exibe fitas da Legião Urbana em sua loja, em SP
Vendido ainda lacrado pela internet ou em lojas de discos usados no Brasil, o cassete ainda resiste forte como um fetiche de colecionadores
Fotos Alessandro Shinoda/Folhapress |
THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO
A pesquisa foi difícil, mas o resultado impressiona: o site de compras Amazon.com oferece fitas cassete novas, ainda embaladas em plástico, de mais de 2.600 títulos de pop e rock.
Sim, as fitas cassete originais, com a capinha do disco, aquelas que muita gente considerava extintas.
Além dessas, novidades chegam ao mercado. Os próximos lançamentos de Pearl Jam e Foo Fighters também virão nesse formato.
Depois da "volta do vinil", surpreende ver que o pop pode ser ainda mais retrô. Os fãs desejam as fitas como se fossem camisetas ou qualquer item de colecionador.
A Amazon sabe disso, e seu departamento de estratégia coloca preços bem diferenciados para esses consumidores.
Assim, uma fita nova de Whitney Houston é vendida a menos de R$ 4, mas um exemplar ainda lacrado em plástico de "OK Computer" (1997), do badalado Radiohead, custa cerca de R$ 56.
O produto mais caro da loja em formato de fitas é o box "The Beatles", com todos os álbuns originais do quarteto e mais dois cassetes bônus. Custa cerca de R$ 1.600.
Dependendo da fita, mesmo usada ela pode valer muito. Há dois meses, um site americano de leilões vendeu um cassete do projeto USA for Africa, o "We Are the World", por cerca de R$ 330.
TAMBÉM NO BRASIL
Essa valorização de raridades ainda não chegou com força ao Brasil, mas o mercado de fitas já ressuscita. Paulo Sokol, 38, abriu em 2008 a loja Engenharia do Vinil, no centro de São Paulo.
Apesar do nome, desde o início ele dedica espaço aos cassetes. Embora outras lojas de álbuns usados também exibam algumas fitas à venda, é nessa que elas ocupam toda uma parede.
Os preços variam de R$ 5 a R$ 25, um pouco mais por fitas bem raras. "Que loucura pagar mais de R$ 300 pelo "We Are the World". Vendi uma por R$ 5", lamenta.
Paulo também é colecionador. Além das incontáveis fitas, tem sete toca-fitas, entre walkman, aparelhos de som e decks profissionais.
Segundo ele, o que mais vende é metal e rock dos anos 80, época da maior produção de fitas no Brasil e no mundo. Mas ícones pop, como Beatles, Madonna e Elvis Presley, sempre atraem.
"Madonna é uma loucura, vende tudo. E outro dia um cara veio aqui e comprou todas que eu tinha de Elvis, umas 12 fitas."
Ezio Fernandes de Avilla, 49, comerciante e colecionador de fitas, frequenta a loja. "Guardo também vinil e CD, mas já tive umas 800 fitas."
Além de procurar clássicos que admira, como David Bowie e Roxy Music, Ezio está atento a novidades. "No ano passado, uma banda que eu gosto muito, Goldfrapp, lançou uma edição em cassete de seu álbum mais recente, "Head First", mas o preço passou dos R$ 100, não deu para comprar." Ele costuma pagar até R$ 25 por uma fita.
Outro tipo de consumidor que ajuda a manter vivo o mercado de fitas é aquele que escuta música no carro. Segundo Fausto Batalha, dono de uma loja de som automotivo, ainda são fabricados no Brasil seis modelos de rádio para carro com toca-fitas.
Quem compra carros antigos quer fitas. "O rádio original é valioso num carro antigo. Nem precisa ser tão velho, os alemães até 2008, por exemplo, ainda têm toca-fitas", explica Batalha.
A volta do vinil foi bancada pelas gravadoras. Quanto ao cassete, nenhuma ainda se mexeu. Para os colecionadores, só aumenta o fetiche.
FONTE:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1003201109.htm
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