quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Bright Star














Lá pelo meio das loooooongaaaaas duas horas de Bright Star, a "balada romântica" de Jane Campion, começo a pensar que os chiliques e aflições da juventude são os mesmos desde, provavelmente, Édipo. Com sorte e a conjunção correta de fatores alguns se tornam Mozarts e, a ver pelo filme, Keats. Outros são simplesmente aqueles vizinhos que não se suporta.



Sucesso em Cannes onde Campion tem carteira de platina no Club Croisette, indo agora para Toronto, com lançamento comercial nos EUA em setembro, Bright Star segue (mais pela intuição que pelo rigor) o brevíssimo e casto romance entre a costureira e pré-fashionista Fanny Brawe e seu vizinho, o poeta John Keats, nos pastoris arredores de Londres. Brawne tinha 18 anos e Keats, 24, quando se conheceram.



Em outro século que não as décadas românticas do início do 19, ela seria uma designer dessas que dá ataque e faz beicinho e ele, provavelmente, um rockstar emo/shoegazer. Nos dois cenários ele morreria cedo (não é um spoiler, por favor - olhem na sua Wikipedia e verão que o rapaz se foi aos 25 anos, tísico, na Itália) e o trágico amor entre eles assumiria proporções épicas, registradas em obras muitas vezes repetidas - playlists ou volumes de poesia e correspondência.


O que torna o filme de Campion lindo é a mesma coisa que, para mim, o torna irritante - uma estilização tão intensa que me desconecta do aspecto humano desses dois jovens prematuramente lidando com os temas abissais de amor e perda. Quando as pessoas começam a chorar em ângulos estranhos só para captar a luz, eu desconfio...e desligo. Mas a direção de arte e os figurinos - da mesma Janet Patterson - já podem ir para as listas de indicáveis.


Bom ver a aparição de uma possível nova estrela brilhante, a australiana Abbie Cornish, como Fanny; e a evolução muito interessante de Ben Whishaw, que foi o protagnista de Perfume, um dos Bob Dylans de Não Estou Lá e o Keith Richards de Stoned e agora traz uma sensibilidade trágico- rock n roll para seu Keats. Olho nele!


E Bright Star contem, sem dúvida, o Melhor Desempenho de um Felino Num Filme de Época. O nome dele é Topper e não deu para descobrir , pelo sotaque, se é australiano ou ingles. Mas só por uma cena, digamos, literária, com Abbie Cornish ele merece uma lata de atum. De ouro.


Por Ana Maria Bahiana

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