domingo, 17 de julho de 2011

Pronto para Destruir

Por Bill Zehme

Há 20 anos, no auge da carreira com O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, Arnold Schwarzenegger sonhava com a carreira política, mas também já mostrava seu lado negro

Pronto para destruir
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Os homens estão em crise, mas ele, não. Não sabe o que "crise" quer dizer. Ou talvez saiba, mas finge que não. Afinal de contas, ele é austríaco, e algumas coisas não são fáceis de traduzir. No mundo todo, ele á chamado de Arnold, mas só porque há letras demais em Schwarzenegger. A esta altura, todo mundo já sabe qual é o significado literal de Schwarzenegger, "lavrador negro" e, assim como muitos lavradores negros antes dele, Arnold sabe exatamente qual é a sensação de quando um cavalo cai em cima dele. Dói muito, sim, mas a dor não significa muito para Arnold, principalmente quando há dublês disponíveis. Mas Arnold nunca está em crise. Por essa razão, é imperativo que Arnold seja Arnold para que outros possam aprender. E, pelo que a sociedade nos diz, nunca houve uma época mais crucial na história para Arnold estar vivo, e isto é bastante conveniente.

Estes são tempos difíceis para ser homem. Eles, de acordo com os especialistas, amoleceram em algum ponto. Infelizmente, se esqueceram de como ser homens. O próprio Arnold certa vez declarou: "Se eu não for eu mesmo, quem diabos então eu sou?" Claro que ele disse isso no filme O Vingador do Futuro - com uma toalha úmida na cabeça: assim não dá para saber se falou mesmo de coração. Ainda é uma boa pergunta, aplicável a maior parte dos homens, mas certamente não a qualquer homem cujo nome seja Arnold Schwarzenegger, porque ele é um homem que sabe exatamente quem é: o maior astro do mundo, um homem de 44 anos forte e bonito, com sotaque alemão, que gosta de charutos caros, motocicletas roxas e diálogos esparsos.

Arnold é um sujeito formidável, cuidadoso com seu tempo, que prefere se dedicar ao acúmulo de fortunas não reveladas em empreitadas comerciais externas. Felizmente, para compreender Arnold não é preciso perder muito tempo nem se esforçar muito. É por isso que ele se transformou no astro enorme que é hoje. Aliás, é exatamente essa qualidade que lhe valeram supostos US$ 12 milhões pelo trabalho no colossal sucesso O Exterminador do Futuro 2: O Dia do Julgamento Final, em que ele desempenha talvez a sua melhor performance de todos os tempos como um cyborg. Nós vivemos em um período complicado, e períodos complicados exigem heróis descomplicados. Entre os descomplicados, Arnold se destaca sem concorrência.

"Arnold é um tipo de modelo de conduta, e alguns podem dizer que é um modelo de conduta obscuro", diz James Cameron, que dirigiu Arnold nos dois filmes de O Exterminador do Futuro. "Ele nunca vai fazer um papel de um personagem que fica sentado em um escritório agitando as mãos. Ele tem a ver com ação direta, ser decisivo. Ele tem a ver com saber o que quer e lutar por isso. Ele é muito claro." John Milius, que dirigiu Arnold em Conan, o Bárbaro e que é ele mesmo um homem celebrado entre os homens, também adere a esta teoria. "Arnold é a corporificação do Homem Superior", ele diz. "É o homem de Nietzsche. Há algo primal nele, que remonta às coisas básicas e primordiais: aço, força e vontade."

Ele não está ciente do fato de que os homens nos Estados Unidos estão em crise. Quando Arnold quer fazer um elogio a um homem, diz o seguinte: "Ele tem o controle". Não existe elogio maior do que esse. Ele prefere usar calça bege e as veste sempre que é apropriado, porque sabe que fica bem com essa peça de roupa. Diz que não faz ideia se o Exterminador do Futuro pode transar ou não. Arnold possui armas, mas nunca caçou. Ele é um líder de homens, um perseguidor de mulheres reformado. (Mas ele não reclama quando mulheres dão beliscões em sua bunda na academia.) Toca Strauss todos os dias para sua filhinha, Katherine, e dança valsa com ela nos braços. Caracteriza seu jeito de cantar como "o pior" e alega não fazer imitações de nenhuma pessoa famosa. Ele consegue sobreviver com três a cinco horas de sono por noite. Ele cochila em qualquer cadeira se estiver bem cansado. Se acha qualquer coisa extraordinária, ele exclama, invariavelmente: "É animal, estou falando!" Sobre sua mulher, a correspondente da NBC Maria Shriver, ele diz: "Ela é uma joia", pronunciando a última palavra com seu sotaque pesado. E, como acontece com a maior parte dos aspirantes a político, ele jura não ter aspiração política, apesar de dizer outra coisa aos amigos. "Ele sempre disse que vai ser o governador da Califórnia", diz Milius. "Faz parte dos planos dele, sabe? Ele até disse que eu ia poder ser o chefe da polícia do estado."

Você lê esta matéria na íntegra na edição 57. 

FONTE: http://www.rollingstone.com.br/edicoes/57/textos/pronto-para-destruir/

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