sábado, 1 de maio de 2010

Whatever Works, 2009









Crítica: Tudo Pode Dar Certo



Woody Allen chama Larry David para ser o Woody Allen da vez. E funciona!

Não é todo mundo que gosta de Woody Allen. E certamente é menor ainda o universo dos que curtem Larry David, co-criador de Seinfeld e maior inspiração para o papel de George Constanza, o baixinho careca hipocondríaco que adorava tirar vantagem de todo mundo. E não os culpo. David tem realmente um jeito bastante "peculiar" no trato com as pessoas, como ele mostra na sua série solo, Segura a Onda (Curb Your Enthusiasm), sem dúvida uma das coisas mais politicamente incorretas na TV hoje.

Pois Allen, em um momento de extrema coragem (ou insanidade?), chamou David para ser Boris, o Woody Allen da vez. Um que é ainda mais hipocondríaco (canta "Parabéns a Você" duas vezes quando está lavando as mãos), inseguro e encanado, mas é também mais falastrão, chegando até mesmo a ser agressivo na sinceridade com que trata as outras pessoas. No papel, parece um casamento perfeito, um Woody Allen anabolizado. E é!

Em um dia, voltando para casa, Boris conhece Melody (Evan Rachel Wood), uma ingênua menina do interior que chegou em Nova York sem conhecer nada nem ninguém. Ela pede um lugar para passar a noite e ganha um mês, que é extendido até ela achar um emprego e acaba virando casamento. Nas suas diferenças os dois se entendem. Ele fala, ela ouve. E repete, mesmo sem saber muito bem o que está dizendo. E assim são felizes.

Até que um dia, do nada, a mãe da garota aparece por lá. Igualmente sulista, desacostumada com a cidade grande e bastante religiosa, ela desaprova o casamento e parte atrás de um partido melhor para a sua filha. Na sua busca, acaba também ampliando os seus horizontes sobre a cidade e si mesma. Caminho que depois será percorrido também pelo pai de Melody, que também chega a Nova York para se descobrir e entender o que é ser feliz.

Boris, que em vários momentos do filme quebra a quarta parede e conversa com o público, diz em uma cena que este não é um filme feito para as pessoas se sentirem bem. Mas, como Melody reflete em outra sequência, o latido dele é mais forte do que a sua mordida. E isso vale tanto para o personagem quanto para o filme, que é, sim, leve e gostoso. Daqueles que você assiste com um sorrisinho no rosto quase que o tempo todo.

David dá ao personagem a coragem de ir além do Woody Allen normal, ultrapassando algumas barreiras do aceitável pela careta sociedade estadunidense. E Evan Rachel Wood está ótima. É impossível não gostar da forma fofa como ela recebe cada crítica e se põe a pensar, sem se deixar abater. Ela é feliz na sua ignorância e não liga para isso.

Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2009) não é o filme que vai fazer você gostar de Woody Allen, nem de Larry David, mas quem já é fã dos dois certamente vai se divertir com as maluquices do personagem principal e dos diálogos de Boris com o mundo.


Marcelo Forlani
29 de Abril de 2010

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