Quem de nós não se diverte com um bom apocalipse? Parece que é algo inerente da raça humana gostar de ver o grande circo da civilização pegando fogo, pelo menos na ficção. E o alemão Roland Emmerich se tornou uma espécie de especialista nesse filão, tendo em seu currículo “Independence Day”, “O Dia Depois de Amanhã” e agora este “2012″.
Escrito pelo próprio Emmerich em parceria com o austríaco Harald Kloser (com quem já havia cometido o terrível “10.000 a.C.”), o filme pega carona nas teorias de que o nosso planeta seria alvo de uma grande mudança em 21 de dezembro de 2012, algo sugerido pelo fato de o calendário maia acabar exatamente neste dia.
Começando em 2009, o longa nos apresenta ao idealista cientista Adrian Helmsley (Chiwetel Ejiofor) descobrindo que o apocalipse está realmente vindo, por conta da influência de atividades solares. Alertando rapidamente ao governo do Presidente americano Thomas Wilson (Danny Glover), misteriosos preparativos para a catástrofe começam a ser feitos, sob a administração do frio Carl Anheuser (Oliver Platt).
Paralelamente, acompanhamos o drama de Jackson Curtis (John Cusack), um escritor fracassado e divorciado que tenta salvar sua família da devastação iminente, sendo ele responsável pelo clássico “olhar humano” das narrativas dos filmes catástrofes e sendo do ponto de vista dele e do maluco por conspirações Charlie (Woody Harrelson) que as pessoas comuns (vide nós) acabamos por descobrir o grande plano do(s) governo(s).
Nesse tipo de produção, os atores costumam ser secundários no espetáculo, com os efeitos especiais e as cenas de destruição sendo o prato principal. Bom, com US$ 200 milhões investidos no filme, Emmerich cria algumas cenas espetaculares e de tirar o fôlego, mostrando porque é o maior expoente desse gênero em atividade. As cenas de destruição são bastante interessantes, com diferentes locais do mundo fazendo ao menos uma ponta nestas (o Rio de Janeiro aparece por uns dez segundos, ao contrário do que parece no pôster).
A cena mais impressionante, de longe, é a fuga de Los Angeles, uma sequência de tirar o fôlego que ficará marcada como uma das mais emocionantes do ano. Longa, dinâmica, bem realizada e bastante condizente com a cidade californiana. No entanto, o público notará que ela meio que se repete durante o filme, com diversos elementos da correria da família Jackson acontecendo em outras partes da fita, como a saída de Las Vegas e Yellowstone e o voo sobre o Hawaii, gerando uma sensação de “já vi isso” e denunciando uma falta de imaginação tremenda dos realizadores em relação às escapadas.
Quanto aos elementos humanos, é nesse ponto que a fita perde fôlego. A dinâmica familiar entre os Jackson e a relação entre os personagens de Cusack e Amanda Peet se desenvolvem de um modo bem natural e justo para aquelas pessoas até o apressado e forçado final do longa, quando o roteiro de Emmerich e Kloser se torna tremendamente moralista.
O principal representante disso é o cientista Helmsley, que acaba se tornando insuportável no terceiro ato da produção, a despeito do carisma de Chiwetel Ejiofor. Quase que como em um filme de horror, a fita resolve castigar aqueles que tenham cometido alguma indiscrição, praticamente dizendo que “2012” não aceita adúlteros ou gananciosos, não importando que suas mortes não façam muito sentido dentro do script.
Ora, são os personagens que fogem dessa visão maniqueísta que mais acrescentam à história, vide o pragmático Anheuser, bem interpretado por Oliver Platt, ou o interessantíssimo Charlie, que Woody Harrelson vive com um fôlego e personalidade únicos, sendo uma pena que este maluco beleza apareça tão pouco.
A duração de quase três horas do filme também é um grande problema, embora parcialmente contornado pelas cenas de ação. Podemos dizer que o longa tem sequências bem editadas, mas que sua montagem fora comprometida, com o trabalho dos editores David Brenner e Peter S. Elliot sendo bastante irregular nesse sentido.
No frigir dos ovos, “2012“ se salva por sua insanidade e caos. Fica claro que o negócio de Emmerich não é com história, mas destruição, algo denunciado até pela sua falta de imaginação nas fugas de seus personagens dos cenários cataclísmicos. Se este for realmente seu último filme do gênero, podemos dizer que o alemão sai bem de seu trono de cineasta da devastação.
Thiago Siqueira
cinemacomrapadura.com.br
Escrito pelo próprio Emmerich em parceria com o austríaco Harald Kloser (com quem já havia cometido o terrível “10.000 a.C.”), o filme pega carona nas teorias de que o nosso planeta seria alvo de uma grande mudança em 21 de dezembro de 2012, algo sugerido pelo fato de o calendário maia acabar exatamente neste dia.
Começando em 2009, o longa nos apresenta ao idealista cientista Adrian Helmsley (Chiwetel Ejiofor) descobrindo que o apocalipse está realmente vindo, por conta da influência de atividades solares. Alertando rapidamente ao governo do Presidente americano Thomas Wilson (Danny Glover), misteriosos preparativos para a catástrofe começam a ser feitos, sob a administração do frio Carl Anheuser (Oliver Platt).
Paralelamente, acompanhamos o drama de Jackson Curtis (John Cusack), um escritor fracassado e divorciado que tenta salvar sua família da devastação iminente, sendo ele responsável pelo clássico “olhar humano” das narrativas dos filmes catástrofes e sendo do ponto de vista dele e do maluco por conspirações Charlie (Woody Harrelson) que as pessoas comuns (vide nós) acabamos por descobrir o grande plano do(s) governo(s).
Nesse tipo de produção, os atores costumam ser secundários no espetáculo, com os efeitos especiais e as cenas de destruição sendo o prato principal. Bom, com US$ 200 milhões investidos no filme, Emmerich cria algumas cenas espetaculares e de tirar o fôlego, mostrando porque é o maior expoente desse gênero em atividade. As cenas de destruição são bastante interessantes, com diferentes locais do mundo fazendo ao menos uma ponta nestas (o Rio de Janeiro aparece por uns dez segundos, ao contrário do que parece no pôster).
A cena mais impressionante, de longe, é a fuga de Los Angeles, uma sequência de tirar o fôlego que ficará marcada como uma das mais emocionantes do ano. Longa, dinâmica, bem realizada e bastante condizente com a cidade californiana. No entanto, o público notará que ela meio que se repete durante o filme, com diversos elementos da correria da família Jackson acontecendo em outras partes da fita, como a saída de Las Vegas e Yellowstone e o voo sobre o Hawaii, gerando uma sensação de “já vi isso” e denunciando uma falta de imaginação tremenda dos realizadores em relação às escapadas.
Quanto aos elementos humanos, é nesse ponto que a fita perde fôlego. A dinâmica familiar entre os Jackson e a relação entre os personagens de Cusack e Amanda Peet se desenvolvem de um modo bem natural e justo para aquelas pessoas até o apressado e forçado final do longa, quando o roteiro de Emmerich e Kloser se torna tremendamente moralista.
O principal representante disso é o cientista Helmsley, que acaba se tornando insuportável no terceiro ato da produção, a despeito do carisma de Chiwetel Ejiofor. Quase que como em um filme de horror, a fita resolve castigar aqueles que tenham cometido alguma indiscrição, praticamente dizendo que “2012” não aceita adúlteros ou gananciosos, não importando que suas mortes não façam muito sentido dentro do script.
Ora, são os personagens que fogem dessa visão maniqueísta que mais acrescentam à história, vide o pragmático Anheuser, bem interpretado por Oliver Platt, ou o interessantíssimo Charlie, que Woody Harrelson vive com um fôlego e personalidade únicos, sendo uma pena que este maluco beleza apareça tão pouco.
A duração de quase três horas do filme também é um grande problema, embora parcialmente contornado pelas cenas de ação. Podemos dizer que o longa tem sequências bem editadas, mas que sua montagem fora comprometida, com o trabalho dos editores David Brenner e Peter S. Elliot sendo bastante irregular nesse sentido.
No frigir dos ovos, “2012“ se salva por sua insanidade e caos. Fica claro que o negócio de Emmerich não é com história, mas destruição, algo denunciado até pela sua falta de imaginação nas fugas de seus personagens dos cenários cataclísmicos. Se este for realmente seu último filme do gênero, podemos dizer que o alemão sai bem de seu trono de cineasta da devastação.
Thiago Siqueira
cinemacomrapadura.com.br
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