Nossa Aposta - Marcelo Jeneci
O sanfoneiro, pianista e cantor de 28 anos faz um pop repleto de lirismo que já lhe rendeu o Prêmio Multishow e chamou a atenção de Vanessa da Mata
por José Flávio Júnior
Filho de pernambucanos, o paulista Marcelo Jeneci se criou rodeado por sanfonas no bairro de Guaianases, um dos redutos nordestinos de São Paulo. Seu pai, Manoel, ganhava a vida consertando acordeões e não perdia a oportunidade de exibir à clientela os dotes do menino, que desde cedo dedilhava o instrumento. Muitas das feras que passavam pela casa da família - em geral, ases do forró, como Dominguinhos - davam uma dica ou outra para o aspirante a músico profissional. Mas o sonho de Manoel não era ver o filho tocando gêneros regionais. Ele queria mesmo é que Jeneci virasse pianista de jazz - e daqueles bem virtuosos.
Hoje com 28 anos, o jovem se tornou uma das principais promessas da música brasileira, elogiado por colegas e jornalistas. Se não seguiu o caminho do jazz, tampouco abraçou os ritmos nordestinos ou o sertanejo. As baladas e os rocks que o cantor e compositor produz têm inspiração essencialmente urbana. No circuito alternativo paulistano, vários artistas de sua geração apostam que ele em breve conquistará as massas sem perder o aval da crítica. Vale dizer que, embora também seja pianista, Jeneci continua fiel à sanfona. Só que o instrumento se insere em seu trabalho da mesma maneira que no pop da mexicana Julieta Venegas, do francês Yann Tiersen e do grupo canadense Arcade Fire.
A rotina do filho de Manoel começou a mudar quando o acordeonista Toninho Ferragutti lhe avisou que o cantor Chico César estava saindo em turnê e precisava de um sanfoneiro que tocasse piano. Após uma semana de treino intenso, o adolescente de 17 anos se apresentou, carregando uma sanfona presenteada por Dominguinhos, e ganhou a vaga. Em seguida, passou a acompanhar um mundaréu de gente: Elza Soares, Arnaldo Antunes, Vanessa da Mata. Foi com a ajuda de Vanessa, aliás, que concluiu sua primeira composição, Amado. A estreia não poderia ter sido mais feliz. Na voz da intérprete, a canção emplacou em A Favorita, novela da Globo, e ainda faturou o Prêmio Multishow de 2009 na categoria "melhor música". Longe, outra criação dele, dessa vez com Arnaldo Antunes e Betão Aguiar, acabou entrando na novela Paraíso, também da emissora carioca, mas na voz de Leonardo.
O primeiro disco de Jeneci, Feito pra Acabar, chega às lojas neste mês justamente pelo Slap, selo da Som Livre, o braço fonográfico das Organizações Globo. O fato emociona o músico, que se diz formado pela Sessão da Tarde e pelas telenovelas. Igualmente fundamentais para a consolidação de sua personalidade artística foram os anos em que integrou a banda Cidadão Instigado, do cearense Fernando Catatau. "Reencontrei nas canções dele uma referência antiga: a música romântica, considerada brega, de Roberto Carlos e tantos outros. Tinha deixado isso um pouco de lado na adolescência, quando me apaixonei por Tom Jobim e aquele som mais rebuscado."
Produzido por Kassin, com arranjos de cordas de Arthur Verocai e participações de Curumin e Edgard Scandurra, Feito pra Acabar tem vários hits em potencial, como Pra Sonhar e Copo D'água. Guilherme Arantes, uma grande referência para Jeneci, ouviu o álbum e ficou encantado: "Acho que a carreira dele será brilhante. O Jeneci faz parte de uma geração que vai representar a vitória de tudo aquilo em que eu acreditava quando comecei - o lirismo, a linguagem doce do piano. Ele será meu parceiro no futuro, com certeza".
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José Flávio júnior é crítico de música.
Hoje com 28 anos, o jovem se tornou uma das principais promessas da música brasileira, elogiado por colegas e jornalistas. Se não seguiu o caminho do jazz, tampouco abraçou os ritmos nordestinos ou o sertanejo. As baladas e os rocks que o cantor e compositor produz têm inspiração essencialmente urbana. No circuito alternativo paulistano, vários artistas de sua geração apostam que ele em breve conquistará as massas sem perder o aval da crítica. Vale dizer que, embora também seja pianista, Jeneci continua fiel à sanfona. Só que o instrumento se insere em seu trabalho da mesma maneira que no pop da mexicana Julieta Venegas, do francês Yann Tiersen e do grupo canadense Arcade Fire.
A rotina do filho de Manoel começou a mudar quando o acordeonista Toninho Ferragutti lhe avisou que o cantor Chico César estava saindo em turnê e precisava de um sanfoneiro que tocasse piano. Após uma semana de treino intenso, o adolescente de 17 anos se apresentou, carregando uma sanfona presenteada por Dominguinhos, e ganhou a vaga. Em seguida, passou a acompanhar um mundaréu de gente: Elza Soares, Arnaldo Antunes, Vanessa da Mata. Foi com a ajuda de Vanessa, aliás, que concluiu sua primeira composição, Amado. A estreia não poderia ter sido mais feliz. Na voz da intérprete, a canção emplacou em A Favorita, novela da Globo, e ainda faturou o Prêmio Multishow de 2009 na categoria "melhor música". Longe, outra criação dele, dessa vez com Arnaldo Antunes e Betão Aguiar, acabou entrando na novela Paraíso, também da emissora carioca, mas na voz de Leonardo.
O primeiro disco de Jeneci, Feito pra Acabar, chega às lojas neste mês justamente pelo Slap, selo da Som Livre, o braço fonográfico das Organizações Globo. O fato emociona o músico, que se diz formado pela Sessão da Tarde e pelas telenovelas. Igualmente fundamentais para a consolidação de sua personalidade artística foram os anos em que integrou a banda Cidadão Instigado, do cearense Fernando Catatau. "Reencontrei nas canções dele uma referência antiga: a música romântica, considerada brega, de Roberto Carlos e tantos outros. Tinha deixado isso um pouco de lado na adolescência, quando me apaixonei por Tom Jobim e aquele som mais rebuscado."
Produzido por Kassin, com arranjos de cordas de Arthur Verocai e participações de Curumin e Edgard Scandurra, Feito pra Acabar tem vários hits em potencial, como Pra Sonhar e Copo D'água. Guilherme Arantes, uma grande referência para Jeneci, ouviu o álbum e ficou encantado: "Acho que a carreira dele será brilhante. O Jeneci faz parte de uma geração que vai representar a vitória de tudo aquilo em que eu acreditava quando comecei - o lirismo, a linguagem doce do piano. Ele será meu parceiro no futuro, com certeza".
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José Flávio júnior é crítico de música.
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