sexta-feira, 27 de novembro de 2009

PLANETA 51
















Um enredo de ET ao contrário, com pitadas de humor que só os mais velhos saberão apreciar. Soma-se a isso toda coleção de clichês que vem junto a esta ideia e o resultado é uma história que poderia render mais, principalmente porque as possibilidades são ilimitadas em uma animação. Planeta 51 é dirigido a crianças e adultos, por reunir diversas referências culturais e de outras produções ao longo da sua narrativa, fáceis de acompanhar. Mas tanta previsibilidade impede que em algum momento o filme decole. O roteirista, Joe Stillman, o mesmo de Shrek I e II e mais vários episódios para a televisão de Beavis e Butthead e O rei do pedaço já provou que tem talento e experiência de sobra para trabalhar com animação, mas aqui apresenta um trabalho no mínimo burocrático. Talvez porque essa seja a primeira incursão dos diretores Jorge Blanco e Javier Abad em qualquer coisa que se projete em uma parede plana.

O astronauta americano, Capitão Charles "Chuck" Baker, pousa com seu módulo no Planeta 51 pensando em se tratar de uma região inóspita e desabitada. Sua intenção é plantar a bandeira de seu paíis, recolher o rover que foi previamente enviado para recolher amostras de pedras e retornar em segurança para a nave em órbita que vai levá-lo de volta à Terra. Para sua surpresa, o planeta é povoado por pequenas criaturas verdes, que falam seu idioma e cuja cultura é idêntica a da terra — exceto por estarem nos anos 50 e não chover água, mas pedras. Ele se assusta e os cidadãos do subúrbio em que pousa também. O clima é de muita paranóia, semelhante ao que havia na terra durante os anos dourados, com os habitantes temendo uma invasão de extraterrestres, ou melhor, humanoides que viriam para dominar o planeta e devorar seus cérebros. A cidadezinha é típica do interior e todos se conhecem. Neste ambiente, o astronauta trava uma amizade com o jovem Lem, típico pós-adolescente feliz em conseguir seu primeiro emprego no planetário e que não encontra coragem para se declarar à bela Neera, uma vizinha envolvida com colegas um tanto hippies, chegados a realizar protestos. Lem é então forcado a ajudar o astronauta a retornar com o rover para seu módulo e deixar o planeta em pouco mais de 70 horas. Então surge o principal obstáculo da empreitada — o General Grawl, que invade a cidade com o exército local em busca do pretensamente perigoso e hostil visitante extraterrestre.

A animação cinematográfica evoluiu muito ao longo dos últimos anos, ao ponto em que atores de peso emprestam seus melhores trejeitos faciais, além de suas vozes aos personagens. Os sofisticados efeitos especiais, unidos à nova tecnologia CGI ajudam a realçar essas nuances, trazendo dramaticidade às histórias. Nao é à toa que no passado recente várias dessas produções concorreram ao Oscar em pé de igualdade com filmes de verdade. Planeta 51 não tem essa ambição, por se tratar de uma comédia, mas mesmo assim não consegue fazer bom uso dos talentos de Jason Long, Dwaine Johnson e Gary Oldman, que emprestam suas vozes, respectivamente, ao jovem Lem, ao astronauta e ao general. Os personagens têm pouca expressividade, tornando difícil uma rápida identificação com o público. As boas tiradas de humor são poucas, e todas juntas só dariam para sustentar meia hora de historia, o que torna o filme arrastado.

O resultado final até diverte mas não empolga ao ponto de justificar uma ida ao cinema. A superficialidade e a ausência de uma mensagem que prenda a atenção são tamanhas que será possível esquecer parte do enredo ao chegar em casa. Melhor apreciar as poucas boas tiradas e a excelente qualidade dos efeitos especiais para assistir com os pequenos em casa, quando chegar a versão em DVD.


Por Franz Valla

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