O Exótico Hotel Marigold
The Best Exotic Marigold Hotel - Inglaterra, 2012 (data de
lançamento original). Direção de John Madden. Roteiro de Ol Parker baseado em
livro de Deborah Moggach. Com Judi Dench, Maggie Smith, Tom Wilkinson, Bill
Nighy, Penelope Wilton, Dev Patel, Celia Imrie, Ronal Pickup.Fox.
Com este se filme se aprimora um novo tipo de gênero de filmes que já via
começando a acontecer, principalmente na sala Reserva Cultural de São Paulo. Se
não tiver exibindo o filme, será um grande erro porque é a cara de seu
público.
É o mais evidente e mais bem-sucedido filme indicado para espectadores da
terceira idade, ou um pouco menos. Acho perfeito que o cinema seja multifacetado
e tenha produto para todos os gostos, neste caso, o mesmo público Minhas
Tardes com Marguerite vai se envolver neste projeto que é baseado em livro
de Deborah Moggach (Tulip Fever e o roteiro de Orgulho e Preconceito)
adaptado pelo também diretor Oi Parker (deImagine Eu e Você, Now Is
Good).
Quem dirige é John Madden,que fez Shakespeare Apaixonado e que desde
então não acertou mais nada o que nos leva a pensar que o resultado tenha sido
influenciado por demais pelo produtor da então Miramax Harvey Weinstein. Seus
outros filmes foram o fraco Capitão Corelli, A Prova, e os já
esquecidos Tiro Certo e No Limite da Mentira. Mesmo aqui o
mérito é do excepcional elenco e nem tanto dele, que deixa o filme meio
desengonçado, impessoal. A história não deixa de ser interessante.
Um grupo de sete idosos de diferentes procedências, mas quase todos com
problemas de dinheiro agora no fim da vida acabam se encontrando num hotel na
Índia que dizia ser o lugar perfeito para eles passarem os anos cinzentos onde
pouca coisa pode acontecer. Logicamente é uma fantasia porque qualquer pessoa
com bom senso jamais iria para um país tremendamente quente, barulhento, onde
elefantes e vacas tem mais respeito que ser humano.
Onde as facilidades médicas certamente seriam difíceis para estrangeiros, ao
contrário do que o filme mostra, onde há dificuldade extrema para banho (e por
isso odores terríveis, causados também pela mania de fazerem necessidades nas
ruas e não tem papel higiênico). Pode ser alegre, feliz mas qualquer lugar onde
ainda existem pessoas que são desprezadas apenas por sua casta social de
intocável como mostra o filme esta muito longe de ser um paraíso. Neste caso é
um rapaz que esta tentando salvar o decadente hotel que era de seu pai (o papel
é feito com entusiasmo pelo rapaz de Quem Quer Ser um Milionário, Dev
Patel) e tenta cuidar de seus convidados.
A protagonista é Judi Dench, que é também a narradora da história (porque tem
um blog) que ficou viúva recentemente e tem que pagar dívidas do marido (que
ignorava). Há também um casal conformado com a esposa megera e insuportável (ele
Bill Nighy, ela Penelope Wilton), um juiz aposentado (Tom Wilkinson) com um
segredo, um mal sucedido Don Juan sem dinheiro (Ronald Pickup) e uma mulher
madura (Celia Imrie) que veio tentar conseguir marido.
Todos os atores são ótimos, mas não posso deixar de pensar como teria sido
mais estrelar caso tivessem aceitado o papel os antes convidados,
respectivamente Peter O´Toole e Julie Christie. O segredo do juiz é tentar
reencontrar o amor de sua juventude, um indiano por quem foi apaixonado e que
pensa que estragou a vida. Ele é bastante assumido como gay, mas nunca fez nada
a respeito disso e esta parece ser sua última tentativa, num momento de bastante
emoção.
Já que o filme afirma que é possível ainda o amor nessa fase da vida (Judi
Dench é outra que tem um romance ainda que discreto, mas pelo qual a gente
torce). Deixa-se de lado as coisas desagradáveis, como a comida apimentada que
provoca dores de barriga, o que é resolvida numa pequena montagem de bom gosto,
mas pouca verdade. Não faltam também os problemas locais, Dev tem uma namorada
com quem transa, mas isso causa problemas com sua mãe conservadora que também
deseja fechar o hotel.
Deixei de lado de propósito a figura mais marcante do filme que é a
extraordinária Maggie Smith (duas vezes vencedora do Oscar, atual sucesso em
Downtown Abbey, uma mestre da frase ferina). Ela faz uma mulher mal
humorada que anda de cadeira de roda (precisa de operação no quadril), é
xenófoba e racista (coisa comum na Europa) e trabalhou anos como governanta de
uma casa, de onde foi dispensada sem maiores afetos. Agora é amarga e
difícil.
É óbvio que sofrerá transformações, mas não tão evidente a maestria que a já
veterana e nunca bela atriz tem de sua arte, que Maggie é sempre um show a parte
e razão suficiente para ver o filme. Todas minhas restrições vocês perceberam,
foram pelas liberdades que o cinema toma com a realidade quando justamente este
é justamente o encanto maior dele. E ainda mais para uma idade que precisa de
consolo e esperança. O filme que estreia esta semana também nos EUA é um veículo
para esses maravilhosos atores que demonstram que talento não envelhece.
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