quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Led Zeppelin

John Paul Jones,Robert Plant, John Bonham e Page em 1969






Escada para o inferno

Biografia que sai no Brasil revela em detalhes a rotina de sexo, de vícios e de violência que cercava os integrantes do Led Zeppelin.


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Espancamentos de fãs, sessões de sexo com groupies amarradas, drogas espalhadas em quartos de hotel, ocultismo, mortes trágicas. Está tudo em "Quando os Gigantes Caminhavam sobre a Terra", extensa biografia do Led Zeppelin.

Em 552 páginas, o inglês Mick Wall produz a mais nítida radiografia da mítica banda de Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham, desde que foi criada, no final dos anos 1960, até a elogiosa reunião para um show em Londres em dezembro de 2007.

Enquanto "Hammer of the Gods", biografia publicada por Stephen Davis em 1985, peca por excesso opinativo e sensacionalismo, o livro de Wall vem sendo considerado, desde que saiu na Europa em 2008, como o registro definitivo do grupo.

Jornalista formado no universo do heavy metal, Wall foi amigo de Jimmy Page -mas depois de ler o livro, o guitarrista se afastou do autor. Constrói a história principalmente a partir de entrevistas que fez com todos os integrantes da banda, com Peter Grant (empresário do grupo) e Richard Cole (responsável por acompanhar a banda nas turnês) "Jimmy não queria falar [para o livro]", afirma Wall. "Ele pediu a Jason Bonham [filho de John] que não falasse comigo, tentou me impedir de ir ao show em Londres em 2007.

Mandou cartas à editora dizendo que, se tivesse algo que não gostasse, iria processar." Mesmo com todos os excessos da banda escancarados, até agora Page não processou ninguém a respeito do livro.

No início dos anos 1970, o Led Zeppelin era a maior banda do mundo. Vendia muito mais do que Beatles e Rolling Stones.

Tornaram-se extremamente ricos -muito graças ao empresário Peter Grant, sujeito viciado em heroína, intimidante e que usava métodos violentos para conseguir o que queria.

"Na época, nas turnês, uma banda como os Stones ficava com 40% do preço de cada ingresso. Já o Zeppelin ganhava 90%. Graças a Grant", diz Wall.

Foi Grant quem levou a banda para a gravadora Atlantic e quem acertou as turnês do grupo pelos EUA. Turnês em que era comum Grant, Richard Cole (faixa preta de caratê...) e principalmente John Bonham se envolverem em violentas brigas. "Bonham socou uma mulher que trabalhava na gravadora simplesmente porque ela sorriu para ele", conta Wall.

No livro, Wall descreve com detalhes episódios pesados e curiosos como o ocorrido em um hotel em Seattle em que Bonham colocou um peixe na vagina de uma groupie. "O Zeppelin tornou-se muito rico e criou em torno de si uma aura de invulnerabilidade. Eram jovens e pensavam estar acima de tudo e de todos. Sua rotina envolvia violência, sexo com garotas menores, magia negra, desperdício enorme de dinheiro..."
A segunda metade do livro, que aborda o final dos anos 1970, traz a relação de Page com ocultismo (ele era fã do satanista Aleister Crowley), além das mortes do filho de Plant (em 1977) e de Bonham (em 1980), sufocado no próprio vômito. Episódios centrais para o término da banda.
"Havia muita depravação em torno do Led Zeppelin, muito vício, sexo, eles faziam coisas impensáveis. Jimmy Page, por exemplo, não foi ao funeral do filho de Plant", diz Wall.

A reunião de 2007, com Page, Plant, Jones e o filho de Bonham foi "tensa", segundo Wall. "Jimmy queria desesperadamente que aquele show fosse o ponto de partida para uma turnê e um novo disco.

Mas Plant não quer. Seu disco com Alison Krauss vendeu horrores, ganhou Grammy, os críticos gostaram. Ele não quer abrir mão disso", conta Wall.

"É algo triste. Jimmy Page não faz mais nada. Ele não consegue aceitar que o Zeppelin acabou."



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LED ZEPPELIN - QUANDO OS GIGANTES CAMINHAVAM SOBRE A TERRA

Autor: Mick Wall
Editora: Larousse
Quanto: R$ 99 (552 págs.)

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