Top Protagonistas que Protagonizam e Protagonistas que Coadjuvam
Os protagonistas que nasceram para brilhar à frente de suas séries e aqueles que não tiveram envergadura para se destacar com a faixa de capitão.
Na hora de escrever uma ficção a primeira coisa que você precisa decidir é como será a sua história e quem vai existir para vivê-la. Daí vem o tal protagonista (palavra grega que se dividida significa “primeiro”, “ator” e “competição”), que pode ser o grande trunfo ou o grande fracasso dessa trama.
No mundo das séries não poderia ser diferente. Há os protagonistas que se registram para a eternidade, há aqueles que são as maiores malas de uma série, há os que acabam coadjuvando e há os coadjuvantes que protagonizam. Essa dinâmica de inversão é o ponto mais interessante desse tópico e prova que nem sempre os planos de um showrunner saem como o esperado.
O Top Maníacos vai mostrar uma lista com alguns desses tipos. Começando pelos protagonistas, que deveriam ser os alicerces de uma dramaturgia, mas nem sempre conseguem cumprir essa missão.
As listas têm ordem aleatória e não privilegiam todos.
Protagonistas que realmente Protagonizam
Essa categoria é a básica. Reúne uma galeria de personagens que realmente cumprem o seu papel e lideram a estrutura de sua série. Até porque, não basta ser eleito o protagonista e ter todas as tramas centradas em você. O público tem que te aceitar como figura primordial e você tem que ser querido. Ou isso, ou o protagonismo passa sem querer pro personagem paralelo e a ordem das coisas é invertida.
Mas vamos a eles.
Eric Taylor – Friday Night Lights
Kyle Chandler vai aparecer nessa lista duas vezes numa mesma menção, porque ao passo que raramente um mesmo ator consegue segurar tão bem a liderança de duas séries distintas, ele veio e fez isso com imensa competência. Eric reunia uma série de qualidades, uma contida sensibilidade nada comum a um texano que treina futebol, e tinha uma esposa que era sua metade absoluta. Foi conduzido pelas quatro temporadas da série com coerência, e essa é uma grande razão para aparecer por aqui. Seu outro ótimo momento foi com Early Edition, quando ele ainda era quase um desconhecido e vivia um loser que recebia o jornal do dia seguinte e precisava tentar resolver as coisas. A série era tímida e despercebida, mas tinha uma mitologia interessante que se encerrou de maneira comovente e muito coesa.
Jack Bauer – 24 horas
Na maioria das vezes 24 horas era ruim por conta das decisões dramatúrgicas. A recorrência absurda de tramas, que foram cansando e transformando as últimas temporadas em uma grande piada. Mesmo assim, o personagem permanecia intacto e acabávamos vendo só pra saber como Jack ia sair das enrascadas em que se metia. Seu final foi completamente desmerecedor de sua importância, mas o agente continua sendo um ícone e um grande exemplo de personagem que catalisa tudo dentro de uma série.
Alicia Florrick – The Good Wife
A boa esposa é uma referência de superação, tema sempre eficiente dentro da ficção. Suprimida pelas circunstâncias que a colocaram na roda de fogo, Alicia vai atrás de sua independência e ficamos hipnotizados pela expectativa de suas vitórias. Juliana Margulies, que já foi uma louca suicida em ER, ganha o proscênio com essa grande personagem.
Lorelai Gilmore – Gilmore Girls
Ela teve uma filha aos 16 anos, fugiu da casa dos pais ricos e criou sua rebenta numa cidadezinha cheia de tipos estranhos e festas temáticas. Lauren Graham nunca foi uma atriz complexa, e mesmo com Lorelai tinha lá seus momentos péssimos, mas a personagem era tão divertida e carismática que era impossível não cair de amores por ela. Seu jeito absurdamente rápido de falar, seu vício por café e suas referências pop afiadas, tornaram sua passagem de sete temporadas pela televisão numa experiência inesquecível.
Tony Soprano – The Sopranos
Se você tem crises de ansiedade e depressão crônica, poderia ser um mafioso em ascensão? Tony Soprano era, e junto com a interpretação brilhante de James Gandolfini, fez nascer para o mundo um dos – senão o maior – personagem da televisão mundial. O texto de David Chase e a estética original (verdadeira vanguarda do que se vê hoje em dia), também enriqueciam muito as coisas, e construíam uma narrativa cheia de uma tensão velada que encerrou-se depois de seis anos com um final com tantas camadas e nuances como tinha seu protagonista.
Don Draper – Mad Men
Ninguém sabe de verdade quem é esse homem, que junto com o charme de seu intérprete, constroem uma aura de suspense constante em relação a ele. Draper é sedutor, tem uma moral flexível, uma inteligência soturna e transmite uma sensação de incômodo constante aos espectadores. Seu papel na série é o da representação filosófica da ação do homem perante o mundo e do quanto há de profundidade na maneira como isso nos afeta. Um personagem notável.
Dr. House – House
Hugh Laurie já foi o pai do Pequeno Stuart Little antes de começar a mancar pelos corredores do hospital da Dr. Cuddy. A série de David Shore tornou-se um verdadeiro fenômeno ao apresentar ao mundo um médico ranzinza, cínico, mal-humorado, cheio de uma franqueza grosseira que ao mesmo tempo, era o maior gênio na área da medicina diagnóstica. Laurie ganhou uma quantidade absurda de prêmios por conta desse icônico personagem que ao longo de sete temporadas deixou de ser uma unanimidade, mas ainda permanece único.
Carrie Bradshaw – Sex and the City
Na hora de falar de ícones, não tem como deixar ela de fora. Durante seis anos, Sex and the City reformulou o universo feminino e lançou moda. Apesar das outras três também serem protagonistas, Carrie é soberana. Até hoje Sarah Jessica Parker - que antes de Carrie não era nada além de uma atriz de terceiro escalão – é referência dentro do universo feminino, gay e serialesco.
Olivia Dunham – Fringe
No início de Fringe, parecia que ela seria só mais uma agente do FBI com cara de estátua de cera, mas logo o destino de Olivia foi se revelando primordial para a trama e Anna Torv foi tendo mais oportunidades de brilhar. O universo paralelo trouxe uma outra Olivia, e ela foi precisando criar outras camadas da mesma pessoa. A Olívia da primeira realidade, a Olívia da segunda realidade, a Olívia 1 fingindo ser a 2 e a 2 fingindo ser a 1. Mas o melhor momento da atriz foi sua interpretação de Bellívia, a versão Olívia possuída por Bell. Anna pegou todos os maneirismos de fala de Leonard Nimoy e deu um show de interpretação.
Vic Mackey – The Shield
Um bom exemplo de vilão protagonista. Torcer pelo herói é comum na ficção, mas acompanhar o vilão como protagonista é bem incomum. Torcer por ele era complicado. A gente até torcia, mas pra ele se ferrar. Vic mentia como respirava, roubava, manipulava e até matava em nome de seus interesses. Inspiradíssimo, Michael Chiklis comandou sete temporadas de tensão do início ao fim (ok, a sexta temporada foi meio irregular, mas ainda assim, boa) e encerrou a série com um final dos mais brilhantes que já existiu.
Menções honrosas: Fox Mulder (que não entrou porque dividia a cena e a importância com Dana Scully), Nucky Thompson (que não entrou pelo mesmo motivo que Mulder: divide a cena com Jimmy), Rachel Berry (que não entrou porque Ryan Murphy nunca decide que tipo de personagem ela é), Patty Hewes (que divide as atenções com Ellen), Homer Simpson (que não entrou porque é um desenho) e muitos outros que mereciam, mas ficaram de fora porque enfim, lista é lista e não estatística.
Protagonistas que Coadjuvam
Em contrapartida a todos os bons protagonistas que tomam posse realmente de sua série, há aqueles que não conseguem conquistar o público e acabam sendo apenas suportados em nome do bem maior (a coerência de manter o protagonista sempre em foco). Para esses o destino cruel de serem preteridos é uma realidade. E volta e meia são obrigados a aturar todo o público adorando tudo na série, menos o que acontece com eles. Acabam coadjuvando dentro do próprio reino e viram plebeus perante o sucesso dos outros.
Rory Gilmore – Gilmore Girls
Ela aparece em todos os episódios, em todo o material promocional, lá, ao lado da mãe, tem uma série de conflitos e tal… Mas durante todas as sete temporadas, a interpretação apática de Alexis Bledel para a herdeira dos Gilmore foi grande parte da responsabilidade pela sensação de coadjuvância dela.
Jack Shephard – Lost
O nome mais perigoso dessa lista. Jack tem imensa importância dentro da mitologia de Lost e suas péssimas participações na quarta e quinta temporadas foram totalmente redimidas no finale. No entanto, Jack, o protagonista eleito da série, foi engolido pelo carisma de Sawyer, Kate, Sayd, Locke, Hurley e até Ben. Episódios com Jack começavam e encerravam temporadas, tinham grande valor, mas os fãs, em sua maioria, acabavam mesmo aceitando-o como parte necessária de um jogo, o que nunca significou gostar realmente dele.
Meredith Grey – Grey’s Anatony
A série tem o nome dela, mas mesmo assim ela aparece nessa lista. A razão é simples: o pouco talento de Ellen Pompeo no início tirava qualquer um do sério. A própria personagem era enfadonha e só foi começando a encontrar seu caminho no futuro. Hoje ela já é querida e indispensável, mas durante muito tempo foi engolida pelos colegas.
Sookie Stackhouse – True Blood
Ok, ela é forte dentro da série. Muito forte. Tudo gira em torno dela… Mas será mesmo que isso é o suficiente? Tirando a capacidade absurda da moça de conquistar exemplares masculinos que muitas mulheres matariam pra conquistar (uma apostila escrita por ela faria muito sucesso), Sookie é chata na maioria do tempo. Gostamos dela por dois minutos e logo depois ela volta a nos irritar com sua cara de menina assustada e sua vozinha aguda. É bem verdade que a culpa não é só da Anna Paquin (que já estragou a Vampira), mas da loucura que virou o programa. Porém ignorar que às vezes assistimos um episódio inteiro só pra ver dois minutos de Pam ou Eric, seria um erro.
Will Schuester – Glee
Em quase três temporadas eu devo ter gostado dele umas três vezes. Sua inconstância também é culpa da incoerência de alguns roteiros, mas de fato o pobre regente do coral perde de longe no quesito empatia. Ele é o fio condutor de tudo, mas suas cenas são sempre a hora de beber água ou fazer xixi.
Vivien Harmon – American Horror Story
Junto com Dylan McDermott, Connie Britton estrela essa outra série de Ryan Murphy e apesar de ótima atriz, ficou na lanterninha no quesito relevância para o público. Ela carrega lá a tal gravidez misteriosa, mas não transita em absolutamente nenhuma outra possibilidade dentro da trama. É suprimida por todos os coadjuvantes e até por seu parceiro de protagonização. Um desperdício de talento e um equívoco de criação.
Will & Grace – Will & Grace
Eles aparecem como um só porque no fim das contas, são um só. Demorou bastante para que Debra Messing e Eric McCormack conseguissem chamar a atenção do público e da crítica em suas direções, uma vez que Jack & Karen logo se tornaram ícones. Mesmo depois de aceitos e respeitados, Will & Grace sempre ficaram pra trás, renegados à posição de coadjuvantes forçados. Os melhores momentos dos dois eram quando misturados aos colegas de elenco.
Ryan Atwood – The OC
A série era sobre ele, um jovem encrenqueiro de uma região pobre da Califórnia, que de supetão, ia morar com os ricaços de Orange County. Mas o jeitão sério com que Benjamin McKenzie interpretou o moço não o ajudou a ser o mais queridinho da série. Ninguém queria que ele fosse embora, mas todos gostavam mesmo era do Seth, da Summer e até da Julie. Somente na ótima quarta temporada é que ele começou a se soltar, mas aí… Já era tarde demais.
Dawson Leery – Dawson’s Creek
Mais um caso de personagem que dá nome a série e é engolido pelos coadjuvantes. No caso da Dawson a coisa ainda é mais impressionante, porque a quinta e a sexta temporadas foram basicamente sobre a Joey e mesmo assim, o nome do programa ainda era Dawson’s Creek. Ele continuava aparecendo, mas em plots pequenos e com muitas ausências. Kevin Willianson teria feito maravilhas pela série se não tivesse abandonado o barco nas mãos de Tom Kapinos (que hoje é dono de Californication e diz pra quem quiser ouvir o quanto achava tenebroso escrever pra DC), mas alguma coisa aconteceu no meio do caminho e Joey roubou a cena. A maldição de Dawson foi tão poderosa que seu intérprete, James Van Der Beek, foi o único que nunca conseguiu emplacar. Katie Holmes virou mito bizarro e ainda faz filmes, Joshua Jackson tem um bom personagem em Fringe e é muito respeitado por ele, e Michelle Willians foi indicada a dois Oscars e esse ano tem grandes chances de uma terceira indicação por My Week With Marilyn. Loser dos pés à cabeça.
No próximo post vamos desvendar alguns dos coadjuvantes que nasceram pra coadjuvar mesmo e alguns outros que acabaram protagonizando o jogo. E vocês? Quais seriam os melhores e piores protagonistas do mundos das séries?
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