O pessoal aqui do Yahoo! pediu para que eu escrevesse alguns artigos que indicassem os melhores discos de determinados gêneros para quem não está familiarizado com os mesmos.
É uma tarefa até que razoavelmente fácil, desde que se tenha em mente que a pessoa que nunca teve um contato mais profundo com o jazz, por exemplo - que é justamente o gênero que resolvi abordar agora neste espaço -, não pode ouvir logo de cara discos de melodias e harmonias complexas - como algumas obras do genial Charlie Parker -, muito menos de artistas transgressores como Ornette Coleman.
Muitas vezes, uma pessoa pega bronca de um determinado tipo de música justamente porque começou ouvindo os discos, digamos, "errados" para quem nunca teve qualquer experiência com o respectivo gênero.
Por isso, procurei montar uma verdadeira "seleção de craques", com onze discos escolhidos para facilitar a entrada dentro do maravilhoso mundo do jazz, um universo difícil de abandonar depois que seus labirintos sônicos são desvendados. Embaixo de cada texto há uma sugestão de um outro álbum do artista, caso você tenha curtido a minha dica e queira ir além. Vamos a eles:
1) KIND OF BLUE - Miles Davis
Sem sombra de dúvidas, é o disco mais importante da história do jazz. Foi o momento em que o virtuosismo acelerado deu lugar a uma elegância harmônica e a uma sensibilidade melódica até então inédita. O mais inacreditável é que a fantástica banda que o trompetista reuniu para este álbum - o pianista Bill Evans, o saxofonista Cannonball Adderley, o baixista Paul Chambers e o baterista Jimmy Cobb - só tomou conhecimento das composições poucas horas antes de o gravador do estúdio ter sido ligado, ou seja, muito daquilo que se ouve aqui foi pura improvisação.
Gostou? Ouça 'Round About Midnight
É uma tarefa até que razoavelmente fácil, desde que se tenha em mente que a pessoa que nunca teve um contato mais profundo com o jazz, por exemplo - que é justamente o gênero que resolvi abordar agora neste espaço -, não pode ouvir logo de cara discos de melodias e harmonias complexas - como algumas obras do genial Charlie Parker -, muito menos de artistas transgressores como Ornette Coleman.
Muitas vezes, uma pessoa pega bronca de um determinado tipo de música justamente porque começou ouvindo os discos, digamos, "errados" para quem nunca teve qualquer experiência com o respectivo gênero.
Por isso, procurei montar uma verdadeira "seleção de craques", com onze discos escolhidos para facilitar a entrada dentro do maravilhoso mundo do jazz, um universo difícil de abandonar depois que seus labirintos sônicos são desvendados. Embaixo de cada texto há uma sugestão de um outro álbum do artista, caso você tenha curtido a minha dica e queira ir além. Vamos a eles:
1) KIND OF BLUE - Miles Davis
Sem sombra de dúvidas, é o disco mais importante da história do jazz. Foi o momento em que o virtuosismo acelerado deu lugar a uma elegância harmônica e a uma sensibilidade melódica até então inédita. O mais inacreditável é que a fantástica banda que o trompetista reuniu para este álbum - o pianista Bill Evans, o saxofonista Cannonball Adderley, o baixista Paul Chambers e o baterista Jimmy Cobb - só tomou conhecimento das composições poucas horas antes de o gravador do estúdio ter sido ligado, ou seja, muito daquilo que se ouve aqui foi pura improvisação.
Gostou? Ouça 'Round About Midnight
2) BALLADS - John Coltrane
O maior saxofonista de todos os tempos nem sempre agradou a todos. Embora os amantes ortodoxos do jazz abominem este disco, Ballads mostrou que no estilo exuberante de Coltrane, por vezes bastante complexo e repleto de notas surpreendentes, também cabia a delicadeza em prolongar as notas dentro de temas profundamente românticos, mas sem jamais deixar os arranjos 'açucarados'. Isso sem contar o maravilhoso piano de McCoy Tyner.
Gostou? Ouça A Love Supreme.
3) NIGHT TRAIN - Oscar Peterson
No piano, não tinha para ninguém... Dono de uma técnica quase sobrenatural, Peterson era capaz de imprimir velocidades estonteantes para os padrões do gênero em seus arranjos e ainda assim soar de modo suingado. Neste álbum, o genial pianista deu um tratamento jazzista a diversos temas do blues e rhythm n' blues, acompanhado por dois de seus melhores parceiros - o baixista Ray Brown e o baterista Ed Thigpen. Preste atenção à belíssima versão de "Georgia on My Mind", de Ray Charles.
Gostou? Ouça Blues Etude.
4) BABY BREEZE - Chet Baker
Um dos primeiros nomes da "escola West Coast", vibrante e suingada, que se contrapunha à introspeção e complexidade do jazz feito em Nova Iorque, Baker era um músico especial. A maneira como ele tocava seu trumpete era de um intimismo avassalador, algo que pode ser facilmente comprovado neste disco, em que não só exibia sua delicadeza como instrumentista, mas também ao cantar doces melodias com uma voz quase hipnótica. Quase não dá para acreditar que ele morreu de modo trágico - ele caiu da janela de seu apartamento depois da última das milhares de doses de heroína que tomou na vida.
Gostou? Ouça Chet Baker Sings.
5) I WANT TO HOLD YOUR HAND - Grant Green
Guitarrista extraordinário e subestimado, Green conseguia misturar jazz, blues, rhythm n' bluese até algumas pitadas de soul e bossa nova - ouça com atenção a reconstrução que o guitarrista fez de "Corcovado", de Tom Jobim, incluída neste disco. Ao lado do organista Larry Young, do saxofonista Hank Mobley e do lendário baterista Elvin Jones, Green esmerou-se em mostrar temas softs, quase românticos, mas cheios de bossa e charme. Dá para sentir que sua guitarra parecia "respirar", ao contrário do estilo frenético de seu maior rival no instrumento, o sensacional Wes Montgomery.
Gostou? Ouça Matador.
6) MOANIN' - Art Blakey's Jazz Messengers
O grupo deste extraordinário baterista praticamente redefiniu o conceito de vanguarda dentro do jazz, incluindo de maneira brilhante elementos mais suingados dentro da "rigidez rítmica" do bebop. Neste disco, Blakey apresentou temas com um "molho" surpreendente.
Gostou? Ouça The Freedom Rider.
7) SOMETHIN' ELSE - Cannonball Adderley
Um dos maiores saxofonistas de todos os tempos, Adderley tinha um estilo tão exuberante e alto astral que os fãs de jazz logo o identificavam quando ouviam qualquer participação que ele fizesse em discos de outros músicos. Aqui, ele despejava notas como se fosse petálas em um lago cristalino, fazendo com que os solos presentes em cada tema beirassem o sublime. Sem contar que Adderley foi acompanhado aqui por um time acima de qualquer suspeita (Miles Davis, o pianista Hank Jones, o baixista Sam Jones e o batera Art Blakey).
Gostou? Ouça Know What I Mean?
8) MOONBEANS - Bill Evans
Poucos pianistas eram dotados da técnica e da sensibilidade de Evans. Sua música era introvertida e relaxante, mas sem qualquer traço de descartabilidade melódico/harmônica. A maneira como ele encadeava cada acorde era tão desconcertantemente bela que ele foi o responsável por influenciar inúmeras gerações de instrumentistas. Este foi o disco que Evans gravou logo após a morte de um de seus melhores amigos e parceiros de banda, o baixista Scott LaFaro, substituído posteriormente por Chuck Israels. Cada tema apresenta uma tristeza explícita, mesmo nos momentos em que predominam uma exuberância rítmica monumental, como em "Stairway to the Stars" e na quase-valsa "Very Early".
Gostou? Ouça Portrait in Jazz.
9) TIME OUT - The Dave Brubeck Quartet
Raros foram os discos que trouxeram uma inovação rítmica tão grande quanto este álbum, já que as composições eram tocadas com batidas até então inéditas dentro do gênero, muitas delas influênciadas por elementos oriundos da música erudita e de outras culturas, como a africana e a oriental - ouça com atenção o que o grupo fez em "Take Five" e "Blue Rondo à la Turk". O que para muitos parecia uma loucura acabou se tornando um inesperado sucesso de público. Brubeck elaborou aqui um álbum repleto de melodias riquíssimas, com um grau de sofisticação que atingiu um ponto máximo.
Gostou? Ouça Time Further Out.
10) SUCH SWEET THUNDER - Duke Ellington
Ele foi o mais importante compositor do jazz em todos os tempos. Isso é um fato inquestionável, mas Duke Ellington foi muito além disso. Como líder de sua orquestra, ele praticamente construiu um laboratório sonoro que se tornou uma fonte inesgotável de revoluções musicais. Este disco tinha um certo "conceito" por trás dele, já que Ellington resolveu se inspirar em diversas obras de William Shakespeare para criar cada uma das composições incluídas aqui.
Gostou? Ouça Ellington Uptown
11) JAZZ SAMBA - Stan Getz
Outro saxofonista maravilhoso, Getz foi um dos primeiros músicos internacionais a perceber a riqueza da música brasileira. Dono de um estilo ricamente melodioso, ele logo sacou que o samba e a então emergente bossa nova poderiam servir de inspiração para a criação de uma mistura perfeita com o jazz. E não deu outra: além de vender uma quantidade discos inacreditável para os padrões da época, Getz literalmente abriu as portas do mercado mundial para artistas como João Gilberto, Tom Jobim e Sérgio Mendes. Neste disco, as harmonias, melodias e ritmos não são menos que sublimes - preste atenção aos arranjos de "Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só" (aqui batizada como "One Note Samba"). Ao lado do guitarrista Charlie Byrd - o verdadeiro responsável por apresentar a bossa nova ao saxofonista -, Getz soube divulgar a música brasileira no planeta como ninguém havia feito antes.
Gostou? Ouça Reflections
Por Regis Tadeu
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