Black Mirror – The Complete Mini Series
Estou eu, faceira na minha madrugada de terça quando o Sr. Michel Arouca me manda um email dizendo para ver Black Mirror. Confesso que até o momento, eu apenas sabia da existência da série porque tinha visto o nome na lista de torrents novos. O email dizia apenas: “Assista Black Mirror. Vi o 1a agora. Vc vai amar. É genial.”
Assim, o Michel é um cara bacana e tudo mais, mas ele não costuma ser muito legal quando o assunto é indicar série para mim, foi ele quem disse: “Paula, você não quer assistir FlashForward?” Geralmente quando ele me diz para ver uma série é algo Sci-fi ou sobrenatural com grande potencial para ser uma bomba (não me perguntem porque eu ainda ouço as indicações dele). Foi com esse pensamento que sentei para assistir Black Mirror, esperando algum Sci-fi britânico bisonho…
Dez minutos de série e… “ele falou fuck a pig? Eu ouvi certo?” Levei alguns minutos para me convencer que eu não estava precisando de legenda e que o plot do episódio era mesmo o sequestro da princesa da Inglaterra cujo resgate dependia de o Primeiro Ministro “praticar um ato indecente” (gotta love the British) com um porco. Já falei para vocês que eu amo a TV inglesa?
Depois do choque do primeiro episódio, eu fui atrás e descobri que Black Mirror é uma minissérie de três episódios com a proposta de falar sobre a sociedade atual. Cada um dos episódios traz personagens e atores diferentes para contar histórias completamente independentes, sempre comentando algum aspecto da vida moderna etc, etc… Parece pretensioso demais, não? Se eu tivesse lido essa definição sem ver a série, era certamente o que eu iria pensar, mas o fato é que Black Mirror realmente consegue fazer o que se propõe. E por mais que eu não faça ideia e tenha medo de descobrir porque o Michel se lembrou de mim com o plot do porco e tudo mais, ele tinha razão, adorei Black Mirror. Foi uma das melhores coisas que assisti este ano.
A série tem um roteiro inteligente, que em nenhum momento subestima o espectador. Black Mirror não para o episódio para dizer: ok você aí assistindo, esse episódio é sobre tal e tal coisa e você precisa prestar atenção nisso e naquilo para entender a história. Os roteiristas confiam que você é capaz de decidir sozinho o que é importante e te deixam livre para interpretar a história sem precisar seguir setas. E só por isso os roteiristas da série já teriam o meu respeito.
Outra coisa fantástica é a coragem da série. Começar com zoofilia não é para qualquer um, e o episódio inicial foi ballzy suficiente para chocar os britânicos! E não estamos falando do público da BBC, Black Mirror é Channel 4, um canal com programação alternativa e mais adulta, ou seja não exatamente um canal família. Lembro-me de ver o primeiro episódio como uma versão de 40min da cena do banheiro de Battlestar Galactica. Tudo que eu conseguia pensar era “não, não, não”, lembrar-se de fechar a boca e tentar acreditar no que estava vendo.
Além de tudo isso, a série tem ideias muito legais. Toda a coisa do vídeo de resgate viral do primeiro episódio e o visual futurista dos outros dois episódios funciona muito bem, e não lembram imediatamente algo que eu tenha visto ou lido em algum lugar. Sem falar que toda a parte técnica visualmente é muito bacana. Algo que acho genial nas séries britânicas é trabalhar dentro das suas possibilidades, se eu não tenho tempo nem orçamento para efeitos hollywoodianos, é melhor botar a cabeça para funcionar e pensar em uma solução dentro das possibilidades financeiras da produção do manter a ideia inicial com efeitos baratos que tiram atenção da história.
Enfim, eu tentei manter os spoilers em um nível mínimo porque acredito que muita gente ainda não teve a chance de ver Black Mirror e as surpresas da série definitivamente valem a pena. Se você já viu a série e quer uma opinião mais cheia de spoilers corre para o Podmaníacos que vai ao ar essa semana, que o Michel e eu contamos a série inteira lá. Black Mirror foi a melhor surpresa de 2011 para mim, a série é absolutamente genial, é tudo que a gente reclama que falta na televisão.
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