terça-feira, 15 de maio de 2012

Primavera em Nova York 

Quarta parte

The Five Year Primavera em Nova York   Quarta parte

Uma das coisas boas de assistir teatro em Nova York é que quase sempre a gente esbarra com gente famosa na plateia, sentada pertinho da gente. Embora o novaiorquino seja notável por fazer de conta que não percebe ninguém, não dá a menor bola e por isso celebridades gostam de viver lá.

Ontem, por exemplo, quem se sentou atrás de mim foi Susan Sarandon, maravilhosamente bem para quem já tem 65 anos (e ainda por cima estava acompanhada por um rapaz com cara de oriental, que teria ao menos trinta e tantos anos a menos que ela).

No dia anterior foi um das minhas favoritas, a inglesa Emily Blunt, que eu tive a pachorra de seguir e ficar observando. Ela tem realmente olhos lindos (deve ser míope porque usava óculos enormes estilo Harry Potter) e achei até mais bonita do que na tela.

Justamente por causa disso que fui assistir ontem ao filme dela que acaba de fracassar nos cinemas americanos e descobri que foi uma grande injustiça. É uma nova comedia de Judd Apatow, que é considerado o atual mestre do gênero, Cinco Anos de Noivado (não duvido que no Brasil sai direto em DVD) dirigido por Nicholas Stoller.

Com roteiro dele e de Jason Segel, aquele chato de Os Muppets, que é um daqueles equívocos do cinema atual. Não é bonito, não é engraçado, não serve para galã, nem bandido e não há motivo para se ver um filme inteiro com esse chato de galochas.

Para dizer a verdade, ele é apenas mais ou menos uma comedia, tem alguns momentos engraçados mas leva-se a sério demais para funcionar nestes tempos de pornochanchada (dá para perceber que Apatow andou forçando alguns diálogos mais apelativos e grossos, atévulgares, mas não conseguiu mexer na inocência da história).

Afinal é sobre um casal que passa cinco anos apaixonado mas apenas noivos, sem se casarem (Pensando bem, hoje em dia não faz a menor diferença, se ainda fosse nos anos 50! Agora que me caiu a ficha que o ponto de partida é uma besteira e por isso fracassou).

Uma pena porque Emily é encantadora embora tenha muito pouco a fazer, as piadas ficam com Segel, grandão e feio e ainda por cima com a mania de sempre aparecer pelado (vamos fazer um abaixo assinado para acabar com isso!).

Na história, ele é um chef de cozinha (e aí temos um possível candidato para novo livro de culinária no cinema) que aceita se mudar para o interior em Michigan, porque a noiva ganhou uma chance de fazer doutorado lá. Para ele é uma fria literalmente e na falta de emprego melhor, acaba virando caçador e infeliz.

Quem faz o orientador dela, que obviamente também dá em cima da moça é o inglês Rhys Ifans (aliás, muito bem) enquanto de contraponto tem também um casal formado pelo melhor amigo dele e a irmã dele que se casam antes porque a garota fica grávida (está na cara que o papel deste melhor amigo foi escrito pensando em Seth Rogen e na sua ausência escolheram um sósia).

No final das contas, eu acabei gostando do filme que é romântico e divertido, mas muito menos engraçado do que prometia. E viva Emily

Rubens Ewald Filho

Crítico de cinema

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