada pedaço de informação para chegar a um objetivo final.

Nesse Piloto, como exemplos, vemos as mensagens de Jake evitarem a morte de crianças, que seriam queimadas dentro de um ônibus e a explosão de uma bomba num país árabe, só porque um garoto precisava de um forno para sustentar a família e acaba se envolvendo com terroristas.
O problema é que o comportamento estranho de Jake acaba colocando pai e filho sob a mira de assistentes sociais, que acreditam que o garoto ficaria mais seguro vivendo numa instituição. Clea Hopkins (Gugu Mbatha-Raw), encarregada do caso, logo nota que as necessidades de Jake vão além do entendimento de qualquer pessoa e deve embarcar nessa jornada em busca de padrões que evitam tragédias, ao lado de Martin, desenhando o destino da humanidade.

Como eu não sei nada sobre o destino da humanidade e sou péssima somando até dois mais dois, desejo apenas que as pessoas encarregadas de desvendar os padrões de Touch sejam competentes o bastante para não estragar o potencial que têm em mãos.

Tim Kring, além de ser criador da série, escreveu o roteiro desse Piloto. Além dos já citados, temos na produção executiva de Touch: Francis Lawrence (Water for Elephants), Kiefer Sutherland, Suzan Bymel (The War at Home) and Carol Barbee (Jericho) are executive producers. Lawrence dirige esse Piloto.

Marvel divulga novas imagens em alta resolução de Os Vingadores

Fotos incluem as divulgadas na revista Empire deste mês.

A Marvel divulgou cinco imagens em alta resolução de “Os Vingadores“, adaptação cinematográfica do super grupo dos quadrinhos. Das imagens divulgadas, duas são inéditas e mostram o comandante Nick Fury e os heróis Bruce Banner e Tony Stark. As outras três são versões em alta resolução das imagens que saíram na revista Empire deste mês. Além disso, o site de entretenimento Collider divulgou em primeira mão fotos do novo carro usado por Tony Stark no longa, um Acura de US$ 9 milhões que, no filme, virá equipado com uma série de acessórios usados pelo super-herói. Veja:










Na trama, os heróis Hulk, Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Viúva Negra, Gavião Arqueiro e Nick Fury unem-se para derrotar o vilão Loki e seus aliados em uma tentativa de conquistar o nosso planeta.

O elenco é composto por Chris Evans (“Scott Pilgrim Contra o Mundo”) como Capitão América, Robert Downey Jr. (“Um Parto de Viagem”) como Homem de Ferro, Mark Ruffalo (“A Ilha do Medo”) como Hulk, Jeremy Renner (“Atração Perigosa”) como Gavião Arqueiro, Chris Hemsworth (“Thor”) como Thor, Samuel L. Jackson (“Capitão América – O Primeiro Vingador”) como Nick Fury, Scarlett Johansson (“Ele Não Está Tão a Fim De Você”) como a Viúva Negra e Clark Gregg (“Os Pinguins do Papai”) como o agente Phil Coulson, entre outros.

“Os Vingadores” tem roteiro e direção de Joss Wheadon (das séries “Buffy – A Caça-Vampiros” e “Firefly“), está marcado para estrear nos EUA no dia 04 de maio desse ano, chegando ao nosso país no dia 27 de abril do mesmo mês.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Vida Fodona #314: 

Finalmente o sol resolveu dar o ar de sua graça nesse verão 2012

January 24th, 2012
Regozijai-vos todos!

Lana Del Rey – “Born to Die (PDP 13 Remix)”
JJ – “Ecstasy”
El Guincho – “Bombay”
Pnau – “Baby (Breakbot Remix)”
Pony Pony Run Run – “Hey You”
Gorillaz – “Empire Antes (Miami Horror Remix)”
Pickwick – “Blackout”
Jorge Ben – “Menina Mulher da Pele Preta”
Of Montreal – “Dour Percentage”
Tulipa Ruiz – “Às Vezes”
Toro y Moi – “I Can Get Love”
Technotronic – “Move This”
Happy Mondays – “Loose Fit”
Chet Faker – “No Diggity”

A overdose de cultura pop sob os olhos de Scott Pilgrim

Bryan Lee O'Malley nos apresenta uma história sobre amadurecimento, conflitos e... video game!



Nesta última década foi bastante notório o salto que a chamada cultura pop deu em nossas vidas. Nossos gostos, hobbies e meios de entretenimento nunca foram tão presentes em referências no cotidiano, nas mais variadas mídias, e nunca tivemos tanto orgulho de levantar as bandeiras daquilo que consumimos e apreciamos.

Chamada de Geração Y pelos mais velhos, a população nascida no começo dos anos 80 inaugurou o modelo de juventude que absorve lazer e diversão em quantidades astronômicas, movimentando a indústria do entretenimento de uma maneira exponencial que só deve ter sido superada pela – convenientemente chamada – Geração Z, surgida nos anos 90. Deixando os rótulos de lado, o que importa é que temos pouquíssimos jovens – e incluo os  jovens adultos – que podem dizer que nunca seguraram um joystick, empolgaram-se com um grande blockbuster ou desconhecem a brincadeira internética com os memes.

Em tempos de cada vez mais adaptações cinematográficas de obras das mais diversas mídias, de Comic-Con’s com lançamentos maiores e mais comentados a cada ano e da overdose de referências aos quadrinhos e games – “Sucker Punch – Mundo Surreal”, de Zack Snyder, e “Kick-Ass – Quebrando Tudo”, de Matthew Vaughn, para citar poucos –, os interesses convergem, através das facilidades e da abundância de conteúdo, para essa era de ouro do entretenimento.

O anti-herói pós-adolescente
 

Desses jovens adultos que hoje orgulham-se de suas raízes na cultura pop, destacamos o desenhista e escritor canadense Bryan Lee O’Malley, responsável por uma das maiores odes ao entretenimento. Bryan pintou um retrato das gerações que cresceram chutando cascos de tartaruga nos inimigos ou decoraram cada página de super-herói lida na infância e nos presenteou em 2004, com “Scott Pilgrim”, uma obra em quadrinhos – posteriormente levada ao cinema – que aborda inclusive outra questão vivida a partir da Geração Y: o prolongamento da adolescência e as dificuldades em migrar para a assustadora vida adulta.

Ao entrar no universo deste, digamos, anti-herói do cotidiano pós-adolescente, conhecemos uma turma de jovens amigos – ou nem tanto – que levam suas vidas de maneira quase displicente no frio da cidade de Toronto, no Canadá. Encabeçando os acontecimentos temos justamente Scott Pilgrim, de 23 anos, que mora praticamente de favor na casa de seu amigo Wallace Wells e não tem a menor ideia do que fazer com sua vida.

Na primeira das seis edições da obra – que no Brasil foi reunida em três volumes – conhecemos um pouco do cotidiano de Scott e de sua (falta de) perspectiva da vida. Tocando em uma bandinha de garagem chamada Sex Bob-Omb – e aqui você ganha uma moeda se percebeu a referência a um clássico inimigo dos games do Super Mario –, sem um emprego de verdade e mergulhado na indiferença, Scott desperta a estranheza de seus poucos amigos ao iniciar um namoro com Knives Chau, uma adolescente chinesa de 17 anos. “Quantos anos você tem, Scott? 28?”, pergunta em tom de ironia sua rabugenta amiga Kim Pine. O descaso da moça, cujo motivo do constante mal-humor nos é apresentado ao logo da história, reflete o modo como a juventude canadense se comporta na obra de O’Malley, alternando o cinismo ácido com carências e angústias próprias de uma faixa etária mais abaixo.

“A Preciosa Vidinha de Scott Pilgrim” – título do primeiro volume publicado – culmina com a apresentação da personagem responsável por colocar a vida de Scott em movimento. Ramona Flowers, a jovem americana novata na cidade, desperta sua atenção ao povoar os sonhos do garoto de maneira quase obsessiva (a explicação para este fato é ainda mais inusitada), fazendo com que Pilgrim aproxime-se dela de forma desajeitada em uma festa. A partir daí, o jovem ganha uma preocupação na vida: com o envolvimento inevitável, Scott é informado – por meio de diálogos cada vez mais absurdos – de que para permanecer com a moça deverá enfrentar uma “liga” formada por seus sete ex-namorados do mal. Isso mesmo, simples assim.

Referências e mais referências

 

Tem início então a aventura de “Scott Pilgrim Contra o Mundo”, título mais famoso da série, utilizado inclusive em sua adaptação cinematográfica. Scott parte para encarar seus oponentes e aqui o clima de “trama adolescente padrão” é quebrado com humor e uma certa dose de bizarrice. Conhecemos um indiano esquentado com poderes místicos, um arrogante ator de cinema que conta com a ajuda de seus dublês, um vegetariano superpoderoso, dois perversos gêmeos orientais, uma garota que – segundo Ramona – foi “apenas uma fase” e o misterioso e egocêntrico Gideon, sobre o qual a garota prefere nem comentar.

As batalhas são homenagens aos clássicos games de luta dos anos 80 e 90, com direito a barras de energia, vitórias por K.O. e prêmios em moedas ao fim de cada desafio. Esta, aliás, é a característica base da narrativa de O’Malley. “Scott Pilgrim” é todo elaborado com referência à linguagem dos games e desenhos animados, sendo possível a todo momento pescar referências como um “continue” ganho ao final de um nível, uma barra de níveis indicando emoções, efeitos gráficos que ilustram poderes ou golpes especiais e mesmo menções claras a jogos, bandas e músicas de relevância para a cultura pop.

 

Tudo é exagerado e hiperbólico – como os flashbacks das brigas de colégio de Scott ou as reações histéricas de alguns personagens, como a ciumenta Knives -, o que, somado ao traço característico de O’Malley, garante uma personalidade tão forte à obra que é impossível acompanhar o desenrolar da trama sem se habituar e mesmo curtir esta forma de narrativa. O desenho em preto e branco tem claras influências do traço oriental dos mangás e animês, reforçados ainda mais pelo detalhes gráficos das cenas de ação, os enquadramentos e mesmo algumas gags visuais e expressões faciais. Mas a arte de “Scott Pilgrim” é tão “solta” e pessoal que passamos a enxergar isto como não mais que um ingrediente adicionado à sopa de conteúdo pop que é esta história.

Scott é ingênuo – ou simplório, algumas vezes – e irresponsável, e é aí que reside o mote de sua aventura. Após destruir alguns corações e ter o seu próprio pisado de vez em quando, aos poucos modifica o modo como interage com seu ciclo de amigos e vai percebendo a inevitabilidade e a dor do amadurecimento. O velho arco narrativo de autoconhecimento e aprendizado pelos erros é o que amarra as pontas de uma trama que começa tão direta e acaba englobando tantos sentimentos e reflexões da parte de Pilgrim.

Quem disse que as dúvidas acabam com a adolescência? As dificuldades em se tornar um “novo adulto”, em manter não apenas a cabeça no lugar, mas a companhia das pessoas que nos dão suporte, são os desafios aceitos por Scott em “A Hora e a Vez de Scott Pilgrim”, desfecho da série publicado em 2010. No derradeiro momento de clareza e amadurecimento do personagem, fica claro por que o chamei de “anti-herói”. Scott não é tão vítima dos acontecimentos, nem tão bom quanto acredita ser, e precisa passar por cima do próprio egoísmo e da preguiça para enfrentar a vida. Pilgrim nos mostra com competência e humor como é cada vez mais difícil crescer e abandonar alguns hábitos da adolescência, mas ensina como tudo se torna mais fácil se você tem algumas vidas extras e uma espada katana concebida pela sua força de vontade.

Nas telonas
 

Uma obra com esse grau de imersão na cultura pop só poderia se espalhar por outras mídias. “Scott Pilgrim Contra o Mundo” foi a adaptação cinematográfica lançada em 2010 e dirigida por Matthew Vaughn (“X-Men: Primeira Classe”). O longa foi bem recebido pelos fãs, que compreenderam algumas poucas modificações necessárias à nova linguagem e aplaudiram o zelo na transposição da trama para as telas. Contudo, o filme não atingiu a audiência esperada para uma obra tão “jovem” deste tipo, talvez pela necessidade de uma certa base de conhecimento para um melhor aproveitamento dos detalhes da trama.

“Scott Pilgrim Contra o Mundo” é ainda assim um filme carismático, que nos brinda com o visual que a história merece. O elenco – encabeçado por Michael Cera (“Superbad – É Hoje”), no papel principal, e Mary Elizabeth Winstead (“Premonição 3”), como Ramona, – é firme e se mostra bem à vontade para interpretar a turma de Toronto que divide o tempo entre seus pequenos empregos (não no caso de Pilgrim) e os pubs locais. Destaque para Kieran Culkin, irmão de Macaulay Culkin, como o sarcástico companheiro de quarto de Scott, Wallace Wells.

A repercussão com o lançamento nos cinemas acabou jogando luzes sobre a obra, que ganhou uma espécie de prólogo animado retirado diretamente dos quadrinhos. O vídeo apresenta os personagens e complementa a história para quem chegou a Scott diretamente pelo longa. Assista abaixo, em inglês:

Pilgrim também ganhou uma versão na mídia preferida de Bryan O’Malley: os videogames. “Scott Pilgrim vs. the World: The Game” foi lançado em agosto de 2010 para Playstation 3 e Xbox 360, pelas mãos da Ubisoft, trazendo a experiência de um game de luta beat’em up onde você anda em uma direção e enfrenta inimigos pela tela, como o clássico “Streets of Rage”, e permite ao jogador escolher entre Scott, Ramona, Kim Pine ou Stephen Stills – vocalista da Sex Bob-Omb e amigo próximo de Scott. O jogo, obviamente carregado de referências diversas ao próprio universo dos games, foi bem recebido pelo público e chegou a receber nota 8.0 do site IGN, famoso portal que analisa filmes, games, música e outras mídias.

A Condenação: drama de Tony Goldwyn peca por excesso de melodrama

Falhas do longa o tornam apenas mediano, a despeito de ótimas atuações de Hillary Swank e Sam Rockwell.

Avaliação: NOTA 6
 
 


É inevitável que a Justiça, administrada por homens falhos, cometa erros. A arrogância e a teimosia humana, bem como nossos próprios preconceitos, só fortalecem tal possibilidade. De tais equívocos, podem surgir tragédias desoladoras e triunfos inesquecíveis.

Baseado em uma história real, “A Condenação” tem um pouco dos dois. Dirigido por Tony Goldwyn, o longa traz Hillary Swank como Betty Anne Waters, mãe de família que resolve encarar tudo e todos ao entrar na faculdade de Direito para se tornar advogada e tentar inocentar seu irmão, Kenny (Sam Rockwell), condenado à prisão perpétua por um crime que ele afirma não ter cometido.

O roteiro, escrito por Pamela Grey, adota uma narrativa não-linear em seu início para nos apresentar à situação dos irmãos e de como se deu a prisão de Kenny. Esse primeiro ato estabelece bem a relação dos protagonistas, mas pesa a mão em dados momentos, principalmente ao forçar uma simpatia para com Kenny com seus atos “engraçadinhos”, como o strip no bar após o rapaz ter agredido um homem que falou um palavrão na frente de sua filha durante uma discussão de bar.

Apesar de ser compreensível a necessidade de fazer com que o amor de Betty Anne pelo irmão seja palpável para o público, ficamos mais atônitos com sua incapacidade em repreender Kenny em sua “maturidade” do que admirados com o carinho dela. Bem mais eficazes em estabelecer a cumplicidade entre os personagens são os pequenos flashbacks que nos mostram a difícil infância da dupla e seus anseios por um lar mais normal.

No final das contas, o que faz com que o elo entre os irmãos acabe por funcionar junto ao público é realmente a boa química entre Hillary Swank e Sam Rockwell. A ternura com a qual a atriz encara seu parceiro de cena em momentos mais íntimos “vendem” melhor a relação entre os dois do que os pontos mais exagerados, como a já citada sequência do bar. Já o trabalho de Rockwell e sua energia habitual salvam Kenny de se tornar uma mera caricatura, concedendo intensidade aos seus momentos dramáticos, como a sequência na qual ele é imobilizado por alguns guardas.

O trabalho de Swank concede mais robustez ao ponto forte do filme, que é a verdadeira guerra travada por Betty Anne contra o sistema, mostrando muito bem a dificuldade e a frustração de se batalhar contra a burocracia, bem como a teimosia de certos operadores do direito, mais interessados em glória pessoal do que em justiça.

Alguns clichês pontuais atrapalham o andamento da trama, como a reação absurda do marido de Betty Anne ao saber que sua esposa fará o curso de Direito e a óbvia briga da personagem com os filhos por não lhes dar a atenção que eles requerem, mas a história consegue navegar relativamente bem nestes chavões.
O elenco ainda conta com Juliette Lewis que, surgindo um tanto exagerada, interpreta uma ex-namorada de Kenny cujo depoimento ajuda a colocá-lo na prisão. Já Melissa Leo, no papel da policial Nancy Taylor, não tem tempo em cena para desenvolver melhor seu papel, resultando em uma antagonista extremamente unidimensional, sem a mínima motivação para seus atos, em um dos grandes tropeços da produção. Completam a trupe Minnie Driver, como a melhor amiga de Betty Anne, Abra, e Peter Gallagher, como um ativista do direito, ambos corretos e só.

Mais conhecido por seus trabalhos para a televisão, o diretor Tony Goldwyn entrega uma fita visualmente sóbria, reconhecendo que este é o tom mais adequado para a produção, auxiliada por uma fotografia que tende para tons mais frios. O visual do filme eventualmente contrasta com sua trilha sonora que, assim como o roteiro, cede em alguns pontos para o sentimentalismo barato.

A montagem começa meio trôpega, graças ao já citado primeiro ato da fita, mas consegue dar ritmo, mesmo com algumas elipses que surgem sem o devido impacto. A maquiagem dos atores funciona muito bem em ilustrar a passagem de duas décadas que ocorre durante a projeção, com exceção de Hillary Swank, que não ganha uma só ruga o filme inteiro. Mesmo com suas falhas, “A Condenação” é efetivo no que se propõe, devendo muito de seu resultado final às atuações de Swank e Rockwell.
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Thiago Siqueira
 é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.

Christian Bale declara que pode voltar a interpretar Batman

Ator renova as esperanças dos fãs sobre uma nova sequência do Homem-Morcego.




Há uma luz no fim do túnel para os fãs da saga Batman de Christopher Nolan (“A Origem”). Apesar de tanto Nolan quando Christian Bale (“O Vencedor”) já terem declarado que “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” ser o último longa em que os dois trabalharão, surgiram novas informações de que a dupla pode se reunir novamente.

Segundo o que disse o ator à Empire, não está descartado um retorno.

“Tudo o que sei é que parece que este será o último. Bem, eu não diria nunca definitivamente. Se Chris (se referindo ao diretor Christopher Nolan) falar ‘ei, tenho outra história e acho que pode ser interessante’, então ótimo, eu farei mais um. Sempre considerei que haveriam três filmes, mas posso estar errado. Não sei se há algo errado comigo, mas não sinto nenhum tipo de pressão”, explica.

Os depoimentos de Bale vão contra as informações de que a saga seria encerrada no próximo longa. Tudo isto se deve ao fato de que “Batman – O Cavaleiro das Trevas” foi um grande sucesso de bilheteria, deixando o estúdio com esperança semelhante para o próximo lançamento, que dependendo de seus rendimentos, pode fazer Nolan mudar de idéia. Entretanto, o diretor permanece afirmando que com este longa-metragem, encerra sua participação na saga do Homem-Morcego.

“Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” tem no elenco novamente Christian Bale como protagonista, além de Michael Caine (“Harry Brown”), Gary Oldman (“A Garota da Capa Vermelha”), Morgan Freeman (“Invictus”), Tom Hardy (“Sucker Punch”), Anne Hathaway (“O Diabo Veste Prada”), Joseph Gordon-Levitt (“A Origem”), Josh Pence (“A Rede Social”) e Marion Cotillard (“Inimigos Públicos”). A estréia do filme no Brasil está marcada para o dia 27 de julho deste ano.

Selton Mello recusou papel no segundo Star Trek, de J.J. Abrams

O ator foi homenageado durante abertura da Mostra.



Na 15ª Mostra de Cinema de Tiradentes, o ator e diretor Selton Mello (“O Palhaço”), durante um debate no último sábado (21), intitulado “A política do ator no percurso de Selton Mello“, que também contou com a presença do cineasta José Eduardo Belmonte (do inédito “Billi Pig”), falou sobre um convite que recebeu para a continuação da ficção “Star Trek”, de J.J. Abrams (criador da série “Lost”).

“Sou muito grato ao Brasil e não me imagino largando tudo para atuar em outra língua. Tive um convite insano para participar de ‘Star Trek’. Sou fã do J.J. Abrams, mas ele queria que eu fosse para ficar na nave, misturando atores do mundo todo. Mas o que eu vou fazer naquela nave? Eu admiro muito o Santoro, que faz 200 testes para pegar dois, mas eu não tenho essa disponibilidade emocional. Eu ia colocar a roupa da nave e ficar deprimido”, disse o ator.

Selton Mello se declarou um ator que dirige e contou que convidou Wagner Moura (“Tropa de Elite 2”) e, depois da recusa de Wagner, Rodrigo Santoro (do inédito “Heleno”) para interpretarem o protagonista de “O Palhaço”, de 2011. Os dois atores convidados pediram para que Selton interpretasse o palhaço.

2 Coelhos: ousadia e diversão na produção dirigida por Afonso Poyart

Advindo da publicidade, Afonso Poyart dirige e escreve um dos mais originais e divertidos filmes nacionais dos últimos anos.

Avaliação: NOTA 8
 
 


O cinema brasileiro estava precisando de um Afonso Poyart. Não que não tenhamos talento entre os diretores nacionais, mas entre as exportações dos melhores deles para Hollywood e as limitações impostas pela Globo Filmes em suas produções, sobra pouco espaço para a ousadia. Quase nenhum, na verdade. O público está cansado das nossas bobas comédias-românticas e da intensa exploração da miséria. Por isso, é mais do que louvável que, em sua estreia em longas-metragens, Poyart explicite sua inquietude narrativa, seu senso de humor apurado e sua crítica política e faça de “2 Coelhos” uma grande bagunça, que é nada menos do que um dos mais divertidos e originais filmes já realizados no País.

Já em suas primeiras cenas, é possível notar que estamos diante de algo incomum, especialmente se estamos falando de Brasil. Efeitos especiais da mais alta qualidade e depoimentos bem ao estilo documentário ajudam a introduzir a história contada e protagonizada por Edgar (Fernando Alves Pinto), um aparente “boyzinho” viciado em videogame e pornografia, odiado por ex-namoradas e porteiros. Mas sua indignação com a sociedade, bem como sua falta de juízo, levam-no a armar um plano que visa matar, de uma só vez, um poderoso criminoso e um político corrupto de São Paulo. No entanto, nem tudo sai como esperado.

É surpresa atrás de surpresa, menos para o personagem principal e mais para os espectadores. Tendo como um de seus principais trunfos sua trama intricada, “2 Coelhos” revela sua história aos poucos, unindo seus núcleos com a inteligência de um excelente filme de suspense. Pode até dar a precipitada impressão de possuir diversos furos, mas a onisciência concedida pelo roteiro do próprio Poyart a Edgar permite que ele seja cauteloso em sua narração descontraída e escrachada. E dessa forma, o longa demonstra-se mais pretensioso e vai além de uma mera danação de um adulto com espírito de adolescente.

Uma história de amor logo surge, acompanhada de um enorme pedido de desculpas e uma vingança. De pessoal, a trama torna-se de interesse público. Mas, se nesses momentos provoca inevitáveis comparações com “Tropa de Elite 2” (especialmente ao sobrevoar São Paulo e exibir uma flamejante bandeira do Estado), o tom de brincadeira, que sempre acompanha a produção, deixa claro que felizmente não estamos diante de algo tão sério. A proposta aqui é proporcionar uma experiência cinematográfica diferenciada e intensa, jamais ultrapassando esse limite e soando por diversas vezes tarantinesca, seja por brincar com fatos reais ou pelos diálogos com outras linguagens artísticas.

Em sua direção, Poyart faz a criatividade e a loucura da mente de seu protagonista visíveis, utilizando-se para tanto de animações, elementos gráficos e diversos efeitos especiais, que também permitem uma ótima dose de sequências de ação. O cineasta até exagera em alguns momentos, especialmente no primeiro ato, mas em geral as ferramentas servem para incrementar o ritmo incansável da narrativa, cheia de idas e vindas, em uma edição muito bem realizada, que conta ainda com uma pesada trilha sonora sob responsabilidade de André Abujamra e Márcio Nigro.

Outro ponto forte de “2 Coelhos” é o seu elenco, graças a uma natural direção de atores (especialmente de coadjuvantes) e um texto descontraído, que sabe como transformar uma piada de português em um dos melhores momentos da projeção. Algumas relações entre personagens poderiam ser melhor definidas, especialmente entre Edgar e Walter (Caco Ciocler), o professor universitário que trabalha no restaurante do pai do rapaz, mas os atores compensam, sendo Fenando Alves Pinto uma agradável surpresa. Alessandra Negrini, como Júlia, a promotora corrupta, é outro destaque ao lado de Marat Descartes, o traficante-sequestrador-ladrão paulista Maicom.

Há ainda Neco Villa Lobos, como o advogado defensor dos criminosos, Thaíde, como o motoqueiro assaltante, e Thogun, como o comparsa do chefão Maicom. Todos contribuem com sua devida parcela para fazer de “2 Coelhos” um entretenimento marcante, cheio de explosões, correrias, piadas, tiros e, principalmente, inteligência, que por sorte não vem de Hollywood. É produção nacional que tem tudo para virar sucesso, cuja fonte, Afonso Poyart, deve ser preservada, para que dela advenham outros filmes tão ousados quanto.
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Darlano Dídimo é crítico do CCR desde 2009. Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é adorador da arte cinematográfica desde a infância, mas só mais tarde veio a entender a grandiosidade que é o cinema.