quarta-feira, 10 de março de 2010

Lou Andreas-Salomé


“Ouse, ouse… ouse tudo!

Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar a sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida dar-lhe-á poucos presentes.
Se quer uma vida, aprenda … a roubá-la!
Ouse, ouse tudo!
Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!”


Lou Andreas-Salomé

Lou Andreas-Salomé foi uma mulher irreverente e fascinante que viveu entre 1861 e 1937 com uma intensidade infinita! Atraiu os olhares e pensamentos de homens contemporâneos como Friedrich Nietzsche, Paul Rée, Sigmund Freud e Rainer Maria Rilke.

A vida de Lou foi fascinante. Autora de vários romances, ensaios, poesias e peças de teatro, tinha uma enorme capacidade intelectual que a levou a ousar ser diferente numa época em que pouco ou nada se permitia às mulheres.

Nasceu na Rússia, no dia 12 de Fevereiro de 1861 em S. Petersburgo, de pais alemães e foi a sexta criança e a primeira rapariga da família. O pai, Gustav von Salomé, era um general do exército russo dependente dos Romanov.

Em criança, Lou é descrita como rebelde e pouco convencional, embora fosse a preferida do pai. A sua mãe Louise Wilm pertencia a uma próspera família cujo negócio era a exploração e manufacturação de açúcar. As relações entre as duas não foram as melhores e existiu sempre uma enorme tensão.

Mudou-se para Roma, quando completou 21 anos de idade, para estudar com Nietzche. Embora o considerasse um dos mais brilhantes pensadores de sempre, ela era demasiado independente para aceitar a sua proposta de casamento, cujos ciúmes por Lou contribuíram para o progressivo processo de loucura que o levou à morte.

Em 1887, com 26 anos, aceitou casar com Friedreich Carl Andreas de 41 anos, uma união que durou 43 anos. O casamento, ao invés de lhe retirar a liberdade, como era costume na época, permitiu-lhe continuar a escrever ficção e a viajar onde a sua curiosidade intelectual a impeliu.

Lou viria a conhecer Rilke em Munique, no ano de 1897 e manteve com o poeta um caso amoroso durante três anos, até que a sua cada vez maior dependência por ela levou-a a partir de novo. Rilke viria a suicidar-se afogando-se no rio em cujas margens passara muitas tardes com Lou. Indomável, Lou Andreas-Salomé terá levado ao suicídio outra personalidade não menos exuberante de seu tempo, o filósofo Paul Rée.

A produção literária de Lou esteve sempre muito ligada aos seus envolvimentos amorosos e da relação com Rilke, aos 36 anos, resultaram obras fundamentais da escritora como “A humanidade da mulher” e “Reflexões sobre o problema do amor”.

Durante o ano de 1911, conheceu Freud, o fundador da psicanálise e depressa ficou fascinada por ele e pelo seu trabalho, com o qual colaborou. Escreveu diversos artigos sobre o assunto que foram publicados em jornais da especialidade e estabeleceu uma clínica psiquiátrica que alcançou razoável êxito na Alemanha. Em 1931 publicou ‘A minha gratidão a Freud’ em homenagem ao seu mestre.

A chegada ao poder dos nazis em 1930 foi uma ameaça para ela, porque estes consideravam a psicanálise uma ‘ciência judaica’ e apontaram para a sua eliminação. Nessa altura, Lou estava doente e não podia deixar o país. Acabou por morrer em 1937, apenas um mês antes de completar 76 anos. Dias depois da sua morte, os nazis confiscaram todas as suas obras e documentos pessoais, Lou escreveu 20 livros e mais de 100 ensaios e artigos.

Uma mulher que viveu fora do seu tempo e que não rejeitou nenhum aspecto da sua apaixonada vida

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