Supernatural leva anjos e demônios ao Rio
Aconteceu neste final de semana, no Hotel Windsor Guanabara, a
primeira convenção carioca da série “Supernatural”. Numa iniciativa da
empresa Midia Kriativa, o evento trouxe ao Rio de Janeiro os atores
Jared Padalecki (Sam), Misha Collins (Castiel), Mark Sheppard (Crowley),
Richard Speight Jr. (Gabriel) e Mark Pellegrino (Lucifer), além do
produtor Jim Michaels. O evento estava marcado para começar por volta
das 10h deste sábado, mas desde as 8h uma horda de fãs já congestionava
os corredores e salões do hotel. Embora a série – recentemente renovada
para sua 8ª temporada – não seja voltado para o público adolescente, os
menores foram maioria (e histeria) absoluta.
Para nós da imprensa, uma notícia decepcionante: o empresário de
Jared Padalecki, um dos protagonistas da série, teria feito uma série de
exigências de última hora, dentre elas a recusa absoluta de seu cliente
em participar da entrevista coletiva de imprensa. A inexplicável
aversão de Jared aos jornalistas era tamanha que ele adiou a sua chegada
ao evento para a parte da tarde, ou seja, depois que o período
destinado à cobertura jornalística estivesse encerrado. A boa notícia é
que os outros quatro atores se mostraram extremamente simpáticos,
bem-humorados e descontraídos.
A entrevista aconteceu muito na base da improvisação, tanto pelo
tumulto generalizado que tomou conta do local como pelos imprevistos. Os
organizadores bem que tentaram minimizar os percalços, mas foi uma
tremenda decepção a recusa de Jared Padalecki. Outro fator que
prejudicou muito o andamento foi a ausência de um tradutor, já que
conduzir a coletiva inteira em inglês e ainda gravar ou fazer anotações
atrapalha mesmo quem tem fluência no idioma. Por sorte, os atores
encararam tudo com espírito esportivo, demonstrando todo o bom senso que
faltou ao convidado principal.
A coletiva foi dividida em duas partes: primeiro vieram para a sala
Richard Speight Jr. e Mark Sheppard, respectivamente o anjo Gabriel e o
demônio Crowley, novo rei do inferno. As primeiras perguntas foram as
habituais: se eles estão gostando do Brasil e o que viram de
interessante. Perguntados sobre música brasileira, ambos lembraram ao
mesmo tempo de “Garota de Ipanema” e, animados, começaram a cantarolar. A
essa altura, Richard pegou o microfone de uma repórter que estava sobre
a mesa e começou a entrevistar Mark, que aproveitou para falar sobre
futebol. O ator contou que tem dois filhos (de 6 e 7 anos) que jogam
futebol e que eles começaram a praticar o esporte porque eram fãs de
Ronaldo.
Como o seriado tem uma visão bastante particular sobre os seres
sobrenaturais, perguntei a Richard se o fato de interpretar Gabriel
mudou a concepção que ele tinha sobre os anjos, “Logo que comecei a me
preparar para o personagem, até pesquisei sobre o Gabriel bíblico, mas
entendi que aquilo pouco ajudaria e que o Gabriel da série vai por outro
rumo, já que ‘Supernatural’ criou sua própria mitologia sobre céu e
inferno”.
Os atores interagiram muito com os jornalistas, brincando o tempo
todo a respeito de seus personagens e do que eles fariam em determinada
situação. Um dos momentos mais divertidos foi quando alguém perguntou a
Mark sobre o sucesso do seu vilão e ele confundiu a palavra success com
sexy e justificou o mal-entendido dizendo que pensou nisso por estar no
Brasil. Richard entrou na brincadeira e disse para ele não se preocupar,
porque ele era mesmo um cara sexy. Perguntados sobre o humor que pontua
as falas e se eles tem espaço para improvisar, ambos concordaram que
improvisar é divertido, mas que também poderia ser complexo, porque eles
trabalham com cronogramas muito apertados e isso poderia atrapalhar.
A segunda parte da coletiva foi composta pelos atores Misha Collins e
Mark Pellegrino – na série, o anjo Castiel e o demônio Lúcifer – e o
produtor Jim Michaels. Os três entraram na sala destinada à imprensa
enquanto as fãs na sala em anexo gritavam. Misha comentou, entre risos,
que as fãs brasileiras são mesmo loucas. O ator já tinha estado em uma
convenção anterior em São Paulo, mas era a primeira vez que vinha ao
Rio. Ao ser perguntado por que as fãs daqui são diferentes, disse que
“talvez sejam mais exuberantes”.
Perguntei a Mark o que ele havia pensado quando o seu agente lhe
disse que queriam contratá-lo para interpretar ninguém menos do que
Lúcifer e também se a concepção do personagem como um cara bem-humorado,
esperto e irônico seria um modo de ser menos odiado. “Bom, eu achei que
eles tinham chamado a pessoa errada, que era um erro de casting. Isso
do humor é um mérito mais dos roteiristas. Um cara mau é sempre um cara
mau, não tem como fugir disso, mas é sempre melhor quando ele também tem
um lado divertido”, contou o ator, que foi bonzinho em “Lost”.
Sobre a permanência de Misha e Mark na próxima temporada, Jim
Michaels disse que seria uma surpresa se eles não continuassem na 8ª
temporada. Acrescentou, ainda, que acredita que a série tenha fôlego
para muitas outras temporadas, mas desconversou sobre a possibilidade de
um longa-metragem: “Nunca se sabe”.
Misha disse que a princípio não poderia imaginar que seu personagem
fosse ter uma participação tão longa nem que fosse adquirir tanta
importância ao longo da série (Castiel apareceu pela primeira vez na 4ª
temporada para um arco pequeno de histórias). Como seu episódio
preferido da série, citou “The French Mistake”, da 6ª temporada, no qual
Sam e Dean vão parar numa realidade paralela onde são atores que
interpretam a si mesmos em uma série de TV. O ator falou, ainda, sobre o
ritmo acelerado e o pouco tempo em que eles tem para se adaptar às
reviravoltas da trama.
“Quando o Castiel voltou para a história nesta temporada, ele estava
meio louco e eu não soube disso com antecedência, então eu tive que
mudar o jeito dele completamente de uma hora para outra e nós só
podíamos fazer alguns takes, porque tudo tem que ser finalizado com
muita rapidez”.
Mark citou os zumbis de “The Walking Dead” como seus monstros
preferidos de outro seriado, mas ficou indeciso quando lhe perguntaram
qual sua interpretação preferida dentre os outros atores que já viveram o
diabo antes dele. Depois de dizer que cada um criou algo de especial e
que seria injusto destacar um, acabou mencionando as performances de Al
Pacino (“O Advogado do Diabo”) e Peter Stormare
(“Constantine”).
A essa altura, a organização do evento interrompeu a coletiva,
dizendo que era hora dos atores juntarem-se às fãs na sala ao lado.
Pudemos então ter uma amostra do verdadeiro delírio das garotas diante
dos atores, em especial dos olhos azuis de Misha Collins, que provocavam
declarações de amor e até pedidos de casamento. Uma pena que o que
seria o ápice acabou sendo a decepção desses fãs.
Depois de fugir da imprensa, Jared Padalecki deu as caras na parte da
tarde, mas apenas para continuar com seus ataques de estrelismo. Depois
de reclamar do ar-condicionado e da gritaria das meninas, o rapaz se
retirou do salão para receber os fãs depois em outra sala mais privada,
ou seja, separado dos colegas de elenco. Vergonha alheia.
Fotos 4, 5 e 6 de André Moreira
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