quinta-feira, 17 de março de 2011

  Monique Maion - Lola - 2010


Seguinda na letra M... ouvimos pela primeira vez Monique Maion, que é citada na entrevista que postei agorinha junto com o disco do Mamma Cadela.

Mais uma paulistana que lançou disco o ano passado, Lola traz músicas autorais de Maion, todas em inglês. Sonoridade dos "novos paulistas" mesmo. Kkkkkkk eu li uma reportagem sobre o novo disco da Tiê e a vi rechaçando esse rótulo que arrumaram para essa geração de artistas de São Paulo, achei engrçado já terem criado o rótulo e os "rotulados" já o negando, hehe. Mas apesar de ser bobo rotular as coisas, esse no caso não deixa de fazer sentido, já que há uma linha, uma certa identificação estética dessa turma, que de maneira nenhuma é homogênea.

Pedrinho, "... a Gal não faz linha nenhuma..." kkkkkkkkkk

Mas enfim, voltando ao disco... ele é bacana, vale a pena conferir. Eu mesmo quero ouvir mais, só ouvi duas vezes.

 Vou colar aqui o texto sobre a moça no LastFm e uma entrevista dela ao blog Underpendente.

Banda:
Monique Maion -voz, piano, kazzoo

Mauricio Biazzi - baixo acustico

Ladislau Kardos - bateria

Piero Damiani - piano

Fernando Coelho - guitarra

LastFm:

Considerada a nova voz paulistana pela Revista Rolling Stone , Tom Waits brasileira na web e Espírito livre pelo jornal suiço Der Bund.

Traz em sua bagagem apresentações em festivais como PLANETA TERRA e FUTURE SOUND OF BRASIL, escalada para abrir o show do THE GOSSIP no Brasil e voltou recentemente da turnê européia de lançamento do seu primeiro disco Lola (curvemusic).

“Lola narra a história de uma prostituta e mãe de família que tenta se enquadrar na sociedade. Uma mistura de Tom Waits, Henry Miller, Charles Bukowski, com pitadas de Scott Fitzgerald e charme extra.” Kátia Lessa. Revista Trip.

Em maio e junho de 2010 tocou pelo Reino Unido em lugares históricos como Spice of Life (onde já tocou Sex Pistols e Bob Dylan), no Member’s Club da BBC Western House e outros. Passou pela Suiça com destaque na página inicial do jornal “Berne Kulturagenda” e em Berlin gravou o videoclip de “I killed a man”. Single inédito gravado em Londres que será lançado em agosto de 2010.

Envolvida em mais 3 bandas - EX!, Sunset e Die Katzen, Monique Maion discoteca com frequência na noite paulistana e afora com sets variados do funk e soul ao rock e eletro.

Compôs trilhas para os curtas “Outros Modos de Sentir” e “Em uma noite escura, as rosas são amarelas”. Compôs e tocou o jingle do des?le da Coca-Cola Clothing no Fashion Rio Outono Inverno 2010.


Underpendente:

Bela, inimitável e dona de uma voz suave. Isso e muitas cositas mais ilustram a interpretação e talento de Monique Maion, que diz que ela faz o que a música pede. A cantora impressiona desde Standards jazz até agora com suas composições próprias. Explora o cult do jazz e blues com releituras de Tom Waits, Serge Gainsbourg, Stray Cats, Lou Reed entre outros temas conceituados. E é nadando contra a corrente, fugindo de padrões, que a cantora paulistana se destaca na cena independente. Acompanhada por uma mega banda com músicos de ótimo gabarito na cena underground, Monique Maion não se limita apenas em cantar. Escaleta, percussão, kazoo e outros apetrechos ficam por conta dela. Prova de reconhecimento desse talento, é que Mon’Maion esteve na lista de indicados do Prêmio Dynamite 2008. Paralelo a isso, vem o atual projeto que a cantora faz parte o então benfeitor Sunset, no qual ela tem como parceiro o Gustavo Garde vocalista da banda Seychelles. O aguardado CD de Monique Maion, que recebe o nome de “Lola” já está pronto e tem previsão de lançamento pro final desse ano. Fiz uma entrevista com a cantora e ela fala um pouco sobre a trajetoria de seu trabalho e novidades fuedas.

Luan / Underpendente: Você está sendo atualmente uma das vozes mais elogiadas do circuito paulistano. Me conte um pouco da sua carreira desde o principio até agora.

Monique Maion: Puxa, fico muito feliz em receber um elogio desse. O princípio é muito relativo. Comecei a cantar em bares e fazer shows muito nova. Com 15 anos já tocava em São Paulo e até arrumei gigs em Oxford e Londres, mas o meu foco mudou em 2005 quando decidi me dedicar ao jazz e suas vertentes. No príncipio cantava apenas standards do Real Book, hoje mantenho os standards que me comovem e gosto de misturar com minhas composições e com releituras mais atuais, porém com o mesmo background. Tom Waits é exemplo forte e constante - peculiar com sua raiz jazzística. Já escutou Closing Time?

Luan / Underpendente: As músicas que estão em seu Myspace são todas em inglês. Você possui músicas em português? Porque a escolha da língua inglesa na hora de compor?

Monique Maion: Tenho composições em português, mas a maioria é em inglês. É uma questão simples. Respeito o fluxo natural das palavras na melodia composta. O que a música pedir, eu faço. É ela que manda em mim.

Luan / Underpendente: Quando se fala em jazz, folk logo vem à cabeça a figura de PJ Harvey, Bob Dylan e quando eu ouvi suas músicas, o primeiro nome que me veio foi o de Nancy Sinatra, talvez por ela também ser uma cantora/compositora de jazz. Você conhece o trabalho dela? É uma influência pra você?

Monique Maion: Conheço e gosto muito, mas as cantoras/compositoras que considero minhas mentoras são Memphis Minnie, Big Mamma Thorton, Malvina Reynolds, Odetta, Billie Holiday, Janis Joplin e as mais novas como Cat Power, PJ Harvey e Camille que amo de paixão.

Luan / Underpendente: Você que compõe todas as suas músicas, certo? De onde você tira inspiração para escrever as letras?

Monique Maion: Gravo algumas releituras também. Componho muito observando fatos rotineiros, comportamentos padrões sociológicos. Procuro viajar sozinha todo ano à procura de inspiração. Acabei de voltar da Argentina onde passei 8 dias peregrinando e compondo. Escrevi um diário de viagem que renderam quase 100 páginas com pensamentos, fatos bizarros que passei e novas músicas. A inspiração vem sem problemas nessa hora.

Bariloche é uma cidade pra casal e eu estava lá - mochileira sola. Sentia-me observada 100% do tempo. As mulheres com olhar crítico ou de pena, as famílias com certa estranheza, os homens com testosterona (não podem ver mulher sozinha). Esse comportamento padrão condicionado me irrita. Nessa nóia escrevi “Bunda de Moscas” e assim vai fluindo. Peguei carona com um Cowboy local quando estava perdida em uma estrada. O cara tem uma vida dedicada aos cavalos, uma outra realidade, uma paixão, uma cultura. Fiquei um tempão conversando com ele, conversa que rendeu uma nova para o Sunset.

Luan / Underpendente: Como surgiu a oportunidade para gravar o seu primeiro disco que recebe o nome de “Lola”? Porque o nome “Lola”? Ele já tem data certa para ser lançado?

Monique Maion: A oportunidade nessa realidade que vivemos é apenas uma - Independente. Lola é uma prostituta que quase se casa e tenta se inserir no meio social considerado “aceitável”. Procura um amor, fica noiva do Charlie, mas percebe que sua realidade é outra, a “não aceitável” para os demais. Ela se satisfaz com as luzes de néon e com a boemia, o que tem de errado nisso?

É uma crítica a esses padrões impostos, estímulo para o ceticismo pessoal. Uma vez conheci uma prostituta que me disse “Ser puta é inerente a mim”. Por mais que eu não exerça, eu sou. Eu gosto. Não vou lutar contra isso por aceitação. Se sou e ponto final, escolho entre ser puta de centro ou puta de luxo. “Seja puta de luxo em tudo que faz.” Voi-lá. Pirei.

Luan / Underpendente: Como você define o seu estilo musical?

Monique Maion: ah, esse lance de “definição” é muito chato. Restringe meu campo de trabalho. Gosto de deixar o horizonte bem amplo.

Luan / Underpendente: Ao vivo você costuma tocar com uma banda de apoio, certo? Quem
são os músicos?

Monique Maion: A banda está fueda de bom, a melhor formação que tive. Maurício Biazzi (Patife Band) no contra-baixo acústico, Piero Damiani (Numismata) nos teclados, piano e afins, Thitcho na guitarra semi-acústica e violão e Ladislau Kardos (Mamma Cadela) na bateria. Nos divertimos para cacete no show. Esse é meu grande barato. Estou acompanhada por músicos talentosos de corações grandiosos.

Luan / Underpendente: Você e o Gustavo Garde vocalista do Seychelles estão com um projeto autoral chamado Sunset. Fala um pouco sobre esse novo projeto?

Monique Maion: O Sunset é uma idéia que tive em janeiro/08 após conhecer o trabalho solo do Gustavo (a trilogia a Carruagem, Sangralove e Ancestral). Tinha algumas composições guardadas, uma delas era Fatherhood. Sempre tive em mente um projeto minimalista, simples e belo, uma dupla. Convidei o Gustavo e embarcamos na idéia. Compartilhamos músicas e anseios. Nossa entrega foi de corpo e alma. É um projeto de amor incondicional e muito orgulho. Benfeitor para nós e queremos passar essa mensagem para os outros.

Luan / Underpendente: Como foi o processo de seleção do repertório e produção das músicas do Sunset?

Monique Maion: Sempre trabalhamos juntos nas composições e/ou nos arranjos. Em abril/08, o Fábio Pinczowski (Mamma Cadela), grande produtor e grande amigo, nos convidou para gravar no famoso Sítio Zeide. O lugar é mágico, ao chegar compomos Run with me. A música foi um presente da boa energia que estávamos inseridos. Percebi que a “vibe” do EP seria essa! Foram 4 dias maravilhosos e puxados de composição, arranjos e gravação.

Luan / Underpendente: A partir de agora, você vai cumprir com sua agenda de shows solo e com a Sunset, é isso?!

Monique Maion: É isso e mais um pouco. Minha vida rotineira é uma loucura. Durmo 4 horas por dia porque trabalho num meio burocrático gigantesco para pagar as contas e a partir das 18h trabalho nos projetos – ensaios, shows, composições, trilhas etc. É muito puxado, mas nós músicos não ganhamos porra nenhuma e o tratamento é uma beleza! Exemplar o campo de trabalho no Brasil, viu? Dá uma vontade de fazer arte aqui... Raramente um show dá retorno financeiro. Ser puta de luxo na música e no Brasil não é simples, não. Mas concilio a agenda MonMaion, Sunset e sempre que posso dou um canja no show dos amigos – Mamma Cadela, Seychelles, Ancestral, Ludov e as outras bandas composta pela galera.

Luan / Underpendente: O que podemos esperar da Monique Maion pro futuro?

Monique Maion: Uhmm, talvez eu venda calcinhas pintadas à mão na beira da estrada

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