31/03/2011 - 08h54
Em Porto Alegre, Ozzy esbanja energia e usa bandeira do Grêmio no ginásio do Inter
ALEXANDRE DE SANTI
Colaboração para o UOL, em Porto Alegre
Um Ozzy Osbourne disposto e cheio de energia lotou o ginásio do Gigantinho na noite desta quarta-feira (30/03/2011), em Porto Alegre, no primeiro show da turnê do cantor inglês pelo Brasil, que ainda passará por São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Aos 62 anos, o fundador do Black Sabbath, alvo de todo tipo de especulação sobre sua saúde nas últimas três décadas, mostrou que os abusos não foram suficientes para roubar sua vitalidade em cima do palco.
Ozzy começou o show para um público de 12 mil pessoas às 20h58min, 32 minutos antes do horário previsto. O eterno Príncipe das Trevas apareceu de capa preta e óculos redondos ao som de “Carmina Burana”, clássico de Carl Orff que deu a solenidade ao primeiro show de um dos pais do heavy metal na capital gaúcha - esta é a quarta turnê do cantor no Brasil, mas a primeira a passar fora do Sudeste. Sorridente, Ozzy agitou a plateia e desfilou o repertório de pouco mais de 1h30min, idêntico ao apresentado recentemente na Argentina e Chile, por onde iniciou a turnê latino-americana.
Se a disposição de Ozzy foi a surpresa da noite, o setlist frustrou quem esperava ousadia. A banda repetiu a ordem das 15 músicas (incluindo o bis) apresentadas para chilenos e argentinos. O disco “Scream”, que dá nome à turnê, ganhou apenas uma música, “Let me Hear You Scream”. Os fãs do Black Sabbath, no entanto, não têm do que reclamar: Ozzy trouxe cinco músicas do quarteto de Birmingham, Inglaterra, entre elas os clássicos “War Pigs”, “Iron Man” e “Paranoid”. Ao lado de “Crazy Train”, um dos principais sucessos da carreira solo de Ozzy, foram os clássicos do Sabbath que incendiaram o Gigantinho.
A banda interpretou os temas do passado com respeito, mantendo grande parte dos detalhes originais, embora o metal do conjunto estivesse mais pesado do que o próprio Sabbath. O novo guitarrista do cantor, Gus G, que ocupa o lugar de Zakk Wylde há quase dois anos, teve a sensibilidade de manter as principais melodias dos solos de Tony Iommi, Randy Rhoads e Wylde, os três guitarristas que fizeram história ao lado de Ozzy. Gus G, no entanto, exagerou nos clichês do estilo, como os solos em alta velocidade de frente para o ventilador que movimentava os longos cabelos negros, sobretudo durante o descanso de quase 15 minutos de Ozzy, enquanto a banda faz solos para preencher a saída do líder e toca a instrumental “Rat Salad”, outra do Sabbath.
A plateia recebeu Ozzy com cantos de estádio de futebol e devoção. Em troca, o cantor mostrou que ainda consegue cantar como no passado, embora a voz de Ozzy por vezes desaparecesse na limitada acústica do Gigantinho. O áudio de uma faixa de apoio com a própria voz de Ozzy vazou em trechos de “War Pigs”, dando a impressão de que o cantor se utiliza de algum tipo de playback para ajudar na afinação ou se manter no tempo da música. Se o cantor usa do expediente em outras canções, o truque ficou bem escondido. Ozzy ainda teve energia para correr pelo palco, pular, bater palmas em cima da cabeça inúmeras vezes (nem sempre no tempo da música), refrescar a cabeça a cada parada em um balde posicionado à frente da bateria e molhar o público com uma mangueira de espuma. O cantor não arriscou nenhuma palavra em português e repetiu o bordão "Let´s go crazy!" diversas vezes, dando a impressão de que estivesse um pouco frustrado com a animação do público gaúcho.
Recebido no ginásio do Sport Club Internacional (que jogava contra o Jorge Wilstermann pela Libertadores no Beira-Rio, no mesmo horário), Ozzy ainda cometeu a gafe de se abraçar numa bandeira do Grêmio jogada ao palco, para delírio e repúdio do público. Uma bandeira do Inter também foi lançada, mas o cantor ignorou, embora seja provável que Ozzy não tenha noção da dimensão da rivalidade Grenal e não saiba reconhecer os distintivos dos clubes, detalhe perdoável na biografia de quem, aos 62 anos, é considerado um sobrevivente da própria existência.
Após o bis, com “Mama, I´m Coming Home” e “Paranoid”, Ozzy saudou o público de joelhos, em reverência, e deixou o palco com seus tradicionais passos curtos, costas curvadas à frente, um lembrete dos abusos que ficaram no corpo.
O cantor deixou Porto Alegre após o show, rumo a São Paulo, onde se apresenta no dia 2, na Arena Anhembi. No dia 5, Brasília recebe Ozzy no ginásio Nilson Nelson. O Rio de Janeiro verá o Princípe das Trevas dois dias depois, no Citibank Hall, e a turnê se encerra dia 9 no Mineirinho, em Belo Horizonte.
O cantor deixou Porto Alegre após o show, rumo a São Paulo, onde se apresenta no dia 2, na Arena Anhembi. No dia 5, Brasília recebe Ozzy no ginásio Nilson Nelson. O Rio de Janeiro verá o Princípe das Trevas dois dias depois, no Citibank Hall, e a turnê se encerra dia 9 no Mineirinho, em Belo Horizonte.
Veja o repertório do show:
"Bark at The Moon"
"Let Me Hear You Scream"
"Mr. Crowley"
"I Don´t Know"
"Fairies Wear Boots"
"Suicide Solution"
"Road to Nowhere"
"War Pigs"
"Shot in the Dark"
"Rat Salad"
"Iron Man"
"I Don´t Want to Change the World"
"Crazy Train" Bis
"Mama, I´m Coming Home"
"Paranoid"
"Bark at The Moon"
"Let Me Hear You Scream"
"Mr. Crowley"
"I Don´t Know"
"Fairies Wear Boots"
"Suicide Solution"
"Road to Nowhere"
"War Pigs"
"Shot in the Dark"
"Rat Salad"
"Iron Man"
"I Don´t Want to Change the World"
"Crazy Train" Bis
"Mama, I´m Coming Home"
"Paranoid"
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