Crítica/ "Scratch My Back"
Cantor faz cover com arranjos sóbrios
"Soa tão artificial/ O Peter Gabriel também/ E soa tão artificial/ Cantar seu próprio nome." Este é Peter Gabriel em "Cape Kod Kwassa Kwassa", música originalmente do grupo Vampire Weekend que ganhou versão feita em conjunto por Gabriel e pela banda electro-pop Hot Chip.
Cantor faz cover com arranjos sóbrios
"Soa tão artificial/ O Peter Gabriel também/ E soa tão artificial/ Cantar seu próprio nome." Este é Peter Gabriel em "Cape Kod Kwassa Kwassa", música originalmente do grupo Vampire Weekend que ganhou versão feita em conjunto por Gabriel e pela banda electro-pop Hot Chip.
Apegado a interpretar músicas de outros, o cantor iniciou um projeto curioso: fazer covers de diversos artistas enquanto esses artistas realizam, cada um deles, um cover de Gabriel. E assim surgiu o disco "Scratch My Back".
A ideia original era a de que o álbum fosse duplo: um disco com as versões de Gabriel, o outro com as versões dos outros artistas para músicas de Gabriel. "Mas, com a agenda de cada um dos envolvidos, levaria muito tempo para completar o projeto", diz o cantor no encarte. Então o álbum sai apenas com os covers de Gabriel.
"Scratch My Back" ganha logo interesse devido às escolhas feitas por Gabriel: ele reinventa canções de gente como a banda indie Arcade Fire, a nova e ótima cantora Regina Spektor, o folk Bon Iver, os subvalorizados Elbow e os heróis Radiohead. É inusitado dar de cara com Peter Gabriel interpretando Arcade Fire. "Minhas filhas Anna e Melanie deram algumas sugestões, e também Dickie, que eu adotei", escreve Gabriel.
Outras canções vêm de artistas da mesma (ou de uma próxima) geração de Gabriel, como Neil Young, David Bowie, Lou Reed, Paul Simon.
Com ajuda de John Metcalfe, Gabriel cria arranjos sóbrios, austeros para as versões. Muitos deles (como os de "Heroes", de Bowie, "Listening Wind", do Talking Heads, e "My Body Is a Cage", do Arcade Fire) são bem orquestrados, com violinos e piano nos planos de frente.
Enquanto falha em "Power of Your Heart" (Lou Reed) e "Philadelphia"(Neil Young), transformadas em baladas bobas e açucaradas, Gabriel acerta mão (e a voz) em "The Book of Love" (Magnetic Fields) e "Apres Moi" (Regina Spektor), ambas com arranjos ousados e elegantes, que escapam dos excessos e da emoção fácil.
Um dos bons destaques de "Scratch My Back" aparece no final. Para encerrar o álbum, Gabriel escolheu "Street Spirit (Fade Out)", do Radiohead. O cantor parece tirar toda a grandiosidade da versão original e nos entrega uma peça intimista, triste, melancólica.
A primeira parte do projeto até que deu certo. Tomara que a segunda parte não demore muito para ganhar vida.
THIAGO NEY
SCRATCH MY BACK
Artista: Peter Gabriel
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: bom
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