segunda-feira, 8 de março de 2010

'Guerra ao terror': zebra ou favorito do Oscar 2010?


Filme fez de Kathryn Bigelow a primeira mulher a vencer prêmio de direção.


Produção independente derrotou a o recordista de bilheteria 'Avatar'

Quando “Guerra ao terror” foi lançado diretamente em DVD no Brasil, ninguém poderia imaginar que dez meses depois o filme se tornaria o grande vencedor do Oscar 2010. Na verdade, nem mesmo os produtores do longa-metragem, que não esconderam a surpresa ao subir ao palco da premiação na noite de domingo (7), poderiam sonhar chegar tão longe com uma produção independente, de baixo orçamento, que teve dificuldades até para conseguir um contrato de distribuição.



O feito é ainda mais improvável se lembrarmos que seu principal concorrente era a superprodução “Avatar”, dirigida pelo já oscarizado James Cameron e recordista de bilheteria, com mais de R$ 2,5 bilhões acumulados em faturamento mundial.


Portanto “Guerra ao terror” poderia ser uma das maiores zebras da história do Oscar, mas não é. Nas semanas que antecederam a premiação da Academia, o filme ganhou prestígio, faturou um prêmio após o outro e conseguiu transformar suas próprias fragilidades em vantagens na corrida pelo Oscar.


Ao longo da temporada de prêmios de Hollywood, que costuma servir de termômetro para o evento da Academia, o longa conquistou nada menos que 16 troféus - incluindo seis Baftas, o Producers Guild Award e diversas eleições de associações de críticos, como o National Society of Film Critics e o New York Film Critics Circle - , que já sugeriam seu favoritismo.

Olhar feminino sobre a Guerra do Iraque
Quem diria que um filme de guerra, gênero predominantemente masculino, daria a uma mulher o primeiro Oscar de melhor direção? Pois “Guerra ao terror” escreveu o nome da americana Kathryn Bigelow na história, como a primeira diretora a conquistar a estatueta da categoria e mais outras cinco (melhor filme, roteiro original, montagem, edição e mixagem de som).


O fato é que o olhar feminino de Bigelow sobre um tema já explorado por outras produções recentes fez com que “Guerra ao terror” fosse descrito pelo "The New York Times" como "o melhor filme americano já feito sobre a guerra do Iraque".


A diretora consegue imprimir uma visão humana da guerra sem cair em clichês, mostrando a rotina massacrante de um sargento especializado em desativar bombas na zona de conflito. Ele é um profissional da guerra, mas não um herói convencional, já que troca facilmente medalhas pelo prazer de arriscar sua própria vida.


A vitória de “Guerra ao terror”, na verdade, reflete não apenas um favoritismo que já vinha se delineando desde o início do ano, mas também uma tendência recente da Academia de marcar uma certa independência em relação ao sobe e desce das bilheterias e de, finalmente, dar espaço para produções que abordam o conflito no Iraque, até então ignoradas pelo Oscar.



Carla Meneghini
Do G1, no Rio

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