Primavera em Nova York 2012 – Estreia Dark Shadows
Nunca cheguei a assistir nenhum episódio da série
Dark Shadows, embora tenha sido exibida no Brasil pela Bandeirantes,
nem dos longas que foram extraídos dela, embora tivessem a curiosidade da
presença em seu canto de cisne da estrela Joan Bennett. Apenas ouvi falar que
ela era Cult, talvez por ser muito pobre e com cenografia ridícula.
Era basicamente uma telenovela e durou entre 1966 a 71, trazendo como
protagonista Barnabas Collins, o ator Jonathan Frid, que morreu com 87 anos, há
algumas semanas, sem poder ver a participação dele e outros atores originais da
série na sequência da festa onde canta Alice Coooper (descrito por Johnny Depp,
ou seja, Barnabas no filme como a mulher mais feia que já viu na vida!).
Dark Shadows já está em cartaz nos Estados Unidos, mas não me
pareceu que vai abalar o reinado de Avengers, todo mundo com que cruzei
estava louco para assistir, mesmo que fosse de novo a aventura da Marvel. A sala
em que assisti com qualidade de imagem de primeiríssima linha na primeira sessão
do dia de estreia estava quase vazia e com público frio.
Deram uma ou outra risada, já que tem sacadas boas, mas está longe de ser uma
comédia.
Também não é o filme que estava se esperando para dar finalmente um
Oscar de diretor para Tim Burton, que já faz tempo que merece. A melhor coisa, e
nisso não há novidade, é a presença de Johnny Depp, que está discreto, bem
maquiado, sinistro, mas sem excessos. Considerando que tem que fazer um papel de
vampiro assassino ingrato e que mata todos os que o salvaram porque esta há
quase dois séculos morrendo de sede de sangue!
E não para por aí, não é exatamente uma figura doce e adorável como
Edward Mãos de Tesoura. Mata mesmo os outros, inclusive a mulher de
Burton, Helena Bonham Carter que faz uma esquisita psiquiatra. E não chega a ter
grandes poderes, a não ser a vida eterna e a capacidade de hipnotizar humanos.
Mas o tempo todo eu senti o medo que o filme tem de virar uma variação da
Família Monstro ou Família Addams. O que é um engano.
Porque fica num meio termo perigoso, não é bem terror, não é comédia, nem
melodrama romântico, embora tenha momentos de romance. Acaba sendo apenas mais
uma obra da fantasia de Burton, ao custo de U$S 125 milhões, que reúne sua
equipe (eficiente) de confiança como o compositor Danny Elfman, o produtor
Richard Zanuck, figurinista Coleen Atwood.
Outra pessoa que está bem no filme, aliás tem o melhor papel depois de Depp,
é a francesa Eva Green, que não tinha dado certo desde James Bond. Ela tem o
papel chave da bruxa maligna que vive na Costa do Maine e é apaixonada por
Barnabas, mas quando recusada consegue armar a vingança diabólica (não se sabe
porque tem tanto poder!).
De qualquer forma, alem de transformar Barnabas em vampiro, faz com que a
mulher
que ele ama se mate e o enterra vivo num caixão todo acorrentado. Quando
este retorna, Eva esta muito bem de vida, já que tomou toda a fortuna da família
de Barnabas, mas mesmo assim continuou louca por ele.
E o ponto alto do filme seria a sequência dos dois fazendo sexo literalmente
subindo pelas paredes. Quando Barnabas retorna já é nos anos 70 escolhido porque
era a época em que todos se vestiam e se comportavam de maneira mais bizarra, o
que permite que ele use um linguajar antiquado, se assuste um pouco com as
novidades.
Mas nem isso é aproveitado direito pelo roteiro, poderiam ter muito mais
piadas com os contrastes de costumes. Assim como toda família é muito mal
explorada. Michelle Pfeiffer faz a matriarca Elizabeth que aceita Barnabas de
volta. Michelle continua uma bela mulher, mas não lhe dão nada especial para
fazer, aliás está todo mundo perdido. Como a adolescente Carolyn, que esconde um
segredo, mas é o pior trabalho de Chloe Grace Moretz, que nem ganha quase
closes.
Jonny Lee Miller (filho de Bernard Lee o M de Bond e ex
marido de Angelina Jolie), faz o irmão de Elizabeth, Roger que parece ser
vigarista, mas logo é tirado de cena. O menino David (Gulliver McGrath) é
ajudado pelo fantasma da mãe dele, mas é outra falha do filme já que mal
entendemos sua presença ou ação assim como a figura do outro fantasma que
acompanha o interesse romântico que, supostamente, seria reencarnação da
outra.
Confuso? Também acho, confesso que não entendi direito.
Há regras mal delineadas do que um vampiro pode ou não fazer. A luz do dia
não o perturba, mas do sol sim, não se vê no espelho, mas não tem problemas com
água. E sorry, nada a ver com a Saga Crepúsculo. Diante de tudo isso
repito: tenho minhas dúvidas a respeito do êxito do filme e mesmo da continuação
para qual já deixam a porta aberta.
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