terça-feira, 21 de setembro de 2010

The Tree of Life




Depois de uma peregrinação árdua, The Tree of Life, de Terrence Malick, acaba de achar um distribuidor: a Fox Searchlight adquiriu o título depois de complicadas negociações, e planeja um lançamento para 2011. A história de Tree of Life é exemplar do estado de coisas no cinema independente, hoje: o projeto foi financiado em sua maior parte por Bill Pohlad, um bilionário norte-americano com paixão por cinema, através de sua produtora, a River Road. A ideia era garantir para a distribuidora de Pohlad, Apparition, um carro-chefe para a temporada ouro de 2010, mas Malick, historicamente conhecido por demorar muito mais do que o previsto para realizar seus filmes, furou consecuitivas datas de entrega.


Enquanto Malick retocava sua obra, várias coisas aconteceram: a recessão aprofundou-se, o mercado de distribuição tornou-se ainda mais estrangulado e competitivo e, num surto financeiro-existencial, o sócio de Pohlad na Apparition, Bob Berney – pessoa respeitadíssima no meio – chutou o balde e abandonou a empresa na véspera de Cannes.


Seguiram-se meses de lenta agonia para a Apparition –que lançou, entre outros, Bright Star e The Runaways. Funcionários foram demitidos em levas sucessivas enquanto Pohlad mostrava cópias brutas de Tree of Life a vários possíveis interessados, demonstrando claramente que não tinha mais fôlego para bancar a finalização e o lançamento do filme de Malick. A última rodada foi justamente em Telluride – enquanto mais uma leva de demissões reduzia os escritórios de Nova York e Los Angeles a 15 funcionários. As negociações nas montanhas do Colorado renderam, e agora a Fox Searchlight tem em suas mãos o filme sobre a complicada relação entre pai e filho (Brad Pitt e Sean Penn, respectivamente) ao longo de várias décadas no Texas do século passado. “É um filme profundamente comovente, observado com exatidão e realizado de modo magistral”, disseram os presidentes da Searchlight anunciando a aquisição.


E por que então não lançam este ano? Em primeiro lugar, porque a Searchlight já tem muitos tiros ao alvo na temporada ouro: Black Swan, 127 Hours, Never Let Me Go. E em segundo lugar porque ainda não está pronto…


E quem repercutiu bacana em Telluride 2010? Principalmente o inglês The King’s Speech, de Tom Hooper,com Colin Firth, Helena Bonham Carter e Geoffrey Rush, 127 Hours (que levou alguns ilustres espectadores a passar mal), o documentário Tabloid, de Errol Morris. E um azarão: o franco-canadense Incendies. O novo Peter Weir, The Way Back, foi bem recebido, mas não chegou a empolgar. Com os outros, olho vivo.

Por Ana Maria Bahiana

Nenhum comentário:

Postar um comentário