sábado, 8 de maio de 2010

“Apenas o Fim”, o novo filme de Érika Mader e Gregório Duvivier










Quem diria que um filme tão pequeno, dirigido por um rapaz de apenas 20 anos com dois atores pouco conhecidos, poderia ser tão legal. O filme tem a dinâmica meio parecida com a dos filmes do Linklater (Antes do amanhecer e Antes do Pôr do Sol)..é totalmente feito em cima dos diálogos dos dois personagens.

Por tanto um filme que pretende ser bem sucedido, tendo apenas diálogos como atrativo precisa de diálogos; inteligentes, engraçados e que não sejam chatos...Apenas o Fim consegue tudo isso, com seu roteiro absolutamente pop, cheio de referências a geração anos 90/2000. Matheus Souza, cita o Orkut, cita o PS2, cita Godard, Bergman..e mais um monte de coisas que fazem com que a gente se sinta parte da história.

O filme é basicamente um romance/cult/cool, mas muito inteligente, mas não aquele inteligente chatão, é um inteligente no estilo stand-up comedy (que alías o ator Gregório Duvivier é oriundo)..então pra cada conversa que lembre algo da vida dos dois, sempre rola uma referência há alguma coisa pop e sempre tem uma sacada bacana no final de cada papo entre os dois.

Andando pelo pátio da PUC, Antonio e sua namorada(que brevemente sera Ex namorada)..vão lembrando de coisas banais, conversas sobre qualquer coisa ( a da Vovó Mafalda é sensacional)..e resolvendo pequenas coisas entre eles. Falam de sexo, falam da família, sobre hábitos e "coisinhas" de casal. Falam de amor, de saudade de romantismo..e nos brindam com uma conexão maravilhosa entre os dois. A impressão que se tem é que eles estavam vivendo tudo aquilo de verdade, que eram namorados, que se conheciam etc, etc. Erika Mader dá um show no papel da namorada, além de ser uma graça a menina esbanja simpátia e tem um jeitinho de falar apaixonante (é o tipo de namorada que todos sonham)...Gregório Duvivier é engraçadissimo, tem uns trejeitos que lembram o Woody Allen (meio neurótico, meio nerd)..sempre tendo uma resposta divertida para as coisas, atuação bastante convincente que vai além de ser apenas comum, o rapaz imprime sua marca no personagem, fazendo dele um personagem a ser citado em muitas conversas futuras.

Matheus Souza além de escrever um roteiro pra lá de bacana, dirige de forma segura, limpinha, sem vícios nem bobagens comuns a cineastas iniciantes. Além da dupla de protagonistas ainda temos boas participações especiais, que compõem este pequeno grande filme.


Nota 9.5
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Ninguém no país havia feito algo assim antes. O cineasta, roteirista e diretor Matheus Souza, de uma conhecida universidade da Zona Sul no Rio de Janeiro, mesclou todos os melhores elementos da cultura pop da última década, a vida real de uma geração, e colocou-os em Apenas o Fim (2008), filme que levou o prêmio do público e uma menção honrosa do júri no Festival do Rio.

Há influências de Nick Hornby (Alta Fidelidade), Kevin Smith (O Balconista), Cameron Crowe (Quase Famosos), Jamie S. Rich (10 Razões para amá-la), Chinna Major (Blue Monday) e Hopeless Savages (quadrinho indie da Oni Press), entre outras obras que marcaram época e retrataram o espírito de seu tempo.


São discussões entre um estranho casal de jovens que enfrenta aquele período da uma universidade, com espaço de sobra para conversas sobre Cavaleiros do Zodíaco, o desejo de ver Britney Spears pelada e até - veja só! - o Omelete. Sim, este site que você lê! Matheus Souza é omelenauta veterano.

O que Apenas o Fim divide com as obras citadas, mais que as referências, é a vontade de retratar uma geração de brasileiros que foi diretamente influenciada pela cultura pop. A trama central envolve os estudantes de cinema Adriana (Érika Mader) e Antônio (Gregório Duviver). A relação amorosa é temperada por paixão, dor e sentimentos ambigüos. Tudo dotado de um realismo que faz com o que espectador sinta-se o próprio protagonista, questionando as cenas do casal enquanto ele discute se Transformers é, de fato, o melhor filme de todos os tempos.

A dramaturgia funciona. Os dois atores fazem seu trabalho com competência, provam seu valor e não dão espaço para questionamentos. Eles assumem papel maior do que o de protagonistas num filme que redefine a cultura pop no Brasil e muda as regras do jogo, representando cada jovem que viveu e sentiu cada momento daqueles.

A exibição do filme no Festival do Rio foi mais que uma epifania e a reação do público a cada cena será lembrada. Matheus Souza falou por toda uma geração. E que este não seja, como sugere o título, Apenas o Fim, mas sim o começo.

[Nota dos Editores] O Omelete agradece publicamente a citação no filme, algo que nos enche de orgulho, e parabeniza o realizador pela merecida conquista.

Crítica: Apenas o Fim
Marcus Vinicius de Medeiros


LINKS SOBRE O FILME:

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