quarta-feira, 23 de maio de 2012

Supernatural leva anjos e demônios ao Rio


Aconteceu neste final de semana, no Hotel Windsor Guanabara, a primeira convenção carioca da série “Supernatural”. Numa iniciativa da empresa Midia Kriativa, o evento trouxe ao Rio de Janeiro os atores Jared Padalecki (Sam), Misha Collins (Castiel), Mark Sheppard (Crowley), Richard Speight Jr. (Gabriel) e Mark Pellegrino (Lucifer), além do produtor Jim Michaels. O evento estava marcado para começar por volta das 10h deste sábado, mas desde as 8h uma horda de fãs já congestionava os corredores e salões do hotel. Embora a série – recentemente renovada para sua 8ª temporada – não seja voltado para o público adolescente, os menores foram maioria (e histeria) absoluta.

Para nós da imprensa, uma notícia decepcionante: o empresário de Jared Padalecki, um dos protagonistas da série, teria feito uma série de exigências de última hora, dentre elas a recusa absoluta de seu cliente em participar da entrevista coletiva de imprensa. A inexplicável aversão de Jared aos jornalistas era tamanha que ele adiou a sua chegada ao evento para a parte da tarde, ou seja, depois que o período destinado à cobertura jornalística estivesse encerrado. A boa notícia é que os outros quatro atores se mostraram extremamente simpáticos, bem-humorados e descontraídos.

A entrevista aconteceu muito na base da improvisação, tanto pelo tumulto generalizado que tomou conta do local como pelos imprevistos. Os organizadores bem que tentaram minimizar os percalços, mas foi uma tremenda decepção a recusa de Jared Padalecki. Outro fator que prejudicou muito o andamento foi a ausência de um tradutor, já que conduzir a coletiva inteira em inglês e ainda gravar ou fazer anotações atrapalha mesmo quem tem fluência no idioma. Por sorte, os atores encararam tudo com espírito esportivo, demonstrando todo o bom senso que faltou ao convidado principal.

A coletiva foi dividida em duas partes: primeiro vieram para a sala Richard Speight Jr. e Mark Sheppard, respectivamente o anjo Gabriel e o demônio Crowley, novo rei do inferno. As primeiras perguntas foram as habituais: se eles estão gostando do Brasil e o que viram de interessante. Perguntados sobre música brasileira, ambos lembraram ao mesmo tempo de “Garota de Ipanema” e, animados, começaram a cantarolar. A essa altura, Richard pegou o microfone de uma repórter que estava sobre a mesa e começou a entrevistar Mark, que aproveitou para falar sobre futebol. O ator contou que tem dois filhos (de 6 e 7 anos) que jogam futebol e que eles começaram a praticar o esporte porque eram fãs de Ronaldo.

Como o seriado tem uma visão bastante particular sobre os seres sobrenaturais, perguntei a Richard se o fato de interpretar Gabriel mudou a concepção que ele tinha sobre os anjos, “Logo que comecei a me preparar para o personagem, até pesquisei sobre o Gabriel bíblico, mas entendi que aquilo pouco ajudaria e que o Gabriel da série vai por outro rumo, já que ‘Supernatural’ criou sua própria mitologia sobre céu e inferno”.

Os atores interagiram muito com os jornalistas, brincando o tempo todo a respeito de seus personagens e do que eles fariam em determinada situação. Um dos momentos mais divertidos foi quando alguém perguntou a Mark sobre o sucesso do seu vilão e ele confundiu a palavra success com sexy e justificou o mal-entendido dizendo que pensou nisso por estar no Brasil. Richard entrou na brincadeira e disse para ele não se preocupar, porque ele era mesmo um cara sexy. Perguntados sobre o humor que pontua as falas e se eles tem espaço para improvisar, ambos concordaram que improvisar é divertido, mas que também poderia ser complexo, porque eles trabalham com cronogramas muito apertados e isso poderia atrapalhar.

A segunda parte da coletiva foi composta pelos atores Misha Collins e Mark Pellegrino – na série, o anjo Castiel e o demônio Lúcifer – e o produtor Jim Michaels. Os três entraram na sala destinada à imprensa enquanto as fãs na sala em anexo gritavam. Misha comentou, entre risos, que as fãs brasileiras são mesmo loucas. O ator já tinha estado em uma convenção anterior em São Paulo, mas era a primeira vez que vinha ao Rio. Ao ser perguntado por que as fãs daqui são diferentes, disse que “talvez sejam mais exuberantes”.

Perguntei a Mark o que ele havia pensado quando o seu agente lhe disse que queriam contratá-lo para interpretar ninguém menos do que Lúcifer e também se a concepção do personagem como um cara bem-humorado, esperto e irônico seria um modo de ser menos odiado. “Bom, eu achei que eles tinham chamado a pessoa errada, que era um erro de casting. Isso do humor é um mérito mais dos roteiristas. Um cara mau é sempre um cara mau, não tem como fugir disso, mas é sempre melhor quando ele também tem um lado divertido”, contou o ator, que foi bonzinho em “Lost”. 

Sobre a permanência de Misha e Mark na próxima temporada, Jim Michaels disse que seria uma surpresa se eles não continuassem na 8ª temporada. Acrescentou, ainda, que acredita que a série tenha fôlego para muitas outras temporadas, mas desconversou sobre a possibilidade de um longa-metragem: “Nunca se sabe”.
Misha disse que a princípio não poderia imaginar que seu personagem fosse ter uma participação tão longa nem que fosse adquirir tanta importância ao longo da série (Castiel apareceu pela primeira vez na 4ª temporada para um arco pequeno de histórias). Como seu episódio preferido da série, citou “The French Mistake”, da 6ª temporada, no qual Sam e Dean vão parar numa realidade paralela onde são atores que interpretam a si mesmos em uma série de TV. O ator falou, ainda, sobre o ritmo acelerado e o pouco tempo em que eles tem para se adaptar às reviravoltas da trama.

“Quando o Castiel voltou para a história nesta temporada, ele estava meio louco e eu não soube disso com antecedência, então eu tive que mudar o jeito dele completamente de uma hora para outra e nós só podíamos fazer alguns takes, porque tudo tem que ser finalizado com muita rapidez”.

Mark citou os zumbis de “The Walking Dead” como seus monstros preferidos de outro seriado, mas ficou indeciso quando lhe perguntaram qual sua interpretação preferida dentre os outros atores que já viveram o diabo antes dele. Depois de dizer que cada um criou algo de especial e que seria injusto destacar um, acabou mencionando as performances de Al Pacino (“O Advogado do Diabo”) e Peter Stormare 
(“Constantine”).

A essa altura, a organização do evento interrompeu a coletiva, dizendo que era hora dos atores juntarem-se às fãs na sala ao lado. Pudemos então ter uma amostra do verdadeiro delírio das garotas diante dos atores, em especial dos olhos azuis de Misha Collins, que provocavam declarações de amor e até pedidos de casamento. Uma pena que o que seria o ápice acabou sendo a decepção desses fãs. 

Depois de fugir da imprensa, Jared Padalecki deu as caras na parte da tarde, mas apenas para continuar com seus ataques de estrelismo. Depois de reclamar do ar-condicionado e da gritaria das meninas, o rapaz se retirou do salão para receber os fãs depois em outra sala mais privada, ou seja, separado dos colegas de elenco. Vergonha alheia.

Fotos 4, 5 e 6 de André Moreira

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