domingo, 17 de julho de 2011

Dor na Alma

Por Touré

Adele, a maior voz do pop em 2011, é movida a cigarros, vinho tinto e um coração eternamente partido


Foto: Simon Emmet
Dor na Alma
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''Ai, Louis!", geme Adele. "Não role no cocô!" É sábado, por volta das 14h, e ela está caminhando por um pequeno parque ao longo do lago Alster, em Hamburgo, Alemanha, puxando a coleira de seu companheiro constante, um dachshund "salsichinha" de 2 anos chamado Louis Armstrong.

A turnê europeia de Adele começou há poucos dias, mas ela não está se sentindo muito bem. Saímos do bar na cobertura do hotel, onde ela bebeu duas garrafas pequenas de vinho tinto. Agora, ela se sente "zonza". "Foi direto para a minha cabeça!", diz. Está totalmente sem maquiagem e seu cabelo loiro-escuro está puxado para trás em um nó bagunçado. Em um ano de bombas sexuais e projetos de arte nas paradas pop, o sucesso mais surpreendente de 2011 é um trabalho de uma mulher simples e cheinha de 22 anos, cujas roupas preferidas são suéteres grandes de gola alta (ela usa um preto hoje, que chama de "meu escudo, meu conforto", legging também preta e sapatilha com estampa de onça).


O segundo álbum de Adele,
21, estreou no topo das paradas no Reino Unido e nos Estados Unidos e vendeu 3,5 milhões de cópias ao todo, algo que ela descreve como "bem intenso". Recentemente, voltou a fumar - diz que são apenas sete cigarros por dia, mas, em poucas horas, ela fuma no mínimo essa quantidade.

Para aumentar os problemas nesta semana, o pai de Adele, Mark Evans - um alcoólatra em recuperação que abandonou a família quando a filha tinha apenas 3 anos - vendeu uma história para o tablóide britânico
The Sun, dizendo que se sentiu culpado por não estar presente na infância da filha. Os olhos dela apertam quando ela fala sobre a história. "Nunca conheci meu pai", afirma. "Ele não tem nenhum direito de falar sobre mim." No dia seguinte ao da matéria, outra apareceu, dessa vez sobre a infância de Adele: o repórter abordou a avó da cantora em um ponto de ônibus. "Foi aí que voltei a fumar", ela diz.

Adele tem uma das melhores vozes dos últimos anos - um misto de poder soul, doçura e transparência emocional assustadora. Músicas como "Someone Like You" - na qual diz adeus a um ex-namorado que se casou - são bagunçadas, conflituosas, às vezes explosivas. "Todas as suas músicas se baseiam em eventos reais e pessoas reais", diz Sam Dixon, baixista da banda de Adele. "Pode ser difícil para ela cantá-las; isso já aconteceu algumas vezes." No evento Brit Awards, em fevereiro, ela estava quase às lágrimas ao final da apresentação de "Someone" e teve de afastar o olhar das câmeras. "Não é uma pose ou uma postura", defende Rick Rubin, que produziu quatro músicas de
21. "Quando você ouve alguém abrir a alma, isso ressoa."

Pessoalmente, Adele é igualmente aberta. Caminhando pelo parque, ela conta sobre a vez em que subiu ao palco com "um absorvente íntimo no polegar. Foi horrível!" (ela diz que foi para esconder uma unha quebrada - "Você faz um buraco nele e coloca no dedo. Faço isso o tempo todo"). Fala rápido, usa tons de voz diferentes, conta piadas sujas no palco ("Como você chama uma loira de ponta-cabeça? Uma morena com mau hálito"). E admite ter se inscrito em um serviço de encontros online no ano passado ("Estava bêbada, chateada e ouvindo 'Nothing Compares 2 U', da Sinéad O'Connor"). Ela também diz amar os rappers violentos do Odd Future. "São revigorantes", afirma, mas "meus fãs não ficaram felizes quando coloquei o vídeo deles no meu blog" (exemplo de um verso: "I'll stab Bruno Mars in his goddamn esophagus" [
Vou esfaquear o Bruno Mars bem no esôfago]).

FONTE:  http://www.rollingstone.com.br/edicoes/57/textos/adele-dor-na-alma/

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