O ano de 2012, diferentemente do anterior, promete ser bem intenso nos cinemas. Até o momento, vivemos na expectativa das grandes estreias previstas para os próximos meses. Sem dúvidas, uma delas é “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, onde o aclamado diretor Christopher Nolan (“O Grande Truque”) vai encerrar a trilogia do Homem-Morcego.

Depois de nos trazer Ra’s Al Ghul e o Coringa, Nolan dessa vez vai nos apresentar a sua própria versão de Bane. O encarregado para assumir o fardo é o jovem ator Tom Hardy (“A Origem”), que tem aí a grande chance de se consagrar de vez. Mas o que de fato podemos esperar de Bane? Quais os perigos que ele pode representar para Batman e para Nolan? Vejamos a seguir.

 

Digamos que Bane não está na galeria dos vilões mais populares do Homem-Morcego. Na realidade, ele é mais um dos frutos do pior período pelo qual a indústria dos quadrinhos passou. Durante os anos 90, o mercado das histórias em quadrinhos mainstream padeceu com péssimos roteiros, fracos desenhos e, consequentemente, baixas vendas. A DC Comics só não foi à falência porque foi adquirida pelo grupo Warner Bros.

Bane foi introduzido no Universo DC em 1993, pelo trio Chuck Dixon, Doug Moench e Graham Nolan. Ele é basicamente um troglodita nascido e criado por toda a vida em uma prisão da ilha de Santa Prisca, no Caribe. Dotado de um grande intelecto, o vilão faz uso de uma droga chamada Veneno, aplicada diretamente em seu cérebro e que aprimora em muito a sua força física. Obcecado por um morcego, Bane foi até Gotham com a inglória missão de quebrar o Batman.

Em linhas gerais, para atingir seu objetivo (contado em 15 edições), Bane liberou todos os presos do Asilo Arkham para que o Batman tivesse que caçá-los incessantemente. Após uma jornada de três messes dormindo e comendo muito mal, o Morcego chega ao seu limite de estress físico e mental. Mas já era tarde demais. Bane foi até a Batcaverna esperá-lo e o resultado todos sabem: Batman termina com a coluna quebrada, aleijado. Isso está registrado no arco Knightfall, ou então, A Queda do Morcego, como é conhecido no Brasil.

Apesar da popularidade dessa fase, em tese, ela foi desnecessária, até porque quem acompanha o Batman nos quadrinhos sabe que o herói já caminha novamente por aí. Na realidade, ela reflete o quão vazio é o personagem Bane. Para seu azar, ele foi concebido como uma espécie de nêmese do Batman, algo que ele já tinha representado muito bem na figura do Coringa. Até hoje ninguém sabe muito o que fazer com ele na DC. Em algum momento ele atuou como aliado do Batman e chegou a acreditar que os dois eram irmãos (!).

 

Mas eis que Christopher Nolan escolhe justamente esse para ser aquele que encerrará a lenda. E o próprio diretor admitiu saber pouco sobre o personagem quando o escolheu, porém ele confiou no trabalho dos seus roteiristas e de Tom Hardy. Para sua sorte, nós confiamos neles também.

O Bane de Nolan será uma figura importante, com um passado ilustre na Liga das Sombras. Nos materiais liberados sobre o filme, já se pode ver que será um vilão sagaz, ardiloso e intimidador. O ar aristocrático britânico do vilão difere do sotaque latino que ele possui nos quadrinhos, mas ainda assim o torna amendrotador, até mesmo para os padrões de Batman. Ele não fará uso do Veneno para ficar mais forte e usará uma máscara que o ajuda a respirar.

Bane será o oposto do Batman e possívelmente uma versão melhorada, exatamente aquilo que Ra’s Al Ghul almejava que Bruce Wayne um dia fosse. Podemos esperar que ele complique em muito a vida do Cavaleiro das Trevas e seus aliados. Esperamos dele muito mais do que simplesmente soltar todos os bandidos para que o Batman tenha que caçá-los a exaustão, até porque o Espantalho (Cillian Murphy, de “O Preço do Amanhã”) já fez isso antes em “Batman Begins”. Certamente, Nolan conseguiu dar ao personagem a profundidade e a relevância que talvez ele nunca mais consiga no universo do Morcego.

Dessa forma, “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” tem tudo para ser um dos maiores filmes de 2012. Não há motivos para temer a presença de Bane na película (a não ser o próprio Batman, é claro). Mesmo com as reclamações sobre os problemas de dicção do personagem, acima de tudo, nós acreditamos em Christopher Nolan.