Passe Livre
Problemas no casamento? Owen Wilson e Jason Sudeikis podem te ajudar.
O que fazer quando a vida de casado se tornou rotineira e pouco surpreendente? Como contornar a falta de apetite sexual do parceiro? E quando os filhos insistem em dividir a cama com os pais? É possível reacender o calor sexual quando o marido prefere satisfazer seus desejos sozinho, dentro do carro, no meio da noite? Para os irmãos Farrelly (Bobby e Peter), a solução para qualquer problema conjugal é um “Passe Livre”.
As cobaias dessa experiência são os personagens de Owen Wilson e Jason Sudeikis, maridos cansados da pouca disposição sexual de suas parceiras. A compensação vem em forma de olhadas pouco discretas para bundas alheias, apostas imaginárias sobre o valor de uma noite de sexo com alguma modelo, e reuniões machistas regadas a cerveja e baralho. Quando a situação se torna insustentável, as esposas Jenna Fischer e Christina Applegate decidem conceder aos rapazes uma semana de liberdade conjugal e sexual, o passe livre.
Os sete dias de folga são o grande trunfo cômico do filme e neles acontece a maior parte das situações constrangedoras vivenciadas pelos protagonistas. Como esperado, as habilidades de sedução dos personagens estão comprometidas pelo longo casamento, falta de prática e dedicação aos filhos. É na incapacidade de conquistar novas mulheres que se encontra o argumento central de “Passe Livre” e os melhores motivos para cair na risada.
Não se deixe enganar pela aparente fragilidade do foco narrativo, já que o filme inteiro é realizado de modo a não te deixar por mais de dois minutos sem motivos para rir. Mas não espere por um humor saudável, aqui o politicamente incorreto impera e o que diverte também consegue te constranger. Aliás, a linha tênue que separa constrangimento e risada deixa de existir nos primeiros minutos de “Passe Livre”.
Na representação das situações vergonhosas estão Owen Wilson e Jason Sudeikis, tão à vontade que mais parecem amigos de longa data aproveitando o filme como uma desculpa para a diversão descompensada. A sintonia entre os dois é invejável, e eles parecem não tentar esconder a satisfação que foi trabalhar no projeto. O resultado de tamanha identificação e desapego ao que pode constranger é o bom desempenho dos atores em seus papéis e muitas, muitas risadas.
As atrizes que vivem as esposas dos protagonistas também possuem parcela de responsabilidade no êxito da narrativa. Embora as suas sequências não divirtam tanto quanto a saga dos maridos, Jenna Fischer e Christina Applegate conseguem convencer como mulheres em período de pré-menopausa. Antes que as vozes feministas se levantem, é interessante destacar que elas também usufruem o passe livre concedido, e com muito mais êxito que seus maridos.
Certamente as risadas não se limitaram ao elenco e público. A equipe que trabalha por trás das câmeras teve muitos motivos para gargalhar. A carreira bem sucedida dos irmãos Farrelly no ramo da comédia (“Debi & Lóide”, “Quem Vai Ficar com Mary?”, “Eu, Eu Mesmo & Irene”) não fez de seu trabalho mais recente um exemplar de humor intelectual. Eles continuam tão desbocados, bobos e escatológicos quanto demonstraram em seus primeiros filmes. Felizmente, suas duas décadas de carreira não comprometeram o bom humor e timing cômico. Se roteiro e direção pecam pela falta de originalidade e maturidade, sejamos gratos ao pecado.
Ao final da projeção, o previsível dá mostras de que ainda é senhor do cinema. Nada mais apropriado para um filme que revive o humor tradicional do cinema americano. Sem grandes ambições e abrindo mão de qualquer intelectualismo, “Passe Livre” prova que diversão ainda é conseguida com bobagens e nojeiras.
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Jáder Santana é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e crítico de cinema do CCR desde 2009. Experimentou duas outras graduações antes da atual até perceber que 2 + 2 pode ser igual a 5. Agora, prefere perder seu tempo com teorias inúteis sobre a chatice do cinema 3D.
Jáder Santana é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e crítico de cinema do CCR desde 2009. Experimentou duas outras graduações antes da atual até perceber que 2 + 2 pode ser igual a 5. Agora, prefere perder seu tempo com teorias inúteis sobre a chatice do cinema 3D.
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