The Corporation – A Corporação
Impressionante.
Sempre fui fã de documentários. Desde Edifício Master, do Eduardo Coutinho, até Ônibus 174 e os filmes de Michael Moore. Ok, esse último, assim como todo e qualquer documentarista, é parcial. É claro. Todo documentário, assim como qualquer matéria jornalística, na minha opinião, defende um ponto de vista, uma visão de mundo, reflete as escolhas do seu autor, por mais que ele tente ser “imparcial”, “objetivo” e fale da realidade. Afinal, uma mesma história tem tantos lados e tantas partes que podem ser contadas e que nunca são no todo… mas enfim, não vim aqui para falar de jornalismo.
O que interessa é esse documentário, The Corporation… que maravilhoso! Aqui sim se vê uma bela reflexão e crítica sobre o nosso modelo de sociedade global… sem falar de globalização – apesar dela estar inevitavelmente ali, na história -, mas falando do poder das corporações, vamos entendendo como chegamos a esse modelo de sociedade em que o capital manda no mundo, os interesses das empresas controlam sociedades e pessoas… e isso não é exagero ou papo de esquerdista, mas a pura realidade. O que você sabe sobre o que acontece no mundo ou na sua vizinhança? Já pensou que quase tudo que você sabe chega por canais super, mega controlados e que obedecem a interesses muito específicos?
A HISTÓRIA: A Corporação é um documentário que analisa a fundo o poder das grandes empresas, das grandes corporações. O filme fala desde o nascimento desse tipo de negócio até o predomínio de suas atividades no mundo atual, refletindo desde a Revolução Industrial até as vitórias legislativas que permitiram que empresas e cientistas chegassem a patentear boa parte da vida natural.
VOLTANDO À CRÍTICA: eu já pensava muito sobre o poder da propaganda – ou lavagem cerebral, como quiserem entender – atual e a máfia das grandes corporações. Sobre a capacidade do capital em sumir com histórias e tornar “verdade” o que lhes interessa – e isso é cada vez mais verdade com as grandes corporações da mídia, com milhares de jornais, revistas, tvs e rádios sendo controladas por um punhado de grandes empresas. Mas, de verdade, me impressionou o trabalho dos diretores Mark Achbar e Jennifer Abbott. Eles conseguem ir bem fundo e de maneira bem mais contextualizada no problema, abrangendo desde os aspectos históricos e os reflexos sociais das mudanças que foram ocorrendo até os dias atuais. Impressionante trabalho de pesquisa e de entrevistas. Importante destacar o trabalho de Joel Bakan, que escreveu as linhas desse documentário – e parece que é seu primeiro trabalho… isso que chamo de uma grande estréia!
Esse documentário arrecadou, só nos Estados Unidos, US$ 1,879 milhões, o que não está mal – apesar que o último filme de Michael Moore, só para exemplificar, o ótimo Sicko, arrecadou US$ 23,616 milhões. E sem desmerecer Sicko, que é bem interessante também (fala sobre a crise no sistema de saúde norte-americano e da privatização do mesmo), mas A Corporação merecia ser mais visto do que foi. Muito mais.
Fazendo o doutorado em comunicação aqui em Madrid, eu já tinha refletido sobre essas questões do poder da mídia, de como o “sistema” absorve as inovações antes que elas se tornem uma arma potencial de mudança social e tudo o mais… mas ainda não tinha claro algumas coisas… Como por que os grandes estúdios deixavam um filme como esse, tão veementemente contrário a esse tipo de indústria, ser produzido e lançado? Mas a declaração final de Michael Moore me esclareceu isso. E eu, de verdade, espero que todos nós consigamos passar a informação adiante, consigamos nos apropiar dessas ferramentas que a indústria disponibiliza para um bem maior… para informar mais gente e impedir que outros absurdos aconteçam. De verdade eu creio que isso é possível e acho que a Internet e blogs podem jogar um papel importante nisso. Acho que já estão jogando.
O filme, por muitos motivos, é indispensável.
NOTA: 9,8.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: Assista e recomende! Ah, e no final, quando aparecem os créditos, os diretores recomendam uma série de sites interessantes, sobre mídia independente e muito mais.
Where The Truth Lies – Verdade Nua
Filme interessante e chato ao mesmo tempo. Interessante pelas interpretações e chato pelo tanto que ele é óbvio na direção e em outros aspectos técnicos, como na trilha sonora e em grande parte do roteiro.
Dirigido por Atom Egoyan, Where The True Lies é um filme de 2005 que vale mais pela dupla Kevin Bacon e Colin Firth do que por todo o resto. Kevin Bacon parece que vem se especializando em papéis sinistros… enquanto Colin Firth se esquiva um pouco do seu até agora costumaz papel de “bom moço” em filmes românticos – que lhe vêm acompanhando desde Bridget Jones.
A história poderia ser melhor contada se o diretor egípcio Atom Egoyan (do anterior e elogiado Ararat) se aventurasse mais. Mas ele faz, na verdade, um filme bem básico, sem muita personalidade. Não muito conhecido, Where the True Lies faturou pouco mais de US$ 871 mil nos Estados Unidos… um fracasso, já que a produção custou aproximadamente US$ 25 milhões – um baixo custo para Hollywood, mas justificável pela simplicidade da produção.
A HISTÓRIA: O filme conta a história da jornalista Karen O´Connor (Alison Lohman) em busca da verdade sobre a separação da dupla de sucesso Vince Collins (Colin Firth) e Lanny Morris (Kevin Bacon). Os dois formavam uma das duplas humorísticas de maior sucesso na televisão americana e no circuito ao redor de Miami e Hollywood nos anos 50, mas se separaram de maneira inexplicada. Quinze anos depois da separação deles, O´Connor tenta descobrir a verdade do que aconteceu com a carreira deles e sobre a morte de uma empregada de hotel chamada Maureen (Rachel Blanchard) na suíte em que eles ficaram hospedados após um de seus shows.
VOLTANDO À CRÍTICA: Como eu comentava antes, o diretor de Ararat faz um filme absolutamente morno. Sem ousar em nenhum momento, ele nos apresenta uma história linear em quanto a investigação da jornalista entremeada com “flashbacks” da história de Vince e Lanny – e, como outros filmes que buscam “revelar os bastidores cruéis do showbusiness e de Hollywood”, aqui também nem tudo que se conta é verdade a primeira vista. Assim como a direção de Egoyan, a interpretação de Alison Lohman não sai da temperatura média, beirando quase a frieza, em um contraste com as boas intepretações de Kevin Bacon (do Sobre Meninos e Lobos, que eu adoro) e Colin Firth. Os dois, inclusive, realmente parecem uma dupla em cena, sem distoar em nenhum momento, juntos ou separados.
O filme não é uma total perda de tempo, mas é morno. Vale pela interpretação dos dois atores e pela beleza e interpretação da atriz Rachel Blanchard (que pode ser vista em Serpentes a Bordo, um filme que ainda não vi mas, tenho certeza, deve entrar na minha lista de “absurdos divertidos”). Mas, para ser franca, há pelo menos uns 30 filmes diferentes que valem mais o seu tempo. Esse lembra demais as histórias de Sidney Sheldon (que descanse em paz!) ou tantas outras que você já viu no cinema, só que melhor filmadas.
NOTA: 6.
OBS DE PÉ DE PÁGINA (Só leia depois de ver o filme): Será que toda jornalista precisa transar com seus entrevistados para conseguir um “furo”? As meninas desse filme ao menos dizem que sim… Sem trocadilhos com a idéia do “furo”, mas alguma feminista pode se aborrecer com essa idéia. Ou não? Eu sei que eu nunca precisei dessas “artimanhas” para conseguir uma entrevista… mas vai ver que é porque eu nunca trabalhei em Hollywood.
E nas buscas para os links para esse comentário descobri que o Kevin Bacon tem uma banda… ele tem tudo a ver com uma banda. hehehehehe
FONTE: http://moviesense.wordpress.com/2007/08/
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