sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Primeiras Impressões 

Once Upon a Time


“Era uma vez, numa terra muito, muito distante, uma menina viciada em séries que riu muito quando um grilo falante lhe disse que ABC lançaria uma série recheada de contos de fadas. Um dia, passeando pela floresta e levando doces para a vovozinha, ela encontrou sete anões, amantes vorazes da Bruxa megaevil, que lhe ofereceram uma série envenenada. Ela não pôde resistir e assistiu. Não morreu e nem despertou com o beijo de um príncipe para se tornar o primeiro zumbi do reino encantado, mas dizem por aí que ela caiu no feitiço de Once Upon a Time.”

Spoilers Abaixo:
Indo contra minha própria razão e questionando minha sanidade, sou obrigada a dizer que vi Once Upon a Time e gostei. É muito estranho dizer isso assim, à queima roupa, mas sou sincera. Eu queria escrever esse texto despejando todo meu ódio gratuito por essa proposta bizarra e descabida? Sim, eu queria com todas as minhas forças. Eu vou fazer isso em vez de admitir que conseguiram fazer um Piloto interessante? Não, definitivamente. Mas é só porque não quero que meu nariz cresça igual ao do Pinóquio.

Eu ainda não sei exatamente porque essa Series Premiere adiantada me agradou em vez de me irritar, mas estou realmente inclinada a acreditar que caí na magia de uma série envenenada, porque só isso poderia justificar. O engraçado é que eu tinha certeza absoluta de que Once Upon a Time seria o tipo de produção “amor ou ódio”, sendo o ódio minha única escolha.

Apesar de tudo que afirmei até aqui, vale lembrar que esse também não aquele Piloto de série que vai mudar sua vida e transgredir os limites da linguagem televisa. Acho até que é ousado apresentar uma história desse tipo na TV, mas é só. Já vimos mistura de personagens em filmes do ‘Shrek’e o encontro do mundo de ficção infantil com a realidade em ‘Encantada’. Sem dúvida, toda a desconfiança do público, fã resoluto de seriados, acerca desse lançamento não era descabida. Once Upon a Time é o tipo de série que exige nosso questionamento, porque toda a ideia em que se apóia parece muito boba e errada.

Deve ser por essa releitura de histórias que rechearam nossa infância. A minha, pelo menos, tinha doses diárias de princesas que enfrentam sozinhas bruxas malvadas, só para ganharem de brinde um príncipe em cima do cavalo branco no final.

Sempre fui fã de contos de fadas em todas as formas: livros, série (eu via um troço chamado Contos de Fada, na TV Cultura), filmes e até aquele LP (sim, LP. Vinil. Bolachão azul. Não me julguem) maroto com a história de Chapeuzinho Vermelho e Os três Porquinhos eu tinha. Devorei a obra completa dos irmãos Grimm, aterrorizada, na maioria das vezes e hoje estou aqui, mais do que pronta para mergulhar na salada que Once Upon a Time preparou, com muitos dos ingredientes que já citei até aqui.

A ideia da série é mais ou menos essa: misturar elementos e personagens das histórias mais famosas e mostrar o que acontece depois do “… E viveram felizes para sempre”. Na verdade, em Once Upon a Time, esse momento ainda não chegou, porque uma maldição assola o reino que chamarei de “Far, far away”. Essa maldição foi espalhada pela Rainha Má, produtora agrícola de maçãs e inimiga número um de Branca de Neve, numa vingança pela felicidade alheia.

Com Branca de Neve casada e grávida do Príncipe Encantado, era só o que restava para quebrar o tédio e assim aconteceu. Rainha Má megaevil lançou uma maldição de infelicidade, parou o tempo e mandou todo mundo para o pior lugar do mundo: a realidade.

Porém, há um twist na história. Branca de Neve e Príncipe Encantado (que aparentemente é polígamo e se casou com múltiplas princesas) conseguem mandar a filha recém nascida, Emma, para um lugar na realidade longe dessa maldição e assim, 28 anos depois, ela deve retornar para sua família, lutar contra a Rainha Má megaevil, colorindo novamente a vida das pessoas de “Far, far away”, que sequer são capazes de lembrar de suas verdadeiras identidades.

Nesse primeiro episódio a trama é muito bem apresentada e, apesar de muitas vezes eu ter ficado boquiaberta com detalhes sutis como cestas de maçãs vermelhinhas e a aparição do Lobo Mau no meio da estrada, eu acho que a série tem potencial, nem que seja para apenas uma temporada. Aliás, todas essas referências são legais de procurar e Once Upon a Time não se faz de rogada ao colocar na tela clichês, como o príncipe no cavalo branco e a bruxa sempre vestida de preto.

Toda a construção de “Far, far away” segue bem a linha clássica dos livros e por lá vemos os Sete Anões, Gepeto, Pinóquio e o Grilo Falante, Chapeuzinho e sua avó, além, é claro, de outro vilão de nome difícil de adivinhar: Rumpelstiltskin.

Na realidade, eles também aparecem como carpinteiros, psicólogos, donos de pensão, empresários… Branca de neve é professora primária, a Rainha Má megaevil é prefeita da cidade e o Príncipe Encantado, ferido durante uma luta, é um desconhecido num leito de hospital.

Vale lembrar que a personagem principal, no entanto, é Emma Swan, a filha perdida desse reino mágico, que também tem um filho, que ela deu para adoção, 10 anos antes. Henry, que foi criado pela Rainha Má megaevil, é aquele que vai tentar provar para sua mãe que existe um mundo de fantasia além das páginas dos livros.

No elenco estão Jennifer Morrison (Emma), Ginnifer Goodwin (Mary/Snow White), Robert Carlisle (Mr.Gold/Rumpelstiltskin), Lana Parilla (Evil Queen megaevil), Jared Gilmore (Henry), Josh Dallas (John Doe/Prince Charming), Raphael Sbarge (Archie Hopper), Meghan Ory (Red Riding Hood), Jamie Dornam (Sheriff Graham) e Beverly Elliott (Granny).

Once Upon a Time, como todos sabem e como o material promocional faz questão de frisar é criação de Edward Kitsis e Adam Horowitz, duas das mentes por trás de Lost e Tron: Legacy.

E, sim. Eu ainda acho que estamos diante do plot roubado de “Cavalo de Fogo”, mas resolvi entrar na dança e ver no que dá, mesmo que com essa escolha eu não seja feliz para todo o sempre.

PS- Série feita por gente de Lost SEMPRE faz referência a Lost. Once Upon a Time tem as suas, é claro, trazendo à baila os números malditos no relógio parado e no número da casa da prefeita Rainha Má megaevil, mas honestamente? Em Lost eles já eram números inúteis e aleatórios, em Once Upon a Time, não passam de curiosidade para se colocar num mísero PS.

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