Primavera em Nova York
Terceira Parte
Não há dúvida que foi o sucesso de Anything Goes (ainda em cartaz)
que eles tentaram repetir com este novo Nice Work If you Can Get
it.
Isto é, fazer uma compilação das melhores canções de um compositor genial do
passado (lá Cole Porter, aqui George Gerswhin) numa história leve, divertida,
propositalmente antiquada, com milionários, contrabandistas e filhos
ilegítimos.
E muita invenção, humor, boas gags e eficiente coreografia. O resultado é um
dos melhores shows no momento em cartaz na Broadway.
Quem gosta do velho estilo de espetáculo do tipo Crazy For You
(montado há cerca de duas décadas) vai adorar esta enxurrada de canções da
melhor qualidade. E muito bem encaixadas num roteiro inspirado de Joe Di Pietro
(ainda que inspirado em trechos de P.G.Woodhouse e Guy Bolton) sem qualquer
apelação (poderá ser visto por crianças se elas tivessem paciência). Esse Di
Pietro ganhou o Tony por Memphis e antes fez um outro Cult off Broadway, I
Love You, You’re Perfect, Now Change. Mas ainda se supera.
Quase todos os velhos standards estão lá: But not for Me, I’ve Got a
Crush on You, Someone to Watch Over Me, S’Wonderful, Fascinating Rhythm, Lady Be
Good,They All Laughed, Sweet and Lowdown, Let’s Call the All Thing off e
naturalmente a música título.
Algumas delas usadas para efeito cômico (como Do, Do, Do; Blah Blah
Blah, By Strauss, Treat me Rough, todas essas são utilizadas em sketchs
especialmente engraçados). Resultando em duas horas e meia (com intervalo) de
puro prazer.
Sou fã de Matthew Broderick ou será que devo dizer que um dos meus filmes
favoritos é Curtindo a Vida Adoidado!
Ultimamente ele andava meio descuidado, ficando com a aparência de sapo
velho. Mas emagreceu, treinou muito e se não virou um Fred Astaire o que seria
mesmo impossível é capaz de fazer piruetas bem marcadas e livrar sua cara numa
boa. Também a voz que nunca foi grande coisa não compromete (ainda assim a gente
sente uma certa falta de empenho, de alegria de viver, como se o palhaço tivesse
ficado triste, desmotivado).
Sua parceira é a também estrela da Broadway Kelli O’Hara (South Pacific,
Pajama Game) que tem a mais bela voz de sua geração mas um físico ingrato.
Lembra aquela atriz inglesa Imelda Staunton mais jovem, ou seja, esta longe de
ser bonita, ou uma atriz especial.
Felizmente o resto do elenco é ótimo. Fiquei chocado como o tempo passou para
Estelle Parsons que surge apenas no fim para resolver a situação (Estelle ganhou
um daqueles Oscars de coadjuvante de que ninguém se lembra e que não lhe trouxe
sorte, por Bonnie e Clyde).
Em compensação quem esta ótima é Judy Kaye, de longa carreira (Mama
Mia, Tony por Phantom of the Opera, Ragtime). Tem voz possante e
agora é uma senhora de voz e presença poderosa. O mordomo também é outro papel
notável; Michael McGrath (Memphis, Born Yesterday) já veterano parece ter a
chance de sua vida. Jennifer Laura Thompson (Urinetown) insiste em
imitar Kristin Chenoweth mas tem um número irresistível numa banheira
(Delishious).
Nada disso surpreende quando vai se ver o nome da coreografa e diretor que é
Kathleen Marshall , irmã de Rob Marshall e quem montou justamente Anything Goes
- além de outros mais antigos como Kiss me Kate, Wonderful Town, Grease
e The Pajama Game. Este é um daqueles shows que espero que dure
muito porque eu o reveria de novo sem problemas.
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