Foi um roubo a vista de todos, escandaloso e o pior é que Brad Pitt teve que bancar o educado, achar que tudo estava bem. Mas não deve ter sido nada fácil para o astro mais popular e desejado do mundo (esta semana confirmaram isso pela Forbes), que aceitou estrelar o novo filme de Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios, quase como um favor para o diretor, que precisava de um astro famoso para garantir o prestigio do filme.
No final das contas, o papel resultou não apenas pequeno, apenas parte de um grande todo, mas ainda por cima Tarantino o deixou cair na caricatura (o que foi muito reparado pelos críticos). E pior que isso: um desconhecido que faz um oficial nazista roubou o filme e levou o prêmio, que por prestígio, deveria ser de Brad: o de melhor ator no Festival de Cannes. Um cara de quem nunca se ouviu falar e que cometeu esse roubo: um certo Christoph Waltz realizou essa façanha e, como resultado, é bem capaz de levar um Oscar de coadjuvante – até porque a indicação já parece certa.
Quem diabos é esse cavalheiro que se chama Sr. Valsa? Antes do filme, não se sabia absolutamente nada sobre ele e a surpresa é que fale tão fluentemente inglês, francês e alemão (isso se explica porque ele é austríaco de nascimento e para conseguir trabalho na Europa, é preciso ser fluente em varias línguas).
Nascido em 4 de outubro de 1956, em Viena, neto de atores, filho de cenógrafos de cinema (Elisabeth Urbancic e Johannes Waltz). Judeu (seu filho mais velho é rabino), divorciado com três filhos, vive com a namorada de muito tempo em Londres. Estudou na Escola de Max Reinhardt em Viena e no Actor´s Studio, com Lee Strasberg em Nova York.
Conseguiu o papel no último minuto porque Tarantino estava pronto para desistir porque não conseguia achar alguém certo para ser o Coronel Hans Landa. Christoph foi chamado por uma agência de atores em Berlim, sem cartucho e foi assim que Tarantino o descobriu. Dizem que eles (também o produtor Lawrence Bender) leram praticamente o script todo, sem qualquer tensão, tudo bem humorado. A reação do ator, a princípio, foi que era demais para ele, não acreditava. “A discrepância entre o script e eu era grande demais”, afirmou. Na hora de filmar, nada de improvisação (porque o ator também não gosta disso). De influências, ele admite apenas uma: Marlon Brando.
O mais curioso da filmografia do Sr. Valsa é que tem noventa créditos e nada que nos lembremos dele. Foi um espião alemão em 007 contra Goldeneye, em 89 e depois nada mais reconhecível (mas já está também atualmente filmando The Green Hornet, de Michael Gondry, no papel de Chudnofsky).
Que foi roubo ninguém nega, as pessoas saem do cinema perguntando quem é aquele sujeito…É bem capaz do próprio Pitt ter tido a mesma reação.
Rubens Ewald Filho
Crítico de cinema
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