Primavera em Nova York
Quinta parte
No ano passado eu cheguei a comprar ingresso para ver a peça Other Desert Cities, que
ainda estava em previews, e dei de presente para um amigo quando, na
última hora, preferi assistir outra. Mas ela continua em cartaz, fazendo
sucesso, e felizmente tive a chance de poder assisti-la no pequeno, e
quase centenário, Booth Theatre.
Meu primeiro choque foi quando abriu a cortina: a cara nova da protagonista Stockard Channing (indicada ao Oscar por Cinco Graus de Separação, mais famosa por ser a moça assanhada de Grease). Nem dava para reconhecer, virou outra pessoa de tanto que mexeram na cara dela.
Só depois de meia hora que a gente esquece do terror e passa a
prestar atenção no texto de Jon Robin Baitz, que é bem armado, ou seja,
coloca os personagens, desenvolve a psicologia deles e, no final,
explica tudo direitinho como manda o figurino da dramaturgia (aliás,
confesso que gosto de texto assim, no estilo Harold Pinter, só com
Pinter e assim mesmo de vez em quando).
Enfim, aqui é a filha única que vem passar o natal (embora sejam
judeus) com os pais que vivem agora em Palm Springs numa daquelas casas
de vidro que constroem no deserto.
Ela é Stockard e ele é, o outrora famoso, Stacy Keach, que destruiu
sua carreira por causa do uso da cocaína, mas agora esta fazendo um
comeback (está inclusive no próximo Bourne Legacy). Com 71 anos, ele virou um velho leão, com cara de Lionel Barrymore, mas ainda uma presença forte.
A filha (feita por Elizabeth Marvel) vem apresentar para a família
seu novo livro, que são memórias que ela tem de seu irmão mais velho,
que aparentemente se suicidou (e os culpados só podem ser os pais e a
tia, que está tentando largar o alcoolismo, feita pela veterana de TV
Judith Light).
Há ainda, para mim melhor do elenco, Thomas Sadoski, que faz o irmão
mais novo e agora produtor de TV, aliás, ele está na nova série da HBO,
Newsroom (esqueci de mencionar que os pais, ambos são ex-astros de cinema e bem de vida).
Em dois atos e um epílogo, para tudo ficar bem amarradinho, lava-se a
roupa suja de forma satisfatória. Não sei se alguém comprou os direitos
para o Brasil, mas não me parece nada especial. Mas como só tem cinco
pessoas no elenco e um único set, ao menos seria viável.
RUBENS EWALD FILHO
RUBENS EWALD FILHO
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