Primavera em Nova York
Parte dois
Sempre houve uma relação muito próxima entre teatro e cinema, em particular
no teatro musical. Praticamente todos os grandes shows musicais foram
eventualmente adaptados para o cinema (como Um Violinista no Telhado,
cuja montagem teatral original está em cartaz em São Paulo).
Se bem que de uns anos para cá, o fluxo se inverteu e tem sucedido justamente
o contrário, filmes que viraram peças. Este ano então a moda chegou ao cúmulo,
incluindo A Família Addams (já saiu da Broadway, mas está em São Paulo)
e Priscila, a Rainha do Deserto (em SP e numa montagem melhor ainda na
Broadway, aliás, produzidas por Bette Midler).
Neste momento, temos ainda Anything Goes (filmado várias vezes),
Chicago (que era o filme Pernas Provocantes, com Ginger
Rogers), Ghost, Mary Poppins (já no seu quinto ano), Rei Leão
(mais de 11 anos), Newsies (da Disney, o filme nunca passou em nossos
cinemas, foi direto para Home Vídeo), Spider Man Turn Off the Dark, Sister
Act (Mudança de Hábito), Wicked (baseado em O Mágico de Oz e até
de certa maneira O Phantom of the Opera.
Este ano o musical que teve mais indicações para o Tony foi justamente um
filme que virou show, embora o filme tenha sido irlandês e nem tão conhecido
assim. Falo de Apenas uma Vez/Once, de um certo John Carney, estrelado
por uma dupla que desconhecida e continua até hoje, Glenn Hansar e Marketa
Inglove.
Era a história de um irlandês que conserta aspiradores e de hobby canta na
rua suas próprias composições. Assim atrai a atenção de uma jovem emigrante
tcheca que também toca piano e canta. Os dois começam um romance, mas ela tem
marido (que viaja), mãe e filha pequena.
A história é apenas essa e só ficou famosa porque teve uma canção que ganhou
o Oscar, mas já estava esquecida. A bela Falling Slowly, que agora aparece logo
no começo e no encerramento. Não é difícil entender porque os críticos ficaram
encantados com o show. Ele é simplesmente diferente.
Quando você entra no teatro, a cortina está aberta e você pode ir diretamente
para o palco, onde está armado um típico bar irlandês, com espelhos e muitos
quadros e também uma banda típica local, que aos poucos se organiza e começa a
interpretar canções regionais, às vezes inclusive com dança.
E isso durante praticamente meia hora! Até quando a plateia retoma seus
lugares e começa a peça que é basicamente o filme, só que encenado naquele
ambiente. Entra o herói (no filme nem tinha nome aqui virou Guy, que pode ser
também Cara) e os coadjuvantes que formam também a banda vão trazendo os
elementos de cena necessários.
E Depois a moça (que não tem nome, também é girl) e para ela trazem um piano
(ela fala com sotaque forte e errando palavras, do que é tirado o maior efeito
possível). Quase todas as canções são solos do casal embora tenha variações,
seja a capela , meio dançado. Tudo de forma muita delicada, encantadora e também
um pouco devagar (no final do primeiro ato, quase me vejo lutando contra o
sono).
O show é modesto e bonitinho, mas funciona principalmente pelo acerto na
escolha da dupla central, os dois desconhecidos para mim. Steve Kazee este em
Spamalot do Monty Python e no 110 Degres on the Shade.
Nenhum filme importante. Mas é um rapaz de boa presença, boa voz,
carismático. A moça se chama Cristin Millioti e tem créditos ainda menos
conhecidos. As canções ainda são aquelas dupla do filme, Hansar e Marketa. O
diretor para variar é inglês e se chama John Tiffany. Bem possível de ganhar o
Tony. Se bem que eu prefira coisas mais animadas.
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