sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 - Como foi o trabalho das equipes de arte e figurino na pré-produção e nas filmagens


Visitar o assustador presídio de Bangu 1 e reconstruí-lo em estúdio; montar um cenário e incendiá-lo para descobrir o tamanho do estrago e o comportamento da fumaça; trabalhar com o barulho ensurdecedor e a ventania provocados pelo poderoso helicóptero da polícia; produzir armas cenográficas e envelhecer fardas do Bope e uniformes de detentos. Estas foram algumas das tarefas nada óbvias das equipes de direção de arte e figurino durante a pré-produção e as filmagens de “Tropa de Elite 2” (veja o trailer), algumas delas cumpridas sob rigoroso esquema de segurança.





Diretor de Arte da superprodução de José Padilha, que estreia no dia 8 de outubro, Tiago Marques viveu uma experiência inesquecível logo em seu primeiro trabalho na função: conhecer Bangu 1, presídio de segurança máxima localizado na Zona Oeste do Rio, cujas enormes galerias, palco de rebeliões e confrontos, foram reproduzidas em estúdio. Tiago não pôde levar companhia e sequer bloco de anotações. Máquina fotográfica, nem pensar. Em 50 minutos, registrou na memória o que viu nas celas e corredores.





“Já fui a outros presídios, mas nenhum tão opressor quanto Bangu 1. Não senti medo, mas a sensação é terrível, de fim de linha. Você se pergunta o que pode ser pior que aquilo. Um presidiário só sai daquela estrutura com a conivência de alguém ou no rabecão. Há muita coisa não prevista na construção original, feita por conta de episódios que iam me contando. Isso ajuda a mostrar que estamos sempre um passo atrás enquanto os criminosos bolam novas maneiras de burlar o sistema”, conta ele, que teve apenas contato visual com os detentos.





Outra visita cercada de cuidados foi à sede da Secretaria de Segurança Pública do Rio, localizada no edifício da Central do Brasil. Ali, a entrada em algumas salas é proibida. Outras podem ser vistas, mas não fotografadas. O ambiente foi reproduzido no atual prédio do Detran, na Av. Presidente Vargas, que já foi sede do órgão de segurança. “Queríamos situar a Secretaria no Rio e, desse prédio, é possível ver a Candelária e a Central do Brasil, já que a fachada é de vidro”, explica Tiago.





O restante da equipe também viveu as suas emoções. Cenas feitas com o robusto helicóptero de guerra da polícia no Morro Dona Marta precisaram ser repetidas já que algumas pessoas, impressionadas com o enorme deslocamento de ar e barulho produzidos pela máquina, esqueciam de sair de quadro. Há momentos, porém, em que o trabalho de direção de arte e figurino não demandam coragem, mas método e paciência. É o caso da confecção das armas, logomarcas e uniformes usados no filme. O distintivo não pode ser igual ao usado pela polícia, por isso, desde o primeiro “Tropa de Elite ”, em vez de garruchas foram usadas imagens de pistolas no emblema, que ganhou nova versão, em cinza, para o segundo filme. Além disso, a faca é cravada na caveira de baixo para cima, ao contrário da logo original. Para ganharem aspecto envelhecido, as fardas e uniformes de presidiário passaram por diversas lavagens, eram lixados e recebiam preparados para ganhar tom amarelado ou manchas de terra. “Nenhuma peça do figurino era zero bala”, destaca Claudia Kopke, responsável pelo trabalho. Já parte das armas cenográficas foi feita em resina de vidro a partir de outras compradas de empresa americana que produz artigos especialmente para o cinema.





mesmo destino teve parte do cenário de Bangu 1, queimado em cena que mostra uma rebelião e que pode ser vista no trailer do longa. Antes disso, porém, uma cópia do mesmo cenário foi incendiada para que a equipe de direção de arte pudesse calcular em quanto tempo seria produzida a fumaça e em que velocidade os objetos seriam destruídos. “Depois, refizemos tudo para filmar”, lembra Tiago. Refazer inclui, entre outros, aplicar novamente produtos para que a madeira pareça concreto e produzir um novo colchão recheado de algodão já que a queima da espuma liberaria gases tóxicos. Um trabalho exaustivo, segundo o diretor de arte. “Tinha uma preocupação muito grande com qualidade dada a grande expectativa em torno de ‘Tropa de Elite 2’. Perdi algumas noites de sono”.



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